Eu estou tentando lutar contra o passado, mas ás vezes tenho a impressão que é impossível. Se durante o dia consigo esquecê-lo, a noite ele volta ainda mais intenso e real.
Mais uma vez desperto aos gritos e com os olhos cheios de lágrimas.— Hey. — vejo uma silhueta conhecida se aproximar de mim e agradeço quando sinto seus braços envolverem meu corpo.— Não suporto mais. — sussurro, mal conseguindo respirar.— Foi só um pesadelo, pequena.— Foi mais um pesadelo. Eles vêm todas as noites. Um carro, fogo, minha mãe gritando por ajuda e mais fogo. — aperto os olhos tentando afastar as malditas imagens que se formam em minha mente. — Só queria que isso parasse.— Quando namorávamos você dificilmente tinha pesadelos. — ele observa, fitando-me. — Se você quis— Agora que já conversamos, você pode ir embora?— Ainda não terminei.— Que inferno! — aperto os olhos, começando a me cansar disso tudo. — Me deixe em paz.— Tem certeza que é isso que você quer?Para cada passo queGabriel dá em minha direção, eu recuo um para trás. No entanto, ele continua a avançar e já sinto a parede gelada tocando minhas costas. Agora, já não tenho mais para onde fugir.A grande questão é que eu eGabriel estamos finalmente discutindo. Desde o dia que voltei de Londres estou esperando por esse momento, já que sei exatamente qual é o desfecho que nossas brigas costumam ter.— Você ainda não respondeu minha pergunta. — ele observa e só agora tomo consciência de que há apenas uma pequena faixa de ar separando meu corpo do
— Ele não é meu amigo. — respondo, mas pela maneira com que o rosto deGabriel se contorce, sei que fiz besteira.— Não?! — ele diz, empregando uma nota de surpresa em sua voz. — Então o que é?— Ela não precisa ficar lhe dando satisfações. — o homem ao meu lado se pronuncia pela primeira vez.— Ah sim! Parece que ele é seu defensor. —Gabriel retruca e vejo um vinco se firmar em sua testa quando o moreno intrometido se levanta, parecendo disposto a resolver as coisas de uma forma pouco civilizada.Por uma questão de segurança, levanto-me também e me coloco entre os dois. EncaroGabriel em um pedido silencioso para que ele não haja de forma impulsiva. Tenho uma explicação para isso, só preciso de uma oportunidade para fazê-la.Gabriel solta um longo suspiro e percebo aliviad
— Eu vou viajar daqui a pouco, só estou tentado me despedir decentemente. — esclarece e volta a me beijar de forma urgente.Somos interrompidos por batidas constantes na porta.Gabriel parece não se importar, mas acabo me desvencilhando para ver quem é.— Parece que estou atrapalhando o casal. — Luiza sorri timidamente, quando percebe que tenho companhia.— Está mesmo. — o irmão dela responde, revirando os olhos.— Exagero dele.Gabriel já está quase de saída, inclusive. — intervenho, puxando a garota para dentro da sala.— Estou? — ele pede, parecendo um pouco frustrado.— Se não me engano, você tem uma viagem para fazer. — lembro aGabriel, porque sei que se voltarmos a ficar só, dificilmente manteremos a cabeça no lugar.—Droga!Você tem raz&atild
CINCO anos depois...O sol aquece meu corpo de forma agradável. Estou deitada em uma espreguiçadeira na área da piscina da chácara. Lugar que me trouxe tantas felicidades, que foi e ainda é palco da minha história de amor.Fecho os olhos e aproveito o momento de sossego para desfrutar das lembranças mais belas da minha vida.••— Se você casar de vestido curto, eu irei de terno preto! —Gabriel fazia birra.— Não seja idiota! — Luiza exclamou, intercedendo por mim. —Angel estará incrível de vestido curto.— Bem como eu estarei de terno preto. — meu noivo fazia chantagem justamente porque desde o dia que havíamos decidido casar eu havia deixado claro que não queria vê-lo no altar vestindo preto. Poderia ser paranoia minha,
Estou imersa em meus afazeres tentando ignorar o enorme aperto no peito que sinto, quando ouço o telefone tocar. Percebo como é incrível o fato de que algumas palavras são capazes de destruir tudo aquilo que eu sempre acreditei.Ainda tentando absorver o choque causado pela notícia que recebi e sem saber ao certo o que fazer, me vejo sentada em um barzinho. Eu nunca bebi antes, mas quando me dou conta, já misturei diferentes tipos de bebidas alcoólicas, excedendo todos os limites imagináveis.— Você está bem? — ouço uma voz masculina se dirigir a mim. Automaticamente reviro os olhos, sem a mínima paciência para qualquer homem que for, mesmo que ele seja um velho amigo.— Não enche, Yago! — resmungo, mas as palavras saem mais enroladas do que eu gostaria.— Você veio para cá sozinha? — ele insiste, agora se sentando ao me
"E você, tornou-se o adulto que sonhou ser quando criança?"Jogo a revista sobre a mesa de centro da sala e solto um longo suspiro, incapaz de continuar lendo mais uma linha sequer sobre a vida perfeita, de pessoas perfeitas. Não sei ao menos porque me dei ao capricho de folhear uma revista tão previsível como essa.Me pego pensando então, em como a vida de alguns parece tão certa, enquanto a de outros não passa de uma grande e inacabável confusão.Você está pensando demais.Ouço uma voz dentro de mim sussurrar e mesmo sabendo que pode ser perigoso, já é tarde demais: estou me lembrando de quem eu costumava ser. A garota doce, de futuro promissor, que ainda sonhava, que ainda acreditava...Você era assim no passado, mas já não é mais!Obrigo-me a concordar com o meu eu interior. Situaç&
Não seria muito mais fácil se eles apenas aceitassem a derrota e seguissem em frente?Decido esquecer esse assunto por hora, para me concentrar em algo que agora é muito mais importante: César está namorando. Até que ponto isso irá interferir ou modificar nossas vidas? Eu não faço a menor ideia. Sei apenas que meu irmão merece mais do que ninguém ser feliz. E se a felicidade dele está relacionada à Luiza, o mínimo que posso fazer, é apoiá-lo.Estou na cozinha, comendo um sanduíche, tendo em vista que acordei depois do almoço, quando César aparece visivelmente nervoso.— Você precisa escolher alguma coisa para eu vestir hoje à noite.— Você sempre fez isso sozinho.— Mas agora é diferente.— Você já foi a inúmeros jantares e nunca precisou de mim
— Você é realmente incrível. O melhor irmão que eu poderia ter encontrado e sinto muito por não corresponder à altura ás vezes. Eu sabia que essa noite era importante para você, deveria ter me controlado. Você tem todo o direito de ficar irritado comigo.— Vou esquecer o que aconteceu hoje com uma condição. — estreito os olhos para César que agora está sorrindo. — Eu e a Luisa marcamos de sair amanhã à noite, porémGabriel acabou se convidando para ir também.— Céus! Ele é tão lerdo assim? — questiono fazendo César rir. — Você quer que eu vá também, estou certa?— Está. Não estou pedindo para que você se torne a melhor amiga dele, só quero ter um trunfo na manga caso ele não deixe eu e a Isa em paz.— E como vo