A conversa de Gabriel e César é interrompida apenas quando entrego a meu namorado uma xícara de café e me sento ao seu lado. Somente agora tomo ciência de quão faminta estou.
— Achei uma serventia para você. O café está bom! — ouço Gabriel exclamar e me viro para encará-lo.— Que bom que tenho alguma serventia para você, porque você não tem nenhuma para mim. — retruco e César começa a rir.— Vou deixar vocês discutirem a relação em paz. — disse, levantando-se.Meu comentário faz meu namorado ficar emburrado durante o restante do café. Assim que se dá por satisfeito ele deixa a mesa e vai se sentar na sala. Deixo-o alimentando sua raiva por mim e vou lavar a louça. Sei que não vai demorar para ele voltar a estar na palma de minha mão.Somente quanSegurando a mão de Luiza, César a guia em direção à porta, como se a possibilidade de depender das minhas habilidades gastronômicas fosse algo terrível.Talvez seja.Sigo para a cozinha com um sorriso nos lábios, decidida a esquecer momentaneamente a conversa que tive com minha cunhada, até porque tenho certeza queGabriel não está apaixonado por mim.Reviro os olhos ao perceber que meu irmão não se deu ao trabalho de ao menos lavar a louça que usou no café. Concentro-me em meus afazeres, mas não demora para que eu sinta um corpo musculoso tocar minhas costas enquanto minha cintura é envolvida por um braço.— Como você conseguiu entrar? — indago, reconhecendo instantaneamente o perfume inconfundível do meu namorado.— A porta estava destrancada. — ele responde depois que seus lá
— Mas estou bastante satisfeita com nossas aquisições. — ela declara, com um sorriso enorme no rosto. Somente agora me dou conta de algumas semelhanças entre ela e seu irmão.— Que não foram poucas, diga-se de passagem. — comento, encarando as sacolas que estão organizadas ao meu lado.— Vou lhe contar um segredo! — Luiza informa, assim que o garçom deixa nossos pedidos sobre a mesa.— Estou ouvindo.— Você é a primeira namorado do meu irmão que eu realmente aprovo.— Jura? — questiono, um pouco surpresa com sua revelação.— Sim. — ela reafirma, tomando um gole do seu suco logo em seguida. — Vocês dois tem uma sintonia fascinante. Não é difícil perceber que estão apaixonados um pelo outro.— Você está exagerando. — balbucio, sem sab
—Gabriel! — sussurro seu nome e sinto uma sensação incômoda em meu peito. Aparentemente, há uma parte de mim que não quer queGabriel siga sua vida sem que eu esteja por perto.Assim que sinto seus lábios junto aos meus, percebo que essa parte é muito maior do que eu imaginei. Cedo demais, ele tente se afastar, mas eu não o deixo. O beijo de forma ainda mais intensa do que antes.— Aconteceu alguma coisa? — ele pergunta ofegante, quando finalmente o libero.— Só estava com saudade. — minto, dando a ele um sorriso forçado.— É que isso mais pareceu uma despedida. — ele brinca, mas sem desconfiar que de certo modo, é.Esse pode ser nosso último beijo!Deixo o pensamento de lado para cumprimentar Luiza e César que haviam chegando junto com meu namorado. Todos estão visivelmen
Estou em uma chácara, na companhia de alguns amigos deGabriel e César. Estamos sentados em círculo e há uma fogueira acesa no meio, aquecendo-nos. Volto minha atenção ao fogo. As chamas não trazem boas lembranças, pelo contrário, fazem com que eu volte para o passado e me pego revivendo os momentos difíceis pelos quais passei.Deixo as lembranças para trás, quandoGabriel surge com um violão. Ele entrega a um de seus amigos e acaba se sentando do lado oposto ao meu. Ele está no centro do meu campo de visão e sorri alegremente para mim. Retribuo seu sorriso, mas assim que ouço as primeiras notas de uma música tranquila começar, sinto uma onda de tristeza me invadir.Me vejo relembrando da época, não tão distante assim, em que meus sentimentos eram escassos. Eu odiava o mundo por ter me obrigado a passar pelas coisas qu
Até mesmo meu irmão dúvida de mim!— Eu o odiava no início. Mas ele fez com que eu mudasse de ideia. — declaro e depois de tomar uma lufada de ar, digo algumas palavras que nunca imaginei que pudessem sair da minha boca. — Eu gosto dele, César.— Você está apaixonada? — meu irmão questiona visivelmente surpreso.— Acho que sim. — revelo e as lágrimas voltam a brotar em meus olhos. — Nunca senti nada parecido.— Vai dar tudo certo,Angel. — ele diz, mas não consigo acreditar em sua afirmação.— Finais felizes não existem! — exclamo em meio a um soluço.— Você precisa se acalmar. Vou buscar um remédio para você. Volto em um segundo.E cá estou eu, sozinha novamente. Ou melhor, na companhia da minha aflição. Entretanto, se h&a
Meu contato com o Brasil se resume as ligações rápidas que faço para César. Em todas elas, meu irmão toma o devido cuidado para não mencionar nada que possa ser relacionado a seu melhor amigo. Admiro sua tentativa de me proteger. Contudo, quando estou na solidão de meu quarto, de forma quase inconsciente, acabo trazendoGabriel para mais perto.Acabo revivendo o primeiro dia em que vi seus olhos atentos recaindo sobre mim. Da nossa primeira discussão e em como eu costumava a alimentar minha raiva por ele. Quando viajo para a noite do nosso primeiro beijo, sinto as lágrimas transbordarem dos meus olhos. Consigo lembrar-me claramente da música ecoando e de como os lábios dele chegaram até os meus. Depois, veio à aposta. A maldita aposta que me trouxe até Londres e me fez perdê-lo.Fecho os olhos e ouço a voz deGabriel ecoando em minha mente.<
Procuro pela minha chave na bolsa. Não imaginava que me sentiria tão aliviada em estar de volta. A viagem foi realmente cansativa e tudo o que mais quero é o aconchego de minha cama.Chego à sala de estar e vejo uma cena que faz com que as palavras de Bela ganhem total sentido.Gabriel está, literalmente, tentando me esquecer.César e Luiza me encaram com um misto de alegria e apreensão. A expressão deGabriel revela uma mistura de sentimentos que simplesmente não consigo decifrar. Já sua ex-namorada, ou melhor, atual namorada, tem um sorriso debochado nos lábios.— Acho que não cheguei em boa hora. — comento, satisfeita por conseguir manter minha voz plana.— Chegou sim! — meu irmão afirma, vindo até mim para me abraçar.— Como você está? — Luiza indaga, se aproximando também.—
Eu realmente deveria ter conversado com César sobre esse grande detalhe. Solto um longo suspiro ao perceber que preciso encarar a realidade. Cedo ou tarde irei encontrar comGabriel novamente e consequentemente, com sua nova namorada. Preciso me acostumar com a ideia.Decido manter o assunto somente para mim porque não quero que meu irmão pense que sou fraca. Mas no fundo, acredito que sou, já que assim que estaciono meu carro e minha atenção se volta para o lugar que está localizado aEstação 296as únicas lembranças que meu inconsciente é capaz de resgatar são aquelas que envolveram meu ex-namorado.Reprimo o passado e sigo para dentro da casa de shows na companhia de Luiza e César. No entanto, logo na primeira meia hora eu começo a me arrepender de ter saído de casa. Minha companhia decidiu ir para a pista de dança, deixando-me c