ALANA NARRANDOEu estava tremendo, não sabia como falar para o Ryan ou para o Hanner que o evento do fim de semana poderia ser um desastre. Aquelas pessoas não podem se encontrar, eu não sei como fazer, para impedir que isso aconteça, mas elas não podem, simplesmente não podem. Engoli seco e passei as duas mãos por meu cabelo.Passei a noite em claro. Hanner não voltou para o quarto, acredito que tenha ido resolver algo importante. Eu saí do quarto, fui até a cozinha no meio da madrugada e comecei a preparar um chá. Eu estou tão nervosa que não consigo nem raciocinar direito.Depois que terminei de fazer o chá, Vlad pulou na pia e ficou me olhando. Eu fazia carinho na cabeça dele, e ele ronronava, enquanto vez ou outra soltava um miado engraçado. Tomei um gole do chá, e reparei que Vlad olhava para um ponto fixo atrás de mim.Eu senti um arrepio percorrer minha coluna. Já ouvi falar que gatos conseguem ver o sobrenatural, e já comecei a pensar que ele estava vendo o demônio.— Sangue
— Eu aposto que você está muito melhor agora, mesmo tendo algum problema. — Ri baixo e concordei com a cabeça.— É. Tem razão.Hanner saiu de dentro de mim e me solto. Ele se jogou ao meu lado na cama, e ficamos um tempo apenas respirando, e recuperando nosso fôlego. Até que eu me sentei na cama, e o olhei. Eu não sabia como falar aquilo, então apenas fiquei em silêncio e acariciando seu peitoral tatuado.— Me fala. Do que você precisa? — Eu o ouvi e deixei um biquinho surgir em meu lábio inferior.— O evento do Ryan... Eu preciso fugir dele.— Esse evento não é nada de mais. Não precisa se preocupar, ratinha. — Afirmou.— Não, você não entendeu. O Harry vai estar lá e ele sabe que eu estou contigo. Isso vai ser um desastre. Na real, todas as pessoas que nos viram no parque... Elas vão estar nesse evento. O Harry é estagiário do fotógrafo dessa exposição. Eu não sei o que fazer, Hanner. — Ele suspirou.— Eu vou dar um jeito. Por que você está achando que é algo tão complicado? Não me
HANNER NARRANDO Alana ficou se mexendo a noite inteira, eu sabia que ela estava com dificuldade pra dormir por causa do evento. Eu ainda tenho que arrumar um jeito de resolver, mas não acho que seja tão difícil. Na manhã seguinte, acordei cedo como sempre, e pra minha surpresa, lá estava Alexander tomando um café da manhã junto com Ryan na cozinha. — Olha só, os dois “pombinhos”. — Brinquei. Nem olhei as reações deles. — Bom dia. Como estão? — Com um problema, Hanner. — Afirmou Alexander. Mais um, que ótimo. Teremos um dia cheio de diversão. — Qual é o problema? — Questionei. — Minha esposa. — Alexander disse. — Ela está enciumada da minha relação com Ryan. Ela não sabe exatamente o que acontece, apenas sabe que somos bons amigos e parceiros nos negócios... Mas ontem, ela jogou uma coisa ali que me preocupou. Como se ela soubesse de algo... — Eu suspirei. — Vou ser sincero com vocês dois. Eu acho extremamente ridículo o que estão fazendo. — Ryan levantou a sobrancelha. — Eu sou
HANNER NARRANDOPreparei meu café da manhã e o dela, enquanto Ryan estava cabisbaixo. O triste é que ele parece realmente apaixonado pelo Alexander, e duvido que Alexander o ame o suficiente para lutar contra tudo e todos por ele.— Eu nunca tive sorte no amor. — Ryan falou. — Quando eu era adolescente, me apaixonei por um rapaz chamado Gabriel. E ele fingia que era hétero pro mundo, sabe? Como o Alexander. Só que ele gostava de mim também. Nós namoramos escondidos por um ano e seis meses... Até que um dia, eu descobri que ele me traía com meu melhor amigo. — Ryan suspirou. — Sabe o que foi engraçado? — Ryan continuava. Ele olhava para Alana, entristecido. — Dois meses depois que terminamos, ele assumiu que era gay e assumiu o meu amigo. Eu nunca tive um homem que tivesse coragem de bater no peito e dizer que me ama, e que me fizesse me assumir também.— Eu sinto muito, Ryan. — Alana disse. Ela estava com um braço nele, o consolando. E eu? Eu estava já a ponto de vomitar com essa mela
HANNER NARRANDOEntramos em casa, eu estava um pouco nervoso ainda com tudo que aconteceu. Toda essa confusão com o casamento de Alana está me irritando.— Vem, vamos conversar, por favor. — Alana esticou a mão para mim, e eu a segurei.Fomos andando juntos até o quarto juntos, ela abriu a porta e passamos para dentro, e ela fez questão de trancar a porta. Eu sentei na beirada da cama e cruzei os braços.— Fala.— Hanner... Não me olha assim. — Pediu. Fechei meus olhos por alguns instantes e depois voltei a olhá-la. — Eu sou sua. Você sabe disso. E quando digo sua, é sua mesmo, porque eu nunca fui de nenhum outro homem.— Eu sei. — Respondi, de forma seca.— Olha, eu sei que você tá nervoso com tudo que está acontecendo em relação ao Ryan... Mas ele é um bom amigo, precisamos ajuda-lo. Eu concordei com isso. Acha que vou me separar dele depois de dois dias de casamento? Seria uma vergonha e você sabe disso. — Ela afirmou e eu concordei com a cabeça.— Eu não gosto de todas essas menti
HANNER NARRANDO Fui andando para o lado de fora do hospital e Alana veio atrás. Eu acendi um cigarro e comecei a fumar calmamente, tentando controlar minha própria mente. Alana me olhava, a alguns passos de distância. — Queria um abraço. — Ela disse. Abri um dos meus braços e ofereci meu abraço para ela. — Vem. — Falei e ela veio. Alana se aninhou em meus braços e encostou o rosto em meu peitoral, e eu a abraçava. Beijei sua testa de forma demorada enquanto deixava o cigarro distante dela. — Desculpa. — Disse. — Por que está me pedindo desculpa, menina? — Ela suspirou e me soltou do abraço. — Eu não ia gostar de ouvir que... Você é marido de outra mulher, mesmo que isso não fosse verdade. — Afirmou. — Mas ainda assim, quero ajudar o Ryan. — Você está desculpada. E vamos ajudar o Ryan, como pediu. Sabe, Alana... Você é uma pessoa muito boa. Eu me preocupo com você, por você ser assim. — Ela deu os ombros. — Não se preocupe, vou sobreviver. — Riu. — No nosso mundo, os mais fra
HANNER NARRANDO— Vai ficar tudo bem. — Alana se despediu de Ryan com um beijo na testa dele.Eu não fiquei com ciúmes, não tinha motivo.— Obrigado pela companhia. Nos vemos amanhã. — Ele disse e acenou.Fomos para o carro juntos, me sentei no banco do motorista e ela no banco do passageiro. Ela suspirou antes de olhar para mim com um sorriso.—Tudo bem? — Perguntou.— Sim... Sim. — Apoiei uma das mãos na coxa dela e liguei o carro. — Vamos embora.— Você parece incomodado. — Ela disse, quando comecei a dirigir. Eu fiz algo errado? — Neguei com a cabeça.— Não, ratinha. Eu só... Eu tô pensando sobre o que você disse lá dentro.— O que eu disse lá dentro que te deixou pensativo? — Falou. Eu continuei dirigindo, tranquilamente.— Sobre eu ter te ensinado sobre o amor. Acho que você está errada, Alana. — Afirmei. Ela apenas me ouvia com atenção. — Eu não sei nada sobre o amor. Como poderia ensinar alguém sobre isso? Acho que você está me enxergando errado.— Hanner, você tomaria um tiro
Alana caiu na risada e se levantou da cama. Eu a acompanhei até a cozinha, e nos sentamos em frente ao balcão. A funcionária já servia as refeições no prato para nós, e eu agradeci. Ela se retirou e começamos a comer.— Isso está delicioso. — Alana comentou.— Está mesmo. — Falei. — Queria ser rico o suficiente para ter um monte de funcionários a minha disposição assim.— Ryan tem um monte de coisa, mas não tem felicidade. Reparou? Isso é muito triste, Hanner. Eu fico pensando... O dinheiro realmente não traz felicidade, não?— Dinheiro facilita as coisas, mas de fato, não traz felicidade. Digo isso por mim, mesmo. Eu tenho um bom dinheiro na minha conta bancária e nunca pude realizar certos sonhos... — Ela ergueu as sobrancelhas.— Certos sonhos? — Disse, sorrindo.— É. Eu achei que não tinha sonhos, na verdade. Mas reparei que tenho vontade de conhecer alguns lugares ao redor do mundo.— Sério? Você tem vontade de conhecer o quê? Me conta. — Pediu, com muita animação.— Acho que eu