Leyla Ylmaz Aksoy Depois de uma dança que parecia interminável sob os olhares atentos dos convidados, Ferman e eu deixamos a festa. Subimos no carro decorado com flores brancas, o silêncio preenchendo o espaço entre nós. Ferman dirigia calmamente, mas eu sabia que ele estava esperando que eu quebrasse o silêncio. Finalmente, respirei fundo e falei: — Ferman, eu não posso ir para a lua de mel agora. Ele olhou para mim, surpreso, mas sem tirar os olhos da estrada. — Leyla, você precisa de descanso. Depois de tudo o que passamos hoje... — Não. Eu preciso descobrir onde está o filho da Eliza. Ela estava grávida, Ferman, e ninguém mencionou o bebê depois do incêndio. Eu achei que ela estivesse viajando, mas ela morreu, e o bebê dela pode ser o meu irmão, apesar de tudo que ela fez, eu não posso fingir que não me importo com o bebê. Ele apertou os lábios, claramente contrariado, mas não discutiu. Em vez disso, assentiu lentamente. — Certo. Já sei por onde começamos! Na manhã
Leyla Ylmaz Aksoy Só tinha um lugar que eu precisava ir, naquele momento, dirigi até lá sem pensar em nada. Assim que a porta se abriu, Kemal estava sentado em sua poltrona usual, o olhar frio e desconfiado. Não havia traço de arrependimento em seu rosto. Ele parecia mais irritado por eu estar ali do que preocupado com o que estava prestes a ouvir. — O que você quer, Leyla? — ele perguntou, a voz cortante como uma lâmina. Eu respirei fundo, sentindo o peso das palavras que estavam prestes a sair. Miguel estava em casa, sob os cuidados de Ferman, e seu sobrinho, e eu sabia que precisava de toda a coragem que tinha para enfrentar aquele momento. — Eu vim para te dizer que acabou, Kemal. Você nunca foi e nunca será meu pai. Ele franziu a testa, mas não disse nada. Talvez fosse a primeira vez que alguém ousava enfrentá-lo. — Eu descobri tudo. Seus segredos, suas mentiras... Tudo o que você fez para manipular minha vida e a de Nazli. Mas agora chega. Você não vai mais nos mach
Leyla Ylmaz Dois anos depois... A luz da manhã entrava suavemente pela janela da sala, iluminando a bagunça que agora era rotina em nossa casa. Brinquedos espalhados pelo chão, uma fralda esquecida sobre o sofá, e no meio de tudo isso, Marc, o nosso pequeno furacão de um ano e dois meses, e Miguel que já tinha quase três anos, rindo enquanto tentava alcançar o nosso cachorrinho que fugia dele com uma mistura de pânico e diversão. — Marc, não puxes o rabo do cachorro!— gritei da cozinha, mas sem conseguir segurar o riso. — Leyla! Ele está ganhando habilidade de estrategista!— A voz de Ferman ecoou pela sala enquanto ele entrava, carregando um copo de café e observando a cena com aquele sorriso de pura adoração que só um pai coruja consegue ter. — Estrategista ou terrorista?— perguntei, arqueando uma sobrancelha, mas não consegui manter o tom sério por muito tempo. A verdade é que a energia de Marc era contagiante, e por mais cansados que estivéssemos, ele e Miguel faziam
Ferman Aksoy A casa estava cheia de risos, e o cheiro de canela e maçã espalhava-se pela sala, vindo da cozinha, onde Leyla e Nazlı estavam ocupadas com a sobremesa. Era véspera de Natal, e a família Aksoy estava reunida como há muito não acontecia. Sentei-me no sofá, observando a cena com um sorriso que não conseguia esconder. Marc, agora com dois anos, corria de um lado para o outro, encantado com as luzes da árvore de Natal, que piscavam em tons de vermelho e dourado. O cachorro, coitado, tentava escapar dele mais uma vez, mas acabava resignado a esconder-se debaixo da mesa. Miguel sempre calmo, brincava com seus carrinhos. — Ferman, não vai ajudar?— gritou Leyla da cozinha, a voz carregada de humor. — Estou ocupado supervisionando o caos.— respondi, levantando o copo de vinho. Nazlı riu alto, a sua voz enchendo a sala como uma melodia. Era bom tê-la aqui. Desde que ela se casou com Lion, os natais eram quase sempre cheios. Ver Leyla e Nazlı juntas, a rir e a trabalh
Leyla Ylmaz Nascemos sem escolher nosso nome, e da mesma forma não escolhemos quem será nossa família, crescemos em meio a um mundo caótico, corrupto e muitas vezes, é no nosso lar que deveria ser um lugar de paz e um ambiente amoroso, onde acabamos sofrendo por um amor doentio, que ultrapassa o respeito e torna a vida de uma família em um pesadelo, essa é a minha lembrança familiar, hoje com meus vinte e oito anos, formada em advocacia, ainda tenho feridas que não foram curadas e a maior parte delas vem de um único homem, aquele que quando eu era criança costumava chamar de pai. A perda do meu pai ainda era algo que eu não conseguia assimilar completamente. Fazia pouco mais de um mês que ele havia falecido, mas a ausência dele não me afetava da mesma forma que talvez devesse. Não éramos próximos. Na verdade, a última vez que tive uma conversa decente com ele foi há anos, antes de tudo desmoronar de vez.— Com licença, senhorita — a voz grave e autoritária interrompeu meu pensament
Leyla Ylmaz — Sem sorte com o táxi? — perguntou, a voz agora mais suave, quase brincando.Uma mudança desconcertante considerando como havíamos nos falado antes. Revirei os olhos, lutando contra a tentação de respondê-lo com sarcasmo. — Nenhuma. E eu não tenho tempo para esperar. Ele olhou para o motorista e fez um sinal com a cabeça, antes de abrir a porta do carro. — Eu posso te dar uma carona. Não precisa perder mais tempo. Eu hesitei. A última coisa que eu queria era aceitar ajuda dele, mas eu realmente não podia me dar ao luxo de recusar. O relógio estava contra mim, e eu precisava chegar ao tribunal o mais rápido possível. — Tudo bem — murmurei, finalmente cedendo. — Mas fique claro que estou aceitando por necessidade, não por simpatia. Ele soltou um riso baixo, como se estivesse achando graça na minha irritação. — Claro. Só uma carona. Entrei no carro, e o silêncio entre nós era tenso, quase palpável. Ele não disse nada, e eu também não estava com disposição
Leyla Ylmaz— Não é questão de achar, Eliza — respondi, com firmeza. — Eu sou a dona agora, e não importa quem você foi para ele. Nenhum de nós pode mudar o testamento. Nem mesmo você pode passar por cima de mim, e está empresa só foi criada, anos atrás, por causa da minha mãe, então não ouse falar novamente sobre isso. Eliza parecia prestes a rebater, mas mantive minha postura. Eu não estava ali para me encolher. A empresa agora era minha, e ninguém muito menos ela, iria me impedir de fazer o que fosse necessário. Assim que a reunião terminou, voltei para minha sala. Havia outros desafios para enfrentar, e o maior deles acabava de chegar. A minha secretária disse que era um dos meus clientes mais importantes que estava prestes a entrar. Olhei o nome no arquivo à minha frente: Ferman . Aksoy O nome soava familiar, mas nada me prepararia para o impacto de vê-lo pessoalmente. A porta se abriu e lá estava ele. Um homem impressionante, alto, com uma presença que tomava todo o ambien
Ferman AksoyLeyla entrou no carro batendo a porta com uma certa força, como se quisesse deixar claro que não estava exatamente feliz em estar ali. Ela se manteve rígida, braços cruzados, enquanto eu manobrava. Olhei para ela, e um sorriso surgiu sem que eu pudesse evitar.— Não esperava que a mulher que foi tão rude comigo mais cedo fosse minha advogada — provoquei, apenas para ver como ela reagiria.Ela manteve o olhar fixo à frente, mas senti o tom firme na voz dela.— Não estava sendo rude, Ferman. Estava apenas fazendo o meu trabalho.Ri. Ela era determinada, tinha uma presença impenetrável. Silenciosa, mas afiada. Após alguns minutos de silêncio, estacionei em frente à minha casa. Sabia que ela ia reagir.— Não vou entrar. Achei que era só um jantar, não uma visita à sua casa — disse, firme, me desafiando com o olhar.Saí do carro e fui até o lado dela, abrindo a porta e estendendo a mão com um sorriso leve.— É só para jantar, Leyla. E, para ser honesto, você não faz o meu tipo