Leyla Ylmaz Aksoy Só tinha um lugar que eu precisava ir, naquele momento, dirigi até lá sem pensar em nada. Assim que a porta se abriu, Kemal estava sentado em sua poltrona usual, o olhar frio e desconfiado. Não havia traço de arrependimento em seu rosto. Ele parecia mais irritado por eu estar ali do que preocupado com o que estava prestes a ouvir. — O que você quer, Leyla? — ele perguntou, a voz cortante como uma lâmina. Eu respirei fundo, sentindo o peso das palavras que estavam prestes a sair. Miguel estava em casa, sob os cuidados de Ferman, e seu sobrinho, e eu sabia que precisava de toda a coragem que tinha para enfrentar aquele momento. — Eu vim para te dizer que acabou, Kemal. Você nunca foi e nunca será meu pai. Ele franziu a testa, mas não disse nada. Talvez fosse a primeira vez que alguém ousava enfrentá-lo. — Eu descobri tudo. Seus segredos, suas mentiras... Tudo o que você fez para manipular minha vida e a de Nazli. Mas agora chega. Você não vai mais nos mach
Leyla Ylmaz Dois anos depois... A luz da manhã entrava suavemente pela janela da sala, iluminando a bagunça que agora era rotina em nossa casa. Brinquedos espalhados pelo chão, uma fralda esquecida sobre o sofá, e no meio de tudo isso, Marc, o nosso pequeno furacão de um ano e dois meses, e Miguel que já tinha quase três anos, rindo enquanto tentava alcançar o nosso cachorrinho que fugia dele com uma mistura de pânico e diversão. — Marc, não puxes o rabo do cachorro!— gritei da cozinha, mas sem conseguir segurar o riso. — Leyla! Ele está ganhando habilidade de estrategista!— A voz de Ferman ecoou pela sala enquanto ele entrava, carregando um copo de café e observando a cena com aquele sorriso de pura adoração que só um pai coruja consegue ter. — Estrategista ou terrorista?— perguntei, arqueando uma sobrancelha, mas não consegui manter o tom sério por muito tempo. A verdade é que a energia de Marc era contagiante, e por mais cansados que estivéssemos, ele e Miguel faziam
Ferman Aksoy A casa estava cheia de risos, e o cheiro de canela e maçã espalhava-se pela sala, vindo da cozinha, onde Leyla e Nazlı estavam ocupadas com a sobremesa. Era véspera de Natal, e a família Aksoy estava reunida como há muito não acontecia. Sentei-me no sofá, observando a cena com um sorriso que não conseguia esconder. Marc, agora com dois anos, corria de um lado para o outro, encantado com as luzes da árvore de Natal, que piscavam em tons de vermelho e dourado. O cachorro, coitado, tentava escapar dele mais uma vez, mas acabava resignado a esconder-se debaixo da mesa. Miguel sempre calmo, brincava com seus carrinhos. — Ferman, não vai ajudar?— gritou Leyla da cozinha, a voz carregada de humor. — Estou ocupado supervisionando o caos.— respondi, levantando o copo de vinho. Nazlı riu alto, a sua voz enchendo a sala como uma melodia. Era bom tê-la aqui. Desde que ela se casou com Lion, os natais eram quase sempre cheios. Ver Leyla e Nazlı juntas, a rir e a trabalh
Leyla Ylmaz Nascemos sem escolher nosso nome, e da mesma forma não escolhemos quem será nossa família, crescemos em meio a um mundo caótico, corrupto e muitas vezes, é no nosso lar que deveria ser um lugar de paz e um ambiente amoroso, onde acabamos sofrendo por um amor doentio, que ultrapassa o respeito e torna a vida de uma família em um pesadelo, essa é a minha lembrança familiar, hoje com meus vinte e oito anos, formada em advocacia, ainda tenho feridas que não foram curadas e a maior parte delas vem de um único homem, aquele que quando eu era criança costumava chamar de pai. A perda do meu pai ainda era algo que eu não conseguia assimilar completamente. Fazia pouco mais de um mês que ele havia falecido, mas a ausência dele não me afetava da mesma forma que talvez devesse. Não éramos próximos. Na verdade, a última vez que tive uma conversa decente com ele foi há anos, antes de tudo desmoronar de vez.— Com licença, senhorita — a voz grave e autoritária interrompeu meu pensament
Leyla Ylmaz — Sem sorte com o táxi? — perguntou, a voz agora mais suave, quase brincando.Uma mudança desconcertante considerando como havíamos nos falado antes. Revirei os olhos, lutando contra a tentação de respondê-lo com sarcasmo. — Nenhuma. E eu não tenho tempo para esperar. Ele olhou para o motorista e fez um sinal com a cabeça, antes de abrir a porta do carro. — Eu posso te dar uma carona. Não precisa perder mais tempo. Eu hesitei. A última coisa que eu queria era aceitar ajuda dele, mas eu realmente não podia me dar ao luxo de recusar. O relógio estava contra mim, e eu precisava chegar ao tribunal o mais rápido possível. — Tudo bem — murmurei, finalmente cedendo. — Mas fique claro que estou aceitando por necessidade, não por simpatia. Ele soltou um riso baixo, como se estivesse achando graça na minha irritação. — Claro. Só uma carona. Entrei no carro, e o silêncio entre nós era tenso, quase palpável. Ele não disse nada, e eu também não estava com disposição
Leyla Ylmaz— Não é questão de achar, Eliza — respondi, com firmeza. — Eu sou a dona agora, e não importa quem você foi para ele. Nenhum de nós pode mudar o testamento. Nem mesmo você pode passar por cima de mim, e está empresa só foi criada, anos atrás, por causa da minha mãe, então não ouse falar novamente sobre isso. Eliza parecia prestes a rebater, mas mantive minha postura. Eu não estava ali para me encolher. A empresa agora era minha, e ninguém muito menos ela, iria me impedir de fazer o que fosse necessário. Assim que a reunião terminou, voltei para minha sala. Havia outros desafios para enfrentar, e o maior deles acabava de chegar. A minha secretária disse que era um dos meus clientes mais importantes que estava prestes a entrar. Olhei o nome no arquivo à minha frente: Ferman . Aksoy O nome soava familiar, mas nada me prepararia para o impacto de vê-lo pessoalmente. A porta se abriu e lá estava ele. Um homem impressionante, alto, com uma presença que tomava todo o ambien
Ferman AksoyLeyla entrou no carro batendo a porta com uma certa força, como se quisesse deixar claro que não estava exatamente feliz em estar ali. Ela se manteve rígida, braços cruzados, enquanto eu manobrava. Olhei para ela, e um sorriso surgiu sem que eu pudesse evitar.— Não esperava que a mulher que foi tão rude comigo mais cedo fosse minha advogada — provoquei, apenas para ver como ela reagiria.Ela manteve o olhar fixo à frente, mas senti o tom firme na voz dela.— Não estava sendo rude, Ferman. Estava apenas fazendo o meu trabalho.Ri. Ela era determinada, tinha uma presença impenetrável. Silenciosa, mas afiada. Após alguns minutos de silêncio, estacionei em frente à minha casa. Sabia que ela ia reagir.— Não vou entrar. Achei que era só um jantar, não uma visita à sua casa — disse, firme, me desafiando com o olhar.Saí do carro e fui até o lado dela, abrindo a porta e estendendo a mão com um sorriso leve.— É só para jantar, Leyla. E, para ser honesto, você não faz o meu tipo
Ferman Aksoy Assim que Leyla saiu com meu carro, algo em mim permaneceu parado naquele instante. Olhei para o portão da mansão, imaginando o quão complexa e desafiadora aquela mulher era. Leyla Ylmaz tinha um olhar que parecia atravessar qualquer um, uma determinação inquebrável que a tornava única. Mas não havia tempo para distrações. Voltei para dentro da mansão, e antes que pudesse subir as escadas, fui interrompido por meu irmão, Emir, que já me aguardava na sala. Ele estava ali de pé, braços cruzados, com uma expressão que misturava curiosidade e ceticismo. Sua postura e olhar eram suficientes para me dizer que ele sabia mais do que gostaria. Era óbvio que ele estava pronto para confrontar minhas intenções com Leyla. — Então… você realmente está namorando a senhorita Ylmaz? — a pergunta de Emir veio direta, como se quisesse ver minha reação. Sorri, tentando manter o tom despreocupado. — Ela é minha advogada, Emir. Mas… talvez eu tenha outros planos para ela. Emir lev