HANNER NARRANDOAlana parecia muito animada. Eu estava em silêncio, apenas observando como ela estava feliz.— Você passou repelente, Hanner? — Neguei com a cabeça.— Pra quê?— É mato. Onde tem mato, tem insetos! — Dei os ombros.— Minha pele é dura demais, eles nem conseguem me morder. — Ela riu com o comentário.— Jacaré, então?— Devo ser.Duas horas depois, e com uma conversa muito agradável no carro, chegamos ao parque. Eu estacionei no estacionamento, e descemos. Alana parecia muito contente de estar ali. Muitos turistas também estavam chegando, e um específico me irritou: Um rapaz mais ou menos da idade da Alana, que olhou pra ela e a mediu dos pés a cabeça. Preciso me controlar, não posso sair atirando em meninos de vinte anos porque estão olhando para a minha garota. Ela é gostosa, eu olharia também, se não fosse minha.Só que o rapaz estava olhando demais. E quando entramos na fila para comprar a entrada para o parque natural, o rapaz se aproximou de nós dois e a chamou pel
ALANA NARRANDOAquele passeio parecia que seria memorável. Já tinha algo bem interessante pra me lembrar pro resto da vida: A cabeçada no chão que Hanner fez o Harry dar. Que grande cretino ele é, inclusive! Qual o problema de homens com calcinhas? Isso é tão infantil... É por isso que prefiro homens mais velhos. Eu tenho quase dezenove, e Hanner tem trinta e oito anos.— Hanner, quando você faz aniversário? — Ele suspirou.— Eu não sei. — Arregalei meus olhos com uma clara expressão de indignação. Ele me olhou de volta e deu os ombros. — Eu não lembro o dia.— Não acredito nisso. — Disse, indignada. Por quê? Quer dizer, quem esquece o dia do aniversário? — Eu dei risada.— Alana, eu tive milhares de identidades. Chega uma hora que as informações se misturam... Eu sei que é em maio. Não me lembro a data, mas fica entre o dia seis e o dia vinte. Sei disso porque eles escolhem minhas identidades com informações parecidas... Nessa que estou usando agora, meu aniversário é dia dezenove de
ALANA NARRANDOContinuamos nosso passeio. E eu confesso que não esperava que fosse tão maravilhoso quanto foi, mas Hanner deixou tudo muito especial. Tiramos fotos, conversamos, e tudo aquilo aqueceu meu coração de uma forma que me senti realmente amada, amada por ele.Quando já estava chegando a hora do almoço, decidimos ir até um quiosque almoçar. Compramos linguiça, purê de batatas e cerveja. Eu comprei um refrigerante pra mim e almoçamos juntos, pra depois, continuarmos o passeio.Quando já estava quase anoitecendo, decidimos ir embora por causa do frio. Chegamos na casa de Ryan e ele estava sozinho, no sofá, enquanto uma funcionária fazia suas unhas.— Olha só, minha esposa chegou! — Ele disse, em tom brincalhão.— Ah, boa noite, marido. — Falei, com o mesmo tom brincalhão. — Teve um dia bom?— Tive. Ainda bem que não ficaram por aqui, porque conversei em quase todos os cômodos com meu amante. — Ele riu de forma safada. Eu e Hanner nos entreolhamos. — E vocês, se divertiram?— Co
ALANA NARRANDOEu estava tremendo, não sabia como falar para o Ryan ou para o Hanner que o evento do fim de semana poderia ser um desastre. Aquelas pessoas não podem se encontrar, eu não sei como fazer, para impedir que isso aconteça, mas elas não podem, simplesmente não podem. Engoli seco e passei as duas mãos por meu cabelo.Passei a noite em claro. Hanner não voltou para o quarto, acredito que tenha ido resolver algo importante. Eu saí do quarto, fui até a cozinha no meio da madrugada e comecei a preparar um chá. Eu estou tão nervosa que não consigo nem raciocinar direito.Depois que terminei de fazer o chá, Vlad pulou na pia e ficou me olhando. Eu fazia carinho na cabeça dele, e ele ronronava, enquanto vez ou outra soltava um miado engraçado. Tomei um gole do chá, e reparei que Vlad olhava para um ponto fixo atrás de mim.Eu senti um arrepio percorrer minha coluna. Já ouvi falar que gatos conseguem ver o sobrenatural, e já comecei a pensar que ele estava vendo o demônio.— Sangue
— Eu aposto que você está muito melhor agora, mesmo tendo algum problema. — Ri baixo e concordei com a cabeça.— É. Tem razão.Hanner saiu de dentro de mim e me solto. Ele se jogou ao meu lado na cama, e ficamos um tempo apenas respirando, e recuperando nosso fôlego. Até que eu me sentei na cama, e o olhei. Eu não sabia como falar aquilo, então apenas fiquei em silêncio e acariciando seu peitoral tatuado.— Me fala. Do que você precisa? — Eu o ouvi e deixei um biquinho surgir em meu lábio inferior.— O evento do Ryan... Eu preciso fugir dele.— Esse evento não é nada de mais. Não precisa se preocupar, ratinha. — Afirmou.— Não, você não entendeu. O Harry vai estar lá e ele sabe que eu estou contigo. Isso vai ser um desastre. Na real, todas as pessoas que nos viram no parque... Elas vão estar nesse evento. O Harry é estagiário do fotógrafo dessa exposição. Eu não sei o que fazer, Hanner. — Ele suspirou.— Eu vou dar um jeito. Por que você está achando que é algo tão complicado? Não me
HANNER NARRANDO Alana ficou se mexendo a noite inteira, eu sabia que ela estava com dificuldade pra dormir por causa do evento. Eu ainda tenho que arrumar um jeito de resolver, mas não acho que seja tão difícil. Na manhã seguinte, acordei cedo como sempre, e pra minha surpresa, lá estava Alexander tomando um café da manhã junto com Ryan na cozinha. — Olha só, os dois “pombinhos”. — Brinquei. Nem olhei as reações deles. — Bom dia. Como estão? — Com um problema, Hanner. — Afirmou Alexander. Mais um, que ótimo. Teremos um dia cheio de diversão. — Qual é o problema? — Questionei. — Minha esposa. — Alexander disse. — Ela está enciumada da minha relação com Ryan. Ela não sabe exatamente o que acontece, apenas sabe que somos bons amigos e parceiros nos negócios... Mas ontem, ela jogou uma coisa ali que me preocupou. Como se ela soubesse de algo... — Eu suspirei. — Vou ser sincero com vocês dois. Eu acho extremamente ridículo o que estão fazendo. — Ryan levantou a sobrancelha. — Eu sou
HANNER NARRANDOPreparei meu café da manhã e o dela, enquanto Ryan estava cabisbaixo. O triste é que ele parece realmente apaixonado pelo Alexander, e duvido que Alexander o ame o suficiente para lutar contra tudo e todos por ele.— Eu nunca tive sorte no amor. — Ryan falou. — Quando eu era adolescente, me apaixonei por um rapaz chamado Gabriel. E ele fingia que era hétero pro mundo, sabe? Como o Alexander. Só que ele gostava de mim também. Nós namoramos escondidos por um ano e seis meses... Até que um dia, eu descobri que ele me traía com meu melhor amigo. — Ryan suspirou. — Sabe o que foi engraçado? — Ryan continuava. Ele olhava para Alana, entristecido. — Dois meses depois que terminamos, ele assumiu que era gay e assumiu o meu amigo. Eu nunca tive um homem que tivesse coragem de bater no peito e dizer que me ama, e que me fizesse me assumir também.— Eu sinto muito, Ryan. — Alana disse. Ela estava com um braço nele, o consolando. E eu? Eu estava já a ponto de vomitar com essa mela
HANNER NARRANDOEntramos em casa, eu estava um pouco nervoso ainda com tudo que aconteceu. Toda essa confusão com o casamento de Alana está me irritando.— Vem, vamos conversar, por favor. — Alana esticou a mão para mim, e eu a segurei.Fomos andando juntos até o quarto juntos, ela abriu a porta e passamos para dentro, e ela fez questão de trancar a porta. Eu sentei na beirada da cama e cruzei os braços.— Fala.— Hanner... Não me olha assim. — Pediu. Fechei meus olhos por alguns instantes e depois voltei a olhá-la. — Eu sou sua. Você sabe disso. E quando digo sua, é sua mesmo, porque eu nunca fui de nenhum outro homem.— Eu sei. — Respondi, de forma seca.— Olha, eu sei que você tá nervoso com tudo que está acontecendo em relação ao Ryan... Mas ele é um bom amigo, precisamos ajuda-lo. Eu concordei com isso. Acha que vou me separar dele depois de dois dias de casamento? Seria uma vergonha e você sabe disso. — Ela afirmou e eu concordei com a cabeça.— Eu não gosto de todas essas menti