Começamos meu treinamento especial logo naquela mesma tarde. O meu objetivo foi traçado: eu deveria produz um escudo de ar capaz de conter vibrações mágicas. Como não possuíamos nenhum ADM, trabalhamos com a única coisa que tínhamos a nossa disposição: nossas vozes. O exemplo de Pandora de que as vibrações mágicas se assemelham às vibrações causadas pelo som acabou por nos dar essa ideia. As fadas iriam falar, gritar ou fazer qualquer outro barulho e quando eu finalmente pudesse criar um escudo de ar suficientemente bom á minha volta os seus sons seriam mutados para mim.Visto que eu não tinha a mínima ideia do que deveria fazer, acabei por não ter quase nenhum progresso feito nos primeiros dias. Pandora me explicou que, para que o escudo ficasse perfeito, eu deveria criar uma espécie de tornado esférico, de modo que eu ficasse 100% protegida dentro dele. Decidimos focar primeiro na força do meu vento, que tem sido um problema, afinal um tornado formado por uma leve brisa não ia nos s
Pelo lado de dentro, abro uma pequena parte do zíper da bolsa, afim de ver onde estávamos. Pandora caminhava rápido numa larga calçada ao lado de uma movimentada avenida. Ela trazia Ran, Freya, Surt e eu escondidos dentro de uma bolsa de couro negro, que ela transfigurara a partir de um pedaço de couro de veado usando a alquimia. Vestia-se com um vestido de lã roxo e um blazer preto. Suas orelhas pontudas eram facilmente escondidas pelos cachos volumosos, contudo era difícil para mim dizer como as suas asas, que tinham facilmente uns 2 metros de envergadura, conseguiam se esconder dentro de roupas humanas. Queria perguntar como ela tinha feito essa façanha, porém de um tempo para lá eu havia notado que as outras fadas raramente questionavam as ideias e atitudes de Pandora. Elas pareciam confiar completamente em sua líder, e não haviam perguntado como ela escondeu suas asas, então decidi fazer o mesmo. Eu não queria parecer cética ou inconveniente, ainda mais porquê Pandora havia aceit
Enderson Corduroy há muitos séculos escreveu sobre Gaia, a fada-mãe, criadora do mundo, poderosa, onipotente, que gerou seus filhos, as fadas, a partir de seu cristal mágico, conhecido como Omnistone. Corduroy também escreveu sobre Tyr, a humana, fraca, desprezível, só mais uma dentre milhões de outros escravos gigantes, conhecidos como humanos, os servos dos semelhantes de Gaia.O conto mais famoso envolvendo as duas relata como a fraca Tyr subjugou a fada-mãe, libertando a humanidade depois de 200 anos de escravidão, antes de ser assassinada por Gaia. Depois disso, Gaia, fraca e cambaleante, desapareceu, abandonando seus filhos, deixando-os sem poderes.Quando Gaia criou o mundo, ela também criou dois cristais a partir do Omnistone. Um deles era bonito, brilhante e multicolorido, este guardando os poderes e a essência vital das fadas que Gaia criou. Este cristal permitia que as fadas manip
Eu vi meu humano quando abri os olhos pela primeira vez. Estávamos em seu berço e ele dormia serenamente ao meu lado. Foi o meu primeiro dia de vida, mas eu já sabia que aquele garotinho de finos cabelos negros, bochechudinho e de nariz achatado era o meu humano. Me aproximei devagar, meio desengonçada. Estendi minha mão para tocar seu rosto, mas hesitei, temendo acordá-lo. Para falar a verdade, eu estava com muito sono e acabei adormecendo ali mesmo. Na manhã seguinte despertei com o som do meu humano chorando. Lembro que ver ele triste assim me partiu o coração. Sua mãe logo veio, o tirou do berço e o pôs em seu colo, me ignorando por um momento, mas logo sorriu e estendeu o braço para que eu pudesse subir na palma de sua mão e me levantou até a altura dos seus olhos - Oi pequenina. Não se preocupe, logo aprenderá a voar - vi sobre seu ombro esquerdo um pequeno homenzinho de cabelo e vestes verdes, olhos puxados, orelhas pontudas e medindo mais ou meno
O dia letivo de Kris fora perfeitamente normal. Ele teve prova de matemática. Eu, acompanhada dos leedwees das outras crianças, esperei do lado de fora da sala de aula, pois não nos era permitido dar dicas durante os testes. Kris tirou 850 de 1000.Ainda que tivesse ficado feliz com as felicitações que recebera de seus colegas e professores, a pessoa de quem Kris mais gostava não havia aparecido na escola: sua melhor amiga Meg. Talvez por estar doente, ou por algum outro motivo. Kris não se preocupou muito. Meg faltava às aulas vez ou outra, mas ela sempre dava algum bom motivo, apesar de eu sempre achar que ela se ausentava o suficiente para chamar a atenção de alguma autoridade da escola.¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤-Bluey, você se lembra qual a cor do corante que a mamãe pediu pra gente comprar? - perguntou Kris.-Lembro sim. Ela pediu corante azul marinho, mais especificamente da marca Akuaberry. - Respondi ao mesmo tem
Meu corpo estava quase completamente curado quando chegamos em casa. Eu já conseguia falar normalmente, mas ia demorar um pouco até que minhas plumas crescessem de modo que eu pudesse voar sem problemas.De todas as partes do corpo de um leedwee, ossos e plumas eram os que mais custavam tempo para se regenerar. Claro, o tempo levado para a cura completa variava de leedwee para leedwee.Apesar da dor excruciante que senti, eu estava aliviada por Kris estar são e salvo, não só porque isso significava que eu ficaria bem, mas também pelo fato de que ver meu amo sofrendo me partia o coração, sentimentalmente falando.O que aconteceu no beco foi algo que só vi em filmes de ação: labaredas de fogo gigantes que surgiam do nada destruindo um prédio inteiro, causando pânico nas pessoas.Kris esteve perto da morte, e eu de virar cinzas, porém fomos salvos por uma misteriosa rajada de vento que desviou o fogo mortal. Os membros do jornal daquela noite estavam tratando aq
Meghann Cobalto, ou simplesmente Meg, era uma menina baixinha, magra e loura de 10 anos. Tinha o rosto salpicado de sardas, lábios finos e rosados e olhos azuis. Em sua bochecha direita ela ostentava uma cicatriz vermelha em forma de lua crescente. Como sempre, ela estava sorrindo quando Kris se aproximou. Nas costas ela levava sua mochila lilás e nos braços um embrulho verde na forma de paralelepípedo, envolto em um laço vermelho. Havia nele um selo com os dizeres: "Para Kris, de Meg e Júpiter".Meg mal esperou Kris chegar e correu para abraçá-lo com um dos braços, o outro segurando o presente. Quando o ônibus escolar partiu os dois foram se sentar juntos.-Parabéns aniversariante! - disse eufórica - 10 anos! Enfim conseguiu me alcançar! Aqui - disse erguendo o embrulho. Kris sorriu recebendo o presente.-Você não devia, Meg. Não precisava.-Não ouse dizer o que posso ou não fazer! Vamos, abra! - disse a jovem, os olhos brilhando.Meu amo desatou o laç
Eu não costumava conversar muito durante as aulas. Ainda que nós leedwees não precisássemos prestar atenção no que era explicado pelos professores, eu fazia questão de aprender tudo para auxiliar Kris nas tarefas de casa. Contudo não nos era permitido dar dicas durante provas, tanto que nessas ocasiões os professores nos mandavam para uma saleta que ficava na própria sala de aula. Entrávamos por uma portinhola em um espaço de cerca de dois metros cúbicos onde havia mini poltronas e versões em miniatura de jogos de tabuleiro para passarmos o tempo. Foi numa dessas ocasiões que conheci as corridas de leedwees. Kris tinha 5 anos na época e estava ocupado com um teste sobre cores e formas, enquanto isso fiquei num canto com os acompanhantes dos outros alunos. Eu conhecia a maioria dos presentes, mas não mantinha conversa com nenhum. Eu estava simplesmente sentada perto