Ferman Aksoy Acordei com a luz fraca da manhã entrando pelas cortinas do quarto e com Leyla ainda deitada com sua cabeça em meu peito. Seus cabelos espalhados e a respiração calma eram uma visão que, por um breve momento, quase me fez esquecer o caos ao nosso redor. Mas não podíamos ficar ali, presos a uma falsa sensação de segurança. Era hora de agir. Toquei seu rosto com delicadeza, e seus olhos se abriram devagar, encontrando os meus. Um sorriso tímido se formou em seus lábios. — Bom dia — disse ela, com a voz ainda carregada de sono. — Bom dia, meu amor — respondi, acariciando seus cabelos. Por um instante, ficamos em silêncio, mas eu sabia que precisava dizer o que estava decidido. — Leyla, vocês não podem continuar morando aqui. Ela ergueu a cabeça, surpresa. — O quê? — Não é mais seguro. Kemal sabe onde vocês moram, e eu não vou correr o risco de algo acontecer com você ou com a Nazli. Hoje mesmo vocês precisam se mudar. Quero que você e sua irmã leve
Leyla Ylmaz O abraço de Nazli parecia interminável, como se ambas estivéssemos tentando absorver cada segundo daquela despedida. Ela segurava meu rosto entre as mãos, seus olhos marejados, mas seu sorriso transmitia uma força que só ela tinha. — Vai dar tudo certo, Leyla — ela disse, com a voz firme, mas embargada. — Você merece ser feliz. — Você também, Nazli. Sei que Liam vai cuidar bem de você. Ela riu suavemente, mas suas mãos ainda tremiam ao me soltar. Quando finalmente entrou no carro com Liam, senti um vazio no peito. Acenei enquanto eles se afastavam, e por um momento, fiquei parada, absorvendo o silêncio. Logo senti a mão firme de Ferman tocando minha cintura, me trazendo de volta à realidade. — Pronta? — perguntou ele, com aquela voz que sempre me tranquilizava. Assenti, e juntos entramos no carro. A viagem até a mansão dele foi tranquila, marcada por um silêncio confortável. Quando chegamos, fui recebida pela grandiosidade do lugar. Mesmo tendo visitado
Leyla Ylmaz O cheiro de fumaça ainda parecia estar impregnado nas minhas narinas quando acordei. Meus olhos piscaram algumas vezes, ajustando-se à luz suave do quarto de hospital. Meu corpo estava pesado, mas, para minha surpresa, não sentia dor. Ao meu lado, Ferman estava sentado, com o semblante sério e preocupado. Assim que percebeu que eu havia despertado, ele segurou minha mão com força, como se quisesse garantir que eu estava mesmo ali. — Leyla... — Ele sussurrou meu nome com uma mistura de alívio e desespero. — Graças a Deus você está bem. Eu tentei falar, mas minha garganta estava seca, e apenas um som rouco saiu. Ele percebeu e me ajudou a beber um pouco de água. Cada gole parecia aliviar não apenas meu corpo, mas também a confusão que borbulhava na minha mente. — O que aconteceu? — perguntei, finalmente conseguindo formar as palavras. Ferman suspirou profundamente, como se não quisesse me sobrecarregar. — Houve uma explosão no seu escritório, Leyla. Uma bomba foi
Ferman Aksoy A noite no hospital parecia interminável. A explosão no escritório de Leyla ainda rodava na minha cabeça como um filme ruim. Eu estava sentado ao lado dela, observando-a respirar tranquilamente enquanto descansava. Apesar do susto e da situação em que nos encontramos, ela parecia milagrosamente ilesa. Mas eu sabia que aquilo estava longe de terminar. Meu celular vibrou no bolso do jaleco, tirando-me dos meus pensamentos. Olhei para a tela e vi o nome de Emir, meu irmão. Ele raramente ligava sem um motivo sério. Levantei-me devagar para não acordar Leyla e saí do quarto, fechando a porta atrás de mim. — Emir, fala rápido. Ainda estou no hospital com Leyla. A voz do meu irmão veio baixa e urgente. — Ferman, temos um problema... ou talvez uma solução. Meu coração apertou. — O que você quer dizer? Emir respirou fundo antes de continuar. — O pai da Leyla está com o cara que deixou o pacote na empresa dela. As palavras atingiram-me como um soco. — O quê? On
Leyla Aksoy A luz da manhã entrava pela janela do quarto do hospital, aquecendo suavemente minha pele. Pisquei algumas vezes, tentando me ajustar à claridade. Minha cabeça ainda estava pesada, como se os eventos do dia anterior fossem um sonho confuso. Mas a expressão preocupada no rosto de Ferman, que estava sentado ao meu lado segurando minha mão, me trouxe de volta à realidade. — Bom dia, meu amor — ele disse, a voz baixa e carregada de alívio ao perceber que eu estava acordada. — Bom dia... — minha voz saiu rouca, e ele imediatamente me ofereceu um copo d'água. Depois de alguns goles, me senti um pouco mais presente. Ele acariciou minha mão e, com um sorriso suave, disse: — Você está bem o suficiente para ir para casa. Vou cuidar de tudo. Concordei, sentindo uma mistura de cansaço e gratidão. Ferman nunca saíra do meu lado, e isso era reconfortante. Em pouco tempo, estávamos no carro, a caminho de sua casa, onde sua família nos esperava para o café da manhã. A casa e
Leyla Ylmaz Na manhã seguinte, acordei com o som distante de pássaros cantando. A luz suave do sol entrava pelas cortinas, mas minha mente estava longe da paz que aquele cenário tentava me oferecer. Ferman ainda dormia ao meu lado, sua respiração tranquila. Observei-o por um momento, sentindo o peso do amor que compartilhávamos, mas também o peso do que eu precisava fazer. Levantei-me com cuidado, para não acordá-lo, e me vesti. O reflexo no espelho me encarava com olhos determinados. Havia algo em meu peito que precisava ser dito, mesmo que doesse. Peguei minha bolsa e desci as escadas em silêncio. Minutos depois, eu estava no carro a caminho do cassino do Kemal. Não demorei muito para chegar. Alguns dos seus homens me lançaram um olhar surpreso, mas não disse nada quando passei direto em direção à sala dele. Bati na porta, mas não esperei resposta. Entrei com passos firmes e fechei a porta atrás de mim. Kemal estava sentado em sua cadeira de couro, com papéis espalhados pela mes
Leyla YlmazDepois de sair da sala de Kemal, caminhei pelo corredor, tentando manter a postura firme. O som dos meus passos era abafado pelo carpete, mas meu coração batia alto o suficiente para ecoar em meus ouvidos. Antes que eu alcançasse a porta da saída, um dos homens de Kemal, alto e com uma expressão séria, bloqueou meu caminho. — Senhorita Leyla, preciso que volte. O senhor Kemal quer falar com você. Olhei para ele com desgosto e respondi: — Eu não tenho mais nada para falar nem escutar, então saia da minha frente. Ele cruzou os braços, como se estivesse preparado para resistir. — Isso não será possível, senhorita. O seu pai me pediu que a levasse até ele. Cruzei os braços, encarando-o. — Ou o quê? Vai pegar essa sua arma e atirar em mim? — Provoquei, apontando para a arma que ele discretamente tentava esconder sob o paletó. — Como imaginei. Agora, saia da minha frente. Antes que ele pudesse responder, ouvi a voz de Kemal atrás de mim, grave e carregada de algo
Ferman AksoyCheguei ao cassino de Kemal com o estômago revirado. Já era irritante o suficiente saber que Leyla poderia estar ali sem me dizer nada, mas vê-la parada na porta, como se o mundo ao redor não existisse, fez algo dentro de mim explodir. Desci do carro e caminhei em sua direção, minha voz saindo mais ríspida do que eu pretendia. — Imaginei que estivesse aqui. Você quer me deixar louco, Leyla? Como vem até aqui sem me dizer nada? Ela me lançou um olhar indiferente, fingindo que nem me escutava. Um táxi se aproximava, e, sem hesitar, ela estendeu a mão para pará-lo. — Leyla! Estou falando com você! — gritei, mas ela já abria a porta do táxi. Antes que eu pudesse entrar também, ela fechou a porta com força e ordenou ao motorista que seguisse. Pisquei incrédulo por um segundo antes de correr para o meu carro. Liguei o motor e segui o táxi, minha irritação apenas crescendo a cada quilômetro percorrido. "Como ela ousa me ignorar assim?"pensei, o volante quase sendo e