Como se todas essas dúvidas não bastassem, ainda tento compreender a razão pela qual parei de ter pesadelos desde o dia em que nos beijamos pela primeira vez. E porque, mesmo estando nutrindo uma raiva diária por Gabriel, meu corpo ainda reage positivamente a seus toques.
E por fim há mais uma questão que me intriga: a aceitação de César. Se eu estivesse no lugar dele, tentaria fazer o possível e o impossível para dar um fim em meu namoro com Gabriel. Usaria de todos os meios que estivessem ao meu alcance para poder ganhar a aposta ao invés de simplesmente fingir que não me importo, como ele vem fazendo.Céus! A que ponto eu deixei minha vida chegar?Se pudesse voltar no tempo, mandaria os dois à merda e seguiria minha vida tranquilamente, tomando cuidado para manter Gabriel distante... Mas agora parece ser um pouco tarde demais para isso.— Você tem certeza?— Claro. Pode ir tranquilo.— Se precisar de qualquer coisa me ligue, certo? — balanço a cabeça positivamente e recebo um novo beijo.— Cuide-se. — peço a ele, com os lábios ainda próximos dos seus.— Cuide-se também. — ele sussurra para mim e em seguida se afasta. — Tchau, Bela.— Tchau. — ela responde, sorridente como sempre e então estamos sós.—Gabriel conhece você? — acabo perguntando, quanto tomo ciência de que ele a chamou pelo nome, sem que eu os tenha apresentado.— É claro! Trabalho na casa dele também.Meu queixo cai com a novidade. Por essa eu definitivamente não esperava. Começo a me mexer desconfortavelmente na cadeira, sabendo que isso é uma espécie de aviso para Bela. Ela sabe que tenho algo a dizer, mas n
— Detesto lhe dizer não, mas agora vou ter que fazê-lo. — dá de ombros e não tenho dúvidas de que ele está absolutamente feliz em me frustrar.Termino com a distância que nos separa e o fuzilo com o olhar.— Essa é minha casa,Gabriel. Faço o queeubem entender aqui dentro. Então faça a gentileza de me dar à chave e me deixar sair daqui. — minha voz sussurrada soa tão fria quanto eu gostaria.— Sinto muito. — ele nega novamente, fazendo-me perder completamente a paciência.—Eu odeio você!— rosno e assim que vejo seu rosto se contorcer, arrependo-me do que disse.Prendo a respiração assim que ele puxa meu corpo para junto do seu. Fecho os olhos, sem conseguir encontrar coragem para encará-lo. Sei que agora ele deve estar furioso comigo. Espero por
A conversa deGabriel e César é interrompida apenas quando entrego a meu namorado uma xícara de café e me sento ao seu lado. Somente agora tomo ciência de quão faminta estou.— Achei uma serventia para você. O café está bom! — ouçoGabriel exclamar e me viro para encará-lo.— Que bom que tenho alguma serventia para você, porque você não tem nenhuma para mim. — retruco e César começa a rir.— Vou deixar vocês discutirem a relação em paz. — disse, levantando-se.Meu comentário faz meu namorado ficar emburrado durante o restante do café. Assim que se dá por satisfeito ele deixa a mesa e vai se sentar na sala. Deixo-o alimentando sua raiva por mim e vou lavar a louça. Sei que não vai demorar para ele voltar a estar na palma de minha mão.Somente quan
Segurando a mão de Luiza, César a guia em direção à porta, como se a possibilidade de depender das minhas habilidades gastronômicas fosse algo terrível.Talvez seja.Sigo para a cozinha com um sorriso nos lábios, decidida a esquecer momentaneamente a conversa que tive com minha cunhada, até porque tenho certeza queGabriel não está apaixonado por mim.Reviro os olhos ao perceber que meu irmão não se deu ao trabalho de ao menos lavar a louça que usou no café. Concentro-me em meus afazeres, mas não demora para que eu sinta um corpo musculoso tocar minhas costas enquanto minha cintura é envolvida por um braço.— Como você conseguiu entrar? — indago, reconhecendo instantaneamente o perfume inconfundível do meu namorado.— A porta estava destrancada. — ele responde depois que seus lá
— Mas estou bastante satisfeita com nossas aquisições. — ela declara, com um sorriso enorme no rosto. Somente agora me dou conta de algumas semelhanças entre ela e seu irmão.— Que não foram poucas, diga-se de passagem. — comento, encarando as sacolas que estão organizadas ao meu lado.— Vou lhe contar um segredo! — Luiza informa, assim que o garçom deixa nossos pedidos sobre a mesa.— Estou ouvindo.— Você é a primeira namorado do meu irmão que eu realmente aprovo.— Jura? — questiono, um pouco surpresa com sua revelação.— Sim. — ela reafirma, tomando um gole do seu suco logo em seguida. — Vocês dois tem uma sintonia fascinante. Não é difícil perceber que estão apaixonados um pelo outro.— Você está exagerando. — balbucio, sem sab
—Gabriel! — sussurro seu nome e sinto uma sensação incômoda em meu peito. Aparentemente, há uma parte de mim que não quer queGabriel siga sua vida sem que eu esteja por perto.Assim que sinto seus lábios junto aos meus, percebo que essa parte é muito maior do que eu imaginei. Cedo demais, ele tente se afastar, mas eu não o deixo. O beijo de forma ainda mais intensa do que antes.— Aconteceu alguma coisa? — ele pergunta ofegante, quando finalmente o libero.— Só estava com saudade. — minto, dando a ele um sorriso forçado.— É que isso mais pareceu uma despedida. — ele brinca, mas sem desconfiar que de certo modo, é.Esse pode ser nosso último beijo!Deixo o pensamento de lado para cumprimentar Luiza e César que haviam chegando junto com meu namorado. Todos estão visivelmen
Estou em uma chácara, na companhia de alguns amigos deGabriel e César. Estamos sentados em círculo e há uma fogueira acesa no meio, aquecendo-nos. Volto minha atenção ao fogo. As chamas não trazem boas lembranças, pelo contrário, fazem com que eu volte para o passado e me pego revivendo os momentos difíceis pelos quais passei.Deixo as lembranças para trás, quandoGabriel surge com um violão. Ele entrega a um de seus amigos e acaba se sentando do lado oposto ao meu. Ele está no centro do meu campo de visão e sorri alegremente para mim. Retribuo seu sorriso, mas assim que ouço as primeiras notas de uma música tranquila começar, sinto uma onda de tristeza me invadir.Me vejo relembrando da época, não tão distante assim, em que meus sentimentos eram escassos. Eu odiava o mundo por ter me obrigado a passar pelas coisas qu
Até mesmo meu irmão dúvida de mim!— Eu o odiava no início. Mas ele fez com que eu mudasse de ideia. — declaro e depois de tomar uma lufada de ar, digo algumas palavras que nunca imaginei que pudessem sair da minha boca. — Eu gosto dele, César.— Você está apaixonada? — meu irmão questiona visivelmente surpreso.— Acho que sim. — revelo e as lágrimas voltam a brotar em meus olhos. — Nunca senti nada parecido.— Vai dar tudo certo,Angel. — ele diz, mas não consigo acreditar em sua afirmação.— Finais felizes não existem! — exclamo em meio a um soluço.— Você precisa se acalmar. Vou buscar um remédio para você. Volto em um segundo.E cá estou eu, sozinha novamente. Ou melhor, na companhia da minha aflição. Entretanto, se h&a