Apolo BeaumontIrei precisar da ajuda do Filipo para lidar com as multas que, com certeza, estou tomando ao voltar para casa. O motor ruge sob o capô do carro, meu pé pressionando com força o pedal do acelerador, uma expressão de frustração e raiva estampada em meu rosto.Cada semáforo vermelho, cada sinal de trânsito parece ser um lembrete do meu estado de espírito. Estou com pressa, impaciente e com raiva, raiva por não ter tido a oportunidade de beijar a minha doce secretária Perola, não poder tocar na sua pele, sentir o seu corpo colado no meu e ver seus pelos de arrepiarem com o meu toque.Hoje não é o meu dia, solto um rosnado quando vejo o carro do Filipo estacionado na porta da minha casa, parece uma praga, só fiz pensar no bastardo e ele apareceu, agora não seria uma boa hora para encontrar o meu amigo, já que estou com raiva, frustrado e não quero que ele saiba o motivo.Desço do carro e passo a mão pelos cabelos em um gesto de frustração, tentando controlar minhas emoções a
Perola CampbellA parte boa dos finais de semana é ter a chance de acordar um pouco mais tarde, chance essa que eu não estou tendo. A tranquilidade matinal é abruptamente interrompida pelo som estridente que ecoa pelo corredor, invadindo o ambiente como um intruso indesejado. É a música, uma cafonia irritante de batidas descompassadas e letras desconexas, que ressoa no ar como um desafio provocativo.Com um suspiro exasperado, viro-me na cama, tentando abafar o ruído perturbador. Tenho quase certeza de que meu avô está deliberadamente aumentando o volume, como se estivesse tentando me tirar do sono de propósito. É uma provocação flagrante e, ao mesmo tempo, uma lembrança incômoda de que o dia começou muito mais cedo do que eu gostaria.Apesar da vontade irresistível de voltar a mergulhar no conforto do sono, sei que preciso me levantar. Com um esforço concentrado, finalmente consigo arrancar-me das cobertas macias e me colocar de pé. Mesmo com a preguiça ainda pesando em meus membros,
Perola Campbell— Onde estamos? — pergunto, sentindo-me um tanto desconcertada quando finalmente paramos.— Minha casa — ele responde casualmente, como se não fosse nada de extraordinário. Meus olhos se arregalam em surpresa diante da revelação, incapazes de conter minha reação.— Como? — consigo articular, sentindo-me aliviada por não gaguejar em sua frente.— Não se assuste — pede percebendo minha perplexidade e me lança um sorriso tranquilizador — Eu não mordo — acrescenta com um piscar de seus olhos azuis brilhantes em minha direção, uma leve brincadeira dançando em suas palavras — A menos que peça — continua, e uma onda de calor sobe pelas minhas bochechas ao captar a insinuação sugestiva em sua fala — Mas acredito que nenhum outro lugar irá trazer a tranquilidade que precisamos — segura minha mão — Tivemos uma longa semana — conclui, seu tom indicando uma compreensão mútua do cansaço que nos envolve após tantos dias agitados.— Muito longa realmente.— Então venha comigo, vamos
Perola CampbellNo caminho de volta para casa, me vejo mergulhada em um mar de pensamentos, relembrando cada detalhe do dia incrível e perfeito que passei ao lado de Apolo. Foi uma experiência tão avassaladora que me fez questionar se alguma vez na vida me senti daquela forma.Passamos grande parte do dia envolvidos em beijos e carícias, perdendo-nos um no outro em um mundo de pura paixão. Mais tarde, seus pais chegaram e foram simplesmente adoráveis comigo, como sempre. Sua educação refinada e o carinho genuíno que demonstraram apenas reforçaram a ideia de que Apolo vem de uma família especial.No entanto, algo me deixou um tanto preocupada: sua mãe parecia estar um pouco indisposta, apesar de seus esforços para esconder isso. Havia uma aura de fragilidade ao seu redor, uma sombra de preocupação que pairava sobre ela. Sinto um aperto no peito ao pensar nisso e espero sinceramente que esteja tudo bem com ela.A paz e tranquilidade que envolviam o ambiente tinham um efeito maravilhoso
Perola CampbellAbro meus olhos lentamente, quando a luz do sol invade meu campo de visão, tento me acostumar com a claridade enquanto vou despertando. Cada parte do meu corpo dó, como se cada músculo e osso estivessem sendo esmagados sob um peso insuportável. Tento me mover um pouco, mas uma onda de dor me paralisa, como se meu corpo se recusasse a obedecer aos meus comandos.Fecho os olhos com força, tentando de alguma maneira me acostumar coma dor que me aflige, sinto um pano úmido ser passado em torno da minha boca, sem ter forças para me mover, apenas aceito o cuidado desconhecido.A minha mente ainda está um pouco turva, como se estivesse emergindo de um abismo escuro, lutando para encontrar a superfície da consciência. A lembrança dos eventos anteriores é uma névoa conf
Perola CampbellVejo ela me olhar com curiosidade e aflição.— Não, ninguém iria querer ser filha daquele homem — tento oferecer algum conforto, mesmo sabendo que minhas palavras são insuficientes para apagar a dor que ela carrega — Continue.Ela assente, como se minhas palavras fossem um lembrete necessário de que ela não está sozinha em sua dor. Ainda assim, sua expressão permanece sombria, como se as lembranças dolorosas de seu passado não pudessem ser dissipadas tão facilmente.— Por um tempo, minha mãe foi exclusiva apenas dele, por isso ela sabe que sou filha dele. Quando ele soube, ficou louco, indignado que teria um filho com uma indigna, fez exame de DNA e confirmou, mas por muito tempo ele não quis saber de mim.A tristeza nas palavras de Jade é palpável, como se cada memória dolor
Perola CampbellChego no escritório mais cedo do que de costume, na manhã de segunda. Preciso pegar um táxi já que estou tão ansiosa para conversar com o Apolo e pedir ajuda. Munida com uma xícara de café expresso sem açúcar e muita coragem, sento na minha mesa e aguardo ansiosamente a chegada do meu salvador.Preciso confessar que não sei por onde começar, ele pode me achar uma doida que quer se aproveitar do seu dinheiro, mas eu não tenho muita escolha.O escritório ainda está silencioso, com apenas o som ocasional do ar-condicionado funcionando, criando um contraste com a agitação que se apodera de mim. A luz suave do sol da manhã penetra pelas janelas de vidro, lançando um brilho suave pela enorme recepção. Cada segundo parece se arrastar como horas enquanto eu tamborilo os dedos na borda da xícara de café, o aroma forte e reconfortante preenchendo o ar.Reviro papéis na minha mesa, tentando manter a mente ocupada. As palavras nos relatórios dançam diante dos meus olhos, incapazes
Apolo BeaumontEsfrego os músculos do pescoço sentindo uma forte tensão, um aperto no peito, hoje completa exatamente trinta dias que enterrei a minha mãe. Um maldito infarto fulminante a tirou de mim para sempre. É uma dor indescritível, que consome cada fibra do meu ser.Fecho os olhos por um momento e lembro-me da última vez que vi o sorriso dela, das palavras de encorajamento que sempre tinha para mim, das histórias que contava com aquele brilho nos olhos. Agora, tudo isso é apenas uma memória que parece desvanecer cada vez mais.A cada dia que passa, a saudade só aumenta. Os momentos de alegria compartilhados agora são sombras que dançam na minha mente, trazendo um misto de conforto e tristeza. Sinto um pouco de arrependimento, por não ter passado mais tempo ao seu lado.Tudo aconteceu tão rápido, eu tinha acabado de deixar