Capítulo 5

TIMOTHY

Sinto um misto de raiva e satisfação ao sentir que estamos próximos ao endereço do maldito rato.

Samuel Weels pensou que poderia me roubar e não sofrer nenhuma consequência?

Eu faria o desgraçado devolver tudo que me pertencia. E de agora em diante ele pensaria duas vezes antes de fazer algo assim. Isso se eu o deixasse vivo.

O homem era um fracassado. Viciado em jogo e bebida. Meus homens estavam a dois atrás do filho da puta, que parecia ter se enfiado em buraco.

Ontem de madrugada conseguiram encontrá-lo, mas o maldito rato conseguiu escapar. Mas foi burro o suficiente para voltar para sua casa. Lugar para onde estávamos indo.

Não envolveria a polícia nisso. Como o filho da puta era ex-policial, não que eles aliviariam para ele, já que tinha sido expulso da corporação, mas com a polícia envolvida eu não poderia dar o corretivo que ele merecia.

— Ele não é da equipe de segurança? Quem contratou esse cara mesmo? — Carl pergunta bocejando em seguida.

Respiro fundo, tendo a certeza de que ele não ouviu nada do que eu disse. Ele está de ressaca. E como não estaria depois da noite anterior. Ele com certeza aproveitou bastante.

Seus cabelos ruivos estavam desalinhados e sua cara ainda estava amassada, e a barba por fazer completa a sua aparência de boêmio.

— Sua mãe! Quem mais séria?

Carl é filho da minha governanta. Diria que Catarina é mais que isso, pois praticamente me criou, e o fato de ser muito próxima da minha mãe era um fator que nunca conseguiria tirá-la da minha vida. E Carl estava no pacote, é o meu único amigo, não vou perder tempo negando que ele é importante para mim.

Pois o filho da puta é uma das poucas pessoas que suporto. Ele é o oposto de mim, e isso mantém nossos laços estreitos.

— Minha mãe não costuma julgar errado as pessoas — volta a bocejar.

— Tudo tem uma primeira vez Carl, e o filho da puta fez um drama. Disse que tinha quatro filhos e que precisava muito do trabalho. Mas não passa de um bêbado viciado em aposta — cerro o punho, rangendo os dentes.

Ele parece procurar por algo no celular.

— Ele tem filhos. Pelo menos aqui diz isso — mostra a ficha do cara.

Sim, de acordo com a ficha o desgraçado tem filhos. Mas ele não pensou nem um pouco neles quando decidiu me roubar.

— E se os filhos do cara estiverem lá quando chegarmos? — pergunta.

Dou de ombros.

— Não me importo. Vai servir para os filhos não seguir o exemplo do pai — reviro os olhos.

Eu realmente não me importava. Mas não sou insensível a ponto de fazer algo que vá traumatizar os filhos do cara.

— Ainda bem que vim com você — dá um sorriso amarelo.

— Não precisava ter vindo Carl, não vou cometer um assassinato — digo o encarando.

Ele torce o nariz e dá um sorrisinho.

— Estou aqui para que isso não aconteça — diz convicto.

— Me poupe Carl — bufo, batendo com os dedos na tela do meu celular.

Mesmo sabendo que o desgraçado merecia morrer, não seria eu a tirar a sua vida. Mesmo tendo pensado e desejado isso desde o momento em que soube o ele tinha feito.

— Pensei que a festa de ontem te faria relaxar. Mas estou vendo que não.

— Não funcionou — bufo, fecho os olhos e forço a cabeça contra o encosto do banco.

— Você vai acabar infartando se continuar se estressando dessa forma. Já está cheio de cabelo branco — estala a língua.

— Cale a boca Carl — murmuro mantendo os olhos fechados.

Os olhos gentis e assustados da garota da noite anterior vêm a minha mente, a sua boca carnuda em um tom rosa naturalmente aveludado. Não entendo porquê alguém tão comum chamou tanto a minha atenção.

Talvez ela não seja tão comum assim.

— Precisa mesmo disso? — Carl pergunta, olho em sua direção e ele vira o queixo mostrando o carro com mais dois seguranças nos seguindo.

Talvez não precisasse, mas de certa forma queria deixar o rato filho da puta aterrorizado.

Não respondo a sua pergunta e passo a observar os pequenos prédios e casas com pinturas gastas separadas por árvores altas. Não imaginava que essa parte da cidade tivesse tanto verde. Talvez seja para compensar as moradias modestas demais.

— Estamos chegando senhor Ritkson! — Frédéric avisa sem tirar os olhos da rua.

Vejo Carl abrir a garrafa de água, jogando dois comprimidos na boca em seguida.

— Dor de cabeça do caralho — bufa.

— Deveria aprender a se divertir sem beber feito um gamba ou usar drogas como um universitário. Não é mais um garoto — Meu tom de voz é firme e pelo seu semelhante acho que cutuquei na ferida.

Ele é cinco anos mais novo que eu, mas isso não quer dizer que ele tenha que agir de maneira inconsequente. Não me preocupo com muitas pessoas, e me irrita ter que me preocupar com um homem de trinta e seis anos.

— Chegamos senhor Ritkson! — Frédéric diz parando o carro em seguida — De acordo com as informações a casa é aquela — aponta para a casa com muro baixo de cor indefinida já que é sem dúvida com a pintura mais gasta, algumas rachaduras no muro mostra os tijolos. O portão baixo com grades enferrujadas dá um pequeno vislumbre de algo que parece ser um pequeno jardim. Sem dúvida é a pior casa daqui, não que as outras sejam grande coisa.

— Não vai fazer...

— Cale a boca Carl! — rosno, abrindo a porta e saindo rapidamente.

Ouço Carl dizer algo para Frédéric atrás de mim, mas não faço questão de saber o que é. Meus passos são largos, deixo toda raiva que sinto tomar o controle, empurro o portão com força, e sigo em direção a porta, sem pensar duas vezes uso toda minha força para arrebentá-la com apenas um chute, sem me preocupar se machucaria quem estivesse do outro lado.

Tenho um vislumbre de algo que seria uma sala, já que o cômodo não tem os móveis que compõem uma. Então vejo o desgraçado, mas ele não está sozinho...

Minha mente só poderia estar me pregando uma peça, e eu estava vendo coisas.

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