Capítulo 2

ISABELLA

Mesmo não tendo que servir as bebidas e ficando só na cozinha, eu estava exausta. Ao menos a presença das minhas amigas deixava tudo mais leve. Eu estava com as bochechas doendo de tanto rir do que falamos enquanto enchíamos as taças e montávamos os canapés.

Pelo que entendi o evento era organizado por um casal bilionário, tudo ali girava em torno de sexo, se tratava de uma orgia de ricos. Não me daria o trabalho de imaginar o que estavam fazendo no salão onde as garotas serviam as bebidas. Posso ser virgem, mas não sou leiga quando o assunto é sexo, sou leitora assídua de livros de romance do gênero hot, e também já vi um vídeo ou outro. Uma coisa é ler e ver pela tela, não tenho interesse algum em ver ao vivo. Não sou curiosa a esse ponto.

Não via a hora de ir embora e dormir um pouco. Meus pés já estavam em carne viva e eu estava quase fazendo xixi na roupa porque Silvie resolveu ter uma DR com a namorada dentro do banheiro que podíamos usar.

— Que cara é essa? — Eden pergunta deixando o celular sobre a mesa.

Eden agiu a noite toda como se o episódio de ontem com Ben não tivesse acontecido e prefiro assim. Porque do jeito que ela me conhece, se perguntar alguma coisa eu vou acabar falando merda.

— Estou cansada Eden — bocejo — E preciso ir ao banheiro.

Pego um pedaço de queijo com geleia de pimenta usados para os canapés e enfio na boca. Pelo menos posso comer comida de rico sem precisar vender meu rim para pagar.

— Meninas me ajudem aqui — Penélope coloca dois baldes com champanhes sobre a mesa — Preciso que levem um cada chalé.

Franzo o cenho me lembrando dos dois chalés na parte externa do castelo.

— Silvie ainda está no banheiro? — pergunta olhando ao redor.

Assentimos e ela bufa visivelmente irritada.

— Cadê o papai? — Eden pergunta colocando o celular no bolso.

Pego o balde de prata levando um choque instantâneo por causa da temperatura.

— Vão logo!

Saímos da cozinha com Eden resmungando. Meus dedos estavam quase congelados, e a cada passo que eu dava sentia como se estivesse pisando em brasas por causa dessa droga de sapato. Falhei em ser elegante como minha mãe era.

O salto enfia na grama, tento tirar e quase caio para frente.

— Mas que merda! Argh! — digo bufando.

Eden começa e rir, mas para quando a fuzilou com o olhar.

— Essa galera é bizarra demais. Imagina a putaria que está rolando naquele salão, ou melhor nem imagine. Vai corromper a sua mente pura e casta — debocha.

— Você é tão engraçada! Deveria tentar ser comediante — mostro a língua igual uma criança, as mãos ocupadas impedem de mostrar o dedo meio.

Os chalés ficavam alguns metros um do outro, tiramos na sorte quem iria em qual. E como sou a sorte em pessoa fiquei com o menos iluminado.

Bateria na porta, deixaria o champanhe que provavelmente custa um ano do meu salário e voltaria para a cozinha, esperando ansiosamente o momento de ir embora. Estou um verdadeiro trapo.

Paro de frente a porta. Mesmo estando mal iluminado era extremamente luxuoso, a porta de madeira envelhecida tem adornos dourados, me pergunto se poderia ser ouro. Não é de duvidar, já que essas pessoas parecem podres de ricas. tento ouvir algo vindo de dentro, mas não tenho sucesso.

Apoio o balde na cintura, está muito gelado. Respiro fundo e bato na porta.

Uma...duas...três vezes. Ninguém abre.

Imagino que o lugar esteja vazio, Penélope não disse nada sobre ter alguém ali. Com o balde apoiado ao corpo giro a maçaneta, deixaria a champanhe sobre algum móvel.

Entro devagar e olhando o interior do chalé, só não estava preparada para o que estava prestes a presenciar.

Diferente do que eu imaginei o lugar não estava vazio. Em um sofá enorme em tons terrosos havia duas mulheres loiras com o corpo esculturais usando apenas calcinha, e em meio a elas um homem, ele está completamente vestido, exceto pelos botões da camisa preta abertos. A sua beleza não me passa despercebida seus cabelos pretos estão alinhados, pele morena, lábios grossos, maxilar trincado coberto por uma camada espessa de barba escura. Ele está alheio a minha presença, está mais preocupado com o seu cinto sendo aberto por uma das mulheres, enquanto sua mão grande máscula se enrola aos fios do cabelo dela, tendo os olhos fechados.

Meu rosto queima e sinto minhas pernas fraquejarem.

Uma gota de água vinda da transpiração do balde gelado cai em meu pé e me traz de volta à realidade.

Dou dois passos e colocando o balde sobre um aparador próximo, mas acabo esbarrando em uma pequena escultura a derrubando.

Ouço um grito feminino.

— O que essa garota está fazendo aqui? — uma das mulheres pergunta.

O homem olha para mim, um olhar frio e penetrante. Seu semblante se torna obscuro, e eu sinto algo que se assemelha ao medo.

— Eu...eu sinto muito — minha voz sai trêmula — eu vim trazer a champanhe — aponto para o balde.

O homem não diz nada, não se move, parece me medir com os olhos o que me fazer sentir um calafrio.

— Então já pode sair lindinha — e a vez da outra loira falar — A não ser que queira participar. Ainda não começamos.

Dou alguns passos para trás, batendo com as costas no batente da porta, causando uma dor horrível. Minha única reação é sair, fechando a porta atrás de mim, buscando fôlego e obrigando o meu cérebro a deletar a cena que tinha acabado de presenciar, mas em particular os olhos escuros daquele homem.

Meu Deus!

Eu nunca imaginei ver uma cena como essa assim na minha frente, ao vivo.

Minhas bochechas estão pegando fogo.

Percebo que estou a uma distância segura e paro apoiando as mãos no joelho e respirando fundo.

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