CAPITULO 5

Apolo Beaumont

Encaro a porta fechada assim que minha secretária sai, e respiro fundo antes de virar para Filipo que já me encara com um ar de deboche.

— O que foi Filipo? — pergunto sem paciência.

— Você ficou com ciúmes da secretária gostosa — fala me avaliando.

— Cara, respeita a senhorita Campbell — peço.

— Pérola — ele fala o nome dela bem devagar para me irritar — Eu falei sério, o nome faz jus a beleza dela.

— Você é tão depravado — acuso — Ela é só uma garota Filipo, não faz o seu tipo.

— O meu tipo é mulher bonita — fala dando de ombros — E a Pérola é uma mulher — enfatiza a palavra mulher — Muito bonita.

— Fica longe — ordeno — Não vai brincar com a minha secretária.

— Eu sabia! — fala divertido — Você está interessado nela.

— Não estou, pelo amor de Deus, olha o que você está insinuando — o encaro com raiva — Ela é minha funcionária e é apenas uma garota — o lembro mais uma vez.

— Vamos fazer assim? — questiona e apenas reviro os olhos esperando que ele conclua — Você finge que é verdade que eu finjo que acredito.

— Vai trabalhar Filipo, você hoje passou de todos os limites — o lembro.

— Tudo bem — levanta as mãos em sinal de rendição — Já estou saindo.

Assim que ele se retira da minha sala, fecho os meus olhos e encosto na cadeira tentando relaxar meus músculos, a primeira coisa que penso é nela. Pérola, seu corpo quase despido no meu banheiro, perfeita, essa é a palavra para descreve-la, o conjunto de calcinha e sutiã rosa realçando sem em pela clara. Minha mão coçou com a necessidade implacável de tocá-la, de traçar todas as curvas do seu corpo marcando sua pele, fazendo-a se arrepiar.

Como é possível desejar tanto uma mulher?

Sim, eu sei que a Pérola é uma mulher e não uma garota, dei essa desculpa para o Filipo para tentar me convencer, é difícil admitir, mas aquele bastardo tem razão, estou interessado na minha secretária.

É algo incomum para mim, nenhuma mulher já teve tal efeito sobre o meu corpo, nunca alguém dominou minha cabeça dessa forma.

Suspiro inconformado, sinto uma enorme necessidade em beija-la, nunca me envolvi com as minhas funcionárias, muito menos com uma secretária.

Eu estou muito ferrado!

A senhorita Campbell chegou aqui muito jovem, menor de idade ainda, mas sempre foi muito competente, a Émile sempre falou muito bem dela, e desses dias em que está em seu lugar compreendo perfeitamente o porquê de tantos elogios.

O andar confiante, os olhos sempre atentos, a boca inteligente, a pontualidade. Conseguiu acompanhar meu ritmo com facilidade e eu não poderia desejar nada melhor até aquele momento. Agora desejo tocá-la, depois de tanto tempo, eu preciso por minhas mãos sobre ela sem hora para acabar para ver se esse desejo avassalador vai embora.

— Apolo!

A exclamação furiosa me fez abrir os olhos. Meu pai está parado em minha frente parecendo irritado.

Desde quando ele está aqui?

— Estou te chamando a um longo tempo e não me responde! — reclama.

— Desculpe, papai — resmungo empurrando minha cadeira para frente.

É ridículo, eu sei, mas tento esconder o volume em minha calça atrás da mesa, pareço um adolescente em plena puberdade.

— Estava no mundo da lua?

— Não, só estou cansado — minto.

— Parecia no mundo da lua — retruca — Vá para casa dormir se está tão cansado, a empresa não vai a falência se tirar um tempo para descansar.

O olho com impaciência e apontei para a pilha de documentos na minha mesa esperando para serem lidos, resolvidos e assinados.

— Sabe que pode me pedir ajuda sempre que precisar — fala sentando em minha frente.

— Papai, o senhor está aposentado a anos, me desculpe, mas perdeu o ritmo — digo.

Ele me encara ofendido.

— Olha aqui garoto, eu construir essa empresa, não estou enferrujado coisa nenhuma — recala emburrado — Mas já que não quer minha ajuda, se vira, moleque.

— Não queria te ofender — falo prendendo o riso.

— Filho desnaturado, quero um pedido de desculpas.

— Desculpa pai — peço.

— Assim é da boca para fora, quero ações.

— O que o senhor quer?

— Um neto — fala como se fosse a coisa mais fácil do mundo.

— Fora de cogitação, peça outra coisa.

— Não quero outra coisa — o velho está com fixação, respiro fundo enquanto coço a cabeça, é melhor mudar de assunto.

— Cadê a mamãe?

— Saiu com a sua secretária — responde e fico surpreso.

— Com a Pérola?

— Desde quando a chama pelo primeiro nome? — questiona me olhando desconfiado.

— Não chamo — me apresso em responder — Só fiquei muito surpreso, desde quando minha mãe a conhece?

— Apolo, essa garota trabalha nessa empresa a dois anos, conhecemos ela, é uma jovem muito promissora e educada, sua mãe é apaixonada por ela, são amigas.

— Nunca soube dessa amizade.

— Você nunca reparou muito na garota, não teria como saber, nunca foi assunto em nossos poucos encontros familiares.

— Para onde elas foram?

— Almoçar no Antonius.

— E o senhor não foi, porquê?

— Vim visitar o meu filho, passar um tempo com ele — dá de ombros e sorri mostrando a dentadura com todos os destes brancos e alinhados.

— Apolo, vamos almoç... — Filipo para na entrada da minha porta assim que ver meu pai — Tio, quanto tempo — entra e abraça o meu pai — Como está?

— Bem, estaria melhor com um neto — diz e meu amigo me olha, balanço a cabeça fazendo sinal para ele não dá corda a essa conversa.

— O senhor já tem até cara de avô — meu amigo diz e sinto vontade de matá-lo.

— O que acham de irmos almoçar? — convido antes que aquela conversa vá muito longe, o Filipo vai me pagar — Estou faminto — minto.

— Vamos para o Antonius — Filipo fala.

— Não — digo rápido e os dois me encaram — Tem um restaurante novo na próxima quadra, vamos experimentar.

Saio da sala apressado, para não os deixar retrucar, não quero está na mesma mesa que minha mãe e minha secretária, não hoje, não enquanto a visão do seu corpo paira sobre a minha mente.

***

Demoro o máximo que posso no restaurante, como bem devagar, bebo meu suco lentamente e ainda peço sobremesa, meu pai me olha com a sobrancelha arqueada, não é comum me verem comer doce. Mas hoje se tornou necessário, quero ficar o mais longe possível da minha secretaria, preciso colocar minha cabeça no lugar e perto dela não é o melhor lugar. O almoço segue com uma conversa tranquila, sem meu pai me pedir um neto a cada garfada, quando finalizamos, minha última jogada de enrolação é ir ao toalete.

Me despeço do meu pai e entro no prédio com o Filipo, subimos de elevador, contra a minha vontade, diga-se de passagem, por mim poderíamos ir de escada, trinta andares não é nada como um cara atlético como eu.

— Você está estranho — Filipo comenta depois de um tempo — Aconteceu alguma coisa?

— Não — falo folgando a minha gravata — E você ainda vai me pagar.

— Por que?

— Você estava dando corda ao meu pai naquela conversa doida e cansativa em me pedir um neto — falo emburrado e o bastardo gargalha.

— Precisa relaxar amigo — ele sai do elevador em direção a sua sala rindo de mim.

Reviro os olhos, coloco as mãos no bolso da minha calça, quando o elevador abre em meu andar sigo em direção a minha sala, encontra Pérola sentada em sua mesa com os olhos atentos a tela do seu computador, assim que me vê sorri educadamente e se levanta.

— Precisa de alguma coisa senhor Beuamont?

— Me chame de Apolo — peço e ela sorri concordando.

— Tudo bem, Apolo.

Meu nome saindo por entre seus lábios me faz ter pensamentos impróprios inadequados.

— Com licença — entro em minha sala rapidamente e me jogo no sofá.

Eu estou muito lascado, preciso sair com outros mulheres e tirar Pérola da minha cabeça.

Tudo isso é culpa do Filipo!

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