Ferman AKsoy A casa estava finalmente tranquila, um contraste gritante com as últimas horas. Nazli dormia profundamente ao lado de Leyla, o rosto sereno, como se tivesse encontrado um refúgio após o pesadelo. Leyla, por outro lado, permanecia acordada. Eu a observei de longe, encostado na sofá próximo a cama. Ela alisava suavemente os cabelos da irmã, seus olhos refletindo uma mistura de alívio e algo mais difícil de identificar. Depois de um tempo, Leyla olhou para mim. Nossos olhares se encontraram, e ela se levantou silenciosamente, deixando Nazli adormecida. Seus passos foram suaves enquanto ela caminhava em minha direção e se sentava ao meu lado no sofá. — Não sei como te agradecer pelo que fez, Ferman. — Sua voz era baixa, mas carregada de emoção. — Você salvou a minha irmã. Eu a encarei por um momento, absorvendo suas palavras. Não era algo que precisasse ser dito; eu faria tudo de novo, sem hesitar. — Não precisa me agradecer, Leyla. Eu prometi que a traria de vol
Leyla YlmazO almoço com minha irmã Nazli, Luna e Kerem foi surpreendente e cheio de emoções. Ainda era difícil acreditar na reviravolta que presenciei. Apesar da surpresa, fiquei feliz por Luna e Kerem terem encontrado o caminho de volta um ao outro. Isso me fez refletir sobre a força do amor verdadeiro, aquele que resiste ao tempo e às dificuldades. E, ao olhar para Ferman, não pude evitar imaginar se nossos sentimentos seguiria por uma estrada tão profunda e duradoura. Assim que saímos do restaurante, o ar frio do lado de fora trouxe uma sobriedade necessária, mas Ferman quebrou o silêncio, com aquele tom autoritário que eu conhecia tão bem. — Vamos ao seu escritório agora. Quero resolver logo isso com Eliza. Assenti, sem questionar, mas meu estômago revirou ao pensar na mulher. Eliza tinha uma habilidade impressionante de me fazer sentir pequena. Suas palavras eram sempre afiadas, carregadas de desdém, como se quisesse me lembrar de que, para ela, eu não passava de uma intr
Leyla YlmazFerman me encarava como se eu fosse algo que ele havia desejado por uma eternidade. Sua intensidade fazia meu corpo inteiro reagir, e eu me sentia completamente vulnerável, mas ao mesmo tempo no controle de sua atenção. — Você não tem ideia do que provoca em mim, Leyla — ele sussurrou, segurando meu rosto com as mãos grandes e firmes. Seus lábios encontraram os meus novamente, mas desta vez havia algo mais feroz naquele beijo. Era como se ele estivesse tentando gravar cada parte de mim em si mesmo, como se quisesse que eu entendesse o quanto ele me desejava. Ferman me puxou mais para perto, até que eu estivesse sentada na beira da mesa. Seus dedos deslizaram por minhas pernas, subindo lentamente, provocando arrepios em cada centímetro da minha pele. Ele não dizia nada, mas o olhar em seus olhos dizia tudo. Quando suas mãos chegaram ao meu vestido delicado que me cobria, senti o calor em meu rosto. Ele estava completamente focado em mim, e isso era tão intoxicante
Leyla Ylmaz A aliança em meu dedo parecia carregar um peso e um brilho que eu não sabia que poderia existir. Era como se todo o meu mundo tivesse mudado em um instante. Olhei para Ferman, ainda tentando processar o que acabara de acontecer. Seus olhos estavam fixos nos meus, transmitindo aquela intensidade quase palpável que fazia meu coração bater em descompasso. Ele estava sentado na beira da cama, segurando minha mão, e eu me ajoelhei diante dele para deslizar a aliança em seu dedo. Minhas mãos tremiam, mas meu coração estava firme. — Isso não é só sobre você, Ferman — murmurei, minha voz saindo baixa, mas decidida. — É sobre nós dois. Seus olhos azuis, sempre tão cheios de mistério, suavizaram naquele instante. Pela primeira vez, vi vulnerabilidade neles. Terminei de colocar a aliança em seu dedo e, antes que ele dissesse qualquer coisa, segurei suas mãos entre as minhas. — Você me assusta, às vezes. Não pela sua força ou intensidade, mas pelo que você desperta em mim. E
Ferman Aksoy Desci as escadas rapidamente, sentindo o peso das palavras do funcionário ecoando em minha mente. Meu pai me esperava no escritório, e o tom urgente no chamado não era típico dele. Quando cheguei à porta, a luz fraca iluminava seu rosto. Ele estava sentado em sua poltrona de couro, um copo de uísque na mão. — Você está noivo? — ele perguntou sem rodeios, antes mesmo que eu pudesse me sentar. Mantive meu tom firme, encarando-o de frente. — Sim. Como prometido, eu me casarei com a Leyla. Por um momento, seu olhar endureceu ainda mais. Então ele deu um longo gole no uísque antes de pronunciar as palavras que me gelaram por dentro. — Não precisa mais se casar com ela, filho. Arqueei uma sobrancelha, confuso, mas minha voz não vacilou. — Eu não me casarei com ela por causa da promessa que te fiz. Eu me casarei porque a amo. Meu pai apoiou o copo sobre a mesa com força, como se lutasse contra algo maior. — Entre todas as mulheres, por que tinha que
Leyla Ylmaz Os minutos passaram lentamente, enquanto eu esperava por Ferman. O quarto estava em silêncio, exceto pelo som ocasional do vento que batia contra as janelas. Sentei-me na beirada da cama, observando a luz do abajur projetar sombras suaves no quarto. Desde que começamos a planejar nosso casamento, eu sabia que ele enfrentaria pressões, mas hoje havia algo diferente. Algo mais pesado. Quando a porta se abriu, levantei os olhos imediatamente. Ferman entrou, e sua expressão estava carregada, como se carregasse o peso do mundo em seus ombros. — Você demorou — comentei, tentando soar casual, embora minha preocupação estivesse evidente. Ele apenas balançou a cabeça e começou a tirar o paletó. — Algumas discussões com meu pai — disse ele, quase em um sussurro. Levantei-me e fui até ele, tocando suavemente seu braço. — Está tudo bem? — perguntei, tentando encontrar respostas em seu olhar. — Está, ou vai ficar — ele respondeu, forçando um sorriso que não alcançou seus ol
Ferman Aksoy Era tarde da noite, e a lua cheia pairava alta no céu, iluminando as ruas vazias enquanto eu dirigia em direção ao hotel clandestino onde Kemal Yildirim costumava se esconder. Meu coração estava calmo, mas minha mente, afiada como uma lâmina. As palavras do meu pai ainda ecoavam em minha cabeça. Kemal estava vivo e, pior ainda, Leyla e Nazli carregavam o sangue dele. Isso não importava para mim, mas importava o suficiente para ele usá-las em seus jogos sujos. Estacionei o carro em frente ao prédio discreto e observei a entrada. Dois homens estavam parados, fumando charutos e olhando desconfiados para qualquer movimento. O hotel era apenas uma fachada; todos sabiam que o verdadeiro negócio acontecia no subsolo, onde um cassino ilegal prosperava sob o comando de Kemal. Caminhei até eles com passos firmes, sem hesitar. Assim que me aproximei, os dois largaram os charutos e cruzaram os braços, bloqueando a entrada. — Está perdido, amigo? — um deles perguntou com um
Ferman Aksoy A estrada à minha frente parecia interminável, mas meu destino era claro: Leyla. Depois do confronto com Kemal, algo em mim se quebrou. Não era medo, nem insegurança. Era um desejo incontrolável de estar ao lado dela, de protegê-la de todo o caos que agora ameaçava sua vida. Peguei o telefone e disquei seu número, ouvindo o tom de chamada enquanto meu coração acelerava. — Ferman? — A voz dela soou do outro lado, hesitante, talvez fragilizada. — Sou eu. Estou indo até você. — Agora? — Sim, Leyla. Eu preciso estar com você. Não me sinto bem longe de você, especialmente hoje. Quero dormir ao seu lado. Houve um breve silêncio, e eu imaginei seus pensamentos correndo, pesados como os meus. Finalmente, ela respondeu: — Tudo bem. Estou em casa. Quando cheguei, ela já estava na porta. Seu rosto estava abatido, e seus olhos brilhavam com lágrimas contidas. Assim que saí do carro, ela veio até mim, envolvendo-me em um abraço apertado. Era como se sua vida dependesse