Meghann Cobalto, ou simplesmente Meg, era uma menina baixinha, magra e loura de 10 anos. Tinha o rosto salpicado de sardas, lábios finos e rosados e olhos azuis. Em sua bochecha direita ela ostentava uma cicatriz vermelha em forma de lua crescente. Como sempre, ela estava sorrindo quando Kris se aproximou. Nas costas ela levava sua mochila lilás e nos braços um embrulho verde na forma de paralelepípedo, envolto em um laço vermelho. Havia nele um selo com os dizeres: "Para Kris, de Meg e Júpiter".
Meg mal esperou Kris chegar e correu para abraçá-lo com um dos braços, o outro segurando o presente. Quando o ônibus escolar partiu os dois foram se sentar juntos.
-Parabéns aniversariante! - disse eufórica - 10 anos! Enfim conseguiu me alcançar! Aqui - disse erguendo o embrulho. Kris sorriu recebendo o presente.
-Você não devia, Meg. Não precisava.
-Não ouse dizer o que posso ou não fazer! Vamos, abra! - disse a jovem, os olhos brilhando.
Meu amo desatou o laço e rasgou o embrulho de papel para ver o que tinha dentro. Era um exemplar de Contos de Fadas, de Enderson Corduroy. Senti que meu amo ficara corado e com o coração acelerado. Meg sorriu de orelha a orelha.
-Eu sei que você gosta de ler e vi que ficou de olho nesse livro quando passamos na frente da livraria do Sr Klay uma vez.
-Meg... Eu adorei! Muito obrigado! Mas esse...
-Não é o livro que vimos na livraria, né? - Meg o lançou um olhar de esguelha com um sorriso como quem dizia "É rapaz, eu sou demais!". Realmente não era o mesmo livro. O outro que vimos era mais fino e tinha a capa mole. Já este era maior e mais grosso, tinha uma capa feita de algo que parecia ser couro tentando imitar livros antigos. As letras eram grandes e douradas. No centro da capa havia uma figura dourada da silhueta de uma mulher com asas de membrana.
-Uau! É incrível! Nem imagino o quanto deve ter custado! - disse Kris, boquiaberto, não conseguindo conter a emoção.
Meg desfez seu sorriso e lhe lançou um olhar furioso.
-Sério que está pensando em dinheiro? Cara, eu te dei um presente!
Kris imediatamente baixou a cabeça, desejando não ter dito aquilo.
-Ah...! Tem razão, foi indelicado da minha parte, me desculpe.
Meg sorriu e passou o braço pelo pescoço de meu amo.
-Ei, eu tô brincando. Relaxa.
Só naquele momento, com o braço da sua amiga o envolvendo, Kris percebeu que ele estava enfaixado. Meu amo observou melhor e notou que ela também tinha um longo e fino arranhão avermelhado na canela, e um vergão arroxeado no pescoço.
-O que houve? - perguntou preocupado.
-Ah, isso? - ela apontou para o braço enfaixado - Adivinha quem caiu da bicicleta enquanto voltava da livraria com seu presente? - ela riu - Fui desviar de uma pobre tartaruga que estava tentando atravessar a rua e bati em duas lixeiras paradas na calçada. Não é mesmo Júpiter?
-De fato - respondeu com voz pomposa. Só quando Meg se dirigiu a ele, percebi que estava ali, voando por cima dela. Júpiter era o leedwee da Meg. De cabelo e vestes alaranjadas, ele não era o maior exemplo de simpatia e não mostrava interesse em conversar com os outros.
-Bom dia, Júpiter. - Sorri, cumprimentando-o.
-Saudações. - respondeu seco. Ele estendeu um pequeno embrulho verde, do tamanho de uma caixa de fósforos, envolto em um cordão vermelho. Havia um pequenino selo impresso com os dizeres: Para Bluey, de Meg e Júpiter.
-Senhorita Meghann insistiu em lhe comprar um agrado - disse sem olhar diretamente para mim.
Olhei para baixo. Meg sorria.
-Afinal, também é o seu aniversário, certo? - disse a lourinha.
Senti um calor confortável em meu peito, e era uma sensação genuinamente minha. Nunca recebi presentes de pessoas que não eram da família de Kris.
-Eu fico muito agradecida, Meg - meu rosto corou.
Peguei o presente das mãos de Júpiter e rasguei o embrulho. Era um kit de limpeza de asas. Através da caixa transparente pude ver o que continha: uma escova de cerdas ultrafinas, um frasco de shampoo especial, uma tesoura para aparar e, por fim, uma loção para deixar as plumas macias e brilhantes, tudo em versão miniatura.
-Eu adorei Meg, muito obrigada. - Apesar de eu não precisar tomar banho, gosto muito de cuidar das minhas asas.
Meg tornou a se virar para Kris e disse:
-Por causa do meu pequeno acidente não dei notícias na escola e não pude ir à sua festa ontem. Me desculpa.
-Não tem problema.
Kris disse tentando não transparecer que seu dia só não fora 100% bom por não ter tido a companhia da sua melhor amiga e também porquê...
-Você estava no Calçadão Comercial durante o ataque?! - Meg boquiabriu-se de espanto - E quase foi queimado vivo?!
Kris confirmou.
-Cara, que tenso! Mas foi muito estranho o jeito que você foi salvo.
-Como assim? - Kris questionou intrigado.
-O lugar em que vocês estavam... Na verdade o Calçadão inteiro é cercado por prédios altos. Como uma rajada de vento tão forte que derrubou vocês pôde acontecer num lugar assim?
-Não sei. Estou mais curioso em saber como aquele fogo surgiu do completo nada.
A conversa perdurou até chegarmos a escola, mas nenhuma resposta para a questão veio à tona.
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Enfiei o kit que ganhei de Meg dentro da mochila de Kris e nós quatro seguimos em direção à sala de aula. Durante o percurso num corredor vazio Meg e Kris conversaram bastante sobre o livro novo da minha criança. Meg disse que lera algumas páginas da versão em p*f que ela baixou, e sobre como ficara surpresa e intrigada ao ler as histórias e contos sobre as lendárias fadas. Kris ia dizendo o quanto estava ansioso para começar a ler quando um garoto chegou dando um encontrão nele, que foi ao chão, derrubando o livro.
-Acredita em fadas, Karino?! - vociferou o garoto. Era Arnon Trox, um dos colegas de turma de meu amo. Um garoto corpulento, quase sem pescoço, de cabelos castanhos e grossos, olhos pequenos e cinzentos e um largo nariz vermelho. Estava sempre implicando com Kris por ser menor que a maioria dos garotos. Arnon se adiantou e pegou o livro do chão.
-Devolve! - berrou Meg, enquanto ainda estava de joelhos, ajudando meu amo a se levantar.
-Isto é história para bebês! Por quê lê isso, Karino?
Meg se levantou rapidamente e arrancou o livro das mãos de Arnon - Aprenda a pedir permissão antes de tocar em algo que não lhe pertence, Trox!
-Ah, dane-se! Não quero mesmo ser visto com um livro idiota para religiosos!
-Não é um livro religioso, só conta histórias antigas - disse minha criança.
-Que seja. Por outro lado, adoraria que você me acompanhasse até a sala, Meghann - Arnon abre um sorriso, lança um olhar malicioso e estende a mão esperando Meg aceitar o convite.
Meg bate na mão de Arnon, afastando-o - Não saio com garotos que não respeitam os outros!
-Prefere ficar na companhia desse Zé Ruela? - vociferou indignado.
-Mais Zé Ruela é você, seu brutamonte!
Arnon agarrou o braço da garota, o que não estava enfaixado, e apertou. Meg arregalou os olhos, sua boca tremeu e uma lágrima lhe escapou - Logo será minha, Meghann, não pode resistir a mim por muito tempo - ele a olha fixamente.
-Ora, isto é um absurdo! Pare imediatamente ou serei obrigado a notificar seu comportamento abusivo à uma autoridade da escola! - disse Júpiter em tom superior.
-Solta ela! - num ato de coragem rara e repentina, meu amo se pôs de pé e partiu pra cima de Arnon, lhe dando um empurrão. Nada aconteceu. Arnon era tão grande e meu amo tão menor em comparação, que Arnon seguiu parado segurando o braço de Meg.
Arnon olhou para Kris como um monstro faminto prestes a devorar sua pobre e frágil presa. Ele soltou Meg e se preparou para socar Kris. Meu amo cerrou os olhos, esperando o golpe, mas Trox mudou de ideia.
-Quer saber? Não! Vamos resolver isso de outra forma. Eu te desafio, Karino! Você, eu e nossos ajudantes nos fundos da escola depois da aula para uma corrida! Sua ajudante vai correr contra a Escrava. E é bom você aparecer caso não queira ser partido em dois!
Arnon se retirou em direção à sala de aula.
Quando menos esperávamos, uma leedwee de cabelo e vestes roxas se aproximou.
-Peço mil desculpas pelo comportamento do Mestre Arnon. Ele comeu pouco hoje, por causa da dieta que seus pais lhe impuseram, e está irritado com isso - disse ela com sua voz macia.
-Escrava! Vamos! - o grito de Arnon ecoou pelo corredor.
A leedwee se curvou em reverência para nós e foi em direção ao seu amo. Jujuba era a leedwee de Arnon Trox. Apesar de seu amo ser a criança mais desagradável que já conheci, ela era um amor, sempre prestativa, fazendo de tudo pelo seu humano. Vez ou outra conversávamos durante a aula e por isso ela se tornou uma das minhas melhores amigas. Arnon nunca a tratou bem, pelo menos eu nunca o vi, e um dos seus últimos atos contra ela foi dar-lhe o nome de Escrava. Eu não aceitei tamanha covardia, portanto continuei chamando-a de Jujuba.
Arnon Trox era um dos raros exemplos de anticonformistas que não acreditavam em Gaia, mas que eram maus e cruéis com seus leedwees por prazer, que se achavam superiores a nós por serem maiores e mais fortes. Não havia uma palavra para definir esse tipo de anticonformista mas eu os chamava de idiotas valentões.
Kris foi até Meg quando Arnon sumiu de vista. Ela estava de joelhos no chão, com as mãos sobre a cabeça, soluçando baixinho, os olhos arregalados mirando o nada, em choque.
-Meg? - chamou.
Meu amo a tocou no ombro e instantaneamente Meg recuou berrando:
-Não, por favor!!! Eu vou ser boazinha!!! - ela começa a chorar.
-Meg? O que foi? Sou eu, Kris!
Meg levanta a cabeça e olha para meu amo. Ela pareceu voltar ao mundo real pois ficou de pé num pulo e enxugou as lágrimas com a camisa - Podemos ir para a sala? - disse naturalmente como se nada tivesse acontecido.
-O que houve? Por que você estava chorando?
-Eu estava chorando? Nem notei. Deve ter entrado algo no meu olho, não importa. Arnon Trox é um babaca mesmo, vamos ignorá-lo.
-Mas e a corrida?
-Que corrida?
-Você não ouviu? Arnon Trox me desafiou para uma corrida entre leedwees, e que vai quebrar minha cara se eu não aparecer.
Meg ponderou por alguns segundos.
-Acho que você deve ir mesmo - disse com um sorriso malicioso - Ele é viciado em corridas de leedwees e está fazendo de tudo para entrar no time da escola. Ele sempre treina depois das aulas. A Bluey é a leedwee mais rápida que eu conheço e se ela conseguir vencer o Trox, vai deixá-lo de cara no chão.
O que Meg disse é verdade, eu era muito veloz, mas não consegui deixar de pensar que ela pode ter dito isso para desviar do assunto sobre seu estado de choque pouco tempo antes. Não pensei muito nisso pois tinha que me concentrar em ganhar a corrida!
Eu não costumava conversar muito durante as aulas. Ainda que nós leedwees não precisássemos prestar atenção no que era explicado pelos professores, eu fazia questão de aprender tudo para auxiliar Kris nas tarefas de casa. Contudo não nos era permitido dar dicas durante provas, tanto que nessas ocasiões os professores nos mandavam para uma saleta que ficava na própria sala de aula. Entrávamos por uma portinhola em um espaço de cerca de dois metros cúbicos onde havia mini poltronas e versões em miniatura de jogos de tabuleiro para passarmos o tempo. Foi numa dessas ocasiões que conheci as corridas de leedwees. Kris tinha 5 anos na época e estava ocupado com um teste sobre cores e formas, enquanto isso fiquei num canto com os acompanhantes dos outros alunos. Eu conhecia a maioria dos presentes, mas não mantinha conversa com nenhum. Eu estava simplesmente sentada perto
-Cara, Bluey foi incrível! - anunciou Meg, em pé gesticulando excitada, para quem quisesse ouvir no ônibus - Ela voou tão depressa pela pista que eu a perdi de vista! Nunca vi nenhum leedwee ser tão veloz assim! Nem mesmo no campeonato continental!Senti meu rosto corar, envergonhada, o sentimento foi genuinamente meu, pois Kris estava olhando sorridente para Meg, feliz por minha vitória e ligeiramente aliviado por ter se livrado da surra que receberia caso eu fosse derrotada.Júpiter pairava sobre sua humana com a cara amarrada de sempre, apesar de estar completamente indiferente às palavras dela.-E o Arnon Trox... - continuou Meg - Tinham que ver a cara do idiota! Vou gravar aquela expressão ridícula naquela cara inchada para sempre! - o sorriso de Meg de repente se desfez, e uma expressão de tristeza e indignação tomou o lugar. Ela parecia ter se lembrado do que Arnon fizera a Jujuba por ter perdido a corrida - Babaca insensível - murmurou.Não pude deixa
Assim que Kris retornou a sua casa, mostrou aos pais o livro que ganhara de Meg, e contou como eu venci Jujuba na corrida, sem comentar que provavelmente voltaria para casa bem machucado caso eu perdesse.Após o jantar, Kris subiu para o quarto, arrancou a cobertura de plástico que envolvia o livro novo, sentindo aquele cheiro característico de papel e tinta de impressora, e pôs-se a ler deitado de bruços na cama."Enderson Corduroy (402-436) nasceu na cidade de Kruster, no território de onde atualmente é Neander. Não se sabe muito sobre a vida de Corduroy, mas estima-se que ele escreveu seu único livro, Contos de Fadas, em algum momento entre 420 e sua morte. Corduroy nunca chegou a publicar pessoalmente seu livro, o manuscrito foi encontrado décadas após seu falecimento. Contos de Fadas não é um livro particularmente bem escrito, mas atualmente é considerado um marco por ser um dos primeiros livros da história da humanidade e, até onde se sabe, o primeiro a retratar Ty
Acordei numa saleta, a mesma onde todos os leedwees ficavam em dias de prova. Conforme eu fiquei sabendo depois, Arnon acertou em mim e em Jujuba um chute tão forte que desmaiei. Kris correu desesperadamente para pegar a mim e a Jujuba, e não viu Arnon chegando para socá-lo no rosto. Meg ficou tão horrorizada que não conseguiu fazer nada.Eu estava deitada num dos mini sofás da saleta, me recuperando. Logo descobri que Arnon me presenteara com o braço esquerdo e 2 costelas quebradas. A concussão em minha cabeça já havia sarado. Jujuba descansava no outro sofá. Ligeiramente mais ferida do que eu, ela ainda estava desacordada, sendo cuidada por meia dúzia de leedwees dos colegas de Kris. Através da portinhola da saleta pude ouvir a aula acontecendo normalmente. Espiei pela fresta da abertura e, para o meu desagrado, Arnon Trox estava em sua carteira, a cara amarrada. Kris do outro lado da sala, tinha um curativo na bochecha esquerda.Os leedwees me contaram que
-Ela já está assim há 2 horas! Você deveria ter atirado uma somnum menor! - disse uma voz estranha. -Não tive escolha, eram muitas crianças humanas! - disse uma voz mais familiar. -Calem a boca, ela está acordando! - ralhou uma terceira voz. Lentamente abri meus olhos. Minha visão turva avistou três borrões coloridos que pareciam me encarar. Levei as mãos ao rosto e esfreguei os olhos, como se tivesse acabado de despertar de uma longa noite de sono. Ainda morosa, olhei para os lados, os olhos semiabertos, procurando por Kris. Pensei estar no quarto dele, mas quando minha visão se tornou nítida descobri que eu não poderia estar num lugar mais distinto do quarto da minha criança. Com o susto, caí do lugar onde estava sentada. Procurei à minha volta por algo que pudesse explicar por que eu me encontrava num lugar que parecia uma caverna sem saída. Antes de despencar, eu estava sentada numa cadeira que parecia ter sido esculpid
Meu queixo tornou a cair. O Cristal das Fadas, o lendário artefato que armazenava a essência vital de todas as fadas, perdido há quase 1 milênio, pendurado no pescoço daquela leedwee.-O-Onde...? C-Como...? - gaguejei incrédula.-Meus antepassados. Vim de uma linhagem de curandeiros que encontraram este fragmento em suas viagens de aprendizado. Pequeno, porém com um poder além da imaginação. Foi sabiamente passado de pai para filho e usado secretamente para curar os mais profundos ferimentos e as mais terríveis pestes que assolavam nosso vilarejo. Minha família era muito querida e respeitada na região, mas nem mesmo isso foi suficiente para amenizar a ira daqueles que me viam como uma aberração que cometeu o imperdoável crime de nascer. Foi o Cristal que me salvou quando meu humano morreu. Meu pai me deixou em um barco com o fragmento pendurado no pescoço e permitiu que a correnteza me carregasse para longe daquela vila. Na última vez que vi meu pai e
Foi você quem atacou o Centro de Domesticação na última segunda-feira? -E se fui eu? -Você quase matou Kris e eu! -Eu não sabia que você era uma fada. Vi um humano dando mole e eu não podia perder uma oportunidade assim. Eu estava prestes a explodir num berreiro, mas Pandora falou: -Surt, você andou depredando uma cidade humana? -Senhorita, eu depredei aquele lugar horrível que aliena leedwees! -E no processo matou humanos, consequentemente matando leedwees, não? -Foi um sacrifício necessário! -Surt, já conversamos sobre isso. Durante nossa busca não podemos matar ninguém. Lembre-se de que, segundo a lenda, se uma fada estiver na sua forma leedwee quando seu humano morrer ela também morre. Se você tivesse assassinado o humano da Bluey, perderíamos ela e seu poder, e então teríamos que esperar 200 anos a mais para concluir a
O portal se fechou às minhas costas, como se as bordas de luz fossem sugadas pela pedrinha vermelha no chão em meio a tantas outras. Arbustos e árvores ficavam em volta daquela pequena clareira. A Escola Nacional Príncipe Benito ficava do outro lado da rua.Há alguns quarteirões de casa me senti estranha. Plumas cresceram nas minhas asas, senti um formigamento pelo corpo (era a cobertura de queratina voltando) e meus cabelos eram novamente um tom de azul royal. Significava que Kris estava a 3 quilômetros dali, sem dúvida em casa.A primeira coisa que fiz ao chegar em casa foi guardar a Pedra Portal e o vestidinho de couro no barracão de ferramentas nos fundos. Escolhi um bom lugar para esconder meus pertences e voltei voando pela janela do quarto de Kris. Minha criança não estava lá, mas a mochila com os materiais escolares se encontrava sobre a cama.Cuidadosament