Uma semana se passou e aqui estou respirando o meu último ar de liberdade. Estava inerte em meus pensamentos quando sinto alguém tocar meus ombros, olho para cima e vejo minha mãe.
— Você está tão linda. — Ela diz abraçando meus ombros, mas não retribuo.
— Para mim, não há diferença alguma, poderia estar me casando com um chitão que daria no mesmo. Eu não o amo mamãe, por que estão me obrigando a casar-me com esse cara. Sei que podemos dar um jeito nas coisas sem precisar chegar a isso.
— Por que ele dará estabilidade à nossa família e seu pai não irá para a cadeia, pense nisso enquanto estiver a caminho do altar e ponha um sorriso nesse rosto. Homens não gostam de mulheres com semblantes amargurados. Ah! Mais uma coisa, quando estiver caminhando pense que Olavo é o único que pode salvar o seu irmão da sarjeta, pois sem dinheiro para os enfermeiros e seu pai na cadeia eu terei que colocar o pobrezinho no orfanato, já parou para pensar o que acontecerá com ele? Quando estiver a caminho do altar pense somente nisso e sorria.
A marcha nupcial começa e meu pai entrelaça nossos braços sorridente, ele me diz o quão está orgulhoso de mim e o quão estou linda, minha mãe faz sinal para que eu sorria e assim o faço mesmo sem vontade, vou caminhando pela igreja muito bem decorada e perfumada pelas flores como se estivesse indo para o corredor da morte, assim que nos aproximamos de Olavo, meu pai aperta sua mão e tenta pegar minha mão e dar ao meu futuro marido, mas o agarro fortemente, então ele usa a sua outra mão e a retira com força e me entrega para o homem que sorri me causando arrepios.
O padre começa o sermão matrimonial e eu fico ali absorta admirando a liberdade das borboletas pela janela da igreja. Volto à realidade ao ouvir a voz do padre que, pela forma como me olhava, deveria ter repetido a pergunta mais de uma vez.
— Jane Cesário Braz, aceita Olavo Ferrato como seu legítimo esposo? – Olho ao redor e olho para as poucas pessoas que estão presentes por se tratar de uma cerimônia íntima, minha amiga faz sinal para que eu não aceite, mas ao olhar para meus pais, minha mãe faz sinal de algemas e depois aponta para a cadeira de rodas de meu irmãozinho e entendi o recado. Ficar ao lado da família. Respiro fundo dando meu último ar como pessoa livre e respondo por fim.
— Sim, aceito.
O padre benze as alianças e Olavo põe em meu dedo e eu repito o gesto. Falamos nossos votos e o padre vem com aquele clichê de sempre de "eu vos declaro marido e mulher", assim que ele dá permissão, Olavo me beija e as poucas pessoas ali presentes aplaudem, menos a minha amiga, é claro. Ele olhava para mim com desejo e aquilo me assustava terrivelmente.
Tivemos uma pequena recepção, meus pais estavam radiantes e me pergunto como eles podem não ter remorso. Fiquei durante toda a festa com meu irmãozinho; ele olhava para mim e chorava. Antes de partirmos para a lua de mel, que seria em minha nova casa, dei um beijo no meu irmão e prometi que nunca me afastaria dele. Durante todo o trajeto, Olavo estava sorridente, enquanto eu sentia uma profunda tristeza e amargura. Assim que chegamos, meu marido abre a porta da minha nova casa e sinto um arrepio percorrer minha espinha.
— Esta é a sua nova casa. Amanhã, quero que acorde cedo e aprenda tudo com a senhora Barbara, inclusive como gosto que as refeições sejam servidas. O cardápio é criado por mim, somente por mim.
— Mais alguma coisa? — Pergunto, olhando-o e tentando anotar tudo mentalmente.
— Sim, já que se tornou minha esposa, não deverá andar sozinha. Sempre que precisar, eu terei que ser avisado com antecedência, e você levará o motorista e dois seguranças, isso é, se eu achar aceitável o lugar que você queira ir.
— Não precisa dos seguranças, eu sempre andei sozinha.
— Não mais. A partir de hoje, só sairá com alguém de minha confiança. Tem total liberdade para andar pelo jardim, mas só.
— Eu não posso explorar os arredores, conversar com os vizinhos ou sair com minha amiga? — Pergunto, incrédula.
— Como seu marido, sou eu quem manda, e você, como boa esposa, me obedece sem questionar. E antes de tomar qualquer atitude idiota, lembre-se que eu comprei você por uma boa soma de dinheiro. Agora vá se lavar para eu ter os meus direitos como um recém-casado.
— Eu preciso te confessar uma coisa? Eu nunca... Você sabe o quê. – Meu rosto se esquenta.
— Então, com você, tirei a sorte grande. Ande logo e vá fazer o que lhe ordenei.
Eu sei que estamos no século XXI, mas por aqui as coisas funcionam dessa forma. Eu não gostaria de ter nascido na minha família, mas o que posso fazer? E assim começou minha vida de casada. Naquela noite, Olavo usou meu corpo como quis e nem se importou de eu ser uma completa leiga no assunto. Ele apenas se satisfez, saiu de cima de mim e foi dormir, me deixando bastante dolorida.
Na manhã seguinte, ele me acorda para que eu aprenda tudo com a Bárbara, uma senhora adorável e gentil. Enquanto eu a ajudo a pôr o café na mesa, Olavo desce trajado, senta-se e manda que Bárbara lhe sirva, e assim ela o faz. Ele termina seu café e me avisa que está saindo. Sinto uma dor desconfortável, e a senhora gentilmente me pergunta o que aconteceu.
— Não sei como falar com a senhora que conheço a pouco tempo.
— Meu bem, pode falar o que quiser comigo. Estou aqui para lhe ajudar.
— É... que... ontem, Olavo e eu... fizemos... A senhora entende? Só que... nunca...
— Entendi, meu bem. Você está machucada? — Ela me olha preocupada e abaixa os olhos.
— Na verdade, estou desconfortável.
— Vou fazer um chazinho para você se sentir melhor. Eu até chamaria um médico, mas o senhor Olavo tem que me autorizar.
— Muito obrigada, Bárbara. — Sorrio para a senhora em agradecimento.
Bárbara me entrega o chá e eu o tomo, enquanto ela liga para uma ginecologista. Ela confidenciou que Soraya é bem discreta e que, inclusive, ajudou a primeira esposa de Olavo. Bárbara me disse que eu preciso descansar e seguir seu conselho. Faço o que ela pede e, assim que me deito na cama, durmo. Um tempo depois, sou acordada por leves batidas na porta e, assim que dou permissão, ela entra com uma mulher esguia de pele bronzeada, aparentando ter meia idade, mas ainda sim linda. Ela olha para mim com pesar, e me sinto desconfortável por isso e acabo desviando o olhar.— Olá Jane, sou a doutora Soraya e, daqui pra frente, serei sua ginecologista e te ajudarei em tudo que estiver ao meu alcance. Não precisa sentir-se envergonhada em minha presença, você não faz ideia da quantidade de mulheres que ajudei em sua condição.Ela me entrega um potinho e pede para que eu encha, e vou diretamente ao banheiro e faço imediatamente o que ela pede.— Muito bem, Jane, agora deite-se que irei examiná
Cinco anos se passaram e deixei todas as minhas vontades e sonhos adormecidos para me tornar o que sou hoje, para a sociedade, uma dama e esposa perfeita e dedicada de um magnata.Como sempre, não tenho autonomia para escolher nem o cardápio, e como sempre tudo fica a critério do meu "querido" esposo. Ontem, por exemplo, ele quis comer lasanha de camarão, e hoje ele quer lagosta ao vinho branco. Bárbara e eu ficamos tontas, pois ainda temos que dar conta da limpeza da casa, já que meu adorável esposo não suporta a ideia de ter mais pessoas andando pela casa.Minha amiga Anny diz que eu deveria chutar "o pau da barraca" e viver minha vida, mas sempre lembro de suas palavras anos atrás, dizendo que ele daria um jeito de sumir com meu irmão. Minha mãe diz que eu deveria arrumar amigas da alta sociedade, e o fato da minha amiga ser cantora de rap e ter uma vida louca não ajuda muito.Ela sabe que odeio aquelas mulheres metidas a besta que me medem de cima a baixo só para dar um "olá, quer
Após a visita da minha mãe, senti saudade de conversar com minha amiga, mas como Olavo sabe cada ligação que fiz, eu desisti e prefiro não usar o telefone. Bárbara me proibiu de pensar em desistir, ela disse que sou jovem e que me ajudará a sair dessa condição, mas eu duvido muito. Porém, uma coisa fica rondando minha mente: pelo o que entendi, Bárbara quer se vingar de Olavo, mas pelo o que? Deixo esses questionamentos de lado e começo a fazer a limpeza. Eu não aguento mais todos os dias fazer a mesma coisa e, no final, ainda ouvir de Olavo que não faço, que as coisas estão sujas. Me teletransporto para momentos felizes.*Flashback On*— Anda logo, Jan, vamos dar uma fugida da escola e se divertir um pouco. – Minha amiga me pede para que eu fuja com ela.— E a matéria do professor? Temos que ter nota para passar, você tem que ter nota, porque eu já passei. – Digo a ela, que revira os olhos.— Então, amiga, viu? Você é a queridinha dos professores, a nerd e boazinha. Vamos lá, Jan, vo
Mais um dia como outro qualquer, acordo cedo preparo o café para Olavo, depois que ele sai para o trabalho Bárbara e eu tomamos café e fomos arrumar a casa, Olavo gosto de tudo bem arrumado e sem um grão de pó, as vezes a vontade de desistir é grande, mas o que me motiva a suportar tudo é a vingança, quero ver o nome dele arrastado na lama, ainda não sei como me vingar dele, já que eu não saio de casa, mas tenho certeza que quando eu conversar com Anny, ela me ajudará em minha vingança.Olavo chegou e como sempre foi se banhar e depois voltou para que eu colocasse a sua comida, me pergunto para que ele quis se casar com uma pessoa bem mais jovem que ele? Me sentei para comer e ele provou o frango.— Quem preparou esse frango? – Ele perguntou parecendo satisfeito.— Foi Barbara. – Digo a ele já sabendo o que viria a seguir.— Quero que passe mais tempo na cozinha para que aprenda com ela, você entendeu? – Assenti e ele sorriu satisfeito. — Você é uma péssima cozinheira, mas pelo menos
Na manhã seguinte assim que Olavo saiu para a empresa dona Bárbara me indagou sobre o jantar e eu contei tudo a ela que ficou muito feliz em saber que pelo menos eu me divertir mesmo que fosse um pouco, claro que ocultei a ela a parte de ter conhecido Eduardo, olhei para a mão em que ele havia me dado o beijo e ainda sinto o formigamento, o que era muito estranho, Bárbara percebeu que eu estava aérea e me perguntou se havia acontecido alguma coisa e eu disse que não. Fizemos a limpeza do lugar, na verdade Bárbara fez a maior parte do trabalho, pois estava com muitas cólicas, Olavo veio almoçar e ficou muito irritado com o fato do meu ciclo menstrual ter chegado.— Eu tinha certeza que desta vez você estava grávida. – Ele disse desapontado.— É uma pena Olavo, mas ainda não foi dessa vez. – Se ele soubesse o que faço com certeza, ele me trancaria no quarto e jogava a chave fora.Mais uma vez ele foi para o trabalho e me senti aliviada por não estar em sua presença, a noite por estar
Uma semana se passou desde que minha amiga conseguiu me entregar o celular, terminei de ler o livro que Eduardo me entregou e eu agradeci mentalmente por isso.Quando finalmente meu marido saiu para trabalhar eu corri para ligar o celular para conversar com a minha amiga, quando recebi uma ligação, achei estranho, pois só minha amiga tinha esse número, mas mesmo assim eu resolvi atender.— Olá! – A pessoa disse.— Olá, quem está falando por favor? – Ouço o sorriso da pessoa.— E então já eu o livro?— Eduardo? – Perguntei nada convicta.— Exatamente, eu peguei o seu número com a sua amiga, espero que não se importe. – Preciso falar sério com a Anny.— Já li sim, obrigada por me enviar o livro.— Então eu vou te enviar um outro mais tarde, peça a sua governanta para pegar, espero que goste.— Não quero ter problemas com meu marido.— Fique tranquila, é só para o seu entretenimento, eu soube que você não pode sair de casa, então espero que leia para não se sentir entediada. – Não tenho
Deixei Bárbara limpando o quarto e fui para o jardim, pois estava muito curiosa para ler aquela carta, me sentei no banco e abri a carta para ler.Querida atual esposa do meu marido;Se você está lendo esta carta é porque eu desisti de viver, não pense que sou fraca só porque desistir,mas é que esse mundo já não tinha mais esperanças para mim, assim como você eu também fui “vendida pelos meus pais” que não se importaram com a minha dor, só se importavam com seu bem estar e dinheiro e isso Olavo tem de sobra a oferecer. Quando eu não aguentava mais esse sofrimento, ele me trancou em um quarto e não me deixava me alimentar adequadamente, por favor não seja como eu, faça de tudo para fugir desse inferno que ele chama de mansão, Olavo é uma pessoa cruel e que não mede esforços para conseguir o que quer. Faça tudo que puder para escapar e outra coisa meu bem não confie em Bárbara, pois ela é a maior responsável por muita coisa que me aconteceu, mas uma coisa no terceiro quarto de hóspede
Olavo FerreteMe casar com Jane foi um ótimo negócio, pois ela é tonta e não faz perguntas sobre o meu trabalho, na verdade eu a desejava desde que tinha dez anos, podem me chamar de pedófilo, mas eu nunca toquei em um fio de seu cabelo até que ela completasse a maioridade. Na verdade, desde os onze anos ela é minha, seus pais me deram ela como garantia da dívida quando emprestei dinheiro para eles manterem a boa vida, os dois nunca se importaram com ela e se não fosse eu seria um idota qualquer. Aquele corpo macio e jovem a meu dispor me faz sentir rejuvenescido, mas não impede de que eu tenha uns casos por fora, porque ela é muito inexperiente ainda, mesmo passando cinco anos.— Está pensando em que patrão? – Um dos meus funcionários do clube clandestino perguntou.— Pensando seriamente em mandar minha mulher passar uma temporada aqui para que ela aprenda um pouco mais.— O senhor, vai deixar que outros homens a toquem? – Ele perguntou e eu sorri.— Só os autorizados.— O senhor é m