Ferman Aksoy Era tarde da noite, e a lua cheia pairava alta no céu, iluminando as ruas vazias enquanto eu dirigia em direção ao hotel clandestino onde Kemal Yildirim costumava se esconder. Meu coração estava calmo, mas minha mente, afiada como uma lâmina. As palavras do meu pai ainda ecoavam em minha cabeça. Kemal estava vivo e, pior ainda, Leyla e Nazli carregavam o sangue dele. Isso não importava para mim, mas importava o suficiente para ele usá-las em seus jogos sujos. Estacionei o carro em frente ao prédio discreto e observei a entrada. Dois homens estavam parados, fumando charutos e olhando desconfiados para qualquer movimento. O hotel era apenas uma fachada; todos sabiam que o verdadeiro negócio acontecia no subsolo, onde um cassino ilegal prosperava sob o comando de Kemal. Caminhei até eles com passos firmes, sem hesitar. Assim que me aproximei, os dois largaram os charutos e cruzaram os braços, bloqueando a entrada. — Está perdido, amigo? — um deles perguntou com um
Ferman Aksoy A estrada à minha frente parecia interminável, mas meu destino era claro: Leyla. Depois do confronto com Kemal, algo em mim se quebrou. Não era medo, nem insegurança. Era um desejo incontrolável de estar ao lado dela, de protegê-la de todo o caos que agora ameaçava sua vida. Peguei o telefone e disquei seu número, ouvindo o tom de chamada enquanto meu coração acelerava. — Ferman? — A voz dela soou do outro lado, hesitante, talvez fragilizada. — Sou eu. Estou indo até você. — Agora? — Sim, Leyla. Eu preciso estar com você. Não me sinto bem longe de você, especialmente hoje. Quero dormir ao seu lado. Houve um breve silêncio, e eu imaginei seus pensamentos correndo, pesados como os meus. Finalmente, ela respondeu: — Tudo bem. Estou em casa. Quando cheguei, ela já estava na porta. Seu rosto estava abatido, e seus olhos brilhavam com lágrimas contidas. Assim que saí do carro, ela veio até mim, envolvendo-me em um abraço apertado. Era como se sua vida dependesse
Ferman Aksoy A estrada à minha frente parecia interminável, mas meu destino era claro: Leyla. Depois do confronto com Kemal, algo em mim se quebrou. Não era medo, nem insegurança. Era um desejo incontrolável de estar ao lado dela, de protegê-la de todo o caos que agora ameaçava sua vida. Peguei o telefone e disquei seu número, ouvindo o tom de chamada enquanto meu coração acelerava. — Ferman? — A voz dela soou do outro lado, hesitante, talvez fragilizada. — Sou eu. Estou indo até você. — Agora? — Sim, Leyla. Eu preciso estar com você. Não me sinto bem longe de você, especialmente hoje. Quero dormir ao seu lado. Houve um breve silêncio, e eu imaginei seus pensamentos correndo, pesados como os meus. Finalmente, ela respondeu: — Tudo bem. Estou em casa. Quando cheguei, ela já estava na porta. Seu rosto estava abatido, e seus olhos brilhavam com lágrimas contidas. Assim que saí do carro, ela veio até mim, envolvendo-me em um abraço apertado. Era como se sua vida dependesse
Ferman Aksoy Acordei com a luz fraca da manhã entrando pelas cortinas do quarto e com Leyla ainda deitada com sua cabeça em meu peito. Seus cabelos espalhados e a respiração calma eram uma visão que, por um breve momento, quase me fez esquecer o caos ao nosso redor. Mas não podíamos ficar ali, presos a uma falsa sensação de segurança. Era hora de agir. Toquei seu rosto com delicadeza, e seus olhos se abriram devagar, encontrando os meus. Um sorriso tímido se formou em seus lábios. — Bom dia — disse ela, com a voz ainda carregada de sono. — Bom dia, meu amor — respondi, acariciando seus cabelos. Por um instante, ficamos em silêncio, mas eu sabia que precisava dizer o que estava decidido. — Leyla, vocês não podem continuar morando aqui. Ela ergueu a cabeça, surpresa. — O quê? — Não é mais seguro. Kemal sabe onde vocês moram, e eu não vou correr o risco de algo acontecer com você ou com a Nazli. Hoje mesmo vocês precisam se mudar. Quero que você e sua irmã leve
Leyla Ylmaz O abraço de Nazli parecia interminável, como se ambas estivéssemos tentando absorver cada segundo daquela despedida. Ela segurava meu rosto entre as mãos, seus olhos marejados, mas seu sorriso transmitia uma força que só ela tinha. — Vai dar tudo certo, Leyla — ela disse, com a voz firme, mas embargada. — Você merece ser feliz. — Você também, Nazli. Sei que Liam vai cuidar bem de você. Ela riu suavemente, mas suas mãos ainda tremiam ao me soltar. Quando finalmente entrou no carro com Liam, senti um vazio no peito. Acenei enquanto eles se afastavam, e por um momento, fiquei parada, absorvendo o silêncio. Logo senti a mão firme de Ferman tocando minha cintura, me trazendo de volta à realidade. — Pronta? — perguntou ele, com aquela voz que sempre me tranquilizava. Assenti, e juntos entramos no carro. A viagem até a mansão dele foi tranquila, marcada por um silêncio confortável. Quando chegamos, fui recebida pela grandiosidade do lugar. Mesmo tendo visitado
Leyla Ylmaz O cheiro de fumaça ainda parecia estar impregnado nas minhas narinas quando acordei. Meus olhos piscaram algumas vezes, ajustando-se à luz suave do quarto de hospital. Meu corpo estava pesado, mas, para minha surpresa, não sentia dor. Ao meu lado, Ferman estava sentado, com o semblante sério e preocupado. Assim que percebeu que eu havia despertado, ele segurou minha mão com força, como se quisesse garantir que eu estava mesmo ali. — Leyla... — Ele sussurrou meu nome com uma mistura de alívio e desespero. — Graças a Deus você está bem. Eu tentei falar, mas minha garganta estava seca, e apenas um som rouco saiu. Ele percebeu e me ajudou a beber um pouco de água. Cada gole parecia aliviar não apenas meu corpo, mas também a confusão que borbulhava na minha mente. — O que aconteceu? — perguntei, finalmente conseguindo formar as palavras. Ferman suspirou profundamente, como se não quisesse me sobrecarregar. — Houve uma explosão no seu escritório, Leyla. Uma bomba foi
Ferman Aksoy A noite no hospital parecia interminável. A explosão no escritório de Leyla ainda rodava na minha cabeça como um filme ruim. Eu estava sentado ao lado dela, observando-a respirar tranquilamente enquanto descansava. Apesar do susto e da situação em que nos encontramos, ela parecia milagrosamente ilesa. Mas eu sabia que aquilo estava longe de terminar. Meu celular vibrou no bolso do jaleco, tirando-me dos meus pensamentos. Olhei para a tela e vi o nome de Emir, meu irmão. Ele raramente ligava sem um motivo sério. Levantei-me devagar para não acordar Leyla e saí do quarto, fechando a porta atrás de mim. — Emir, fala rápido. Ainda estou no hospital com Leyla. A voz do meu irmão veio baixa e urgente. — Ferman, temos um problema... ou talvez uma solução. Meu coração apertou. — O que você quer dizer? Emir respirou fundo antes de continuar. — O pai da Leyla está com o cara que deixou o pacote na empresa dela. As palavras atingiram-me como um soco. — O quê? On
Leyla Aksoy A luz da manhã entrava pela janela do quarto do hospital, aquecendo suavemente minha pele. Pisquei algumas vezes, tentando me ajustar à claridade. Minha cabeça ainda estava pesada, como se os eventos do dia anterior fossem um sonho confuso. Mas a expressão preocupada no rosto de Ferman, que estava sentado ao meu lado segurando minha mão, me trouxe de volta à realidade. — Bom dia, meu amor — ele disse, a voz baixa e carregada de alívio ao perceber que eu estava acordada. — Bom dia... — minha voz saiu rouca, e ele imediatamente me ofereceu um copo d'água. Depois de alguns goles, me senti um pouco mais presente. Ele acariciou minha mão e, com um sorriso suave, disse: — Você está bem o suficiente para ir para casa. Vou cuidar de tudo. Concordei, sentindo uma mistura de cansaço e gratidão. Ferman nunca saíra do meu lado, e isso era reconfortante. Em pouco tempo, estávamos no carro, a caminho de sua casa, onde sua família nos esperava para o café da manhã. A casa e