Apenas assinto e prossigo.
— Acho que nunca me esquecerei do dia que tudo aconteceu. Nós tínhamos recebido um convite para um almoço em uma cidade vizinha. Minha mãe insistiu para que eu fosse junto, mas na época eu estava fazendo um curso e tinha um trabalho para terminar, por isso acabei ficando em casa. Já estava anoitecendo e eu não havia recebido qualquer notícia deles. Já estava desesperada quando recebi uma ligação."Ouvi apenas algumas palavras, mas elas foram suficientes para destruírem com tudo o que eu acreditava. A pessoa do outro lado da linha era um socorrista e me comunicou sobre o acidente envolvendo meus pais. Como você deve ter visto, o carro em que eles estavam pegou fogo depois de uma grave batida e ninguém sobreviveu.""Sem saber direito o que estava fazendo, sai de casa e fui parar em um barzinho. Eu nunca tinha bebido, mas naquela noite, eu misNossas bocas estão apenas a centímetros uma da outra. Nossos olhares estão grudados. Nossas respirações entram em sincronia em questões de segundos. É como se cada pequena parte de nós estivesse implorando pelo toque das peles.Percebo que o que sentíamos um pelo outro ainda continua presente, mas de uma forma mais intensa e devastadora.— Preciso fazer o jantar. — balbucio, não querendo me deixar levar pelo momento.Já fiz muita besteira em minha vida, não pretendo fazer mais uma.Caminho em direção à cozinha e percebo queGabriel me segue.— Já decidiu o que vai fazer? — ele pergunta curioso.— Ainda não.— Que tal bife acebolado e arroz?— Algo me diz que essa é sua comida preferida.— Exatamente. — ele sorri, empolgado. — Posso lhe ajudar se voc&e
Sou recebida de forma calorosa. Em meio às crianças o tempo torna-se apenas um detalhe insignificante e todos, absolutamente, todos meus problemas parecem desaparecer.Gabriel tem razão em chamá-los de anjos, porque é exatamente isso que eles são.Depois de participar de algumas brincadeiras, sento-me no chão e aproveito o momento para observar as crianças em minha volta com atenção.— Posso sentar no seu colo? — um pequeno, cujo nome é Gabriel pergunta, um pouco sem jeito.— É claro que sim. — sorrio estendendo meus braços em sua direção.— Você e tioGabriel não são apenas amigos. — ele afirma convicto, depois de se acomodar em meu colo.— Somos sim, Gabi. — respondo, sentindo-me um pouco constrangida com a situação.Agradeço mentalmente porGabr
Eu estou tentando lutar contra o passado, mas ás vezes tenho a impressão que é impossível. Se durante o dia consigo esquecê-lo, a noite ele volta ainda mais intenso e real.Mais uma vez desperto aos gritos e com os olhos cheios de lágrimas.— Hey. — vejo uma silhueta conhecida se aproximar de mim e agradeço quando sinto seus braços envolverem meu corpo.— Não suporto mais. — sussurro, mal conseguindo respirar.— Foi só um pesadelo, pequena.— Foimais umpesadelo. Eles vêm todas as noites. Um carro, fogo, minha mãe gritando por ajuda e mais fogo. — aperto os olhos tentando afastar as malditas imagens que se formam em minha mente. — Só queria que isso parasse.— Quando namorávamos você dificilmente tinha pesadelos. — ele observa, fitando-me. — Se você quis
— Agora que já conversamos, você pode ir embora?— Ainda não terminei.— Que inferno! — aperto os olhos, começando a me cansar disso tudo. — Me deixe em paz.— Tem certeza que é isso que você quer?Para cada passo queGabriel dá em minha direção, eu recuo um para trás. No entanto, ele continua a avançar e já sinto a parede gelada tocando minhas costas. Agora, já não tenho mais para onde fugir.A grande questão é que eu eGabriel estamos finalmente discutindo. Desde o dia que voltei de Londres estou esperando por esse momento, já que sei exatamente qual é o desfecho que nossas brigas costumam ter.— Você ainda não respondeu minha pergunta. — ele observa e só agora tomo consciência de que há apenas uma pequena faixa de ar separando meu corpo do
— Ele não é meu amigo. — respondo, mas pela maneira com que o rosto deGabriel se contorce, sei que fiz besteira.— Não?! — ele diz, empregando uma nota de surpresa em sua voz. — Então o que é?— Ela não precisa ficar lhe dando satisfações. — o homem ao meu lado se pronuncia pela primeira vez.— Ah sim! Parece que ele é seu defensor. —Gabriel retruca e vejo um vinco se firmar em sua testa quando o moreno intrometido se levanta, parecendo disposto a resolver as coisas de uma forma pouco civilizada.Por uma questão de segurança, levanto-me também e me coloco entre os dois. EncaroGabriel em um pedido silencioso para que ele não haja de forma impulsiva. Tenho uma explicação para isso, só preciso de uma oportunidade para fazê-la.Gabriel solta um longo suspiro e percebo aliviad
— Eu vou viajar daqui a pouco, só estou tentado me despedir decentemente. — esclarece e volta a me beijar de forma urgente.Somos interrompidos por batidas constantes na porta.Gabriel parece não se importar, mas acabo me desvencilhando para ver quem é.— Parece que estou atrapalhando o casal. — Luiza sorri timidamente, quando percebe que tenho companhia.— Está mesmo. — o irmão dela responde, revirando os olhos.— Exagero dele.Gabriel já está quase de saída, inclusive. — intervenho, puxando a garota para dentro da sala.— Estou? — ele pede, parecendo um pouco frustrado.— Se não me engano, você tem uma viagem para fazer. — lembro aGabriel, porque sei que se voltarmos a ficar só, dificilmente manteremos a cabeça no lugar.—Droga!Você tem raz&atild
CINCO anos depois...O sol aquece meu corpo de forma agradável. Estou deitada em uma espreguiçadeira na área da piscina da chácara. Lugar que me trouxe tantas felicidades, que foi e ainda é palco da minha história de amor.Fecho os olhos e aproveito o momento de sossego para desfrutar das lembranças mais belas da minha vida.••— Se você casar de vestido curto, eu irei de terno preto! —Gabriel fazia birra.— Não seja idiota! — Luiza exclamou, intercedendo por mim. —Angel estará incrível de vestido curto.— Bem como eu estarei de terno preto. — meu noivo fazia chantagem justamente porque desde o dia que havíamos decidido casar eu havia deixado claro que não queria vê-lo no altar vestindo preto. Poderia ser paranoia minha,
Estou imersa em meus afazeres tentando ignorar o enorme aperto no peito que sinto, quando ouço o telefone tocar. Percebo como é incrível o fato de que algumas palavras são capazes de destruir tudo aquilo que eu sempre acreditei.Ainda tentando absorver o choque causado pela notícia que recebi e sem saber ao certo o que fazer, me vejo sentada em um barzinho. Eu nunca bebi antes, mas quando me dou conta, já misturei diferentes tipos de bebidas alcoólicas, excedendo todos os limites imagináveis.— Você está bem? — ouço uma voz masculina se dirigir a mim. Automaticamente reviro os olhos, sem a mínima paciência para qualquer homem que for, mesmo que ele seja um velho amigo.— Não enche, Yago! — resmungo, mas as palavras saem mais enroladas do que eu gostaria.— Você veio para cá sozinha? — ele insiste, agora se sentando ao me