Apolo Beaumont
Como tudo o que a gente tenta evitar acontece, preciso ir até a casa dos meus pais para ajudar a instalar um ar condicionado em um dos quartos. Meu pai, sempre fez as vontades da minha mãe, e em vez de contratar alguém para fazer o serviço, ele fazia tudo por conta própria. E eu, um CEO bem ocupado tenho que fazer papel de eletricista.
É o cúmulo do absurdo!
Passo em casa depois de sair da empresa, troco de roupa e vou em direção a casa dos meus pais, mentalizo que minha mãe não toque no assunto casamento. Pois, ela acredita que está ficando velha e precisa de netos urgente, exige que eu arrume logo uma esposa, só que ela não entende que meu coração está fechado para o amor.
Por mais que eu ache esse sentimento bonito e admire muito o amor dos meus pais, eu não acredito que serei capaz de viver algo dessa magnitude um dia.
Na última reunião de família, minha mãe foi tão incisiva com suas cobranças que eu tive um pesadelo a noite. Ela chegou a me acusar de destruir as confraternizações familiares, como se isso fosse possível e que vai morrer sem ter um neto.
Eu estava tão incomodado e precisava de paz para esquecer esse assunto de vez, para isso, evitar a minha mãe seria bastante necessário.
Porém, isso não seria possível essa semana.
Entro na casa dos meus pais e logo vejo meu pai na sala montando as partes do ar condicionado em cima da mesinha de centro.
— Oi, meu filho, venha aqui, dê uma ajudinha a seu velho pai.
— Estou aqui para isso pai, tudo bem? — seguro o fio que ele me estende, então ele aproveita para mexer em um parafuso.
— Tudo bem, só sua mãe que parece atacada essa semana — ele sorri baixinho, quem o escutasse não entenderia que o ataque da minha mãe não tem graça alguma.
— Só espero que não sobre para mim — suspiro — O senhor não pediu para eu vim aqui para ser massacrado, certo?
— Ela é sua mãe Apolo, tem que aceitar, seja no amor ou seja até na dor.
— Pai, ela não entende que não quero ninguém, não quero amar ninguém, o amor dói — falo com convicção, depois do fim trágico do meu casamento, a última coisa que eu quero é me casar novamente.
— Meu bebê, nem foi me cumprimentar! — Dona Gabriela aparece na sala e beija a minha bochecha.
— Já fiquei aqui para trabalhar, mãe — aviso — Por que não contratou alguém para colocar esse ar condicionado?
— Porque seu pai sabe fazer e dinheiro não dá em árvore Apolo.
— Minha nossa, vocês são ricos — a lembro — E se não quer mexer na fortuna eu pago se for o caso — falo indignado, meu pai me olha balançando a cabeça em negativo e percebo que falei besteira.
— E desde quando os filhos têm que pagar algo para os pais?
— Tudo bem mãe, deixa para lá — falo cansado.
— E o Filipo, como está? Já arrumou uma boa moça?
— Mãe, já não é o suficiente querer se meter na minha vida? Vai querer se meter na do Filippo também?
— Filho, não sinta ciúmes, eu gosto do Filipo como um filho, mas você sempre será o meu bebe! - ela aperta as minhas bochechas.
— Mae! — reclamo com ela — Deixa o Filipo quieto na dele — peço.
Filipo é o meu melhor amigo, eu e ele nos conhecemos na escola, nos tornamos inseparáveis desde então, crescemos praticamente juntos. Assim como eu, o meu amigo não tem pretensão alguma em casar e ter filhos, porém, meus pais e os dele, odeiam nosso lema de vida e eu não quero que meu amigo seja pressionado pela minha mãe, já basta a mãe dele fazendo isso.
— Vamos por esse ar condicionado ou não? — chuto de leve a canela de meu pai
— Está quase pronto, meu filho. Termine de conversar com a sua mãe, está bem interessante esse assunto — fala com humor e faço uma careta.
— Até seu pai concorda, Apolo! — ela fala exasperada — Você precisa casar de novo meu filho, a cobra da sua ex esposa não é a regra, nem todas serão como ela, cada história é uma história nova e diferente.
— Por que a senhora insiste tanto? — questiono de braços cruzados — Eu já falei que não pretendo casar de novo, não quero amor, quero apenas viver a minha vida sem amarras.
— Estou com um pressentimento de mãe — fala fingindo sabedoria — Você vai ser fisgado pelo amor meu filho, não perca a chance de amar e principalmente ser amado. Você fala sobre viver sem amarras, mas você está preso as amarras que sua mente criou para impedi-lo de amar, está colocando em risco a sua própria felicidade.
— Quem disse que não estou feliz?
— Ninguém é feliz sem amor — meu pai opina.
— Quem disse que eu não tenho amor na minha vida? — questiono — Eu sinto amor por vocês, amo meu trabalho, amo o meu amigo Filipo.
— Ama o Filipo?! — os dois exclamam chocados ao mesmo tempo.
— Sim — respondo naturalmente sem entender todo esse espanto — Não tenho problema em dizer... — paro de falar quando alcanço o pensamento deles — Não! — falo firme — Pelo amor de Deus gente, eu amo como amigo, está bom? — questiono quase ofendido — Somos amigos e nada mais do que isso, eu gosto de mulher e ele também, eu não sei de onde vocês tiram essas conclusões malucas.
— Mas foi você que disse que o ama — meu pai fala rindo.
— Por que ele é o meu melhor amigo e eu não vejo problema em um amor fraternal, não tenho masculinidade frágil.
— Como você não quer casar, ele também não e agora você declarou que o ama eu pensei que talvez tivesse rolando algo — minha mãe fala dando de ombros — Não teria nenhum problema, afinal, vocês poderiam adotar, ter uma barriga de aluguel, minhas chances de ser avó não estaria totalmente perdida.
— Mãe, só não pensa em mim e no Filipo dessa forma — peço.
— Nesse caso, insisto que arrume uma moça direita ou um moço direito não faz diferença, continua sendo nosso filho.
— Mãe — gemo exausto — Eu sou hetero está bom?
— Tudo bem, já entendi. Mas você precisa de um amor carnal meu filho, precisa de uma pessoa do seu lado, casar de novo, dessa vez com a pessoa certa, ter filhos, muitos deles, ser feliz como eu e o seu pai somos, precisa conhecer esse tipo de amor.
— Tem razão — solto sem pensar e ela abre a boca sem dizer nada. Quando eu não queria discutir, só falava o que ela queria escutar.
— Só está dizendo isso para encerrar a discussão — acusa.
— Exatamente — confesso ajudando o meu pai a carregar o aparelho e seguimos em direção aos quartos no segundo andar da casa.
— Reflita sobre isso, meu filho. Por que não tenta se envolver com uma mulher em vez de apenas se divertir? É diferente quando você encontra alguém especial, as pessoas não vieram para o mundo para serem sozinhas.
— Eu sei disso mãe, por isso prefiro envolvimentos rápidos — respondo assim que chegamos no quarto de visita. A escada já está no lugar.
— Como as mulheres se sujeitam a isso?
— Da mesma forma que os homens se sujeitam. Acho que minha geração só quer seguir a vida sem obrigações conjugais.
— Tente pelo mais uma vez, filho. Uma coisa é certa, todas que passaram por você, nenhuma era a sua metade. Quando a mulher certa aparecer na sua vida, não vai existir discurso de envolvimento rápido e desapego. Você nem perceberá como ou quando, só estará comprando presentes e estendendo um tapete de rosas por onde ela passará — sorri como se estivesse prevendo — Além do mais, eu quero netos e seu pai também. Você precisa reagir Apolo!
— O que é isso? Uma profecia? Uma praga? — reclamo erguendo o ar condicionado e vendo o sorriso divertido no rosto do meu pai.
— Conheça uma pessoa diferente, dê uma chance para conhecer sua vida e sua história, antes de ir para a cama com ela. Vamos, filho, por mim!
Não sei se foi o tom ou se finalmente a insistência dela me fez ceder. A questão era que, pedido de mãe, como súplica, era pior que ordem. Aprendi a respeitar meus pais e sim, eles têm o poder sobre mim.
— A senhora venceu, mãe — falo derrotado, meu pai assumiu a tarefa de terminar de instalar o objeto e eu encaro a minha mãe — Vou tentar, satisfeita?
— Evite as feitas pelos cirurgiões plásticos, sei muito bem das siliconadas que andam com você pelas fotos nos sites de fofoca — ela parece radiante, mas está tentando esconder — Vai ter um aniversário de uma amiga minha, vamos comigo para conhecer a filha dela.
— Eu escolho, mãe. Não sou obrigado!
— Encontre uma boa garota, conheça a sua vida, suas expectativas e então, nos apresente. Se não der certo, entrego você e suas aventuras na mão de Deus — ela beija meu rosto e sai do quarto — Estou fazendo a janta, fique para comer — grita de longe.
— Ela consegue tudo o que quer, meu filho. Achei que já tinha aprendido —meu pai fala divertido descendo da escada.
— Como o senhor aguenta mesmo? — pergunto.
— É amor, filho — ele aperta o botão do controle e o ar condicionado liga — Tem momentos que a felicidade do outro é a sua — b**e no meu ombro — Vou tomar um banho para jantarmos juntos.
Quando sentamos na mesa noto o sorriso de minha mãe para meu pai diferente. Um brilho maior e mais intenso, apenas porque meu pai fez algo que ela pediu, parecia um enigma para mim, mas serviu para solidar o que precisava, pelo menos, tentar o que ela pediu.
Que mal faria?
Pelo menos ela vai me deixar em paz com esse assunto, eu não me envolvo sentimentalmente com ninguém, mas vou ficar aberto as possibilidades e ver o que o destino tem preparado para mim.
Espero que não seja um novo casamento!
Perola Campbell Acordo com o som estridente e irritante do despertador, abro os olhos e encaro o teto branco. Reflito sobre a segunda feira ser o pior dia da semana, sem sombra de dúvidas. Em pensar quer passei dois longos dias em uma folga maravilhosa e vem esse dia para estragar o tão sonhado descanso. Mas o pior de tudo sem dúvida é a parte em que nos tornamos adultos e não podemos fugir das responsabilidades. No meu caso, essas responsabilidades vieram um pouco antes de alcançar a maior idade. Quando eu tinha apenas quatorze meus pais morreram em um acidente de carro. Minha família sempre foi muito pequena, tanto meus avós maternos quanto meus avós paternos não tiveram mais que um filho. Ou seja, nada de tios ou primos, meu único parente vivo na época era o pai da minha mãe. Que Deus me perdoe, mas o velho ainda está vivo. Pelo visto aquele velho ditado de que vaso ruim não quebra é verídico. O homem é um crápula, quem vê a aparência diz que é um vovozinho muito zeloso, mas a
Apolo BeaumontA primeira coisa que vem em minha mente quando vejo a minha secretária parada em minha frente é que jamais, em hipótese alguma deveria ter dado ouvidos ao meu melhor amigo, o Filipo. O que não deveria ser tão difícil, uma vez que esse bastardo é mestre em falar besteira, o que vier em sua mente ele joga para fora sem filtro algum.Mas dessa vez eu tinha que dá o braço a torcer, o infeliz realmente tinha razão, a minha secretária é uma mulher muito bonita, ela trabalha comigo a dois anos, começou como estagiaria, ajudando a Marisa, e como ela saiu em licença maternidade, resolvemos contratar a senhorita Pérola par ficar em seu lugar.Nesses dois anos por motivos óbvios eu nunca reparei em sua beleza, além de ser minha funcionária é jovem demais, porém a voz insistente e irritante do meu amigo não sai da minha cabeça.Flashback on— Não acredito que você nunca reparou! — ele fala chocado.— Em que? — resmungo sem entender muito bem onde ele quer chegar.— Na sua secretári
Perola Campbell A terça-feira não foi diferente da segunda. A manhã tinha começado como um trem desgovernado, saindo dos trilhos e pronto para derrubar tudo, principalmente aqueles que não saíssem de sua frente. Era quase hora do almoço, mas eu ainda precisava de café. Deus amado, como eu precisava de café. Corri para cozinha do meu andar e peguei um copo descartável grande, usar a xícara minúscula do local só iria me irritar. Enchi até em cima com o liquido puro e fervente. Equilibro o copo, segurando-o pelas bordas, já que estava muito quente e acelero meus passos de volta. No meio do caminho ouvi meu celular corporativo e o telefone de mesa tocar. Várias maldiçoes saíram dos meus lábios e depois de colocar o copo na mesa me sentei apressada. Atendi o celular, já que era a secretária do Alfa que eu aguardava o retorno, para agendar uma nova reunião, meu chefe está empenhando em comprar essa empresa. Fiz algumas anotações enquanto a ouvia e assim que desligou, fui atender o tele
Apolo BeaumontEncaro a porta fechada assim que minha secretária sai, e respiro fundo antes de virar para Filipo que já me encara com um ar de deboche.— O que foi Filipo? — pergunto sem paciência.— Você ficou com ciúmes da secretária gostosa — fala me avaliando.— Cara, respeita a senhorita Campbell — peço.— Pérola — ele fala o nome dela bem devagar para me irritar — Eu falei sério, o nome faz jus a beleza dela.— Você é tão depravado — acuso — Ela é só uma garota Filipo, não faz o seu tipo.— O meu tipo é mulher bonita — fala dando de ombros — E a Pérola é uma mulher — enfatiza a palavra mulher — Muito bonita.— Fica longe — ordeno — Não vai brincar com a minha secretária.— Eu sabia! — fala divertido — Você está interessado nela.— Não estou, pelo amor de Deus, olha o que você está insinuando — o encaro com raiva — Ela é minha funcionária e é apenas uma garota — o lembro mais uma vez.— Vamos fazer assim? — questiona e apenas reviro os olhos esperando que ele conclua — Você finge
Perola Campbell O bom humor e a leveza do almoço com a senhora Olivia passou rapidamente, assim que avistei o tanto que trabalho acumulado sobre a minha mesa, é difícil encontrar uma parte que não esteja com papel. A mesa do meu chefe, Senhor Bonitão Beaumont também está cheia de papeis e pastas empilhadas esperando por alguns minutos do seu precioso tempo, mas ele saiu apressado por algum motivo que não quis compartilhar. Eu não julgo, sou apenas uma secretária, não preciso saber do seu paradeiro caso algum cliente importante ligue a sua procura. Respiro fundo e tomo coragem para finalmente mergulhar naquelas pilhas de papeis, não é esse o mergulho que eu queria agora, mas é o que temos para hoje. Ser uma assalariada que quase não vê a cor do próprio dinheiro é uma vida difícil, Eu tento me apegar aquela típica frase “Os humilhados serão exaltados”, porém tem momentos que eu acho que os humilhados já foram exaltados e esqueceram de mim. Paro de enrolar e analiso por qual papel eu
Perola CampbellAcordo com o som estridente do meu despertador, gritando no meu ouvido que o dia já amanheceu e preciso levantar, afinal alguém tem que trabalhar nessa casa, esse alguém é obvio que sou eu.Escuto batidas fortes na minha porta, que sempre está trancada, impedindo que aquele velho entre enquanto estou dormindo, algo nele me dá calafrios.— Está atrasada — berra do outro lado da porta.Gemo frustrada e olho para o relógio, não estou atrasado, esse velho quer apenas me atormentar só pode.— Vamos Perola, se perder esse emprego vai se ver comigo — ameaça.Suspiro e enfio a cabeça embaixo do travesseiro, talvez se eu o ignorar ele se cansa e desiste de me perturbar.— Não se esqueça do que conversamos ontem a noite garota — ele insiste — Nada de garotos para você, só estou cuidando da minha netinha.Será possível que ele não vai me deixar em paz?Sento na cama já cem por cento desperta e impaciente, não aguento mais essa vida de cativa e escrava, preciso fugir!Mas até cons
Apolo BeaumontEnquanto encaro a senhorita Campbell vejo o exato momento em que ela ergue o olhar e me encara, nesse exato momento percebo que passei um pouco dos limites. Nunca conseguir decifrar suas emoções apenas ao olha-la, mas agora, vejo raiva e tristeza.— Senhor Beaumont — diz em um rosnado — Fiz algo que lhe incomodou? Não fiz meu trabalho corretamente e com o empenho necessário?Não acredito que ela rosnou pra mim!Tenho plena consciência de que passei um pouco dos limites, não deveria ter sido grosso com ela, mas nesse momento ela me encara e parece está decidindo qual a melhor forma de me fazer sobre.— Não para todas as perguntas.— Sinto muito senhor, mas alguma coisa eu fiz! — afirma furiosa.— Já disse que não fez nada senhorita — digo calmo.— Então, por favor, me explica porque está me tratando com tanta grosseria? — exige ainda furiosa.Eu só posso está ficando doido, porque a raiva em seu rosto a deixa ainda mais atraente, e a tristeza em seu olhar me faz ter vont
Perola CampbellEu sou uma completa covarde!É um pouco difícil admitir, vergonhoso eu diria também, porém eu tenho os meus motivos para esse medo todo. Obviamente eu ignorei o meu chefe pelo resto da semana.Assim que meu despertador toca, suspiro aliviada pela sexta feira, apenas mais um dia para ignorar aquele homem lindo de quase dois metros de puro músculo.Eu deveria fazer terapia, as vezes eu acho que não sou muito normal, afinal eu odeio ficar em casa e correr o risco de encontrar aquele velho, mas nos últimos tempos ele quase não fica em casa, ou chega muito tarde e não me perturba.Reúno toda coragem que ainda possuo depois que a lembrança daquele beijo me atormenta constantemente.Meu primeiro beijo foi com o meu chefe!A forma como ele me pegou, me colocou em cima da mesa, foi tão depravado, mas ao mesmo tempo tão bom!Balanço cabeça tentando afastar esses pensamentos assim que sento atrás da minha mesa.Minha paz não dura nem um minuto, pois o elevador apita e o Apolo sai