Leyla Ylmaz A aliança em meu dedo parecia carregar um peso e um brilho que eu não sabia que poderia existir. Era como se todo o meu mundo tivesse mudado em um instante. Olhei para Ferman, ainda tentando processar o que acabara de acontecer. Seus olhos estavam fixos nos meus, transmitindo aquela intensidade quase palpável que fazia meu coração bater em descompasso. Ele estava sentado na beira da cama, segurando minha mão, e eu me ajoelhei diante dele para deslizar a aliança em seu dedo. Minhas mãos tremiam, mas meu coração estava firme. — Isso não é só sobre você, Ferman — murmurei, minha voz saindo baixa, mas decidida. — É sobre nós dois. Seus olhos azuis, sempre tão cheios de mistério, suavizaram naquele instante. Pela primeira vez, vi vulnerabilidade neles. Terminei de colocar a aliança em seu dedo e, antes que ele dissesse qualquer coisa, segurei suas mãos entre as minhas. — Você me assusta, às vezes. Não pela sua força ou intensidade, mas pelo que você desperta em mim. E
Ferman Aksoy Desci as escadas rapidamente, sentindo o peso das palavras do funcionário ecoando em minha mente. Meu pai me esperava no escritório, e o tom urgente no chamado não era típico dele. Quando cheguei à porta, a luz fraca iluminava seu rosto. Ele estava sentado em sua poltrona de couro, um copo de uísque na mão. — Você está noivo? — ele perguntou sem rodeios, antes mesmo que eu pudesse me sentar. Mantive meu tom firme, encarando-o de frente. — Sim. Como prometido, eu me casarei com a Leyla. Por um momento, seu olhar endureceu ainda mais. Então ele deu um longo gole no uísque antes de pronunciar as palavras que me gelaram por dentro. — Não precisa mais se casar com ela, filho. Arqueei uma sobrancelha, confuso, mas minha voz não vacilou. — Eu não me casarei com ela por causa da promessa que te fiz. Eu me casarei porque a amo. Meu pai apoiou o copo sobre a mesa com força, como se lutasse contra algo maior. — Entre todas as mulheres, por que tinha que
Leyla Ylmaz Os minutos passaram lentamente, enquanto eu esperava por Ferman. O quarto estava em silêncio, exceto pelo som ocasional do vento que batia contra as janelas. Sentei-me na beirada da cama, observando a luz do abajur projetar sombras suaves no quarto. Desde que começamos a planejar nosso casamento, eu sabia que ele enfrentaria pressões, mas hoje havia algo diferente. Algo mais pesado. Quando a porta se abriu, levantei os olhos imediatamente. Ferman entrou, e sua expressão estava carregada, como se carregasse o peso do mundo em seus ombros. — Você demorou — comentei, tentando soar casual, embora minha preocupação estivesse evidente. Ele apenas balançou a cabeça e começou a tirar o paletó. — Algumas discussões com meu pai — disse ele, quase em um sussurro. Levantei-me e fui até ele, tocando suavemente seu braço. — Está tudo bem? — perguntei, tentando encontrar respostas em seu olhar. — Está, ou vai ficar — ele respondeu, forçando um sorriso que não alcançou seus ol
Ferman Aksoy Era tarde da noite, e a lua cheia pairava alta no céu, iluminando as ruas vazias enquanto eu dirigia em direção ao hotel clandestino onde Kemal Yildirim costumava se esconder. Meu coração estava calmo, mas minha mente, afiada como uma lâmina. As palavras do meu pai ainda ecoavam em minha cabeça. Kemal estava vivo e, pior ainda, Leyla e Nazli carregavam o sangue dele. Isso não importava para mim, mas importava o suficiente para ele usá-las em seus jogos sujos. Estacionei o carro em frente ao prédio discreto e observei a entrada. Dois homens estavam parados, fumando charutos e olhando desconfiados para qualquer movimento. O hotel era apenas uma fachada; todos sabiam que o verdadeiro negócio acontecia no subsolo, onde um cassino ilegal prosperava sob o comando de Kemal. Caminhei até eles com passos firmes, sem hesitar. Assim que me aproximei, os dois largaram os charutos e cruzaram os braços, bloqueando a entrada. — Está perdido, amigo? — um deles perguntou com um
Ferman Aksoy A estrada à minha frente parecia interminável, mas meu destino era claro: Leyla. Depois do confronto com Kemal, algo em mim se quebrou. Não era medo, nem insegurança. Era um desejo incontrolável de estar ao lado dela, de protegê-la de todo o caos que agora ameaçava sua vida. Peguei o telefone e disquei seu número, ouvindo o tom de chamada enquanto meu coração acelerava. — Ferman? — A voz dela soou do outro lado, hesitante, talvez fragilizada. — Sou eu. Estou indo até você. — Agora? — Sim, Leyla. Eu preciso estar com você. Não me sinto bem longe de você, especialmente hoje. Quero dormir ao seu lado. Houve um breve silêncio, e eu imaginei seus pensamentos correndo, pesados como os meus. Finalmente, ela respondeu: — Tudo bem. Estou em casa. Quando cheguei, ela já estava na porta. Seu rosto estava abatido, e seus olhos brilhavam com lágrimas contidas. Assim que saí do carro, ela veio até mim, envolvendo-me em um abraço apertado. Era como se sua vida dependesse
Ferman Aksoy A estrada à minha frente parecia interminável, mas meu destino era claro: Leyla. Depois do confronto com Kemal, algo em mim se quebrou. Não era medo, nem insegurança. Era um desejo incontrolável de estar ao lado dela, de protegê-la de todo o caos que agora ameaçava sua vida. Peguei o telefone e disquei seu número, ouvindo o tom de chamada enquanto meu coração acelerava. — Ferman? — A voz dela soou do outro lado, hesitante, talvez fragilizada. — Sou eu. Estou indo até você. — Agora? — Sim, Leyla. Eu preciso estar com você. Não me sinto bem longe de você, especialmente hoje. Quero dormir ao seu lado. Houve um breve silêncio, e eu imaginei seus pensamentos correndo, pesados como os meus. Finalmente, ela respondeu: — Tudo bem. Estou em casa. Quando cheguei, ela já estava na porta. Seu rosto estava abatido, e seus olhos brilhavam com lágrimas contidas. Assim que saí do carro, ela veio até mim, envolvendo-me em um abraço apertado. Era como se sua vida dependesse
Ferman Aksoy Acordei com a luz fraca da manhã entrando pelas cortinas do quarto e com Leyla ainda deitada com sua cabeça em meu peito. Seus cabelos espalhados e a respiração calma eram uma visão que, por um breve momento, quase me fez esquecer o caos ao nosso redor. Mas não podíamos ficar ali, presos a uma falsa sensação de segurança. Era hora de agir. Toquei seu rosto com delicadeza, e seus olhos se abriram devagar, encontrando os meus. Um sorriso tímido se formou em seus lábios. — Bom dia — disse ela, com a voz ainda carregada de sono. — Bom dia, meu amor — respondi, acariciando seus cabelos. Por um instante, ficamos em silêncio, mas eu sabia que precisava dizer o que estava decidido. — Leyla, vocês não podem continuar morando aqui. Ela ergueu a cabeça, surpresa. — O quê? — Não é mais seguro. Kemal sabe onde vocês moram, e eu não vou correr o risco de algo acontecer com você ou com a Nazli. Hoje mesmo vocês precisam se mudar. Quero que você e sua irmã leve
Leyla Ylmaz O abraço de Nazli parecia interminável, como se ambas estivéssemos tentando absorver cada segundo daquela despedida. Ela segurava meu rosto entre as mãos, seus olhos marejados, mas seu sorriso transmitia uma força que só ela tinha. — Vai dar tudo certo, Leyla — ela disse, com a voz firme, mas embargada. — Você merece ser feliz. — Você também, Nazli. Sei que Liam vai cuidar bem de você. Ela riu suavemente, mas suas mãos ainda tremiam ao me soltar. Quando finalmente entrou no carro com Liam, senti um vazio no peito. Acenei enquanto eles se afastavam, e por um momento, fiquei parada, absorvendo o silêncio. Logo senti a mão firme de Ferman tocando minha cintura, me trazendo de volta à realidade. — Pronta? — perguntou ele, com aquela voz que sempre me tranquilizava. Assenti, e juntos entramos no carro. A viagem até a mansão dele foi tranquila, marcada por um silêncio confortável. Quando chegamos, fui recebida pela grandiosidade do lugar. Mesmo tendo visitado