Capítulo 6

TIMOTHY

A mulher da noite anterior, estava ali. Ao lado do maldito rato. Poderia ser alguém parecida, mas acredito que não exista outra como ela. A boca entreaberta, os olhos arregalados, a expressão assustada. O que difere é a ausência da roupa de copeira, pois agora está usando alguma espécie de conjunto em moletom que já viu dias melhores.

Era algum tipo de piada? Alucinação?

— Se...senhor Ritkson? Eu... — a voz trêmula de Samuel me trás de volta à realidade, me lembrando o real motivo de eu estar ali.

Meu olhar carregado de ódio se volta para ele, que dá alguns passos ficando no meio do cômodo. O cheiro de bebida barata que emana dele, faz meu estômago embrulhar. Mas não me impede de partir para cima do maldito agarrando-o pelo colarinho.

— Achou que podia me roubar e ficar por isso mesmo? — digo entredentes.

Posso sentir o seu corpo tremer, não é capaz de erguer sua cabeça, não consegue me encarar. Ele está um caco, cabelos desgrenhados, com a roupa visivelmente suja.

— Eu não queria...— murmura.

Como Catarina pode acreditar que um homem como esse poderia cuidar da segurança da casa.

— Não queria me roubar?! — grito, o sacudindo.

Estou cego pela raiva.

— Vai com calma Timothy — Ouço Carl dizer ao meu lado.

— Você vai me devolver tudo que roubou! Tudo! — ele se encolhe — ESTÁ ME OUVINDO? — grito a pleno pulmões.

Sinto o corpo do homem ser puxado para trás, a aqueles olhos que paralisantes tomar o meu campo de visão. Mas agora eles não parecem nem um pouco gentis, ou assustados.

— Quem é você? O que quer com o meu pai? — pergunta, erguendo o queixo, me enfrentando. A voz combina estranhamente com ela.

Papai? Estou ouvindo certo? Ela não pode ser filha desse traste!

Carl e Frédéric dizem algo que não entendo e não faço questão de entender.

— Você está me ouvindo? Quem você pensa que é para invadir a minha casa e falar com meu pai desse Jeito? — seu tom de voz é firme.

Mesmo pequena e franzina, ela se mantém firme, o queixo erguido e os olhos fixos aos meus. O canalha está tremendo, escondido atrás dela como uma bichinho acuado. Covarde.

Ouço os meus homens entrarem e se posicionarem atrás de Frédéric e Carl.

Sorrio, com a sua audácia. Será que ela faz ideia de com quem está falando?

— Então você é filha desse rato imundo? — busco não analisar o seu rosto bonito, conheço esse tipo de mulher, e se tratando da filha de um ladrão, no mínimo é como ele.

— Quem você pensa que é para falar assim do meu pai? — pergunta entredentes.

Noto as suas narinas inflação, ela está furiosa, mas o lábio inferior trêmulo mostra que também está assustada.

— Alguém que foi roubado por ele — respondo, minha voz sai calma, acompanhada de um sorriso frio que nasce com desejo de destruir essa ratinha junto com o maldito do pai.

ISABELLA

Era para ser só uma manhã comum. Mas agora eu estou encarando o homem que imaginei nunca mais veria na vida. Porque ele simplesmente arrebentou a porta da sala dizendo que meu pai roubou algo dele.

Quem era ele? O que meu pai tinha roubado?

Meu pai passou em se meter em encrenca depois da morte da mamãe, mas nunca aconteceu algo assim. Pelo olhar periférico vejo a porta arrebentada no chão. Como consertaria isso?

Por que tem seis homens enfiados na minha sala, nos olhando como se fossemos criminosos?

Mesmo que meu pai tenha feito algo de errado, jamais permitiria que o machucassem.

O sorriso frio, combina com o seu olhar, me fazendo sentir um frio na espinha.

Ele é tão alto, tão forte, não pude notar esses atributos ontem a noite. E não porque eu estar pensando nisso.

As roupas pretas bem cortadas, o cabelo perfeitamente alinhado, agora de perto consigo e na luz dia enxergo perfeitamente suas feições, o rosto quadrado, mandíbula trincada coberta pela barba escura, lábios grossos, pequenas rugas e marcas de expressões. Ele transpira autoridade e poder.

Está claro que ele não é uma boa pessoa, a forma como tratou meu pai, o seu olhar repleto de ódio.

Torço para que meus irmãos não tenha ouvido nada. Eu saberia o que fazer se eles surgissem.

Posso sentir o suor escorrendo pelos dedos das mãos, enquanto aperto ainda mais forte os punhos

Eu não queria admitir, mas eu estou com medo. Dou dois passos curtos para trás buscando um pouco mais de distância.

— Senhor Ritkson eu sinto... — meu pai diz ao ficar do meu lado.

Ele une as mãos como se o gesto causasse alguma comoção no homem, que sorri mais uma vez, seus dentes são tão brancos.

— Vai dizer que sente muito Samuel? Que não queria ter me roubado? — pergunta se voltando para o meu pai.

— Eu vou devolver....eu... — meu pai tenta dizer, mas aquele homem volta a segurá-lo pelo colarinho.

— É claro que vai, se tiver o mínimo de amor a sua vida miserável é isso que fará — rosna praticamente.

Meu pai está apavorado, nunca o vi nesse estado. Com a pouca coragem que me resta, ou burrice. Agarro o pulso do homem para fazer com solte o meu pai.

Mas ele se desvencilha praticamente me empurrando em safanão.

— Não se meta ratinha — diz me olhando friamente, sem soltar meu pai.

— Timothy vamos pegar tudo e ir embora — o homem ruivo com a cara amassada usando roupas informais pede, mas é ignorado.

Timothy , esse era o nome dele. Espera... Ritkson? Ele era Timothy Ritkson o magnata da marca luxuosa de perfumes. Ele é podre de rico. Por que está aqui? Que droga!

Os demais caras, todos uns brutamontes que se vestem iguais, todos estão com ternos pretos, semelhantes ao que meu pai usava em seus trabalhos como segurança, não dizem nada. Apenas olham tudo, como se esperassem alguma ordem ou algo do tipo. Eles são tão parecidos, tem até o mesmo corte de cabelo. Não preciso ser um gênio para saber que estão armados e isso me deixa ainda mais apreensiva.

— Onde estão as joias e o meu dinheiro seu rato filho da puta? — sacode meu pai, que fecha os olhos e se encolhe.

— Meu pai não está com nada seu — falo, sem acreditar de verdade nas minhas palavras.

— Tem certeza? — pergunta se virando para mim.

— Eu não...

— Você não o que? — volta a encarar o meu pai.

— Eu... não estou com o dinheiro... — gagueja.

Meu corpo todo treme, e um gigantesco se forma em minha garganta.

— É claro que você não está! — dá risada sem humor, que me trás ainda mais calafrios.

— Timothy esquece o dinheiro só pegue as joias. Não é isso que realmente importa? — o ruivo diz se aproximando dele.

— Cale a boca Carl! Não se meta! — eleva a voz.

Ele abaixa a cabeça e a balança em negativa, isso sem soltar o meu pai.

— Timothy ?? — o ruivo faz menção de tocá-lo mas desiste.

— Onde estão as joias seu rato de merda? — pergunta entredentes.

Meu pai tenta se soltar dando um passo para trás, mas é impedido.

— Ficou surdo? ONDE ESTÃO AS JOIAS? — grita.

Meu pai fecha os olhos.

O que meu tinha feito? Meu Deus! Cubro o rosto com as mãos.

— Eu as perdi...— meu pai diz tão baixo que quase não ouço.

Sua fala é a confirmação de que ele tinha roubado aquele homem.

— VOCÊ O QUE? — ele grita, jogando meu pai na parede, pressionando o seu pescoço com o braço.

Corro até eles tentando puxar o homem, mas meus braços são agarrados pelos dois brutamontes.

— Pare você está o machucando! — elevo a voz tentando me soltar.

— CALE A BOCA GAROTA! — grita me fuzilando com os olhos.

— Eu vou chamar a polícia!

— A polícia não vai poder ajudar — permanece me olhando — No mínimo vai levar esse lixo preso. Afinal a vítima de roubo sou eu. Fique à vontade, se isso fizer você se sentir melhor — sorri.

Esse seria um momento perfeito para Benjamin estar em casa. Droga!

Respiro fundo, tentando pensar em uma solução para toda essa situação.

— Bella o que tá acontecendo? — o que eu mais temia acontece.

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