Assim que as portas se fecham atrás deles, tenho que aproximar minha taça da de Luciano pra brindar. Fazemos isso com um sorriso cúmplice que termina ao bebermos nosso champanhe......Estamos a poucos segundos de chegar ao apartamento da Giana, aquele do qual ainda não me mudei enquanto finalizo a papelada com o banco pra minha nova propriedade. Nesse pouco tempo que me resta, preciso elogiar a atuação do Luciano. Ele me trouxe no carro dele, porque desisti de ir jantar com ele no Dalia. Queria descansar, tinha sido um dia longo.—Isso foi perfeito. Você acabou com ela — elogio Luciano ao meu lado.—Tinha que ser pra te deixar assim tão contente. Você é difícil de agradar.—Não sou não, se você me conhece bem — sorrio pra ele e ele estaciona perto do prédio — Obrigada pela carona, continuamos conversando amanhã.—Amanhã? — pergunta ele confuso — Não é domingo, amanhã?Aperto minhas pernas, e tenho o lembrete de que deixei minha calcinha onde o Andrew mora. Essa é tipo uma camada a men
Nem meu ódio imenso pelo Andrew me faz querer matá-lo, matá-lo. Ainda mais o Luciano se metendo em uma encrenca dessas por causa daquele idiota. Então, preciso parar essa cena antes que alguém os veja. Vou direto até meu noivo e o pego pelo braço.—Para, Luciano! Ele tá bêbado! Não sabe o que tá fazendo! — imploro.—É, o que ela disse. Os da laia dele sempre sabem — ele solta o pescoço dele e se afasta do Andrew.Este, por sua vez, está caído no chão, tossindo e cuspindo sangue. Levanta-se com dificuldade, cambaleante, e não me dá prazer nenhum ver sua camisa manchada de vermelho, nem seus olhos perdidos de raiva e álcool.—Vocês vão me pagar. Os dois vão me pagar — é a última coisa que diz antes de ir embora.....De volta ao apartamento, procuro o kit de primeiros socorros entre as coisas do armário da Giana. Encontro ele, uma caixa branca de plástico que ela pegou pra cuidar do Luciano. Ele está no sofá, tirou o paletó e uma olhada em sua mão me preocupa.—Deixa eu ver o quanto você
— Você não ia me beijar nos lábios como retribuição? — falo entrecortada pela excitação que me consome.— Exatamente... — ele sorri antes de se perder entre minhas pernas.Luto para conter minha voz, não faço um bom trabalho nisso. Escapa-me um gemido involuntário, depois outro e mais outro. Segundo minhas vagas lembranças daquela noite, Luciano não tinha feito isso comigo dessa vez. Também não tinha deixado Andrew fazer isso. Então, esta era minha primeira vez recebendo esse tipo de carinho.É diferente, estranho e delicioso. Adoro que ele esteja usando sua língua ali, me ajudando a descobrir esse novo tipo de prazer. É tão molhado e pecaminoso. Me perco nesse êxtase que aumenta ao deixar de olhar para o teto, para me concentrar em Luciano, em seus olhos intensos fixos em mim enquanto faz isso.Em um momento minhas costas se contorcem por estar prestes a chegar ao clímax. E o alcanço de uma maneira divina que me faz ver cores, poderia até jurar que algumas estrelas.— Isso foi... isso
As viagens de metrô em horário de pico são das coisas mais pitorescas que você pode imaginar. No final do corredor está aquele cantor recolhendo moedas e desafinando; no assento atrás de mim um bebê chorando alto e na minha frente dois idosos discutindo sobre política.Depois estou eu agarrada na barra, morta de cansaço e com outro grande incômodo à minha direita. Giana rindo como uma criança do jardim de infância. Sou a origem das suas risadas.— Já é quinta-feira. Faz três dias que você está zombando de mim. Não cansa não? — critico ajeitando a bolsa no ombro.— Você acha que isso são zombarias? Não são — mente tão agarrada na barra quanto eu — São gestos de apoio disfarçados de nervosismo. Que por acaso parecem risadas.Mordo minha língua diante de sua resposta pomposa. Ela está assim desde que resumi que Luciano me pediu em casamento, me deu esse anel de noivado e ela mesma viu como desrespeitamos seu sofá.— Segura seus "gestos de apoio" pra mais tarde, quando voltarmos pro escrit
— Desculpe, mas... nos conhecemos de outro lugar? — pergunto confusa.Sua resposta é se surpreender e rir. Isso faz com que algumas covinhas apareçam em suas bochechas.— Não se lembra de mim? Cursamos Direito Comercial juntos na faculdade — revela.— Cursamos? — volto a perguntar confusa. Ele ri mais envergonhado e divertido. Eu me sinto péssima — Tem certeza? Talvez você esteja confuso, não lembro de ter estudado em nenhum semestre com o filho do presidente de uma multinacional.Na negociação, Ernesto tinha explicado que Mateo era o primogênito do presidente desta empresa. Como sua saúde tinha se deteriorado, ele estava assumindo os negócios do pai. Minha impressão de que era um homem jovem não estava errada. Se estudou comigo devia ter menos de 30 ou não mais que 32 talvez.— Porque não me matriculei me apresentando como um. Fui incógnito, para começar do zero. Você sabe como são os pais, querem que a gente se endureça na faculdade sem usar nossos sobrenomes para ganhar favores. Voc
Sem o contexto do que acabamos de ouvir, tenho certeza que este escritório pareceria um jogo de estátua. Ninguém se mexe, ninguém respira. Isso inclui Maite e eu também. Mas não se aplica ao Luciano, claro.—Vocês são pagos para ficarem de fofoca? — pergunta ele de péssimo humor.Ninguém responde. Maite apenas dá de ombros e olha para o chão. Está tão parado quanto o deserto.—Mexam-se! — ele grita.Com isso, todo mundo dá um pulinho. Inclusive eu. Tom e Susana voltam correndo para suas mesas, Maite sai correndo para outro lugar longe da dela para se afastar do nosso chefe e o barulho volta ao andar. Ouvem-se inícios de ligações telefônicas e o som frenético de digitação ao longe. Eu também queria fugir do meu posto, mas Luciano foca em mim.—Venha à minha sala — exige e sai.Não me resta alternativa senão ir à sala dele. Estou perplexa com a atitude de Luciano. E continuo assim ao entrar em seu espaço e vê-lo se apoiar em sua mesa para me julgar com os braços cruzados. Me sinto analis
Meu coração se aperta. É dolorosamente óbvio que para Luciano sou um desafio e ele quer me levar pra cama de novo. Pra mim, infelizmente, ele é mais que isso. Mas mesmo assim, não vou ceder.—E daí? — dou de ombros com indiferença.—Como assim? — solta ofendido.—E o que me importa com quem você se diverte lá fora? Por acaso você tem uma coleira no pescoço e eu te amestrei? Isso não é real. Você é livre pra transar com quem quiser. Ou vai me dizer que se eu pedir exclusividade você vai respeitar?Meu atrevimento causa um efeito mais profundo do que eu esperava. Detecto um traço de confusão em Luciano. Um que faz nascer mil ideias neste coração ingênuo. Se chegássemos a um acordo de amantes, mas amantes exclusivos, quem sabe... poderia haver algo mais, né? Como sentimentos, e talvez outras coisas. Coisas reais.—Se sua intenção é que nosso relacionamento seja exclusivo, você poderia me contar pra eu saber no que me meter... — solto "desinteressada" — O que você quer dele?—Eu... queria
Dos muitos mistérios que Luciano representa pra mim, o da relação dele com América corrói minhas entranhas. Como não seria assim com os dois se olhando com tanta repulsa? O que tem a ver com as estranhas reações que minha madrasta teve com ele? Com esse ódio sem disfarce que meu falso noivo demonstra?—América, esse é um pedido meio fora de lugar. Luciano e eu vamos nos casar, ele será parte da "nossa família" — intervenho.—Marianne, o que faz aqui? Não sabia que estava aqui... — se recompõe alisando seu vestido e visivelmente desconfortável.—Ela trabalha aqui. Do que você está falando? Quem não deveria estar neste escritório é você. Quem deixou você entrar? — responde Luciano muito, muito sério.Esse era um detalhe do Luciano. Podia ser muito encantador, e muito odioso quando queria. Está sendo isso agora. Embora sempre tenha sido assim ao interagir com América.—Este era o escritório do meu marido. Você é quem não deveria ousar falar comigo desse jeito tão grosseiro — diz América o