Apolo Beaumont
A primeira coisa que vem em minha mente quando vejo a minha secretária parada em minha frente é que jamais, em hipótese alguma deveria ter dado ouvidos ao meu melhor amigo, o Filipo. O que não deveria ser tão difícil, uma vez que esse bastardo é mestre em falar besteira, o que vier em sua mente ele j**a para fora sem filtro algum.
Mas dessa vez eu tinha que dá o braço a torcer, o infeliz realmente tinha razão, a minha secretária é uma mulher muito bonita, ela trabalha comigo a dois anos, começou como estagiaria, ajudando a Marisa, e como ela saiu em licença maternidade, resolvemos contratar a senhorita Pérola par ficar em seu lugar.
Nesses dois anos por motivos óbvios eu nunca reparei em sua beleza, além de ser minha funcionária é jovem demais, porém a voz insistente e irritante do meu amigo não sai da minha cabeça.
Flashback on
— Não acredito que você nunca reparou! — ele fala chocado.
— Em que? — resmungo sem entender muito bem onde ele quer chegar.
— Na sua secretária caramba, a mulher é um espetáculo — fala convicto — A própria encarnação da deusa Afrodite.
— Você é um bastardo Filipo — resmungo irritado.
— Acho que você deveria dar uns beijos nela.
— Não viaja — falo rápido, mas começo a pensar na possibilidade.
— Então eu que deveria dar uns beijos na senhorita Campbell — fala malicioso.
— Nem pense nisso — respondo exaltado sem entender muito bem o motivo e ele gargalha — Ela é jovem demais, não faz o seu tipo.
— Mas é linda — fala como se justificasse seu interesse — Idade é só um detalhe, eu poderia ensinar tantas coisas a ela e sem contar que eu também sou jovem, quer dizer, quantos anos ela tem?
— Acho que entre dezenove e vinte anos — respondo.
— Uma linda ninfetinha.
— Filipo! — falo firme tentando repreender seus pensamentos — Nem pense nisso!
— Apolo, você é tão previsível — ele diz já me dando as costas — Tchau — fala saindo da minha sala.
Flashback of
Claro que achei essa ideia estapafúrdia, nunca poderia beijar a minha secretária e perder uma profissional tão boa. Mas quando a vejo pela primeira vez depois da conversa com o meu amigo e percebo que agora a enxergo com outros olhos, maldito Filipo, preciso concordar com ele.
A mulher é a personificação da beleza. Como eu não reparei nisso antes? Nunca vou saber.
Ela chega em minha sala toda educada para me passar a agenda do dia, senta de forma elegante em minha frente.
— Por que não está usando o notebook? — questiono sabendo que ela ganhou um notebook da empresa para garantir mais eficiência e controle em suas tarefas.
Seus olhos se erguem e me encaram tímidos, sinto como se tivesse tomado um soco no rosto, seus olhos são em um tom de verde esmeralda, os olhos mais lindos que já vi em toda a minha vida.
Como eu nunca reparei antes?
Que mulher linda, rosto delicado, corpo escultural, olhos de esmeralda que fazem um excelente contraste com o tom de sua pele clara e para completar a boca pequena no formato de coração, o encaixe exato para receber os meus beijos.
Balanço a cabeça tentando espalhar esse pensamento.
— Desculpe senhor Beaumont, mas eu acredito que tenho mais familiaridade com papel e caneta — diz rápido — Mas eu sempre atualizo sua agenda e todos os compromissos no notebook, não se preocupe.
— Está tudo bem senhorita Campbell, só fiquei curioso — falo dando de ombros.
Ela sorri de lado aliviada e me encara com um brilho nos olhos.
— Faz faculdade? — questiono, pois não me lembro se ela me falou que faz alguma, ela me olha confusa por um momento, na verdade, nunca conversamos muito, meu maior contato sempre foi com a Marisa.
— Ainda não senhor — fala um pouco triste.
— Mas tem alguma em mente? — tento manter um diálogo, quero saber mais sobre ela.
— Nunca me dei ao luxo de pensar em alguma efetivamente — vejo pesar em seus olhos.
— Pense qual curso você gostaria de fazer e quando tiver a resposta me conte — pisco um olho e ela me encara meio em choque.
— Tudo bem — fala sem muita convicção na voz — Tem uma reunião marcada com os acionistas da Alfas depois do almoço.
— Ótimo — resmungo baixo e faço uma anotação mental.
Alfas é a empresa de cosméticos que estou tentando comprar a quase um ano, os caras estão irredutíveis, mas se solicitaram essa reunião de última hora creio que seja notícias boas para mim, e não seria legal encara-los com a barriga vazia, essas reuniões costumam levar horas.
Ela passa toda minha agenda do dia com uma eficiência ímpar, até já me acostumei com seu jeito de facilitar as coisas para mim, isso em apenas uma semana.
— Por hoje é só — diz já se levantado.
— Não esqueça de pensar sobre a faculdade — a lembro, ela sorri e suas bochechas coram levemente.
A olho com mais atenção e me encosto na cadeira, havia muito tempo que uma mulher não corava na minha frente. Interessante!
— Sim senhor — ela diz tímida e se vira.
Meus olhos foram rápidos e eficientes a tempo de ver um pequeno desenho em sua coxa, mas ela justa o vestido rapidamente deixando-me curioso para saber o que está escondido por baixo dessa roupa.
— Se precisar é só chamar, Senhor — diz saindo.
Apenas aceno, porque em minha cabeça passou pensamentos inapropriados para o local.
Antes mesmo da porta ser fechada por completo, Filipo entra e me encara sugestivo.
— Cara, ela é muito gostosa — é a primeira coisa que o infeliz diz, não preciso ser um gênio para saber que ele está falando da minha secretária — Se eu fosse um cara de compromisso, casava com essa mulher.
— Você é um idiota, Filipo — falo rindo.
— E você está perdendo tempo — avisa.
— Me poupe — me levanto — Vai trabalhar Filipo, eu tenho uma reunião agora — aviso.
— Um homem não pode mais ter uns minutos de conversa com seu melhor amigo — resmunga e eu gargalho enquanto saímos da sala.
Perola Campbell A terça-feira não foi diferente da segunda. A manhã tinha começado como um trem desgovernado, saindo dos trilhos e pronto para derrubar tudo, principalmente aqueles que não saíssem de sua frente. Era quase hora do almoço, mas eu ainda precisava de café. Deus amado, como eu precisava de café. Corri para cozinha do meu andar e peguei um copo descartável grande, usar a xícara minúscula do local só iria me irritar. Enchi até em cima com o liquido puro e fervente. Equilibro o copo, segurando-o pelas bordas, já que estava muito quente e acelero meus passos de volta. No meio do caminho ouvi meu celular corporativo e o telefone de mesa tocar. Várias maldiçoes saíram dos meus lábios e depois de colocar o copo na mesa me sentei apressada. Atendi o celular, já que era a secretária do Alfa que eu aguardava o retorno, para agendar uma nova reunião, meu chefe está empenhando em comprar essa empresa. Fiz algumas anotações enquanto a ouvia e assim que desligou, fui atender o tele
Apolo BeaumontEncaro a porta fechada assim que minha secretária sai, e respiro fundo antes de virar para Filipo que já me encara com um ar de deboche.— O que foi Filipo? — pergunto sem paciência.— Você ficou com ciúmes da secretária gostosa — fala me avaliando.— Cara, respeita a senhorita Campbell — peço.— Pérola — ele fala o nome dela bem devagar para me irritar — Eu falei sério, o nome faz jus a beleza dela.— Você é tão depravado — acuso — Ela é só uma garota Filipo, não faz o seu tipo.— O meu tipo é mulher bonita — fala dando de ombros — E a Pérola é uma mulher — enfatiza a palavra mulher — Muito bonita.— Fica longe — ordeno — Não vai brincar com a minha secretária.— Eu sabia! — fala divertido — Você está interessado nela.— Não estou, pelo amor de Deus, olha o que você está insinuando — o encaro com raiva — Ela é minha funcionária e é apenas uma garota — o lembro mais uma vez.— Vamos fazer assim? — questiona e apenas reviro os olhos esperando que ele conclua — Você finge
Perola Campbell O bom humor e a leveza do almoço com a senhora Olivia passou rapidamente, assim que avistei o tanto que trabalho acumulado sobre a minha mesa, é difícil encontrar uma parte que não esteja com papel. A mesa do meu chefe, Senhor Bonitão Beaumont também está cheia de papeis e pastas empilhadas esperando por alguns minutos do seu precioso tempo, mas ele saiu apressado por algum motivo que não quis compartilhar. Eu não julgo, sou apenas uma secretária, não preciso saber do seu paradeiro caso algum cliente importante ligue a sua procura. Respiro fundo e tomo coragem para finalmente mergulhar naquelas pilhas de papeis, não é esse o mergulho que eu queria agora, mas é o que temos para hoje. Ser uma assalariada que quase não vê a cor do próprio dinheiro é uma vida difícil, Eu tento me apegar aquela típica frase “Os humilhados serão exaltados”, porém tem momentos que eu acho que os humilhados já foram exaltados e esqueceram de mim. Paro de enrolar e analiso por qual papel eu
Perola CampbellAcordo com o som estridente do meu despertador, gritando no meu ouvido que o dia já amanheceu e preciso levantar, afinal alguém tem que trabalhar nessa casa, esse alguém é obvio que sou eu.Escuto batidas fortes na minha porta, que sempre está trancada, impedindo que aquele velho entre enquanto estou dormindo, algo nele me dá calafrios.— Está atrasada — berra do outro lado da porta.Gemo frustrada e olho para o relógio, não estou atrasado, esse velho quer apenas me atormentar só pode.— Vamos Perola, se perder esse emprego vai se ver comigo — ameaça.Suspiro e enfio a cabeça embaixo do travesseiro, talvez se eu o ignorar ele se cansa e desiste de me perturbar.— Não se esqueça do que conversamos ontem a noite garota — ele insiste — Nada de garotos para você, só estou cuidando da minha netinha.Será possível que ele não vai me deixar em paz?Sento na cama já cem por cento desperta e impaciente, não aguento mais essa vida de cativa e escrava, preciso fugir!Mas até cons
Apolo BeaumontEnquanto encaro a senhorita Campbell vejo o exato momento em que ela ergue o olhar e me encara, nesse exato momento percebo que passei um pouco dos limites. Nunca conseguir decifrar suas emoções apenas ao olha-la, mas agora, vejo raiva e tristeza.— Senhor Beaumont — diz em um rosnado — Fiz algo que lhe incomodou? Não fiz meu trabalho corretamente e com o empenho necessário?Não acredito que ela rosnou pra mim!Tenho plena consciência de que passei um pouco dos limites, não deveria ter sido grosso com ela, mas nesse momento ela me encara e parece está decidindo qual a melhor forma de me fazer sobre.— Não para todas as perguntas.— Sinto muito senhor, mas alguma coisa eu fiz! — afirma furiosa.— Já disse que não fez nada senhorita — digo calmo.— Então, por favor, me explica porque está me tratando com tanta grosseria? — exige ainda furiosa.Eu só posso está ficando doido, porque a raiva em seu rosto a deixa ainda mais atraente, e a tristeza em seu olhar me faz ter vont
Perola CampbellEu sou uma completa covarde!É um pouco difícil admitir, vergonhoso eu diria também, porém eu tenho os meus motivos para esse medo todo. Obviamente eu ignorei o meu chefe pelo resto da semana.Assim que meu despertador toca, suspiro aliviada pela sexta feira, apenas mais um dia para ignorar aquele homem lindo de quase dois metros de puro músculo.Eu deveria fazer terapia, as vezes eu acho que não sou muito normal, afinal eu odeio ficar em casa e correr o risco de encontrar aquele velho, mas nos últimos tempos ele quase não fica em casa, ou chega muito tarde e não me perturba.Reúno toda coragem que ainda possuo depois que a lembrança daquele beijo me atormenta constantemente.Meu primeiro beijo foi com o meu chefe!A forma como ele me pegou, me colocou em cima da mesa, foi tão depravado, mas ao mesmo tempo tão bom!Balanço cabeça tentando afastar esses pensamentos assim que sento atrás da minha mesa.Minha paz não dura nem um minuto, pois o elevador apita e o Apolo sai
Perola Campbell— Para onde você pensa que vai? — meu avô pergunta entrando no meu quarto, posso sentir um frio atravessar a minha espinha.— Em um jantar.— Você não vai em um encontro! — fala alto me cortando.— É um jantar de negócios, com o pessoal do trabalho — não é uma completa mentira, eu realmente vou almoçar com o rapaz do trabalho.— Se eu souber que anda mentindo para mim, não sei o que faço com você!— Não estou mentindo — tento ser firme.Ajeito o penteado simples e passo a mão pelo vestido rosa que estou usando tirando rugas imaginarias.— Ok, Perola! — ele rosna — Esse emprego é muito importante, vá no jantar e passe uma boa impressão, não podemos perder esse dinheiro.Tudo sempre é sobre dinheiro, ele tira até a ultima moeda de mim, quase não consigo comprar o mínimo para minha própria higiene.Pego minha bolsa rapidamente e dou a volta nele, antes que perceba que estou tremula, esse velho me assusta!Tento lembrar porque eu aceitei esse jantar mesmo, já que estou gas
Perola CampbellTento controlar minha respiração e as reações do meu corpo, ele não pode me querer, na verdade, eu não posso querer ele, tenho que afastar qualquer possível envolvimento, mas ao invés disso, acabo dando esperança para que ele machuque o meu coração.— Não precisa se preocupar, então.— Por que?— Ele nunca teve uma chance, só foi um jantar — balancei a cabeça ao pensar no encontro — E foi um completo desastre.Estaciona o carro na porta da minha casa e se vira para me olhar.— Conte-me mais — pede com um sorriso de canto.E eu esqueço que estamos na frente da minha casa, o velho pode estar nos espionando.— Eu não quis que me levasse embora.— Apesar de gostar, acho arriscado ficar esperando um táxi a essa hora — estreita os olhos — Ele fez algo sem sua permissão?— Claro que não — respondo rindo — Se ele fizesse isto ia levar um soco.— Gosto de como soa — sorri — Então, por que foi embora sozinha?— Você é muito curioso.— De família — fala dando de ombros.— O cara