Isabella Saio do quarto olhando ao redor, conferindo o caminho para não correr o risco de me perder, já que esse lugar é imenso. Fico aliviada ao entrar na cozinha que está vazia.Fico quieta, não vou me mover para não correr risco de quebrar algo e piorar ainda mais a minha situação. Sinto um cheiro de comida e meu estômago ronca. Não tenho vontade de comer nada, mas meu corpo não pensa da mesma maneira.Volto a pensar em Tomas e se ele comeu. As meninas brigam com ele por um pacote de biscoitos. Me dói pensar neles.— AAAAAH! — dou um pulo ao ouvir o grito e me viro dando de cara com a autora dele.Uma mulher um pouco mais jovem que Catarina, de pele clara, rosto marcante, usando um uniforme idêntico ao meu, me olha assustada com a mão no peito.— Oi? — digo levantando a mão.— Meu Deus garota! Quase me matou de susto. Te vi parada aí e pensei que fosse uma alma penada — ela fala muito rápido e a sua faz anasalada torna a situação engraçada.— Desculpa?— Você é garota que o senho
Timothy O olhar daquela mulher me incomoda de uma maneira que não sei explicar, e isso me deixa ainda mais irritado.Mesmo sabendo mais sobre ela, não sou imbecil a ponto de acreditar que ela não é como o pai. Ainda mais quando tenta me ludibriar com aquele olhar inocente.Não vou permitir ser enganado mais uma vez. Ela está aqui para pagar pelo que o maldito do pai roubou, e só vai sair daqui quando eu permitir.Perdi a fome.Bebo o vinho que Catarina me serviu em um único gole.Me levanto da mesa, e meu celular toca.O nome de Connor um dos meus homens de confiança na tela me faz imaginar do que pode se tratar. Mandei ele ficar de olho no maldito rato, para ver os seus passos e ter a certeza de que ele não vai fazer nenhuma merda.Também já tinha pessoas investigando para saber onde o filho da puta tinha perdido as minhas joias. Acredito que logo conseguirei recuperá-las.— Pronto — digo ao atender.— Senhor Ritkson, creio que não tenho boas notícias.— O que houve? — falo saindo
Timothy Ela parece ter visto um fantasma. Contenho o sorriso que quer brotar em meus lábios ao ver seu espanto e saber que sou o causador dele. Gosto de saber que ela me teme, isso vai ser importante para mantê-la aqui.Eu a quero aqui, assim como aquele ladrão me tirou as lembranças mais importantes da minha mãe, eu tirei a pessoa mais importante daquela família miserável.Dou alguns passos e ela se apressa em se abaixar e pegar o livro, abraçando-o junto ao corpo. E olhando para baixo.O uniforme ficou estranhamente bem nela, me fazendo recordar de como ela estava na noite anterior, quando pensei que nunca mais a veria outra vez.— Não respondeu a minha pergunta — me aproximo esperando que ela erga a cabeça e me olhe.E ela o faz. Seu lábio inferior treme, deixando nítido o seu nervosismo.Fiz certo em ameaçar sua família, isso a mantém, digamos que menos irritante.— Estava só dando uma olhada nesse livro — se aproxima da estante e tenta colocar o livro no lugar — É o meu livro fa
Isabella Me esforço para não deixar minhas lágrimas rolarem pelo meu rosto. Não quero que ele me veja chorar.Meu corpo está tremendo. Me esforço para que ele não perceba o quanto estou apavorada com sua presença, pela forma como me olha, por estar ameaçando as pessoas que mais amo no mundo. Seu semblante fechado, deixa nítido a sua frieza.A maneira como diz meu nome me trás calafrios.A cada passo que ele dá se aproximando me causa uma agonia inexplicável. Ele sabe disso, sabe que estou apavorada e é como se esforçasse para que eu sentisse ainda mais medo dele.Não é nada fácil controlar a minha vontade de sair correndo daqui.Sinto um alívio imenso ao ver Catarina surgir na porta, não que ela consiga fazer algo para me ajudar, mas só de não estar sozinha com ele.Passo as mãos pelo avental mais uma vez secando o suor delas. Nem sabia que elas podiam suar dessa forma.— Timothy er... — Catarina diz ao entrar, para e olha diretamente para mim, ela parece preocupada.Por algum motiv
Isabella Não sei bem quantas horas são, mas sei que já anoiteceu. Passo o tecido macio sobre a lombada de um exemplar de A Ilha do Tesouro, tirando qualquer resquício de pó existente nele.Até agora limpei três fileiras da primeira estante, talvez porque fico abrindo cada livro e foleando. Eu amo livros, amo ler, amo tudo que está relacionado a literatura, mas limpar livros não é a coisa mais legal do mundo. Ainda mais quando se tem centenas dele para limpar, detalhe, eles não estão cobertos por poeira, todos que peguei estão praticamente limpos.Depois de falar que eu teria que limpar livro por livro, Timothy saiu e Catarina foi atrás tentando convencê-lo de que os livros estavam limpos. Mas estava mais que evidente que ele não a ouviria.Pobre Catarina, imagina trabalhar por anos por alguém tão ruim. Mesmo ela sendo tão bondosa e gentil, tenho uma certa dificuldade em acreditar que ele o homem bom que ela disse que ele é. Seu olhar é pura frieza, ela transpira maldade.Ele quer me
Timothy Ainda estou tentando assimilar o fato de estar com Isabella em meus braços. Não sei como agir, não esperava que isso aconteceria.Tive uma noite horrorosa, e acordei furioso, pois a causadora do meu mal humor estava sobre mesmo teto que eu.Me arrumei rapidamente e desci para ver se ela estava fazendo o que ordenei, já esperando que ela teria ido dormir. Mas ela não o fez, assim que entrei na biblioteca a vi em cima da escada colocando um dos livros na estante. Ela parece tão focada, que se quer percebe a minha presença.Vi que tinha algo de errado quando seu corpo pendeu para trás e ela se soltou da escada. Agi tão rápido que nem tive tempo pensar.Não queria vê-la machucada.Seus olhos ainda estão fechados, sua respiração está irregular. Sua boca delicada está trêmula. Ela está inconsciente?Abro a boca para chamar por ela, mas ela abre os olhos antes que eu o faça.Seus olhos amendoados se arregalam ao me ver. Espero que ela saia de forma abrupta, mas ela não o faz, perma
Timothy Giro a caneta nos meus dedos enquanto fito o líquido âmbar no copo sobre a mesa. Não estou conseguindo me concentrar, o cheiro daquela mulher parece estar empregado em mim. E isso me faz sentir mais raiva.Não quero me lembrar de quando me senti dessa forma por uma mulher, e quanto esse sentimento se merda me arruinou. Não sou mais um idiota, não vou me deixar ser enganado por alguém tão... alguém como ela.Ela não tem nada de mais, nada. Não é o do tipo que me interessa.Pendo a cabeça para trás e respiro fundo. Tenho muita coisa para fazer, novos perfumistas para conhecer, mas não tenho a mínima vontade de fazer qualquer coisa. O lado bom de ser o dono de tudo é fazer as tudo na empresa na hora que quiser. Mas sou metódico demais para deixar as obrigações para depois.Ouço o barulho da porta ser aberta e ergo a cabeça olhando em sua direção.— Não precisa me anunciar Cely, não seja inconveniente — Wanessa entra como um furação, tendo Cely minha secretária em seu encalço.A
IsabellaSe eu fechar os olhos mais de dez segundos com toda certeza irei dormir. Eu tenho a impressão de que estou andando igual a um zumbi. Estou exausta, nem quando trabalhava até tarde na lanchonete eu ficava nesse estado. Eu simplesmente cai de uma escada, tamanha minha exaustão. Porque não é só o meu corpo que está exausto, mas também aminha mente.Ainda não digeri o fato de cair da escada diretamente nos braços de Timothy , ainda mais com ele me olhando daquela maneira. Talvez quebrar um osso não fosse tão ruim assim. Meu Deus! Que droga de pensamento é esse?Nunca fiquei tão perto de um homem, como fiquei dele. Parece que ainda sinto o seu toque em meu corpo, o seu cheiro parece estar impregnado em mim, isso é tão estranho.Talvez o medo dele chegar e não me encontrar na biblioteca limpando os livros esteja me fazendo pensar demais nele.Até queria estar fazendo o que foi mandando, mas Catarina levou ao pé da letra a pausa que ele disse. Não engoli isso, e mesmo querendo que C