Perola Campbell— Para onde você pensa que vai? — meu avô pergunta entrando no meu quarto, posso sentir um frio atravessar a minha espinha.— Em um jantar.— Você não vai em um encontro! — fala alto me cortando.— É um jantar de negócios, com o pessoal do trabalho — não é uma completa mentira, eu realmente vou almoçar com o rapaz do trabalho.— Se eu souber que anda mentindo para mim, não sei o que faço com você!— Não estou mentindo — tento ser firme.Ajeito o penteado simples e passo a mão pelo vestido rosa que estou usando tirando rugas imaginarias.— Ok, Perola! — ele rosna — Esse emprego é muito importante, vá no jantar e passe uma boa impressão, não podemos perder esse dinheiro.Tudo sempre é sobre dinheiro, ele tira até a ultima moeda de mim, quase não consigo comprar o mínimo para minha própria higiene.Pego minha bolsa rapidamente e dou a volta nele, antes que perceba que estou tremula, esse velho me assusta!Tento lembrar porque eu aceitei esse jantar mesmo, já que estou gas
Perola CampbellTento controlar minha respiração e as reações do meu corpo, ele não pode me querer, na verdade, eu não posso querer ele, tenho que afastar qualquer possível envolvimento, mas ao invés disso, acabo dando esperança para que ele machuque o meu coração.— Não precisa se preocupar, então.— Por que?— Ele nunca teve uma chance, só foi um jantar — balancei a cabeça ao pensar no encontro — E foi um completo desastre.Estaciona o carro na porta da minha casa e se vira para me olhar.— Conte-me mais — pede com um sorriso de canto.E eu esqueço que estamos na frente da minha casa, o velho pode estar nos espionando.— Eu não quis que me levasse embora.— Apesar de gostar, acho arriscado ficar esperando um táxi a essa hora — estreita os olhos — Ele fez algo sem sua permissão?— Claro que não — respondo rindo — Se ele fizesse isto ia levar um soco.— Gosto de como soa — sorri — Então, por que foi embora sozinha?— Você é muito curioso.— De família — fala dando de ombros.— O cara
Apolo BeaumontIrei precisar da ajuda do Filipo para lidar com as multas que, com certeza, estou tomando ao voltar para casa. O motor ruge sob o capô do carro, meu pé pressionando com força o pedal do acelerador, uma expressão de frustração e raiva estampada em meu rosto.Cada semáforo vermelho, cada sinal de trânsito parece ser um lembrete do meu estado de espírito. Estou com pressa, impaciente e com raiva, raiva por não ter tido a oportunidade de beijar a minha doce secretária Perola, não poder tocar na sua pele, sentir o seu corpo colado no meu e ver seus pelos de arrepiarem com o meu toque.Hoje não é o meu dia, solto um rosnado quando vejo o carro do Filipo estacionado na porta da minha casa, parece uma praga, só fiz pensar no bastardo e ele apareceu, agora não seria uma boa hora para encontrar o meu amigo, já que estou com raiva, frustrado e não quero que ele saiba o motivo.Desço do carro e passo a mão pelos cabelos em um gesto de frustração, tentando controlar minhas emoções a
Perola CampbellA parte boa dos finais de semana é ter a chance de acordar um pouco mais tarde, chance essa que eu não estou tendo. A tranquilidade matinal é abruptamente interrompida pelo som estridente que ecoa pelo corredor, invadindo o ambiente como um intruso indesejado. É a música, uma cafonia irritante de batidas descompassadas e letras desconexas, que ressoa no ar como um desafio provocativo.Com um suspiro exasperado, viro-me na cama, tentando abafar o ruído perturbador. Tenho quase certeza de que meu avô está deliberadamente aumentando o volume, como se estivesse tentando me tirar do sono de propósito. É uma provocação flagrante e, ao mesmo tempo, uma lembrança incômoda de que o dia começou muito mais cedo do que eu gostaria.Apesar da vontade irresistível de voltar a mergulhar no conforto do sono, sei que preciso me levantar. Com um esforço concentrado, finalmente consigo arrancar-me das cobertas macias e me colocar de pé. Mesmo com a preguiça ainda pesando em meus membros,
Perola Campbell— Onde estamos? — pergunto, sentindo-me um tanto desconcertada quando finalmente paramos.— Minha casa — ele responde casualmente, como se não fosse nada de extraordinário. Meus olhos se arregalam em surpresa diante da revelação, incapazes de conter minha reação.— Como? — consigo articular, sentindo-me aliviada por não gaguejar em sua frente.— Não se assuste — pede percebendo minha perplexidade e me lança um sorriso tranquilizador — Eu não mordo — acrescenta com um piscar de seus olhos azuis brilhantes em minha direção, uma leve brincadeira dançando em suas palavras — A menos que peça — continua, e uma onda de calor sobe pelas minhas bochechas ao captar a insinuação sugestiva em sua fala — Mas acredito que nenhum outro lugar irá trazer a tranquilidade que precisamos — segura minha mão — Tivemos uma longa semana — conclui, seu tom indicando uma compreensão mútua do cansaço que nos envolve após tantos dias agitados.— Muito longa realmente.— Então venha comigo, vamos
Perola CampbellNo caminho de volta para casa, me vejo mergulhada em um mar de pensamentos, relembrando cada detalhe do dia incrível e perfeito que passei ao lado de Apolo. Foi uma experiência tão avassaladora que me fez questionar se alguma vez na vida me senti daquela forma.Passamos grande parte do dia envolvidos em beijos e carícias, perdendo-nos um no outro em um mundo de pura paixão. Mais tarde, seus pais chegaram e foram simplesmente adoráveis comigo, como sempre. Sua educação refinada e o carinho genuíno que demonstraram apenas reforçaram a ideia de que Apolo vem de uma família especial.No entanto, algo me deixou um tanto preocupada: sua mãe parecia estar um pouco indisposta, apesar de seus esforços para esconder isso. Havia uma aura de fragilidade ao seu redor, uma sombra de preocupação que pairava sobre ela. Sinto um aperto no peito ao pensar nisso e espero sinceramente que esteja tudo bem com ela.A paz e tranquilidade que envolviam o ambiente tinham um efeito maravilhoso
Perola CampbellAbro meus olhos lentamente, quando a luz do sol invade meu campo de visão, tento me acostumar com a claridade enquanto vou despertando. Cada parte do meu corpo dó, como se cada músculo e osso estivessem sendo esmagados sob um peso insuportável. Tento me mover um pouco, mas uma onda de dor me paralisa, como se meu corpo se recusasse a obedecer aos meus comandos.Fecho os olhos com força, tentando de alguma maneira me acostumar coma dor que me aflige, sinto um pano úmido ser passado em torno da minha boca, sem ter forças para me mover, apenas aceito o cuidado desconhecido.A minha mente ainda está um pouco turva, como se estivesse emergindo de um abismo escuro, lutando para encontrar a superfície da consciência. A lembrança dos eventos anteriores é uma névoa conf
Perola CampbellVejo ela me olhar com curiosidade e aflição.— Não, ninguém iria querer ser filha daquele homem — tento oferecer algum conforto, mesmo sabendo que minhas palavras são insuficientes para apagar a dor que ela carrega — Continue.Ela assente, como se minhas palavras fossem um lembrete necessário de que ela não está sozinha em sua dor. Ainda assim, sua expressão permanece sombria, como se as lembranças dolorosas de seu passado não pudessem ser dissipadas tão facilmente.— Por um tempo, minha mãe foi exclusiva apenas dele, por isso ela sabe que sou filha dele. Quando ele soube, ficou louco, indignado que teria um filho com uma indigna, fez exame de DNA e confirmou, mas por muito tempo ele não quis saber de mim.A tristeza nas palavras de Jade é palpável, como se cada memória dolor