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A Prisão Dourada: Sonhos Adormecidos e um Caminho para a Liberdade

Cinco anos se passaram e deixei todas as minhas vontades e sonhos adormecidos para me tornar o que sou hoje, para a sociedade, uma dama e esposa perfeita e dedicada de um magnata.

Como sempre, não tenho autonomia para escolher nem o cardápio, e como sempre tudo fica a critério do meu "querido" esposo. Ontem, por exemplo, ele quis comer lasanha de camarão, e hoje ele quer lagosta ao vinho branco. Bárbara e eu ficamos tontas, pois ainda temos que dar conta da limpeza da casa, já que meu adorável esposo não suporta a ideia de ter mais pessoas andando pela casa.

Minha amiga Anny diz que eu deveria chutar "o pau da barraca" e viver minha vida, mas sempre lembro de suas palavras anos atrás, dizendo que ele daria um jeito de sumir com meu irmão. Minha mãe diz que eu deveria arrumar amigas da alta sociedade, e o fato da minha amiga ser cantora de rap e ter uma vida louca não ajuda muito.

Ela sabe que odeio aquelas mulheres metidas a besta que me medem de cima a baixo só para dar um "olá, querida!" Argh! As odeio com todo o meu ser.

Meu marido chegou e foi direto para o escritório dele tomar uma dose de uísque e esperar até que eu o chame para jantar. Termino de preparar a mesa e vou até o seu escritório chamá-lo para jantar. Assim que ele chega, faz uma careta, e me pergunto o que há de errado dessa vez. Olavo pega a garrafa de vinho e me entrega.

— Jane, vá à adega e escolha outro vinho, este não é apropriado. — Olho para Bárbara de relance, e ela me dá um sorriso pesaroso.

Ele nunca aprovou minhas escolhas de vinho. Pego a garrafa e vou para a adega, chegando lá, troco o vinho e, dessa vez, estou confiante de que fiz a escolha certa.

— Quantas vezes tenho que te mandar estudar a cartela de vinhos? Aproveita que você não faz nada, então pelo menos aprenda isso.

— Sim, tudo bem. — Digo cabisbaixa, pois aprendi nos últimos anos que sempre é pior.

— Se amanhã você me trouxer o vinho errado novamente, te proibirei de ir ao jardim por uma semana. Agora, me sirva, pois estou faminto.

Assenti e rapidamente os servi. Minha única alegria é poder ficar no jardim, onde leio e posso conversar com o senhor Ramirez, que é um senhorzinho muito simpático.

— A lagosta está seca, o arroz está cozido demais e o molho talhado e aguado. O que você e Bárbara fizeram o dia todo? Levaram o dia todo para fazer essa lavagem? — Ele empurrou o prato com nojo.

— Não foi Bárbara que cozinhou, fui eu. — Respiro fundo, esperando a tempestade que viria a seguir.

— Pois amanhã faça uma refeição aceitável. Agora suba e ponha a lingerie branca.

— Me deixe terminar de comer e já subo. — Digo a ele, que afasta meu prato.

— Faça exatamente o que eu mando. Será bem melhor para você, querida. Após me satisfazer, você termina de comer e aproveita para limpar essa cozinha que está imunda.

Me sinto uma espécie de Cinderela com Joana de barro. Faço exatamente o que ele diz. Levanto, vou até o meu quarto, que mais parece uma prisão. Entro no closet e me visto como ele mandou. Assim que ele chega, faz tudo o que quer comigo e, depois de saciado, me manda descer. Sei que é pecado jogar comida fora, mas naquela altura eu não estava com vontade de comer. Me sentei na cadeira e começo a chorar, sentindo nojo de mim e do meu próprio corpo. Após deixar a cozinha limpa, não tinha a menor vontade de voltar para aquele quarto, então fui para o jardim admirar as estrelas. O céu está tão azul, tão estrelado. É lindo de ver.

E olhando para o céu, me permito chorar mais uma vez. Sei que para outras pessoas a culpa de tudo que estou passando é minha, já que sou adulta e tal. Porém, ninguém pode me julgar por não querer arruinar a minha família, principalmente a vida do meu irmão, que precisa ter uma qualidade de vida.

Abraço meus joelhos enquanto vejo uma cena inusitada. Várias borboletas começam a me rodear, como se estivessem fazendo um show exclusivamente para mim. Uma delas pousou em meu ombro, e sorrio entre as lágrimas. Naquele momento, eu senti como se alguém estivesse olhando para mim e dizendo para esperar que as coisas melhorarão.

Na manhã seguinte, desci para preparar o café, mas já encontro Bárbara fazendo as coisas. Ela me pede para que eu não me preocupe e sente-se. Não demorou muito, Olavo desce e pede para que eu o sirva. Quando Olavo está presente, o ambiente fica tenso e pesado. Ele me faz as recomendações do dia e se vai. Assim que constato que Olavo realmente se foi, respiro aliviada.

— Você não está nada bem, Jane. Quer se deitar um pouco? — Bárbara pergunta, e eu nego.

— Não irei deixá-la realizando as tarefas sozinha. — Ela sorri para mim.

— Menina, você é uma alma tão bondosa. Desejo que seu futuro seja maravilhoso.

— Eu nem sei se terei um futuro. Na verdade, não sei até quando irei aguentar. Eu entendo por que Vanessa preferiu o suicídio, pois foi a forma que ela achou de se salvar desse mundo.

— Nunca mais repita essas palavras, Jane. Você é uma jovem que merece ser feliz, e você será. — Barbara olha para mim, enfezada pelo que disse.

— Eu pergunto por que você ainda trabalha para ele? Você também tem alguma espécie de contrato que te prende a esse lugar? — Pergunto, curiosa.

— Não, menina, eu não tenho um contrato com ele ou algo do tipo, mas tenho uma questão particular que preciso resolver antes de deixar essa casa. — Ela me diz, divagando.

— E que questão seria essa? — Pergunto, ainda mais curiosa.

— No momento exato você saberá. Agora vamos limpar esse lugar rapidamente para que você possa aproveitar o jardim. — Barbara me olha com ternura.

— Obrigada. Se não fosse por você, eu sinceramente não sei o que seria de mim. — Ela sorriu e se virou para pegar os produtos de limpeza.

À tarde, minha mãe apareceu de surpresa com meu irmão. Assim que ele me viu, estendeu os bracinhos e sorriu. Corri e o peguei no colo, e ele se aninhou a mim. Sei que mesmo sem poder falar, com aquele gesto ele está me dizendo que também sente saudade de mim. Uma lágrima escapou dos meus olhos, pois eu queria muito sair para ir na casa dos meus pais, brincar com meu irmão e conversar com Célia, a governanta. Mas infelizmente, eu não tenho permissão para sair, e nem as pessoas podem vir me ver.

— Filha, a sua casa está muito limpa. Você está fazendo um excelente trabalho como esposa. — Minha mãe diz, sorrindo.

— Falou a mulher que nunca pegou a vassoura na vida. — Digo a ela, que me olha de soslaio.

— Está tão amargurada. Você costumava ser tão alegre e sorridente.

— Como você quer que eu seja feliz quando tenho que passar a maior parte do tempo presa aqui? Eu não tenho permissão para sair, mãe. Só posso, muito mal, ir ao jardim, e nem posso visitar todos os cômodos da casa onde moro.

— Nossa! Você reclama de ter uma vida ruim? Filha, você tem dinheiro, joias, essa casa gigantesca e muitas outras propriedades. — Minha mãe sempre foi uma pessoa fútil.

— Coisas que eu trocaria por uma câmera. — Senti uma lágrima escorrer, e meu irmãozinho a pega. "Bento, você é a melhor pessoa da nossa família", digo para mim mesmo, olhando para ele com ternura. Um dia, serei livre e te levarei comigo. Ele parecia entender o meu olhar e sorriu.

— Vim apenas para fazer uma visitinha rápida. Bento e eu estamos indo. — Abraço meu irmão mais uma vez, e ela se vai.

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