Não sei nem como continuo viva com o estresse que suportei esta manhã. É impossível que meu corpo aguente outra xícara de café, quer dizer, só seria possível se eu estivesse disposta a ter taquicardia e mais tremores do que os que já tenho por si só.Agradeço estar protegida nesta casa de campo, mas ao mesmo tempo me irrita que o relógio continue avançando e eu ainda não tenha informações de Luciano. Olho novamente pela janela do meu quarto, preocupada. Não há ninguém entrando.Então, meu celular toca. Viro-me para vê-lo naquela prateleira e corro para atendê-lo. Fico desanimada ao perceber que não é Luciano, mas sim Amanda. Ela está solicitando uma videochamada, aceito de acordo com o plano. Qual era o plano? Se Luciano não se comunicasse comigo, era porque o plano havia continuado; se ele se comunicasse, era porque o plano havia mudado. Complicado? Eu sei.Esta incerteza não me convence, então, dou uma olhada em Amy que está assistindo televisão, e saio para o corredor. Ali, atendo o
Levanto minha cabeça sem deixar de abraçá-lo, para notar que ele tem o lábio superior rachado e com um pouco de sangue.— Você está inteiro. Volte inteiro todos os dias e vou garantir que me alegre com isso — asseguro.Ele sorri e acaricia meu rosto. O alívio que sinto é imediato, embora a mão com que me acaricia tenha os nós dos dedos machucados.— Acabou? Vocês pegaram os dois? — questiono esperançosa.— Só a Anfisa. Vladimir ainda está foragido, estivemos perto — revela.Já não estou tão aliviada, me afasto dele.— E agora? Onde a estão mantendo? Vão usá-la como isca?— Julia está com ela. Gostaria de dizer que, interrogando-a como uma vez me interrogaram por culpa dela, obteremos informações, mas ela não deve saber do paradeiro dele. Vladimir se livrou dela. Não acreditamos que ela interesse a ele neste nível. Ele está... quase... sozinho — explica.— Quase?— Nossa teoria é que ele buscará uma forma de sair do país, que veio precisamente pelo abrigo que um dos aliados que lhe rest
Subo as escadarias de um dos edifícios dos Nichols de braço dado com Luciano. Ambos estamos vestidos a rigor e prontos para o que vier neste luxuoso evento onde se reúne o melhor do melhor da cidade. É uma noite movimentada, onde estamos atrás de outro casal e na frente de mais um, esperando para entrar na estrutura.Por sorte, a equipe de Luciano é excelente em conseguir estar em uma lista de convidados onde é óbvio que não estávamos inicialmente. Assim como temos informações de que vários agentes se infiltraram na gala. Conseguimos entrar e nos dirigir ao salão de eventos onde será realizada a gala.É curioso que não seja a primeira vez que compareço a esta gala. Vim no ano passado, justamente como par de Mateo na época. Passei muito mal, o evento é para dormir, e os pais de Mateo me trataram tão mal que é embaraçoso lembrar daquela noite.Se olhar de fora, este coquetel onde mais tarde começarão a leiloar obras de arte, pareceria uma noite promissora. O luxo e a fortuna dos convidad
Como se meu encontro com Elizabeth nesse coquetel não fosse suficientemente desconfortável, adicionar à equação Mateo, Leandro e Lemuel torna tudo insuportável. O silêncio que fazemos todos ao nos vermos uns aos outros é até cômico. Mateo me olha irritado, enquanto Luciano olha irritado para seu primo e tio.— As apresentações estão sobrando entre vocês, não é? — diz Elizabeth tentando soar simpática.— Sim, é isso mesmo. São família — revela Mateo com um sorriso forçado que dedica a mim.Me sinto pequena e sendo acusada de algo terrível por Mateo. O que é irônico porque está confirmado seu relacionamento com os criminosos Kosnikov.— O que você está fazendo aqui, Luciano? — pergunta Leandro ao seu primo. Sua confusão é grande.— Eu pergunto o mesmo a vocês. O que vieram fazer neste lugar? — responde Luciano.Algo perigoso me ocorre. E se... os Brown também estivessem envolvidos em negócios escusos?— Fomos convidados pelos anfitriões, se você mantivesse o mínimo de comunicação com sua
Então... escuto um estrondo grande e poderoso no salão.É tão forte que acho que foi minha imaginação. O que não é minha imaginação é... o som do alarme de incêndio que começa a tocar. A partir daí, a desordem toma conta do salão. Rumores por todo lado, e pessoas querendo sair depressa.— Agradecemos que saiam com calma pelas portas indicadas por nossas belas colaboradoras... — pede ao microfone o apresentador do início.Um péssimo pressentimento fica preso no meu peito. Sinto que algo ruim está acontecendo e ao mesmo tempo não consigo me afastar da família de Luciano. Eles estarem aqui não é coincidência. É uma armadilha. Nós três estamos nos dirigindo para onde se concentra a multidão para sair do salão. Eu me obrigo a caminhar calmamente, para eles a desordem ao redor não os incomoda, parece um sábado qualquer do ano.— Você vai procurá-los ou eu procuro quando sairmos? — pergunta Lemuel ao seu sobrinho.— Nos separar será o melhor. Um procura meu tio, outro procura Luciano — respon
Narrado por Luciano BrownO gosto de sangue invade minha língua, é isso que me permite recuperar a consciência. Tento mover minhas mãos, mas elas estão amarradas aos braços da cadeira. Estou imobilizado onde estou sentado, mal consigo recobrar os sentidos após a surra que me deram. A nova surra que me deram.Enquanto meu pescoço não funciona para levantar a cabeça, e a imagem que tenho do chão é embaçada, repasso os acontecimentos que me trouxeram a esta situação em que eu não deveria estar. Tudo corria conforme o plano até que vi meu primo e tio na festa. Mais preocupante foi a certeza de que até mesmo Liam estava no prédio, especificamente com um dos nossos inimigos.Minha relação com Liam durante esses anos tem sido estranha, e isso vem de um homem acostumado a ter relações fora do comum. Digamos que o incluí na minha lista exclusiva de contatos durante minha caçada aos Kosnikov. Minha lista exclusiva que costumava incluir apenas Leandro, para os demais era a cada ano bissexto.Infe
Volto ao local onde acordei, pegando outra cadeira e me sentando para fingir que continuo inconsciente nela. Enquanto escondo minhas mãos atrás das costas, a porta se abre.— Aqui está ele. O que vai fazer com ele? — ouço a voz de Mateo.Também ouço uma risada desagradável e nauseante, uma que me lembra algumas marcas nas minhas costas. Era uma risada inconfundível, a dele, Vladimir.— O rato veio sozinho até mim — menciona ele — Preciso de muito tempo a sós com ele para fazê-lo pagar pelo que me fez.— Não vai ser possível. Você precisa subir para o heliponto, o curto-circuito para o incêndio logo será provocado... — explica Mateo.Curto-circuito? Heliponto? Não me diga que querem fazer Vladimir escapar num helicóptero por causa de um suposto incêndio. Isso foi planejado? O quê? Fazê-lo passar por morto? Matar minha família no processo? Mesmo que eu não tivesse vindo, teriam conseguido tudo isso. Eu estava ferrado fizesse o que fizesse.— Chame seus homens. Eu o quero comigo — ordena
Mas...Isso Mateo... não sabe.— O que te faz pensar que poderiam me responsabilizar por uma morte acidental? — o aterrorizo, ele está morto de medo — Você poderia ficar preso em qualquer quarto do prédio e ser devorado pelas chamas. Como eu seria culpado por isso?Os lábios de Mateo tremem. Eu o tenho.— Me leve até onde eles estão. Será a última vez que vou pedir.Mateo se dá por vencido e pouco a pouco se dirige à porta. Passamos por cima do corpo de Vladimir e descemos um andar. O som do alarme se ouve com mais força daqui. Depois ele se concentra em uma das portas do corredor, tira uma chave do bolso enquanto continuo apontando para sua cabeça.Suas mãos tremem, mas ele consegue abrir a porta. Ao fazê-lo, a alma volta ao meu corpo. Vejo Marianne ilesa, agachada no chão junto com Liam. Ambos se surpreendem, primeiro se assustam ao ver Mateo, em seguida se aliviam ao me verem.Com Mateo tendo servido ao seu propósito, é prudente dar-lhe uma boa coronhada na nuca para que não interro