— Não... não muito — digo estranhando.— Por quê? — questiona ela inocentemente — Está lindo, e você tem um corpo lindo.Talvez porque se eu aparecer assim no casamento de Lorenzo, ele mesmo me escoltará até a saída.— É muito... revelador para um casamento tradicional. Não acha? — comento com tato.— Pensei que você não se importasse em mostrar pele. Nenhuma mulher deveria se importar em mostrar sua beleza — ela reclama.Ah, olha que bonito. Mas não. Além disso, por que Loren não apareceu ainda? Ele realmente pretende se casar com Emma? Não acho que a ame, confio que algo estranho está acontecendo nesse relacionamento, tem que estar, senão, sinto que morrerei de vergonha. Embora já deva estar morrendo com Emma segurando minhas mãos e tendo deixado seu tablet de lado.— Sinto você estranha. O que está acontecendo com você? Quer me falar sobre algo?... Me confessar algo? — ela fala de forma muito acessível e docemente.— O que... o que eu teria para confessar? — minto — Me dá uma dica?
Se você quer a segurança de que conseguirá um negócio importante, é melhor fazê-lo por conta própria. Este conselho pesa muito mais ao considerar que o inimigo está pisando nos meus calcanhares. Então, me vejo aqui tomando café numa xícara florida, neste sofá desconfortável de dois lugares, enquanto tento ganhar o que deveria ser meu, o terceiro edifício do meu projeto.Estamos no edifício em questão, em um dos poucos apartamentos ocupados desta propriedade em ruínas. O obstáculo para comprar este edifício eram os apartamentos habitados que correspondiam a uma única família. Eles não queriam desocupá-los, por isso mesmo o proprietário não conseguiu vender o edifício. Por isso mesmo, devo convencê-los a sair e vender para mim.A família Sánchez, infelizmente, tem um grande problema de acumulação. É por isso que estamos cercados de caixas de papelão com diversos objetos e mais coisas de aspecto danificado ao redor. O cheiro de poeira e umidade também não são agradáveis. Embora deva menci
— Ela está dormindo desde que você chegou? — me pergunta sorrindo simpático.Como se esperasse que eu respondesse com amabilidade. Como se nada tivesse acontecido e ele não fosse um idiota.— Um plano de seguro? Com isso você vai comprá-los? E onde vai morar esta família? — reclamo em voz baixa para que os irmãos não me escutem.O sorriso dele desaparece, fica sério lembrando onde estamos. Ajeita seu paletó.— A atenção médica é uma prioridade para esta família, estou oferecendo isso a eles.— Uma propriedade em nome deles é por onde precisam começar.— É discutível. Eles são os que decidirão — diz ele.— Sim, porque se decidirem ir comigo, você vai deixá-los me vender — respondo mal-humorada.Jaime e José voltam.— Precisamos de mais tempo para discutir sobre o que faremos — oferece Jaime.Com isso, nos resta dar-lhes tempo, apertamos as mãos como despedida, e mais uma vez tenho que compartilhar espaço com Lorenzo. Neste elevador que não para de sacudir e fazer sons aterrorizantes. Ne
Muito eu tinha aguentado, e não planejava continuar postergando isso ou acabaria enlouquecendo de vez. Mais louca do que já sentia que ficaria ignorando o que está acontecendo. Para completar, Lorenzo não fala, ficou mudo. Até que se lembra que é capaz de mover sua língua.— Você se lembra disso? — ocorre-lhe dizer.Finjo confusão de maneira exagerada.— Me lembrar? Se você soubesse que... não. Não me lembro de como você apalpou meus seios ou como apontou sua arma para mim. Sou tão esquecida! — respondo com sarcasmo.Lorenzo se esforça para neutralizar sua expressão, no entanto, percebo como o vermelho tinge suas bochechas levemente.— Agora você vai ficar assim — responde sem me olhar no rosto. Ajeita o paletó que não precisava ajeitar. Apaga seu constrangimento atrás de uma máscara de indiferença.— Como você quer que eu fique? Você deve pensar que estou acostumada com isso, com qualquer um me tocando sem explicações, quando quiser — digo furiosa.— Não penso isso de você. Pare de co
— Eu... não te odeio. Vamos para o meu carro, vou te tirar daqui, algum dos seus funcionários pode cuidar do seu carro — ele tenta me pegar pelo braço novamente, me afasto dele.— Não preciso de você, Lorenzo! Já cansei de implorar por uma explicação! Agora sou eu quem quer você longe! Muito longe de mim! — grito para ele.Meu grito não faz com que ele recue, mas sim que comece a rir. Sua risada me confunde, mais ainda o olhar que me dá. O olhar de ódio que me lança, é inegável que aquilo é ódio.— Se você já está cansada de me implorar, isso não te faz pensar que eu estou mais cansado que você de implorar por um pingo da sua atenção? Passei minha vida inteira nisso, Sara. Eu sou quem está cansado de você.Perfeito. É como se ele tivesse pegado uma lança e a arremessado no meu peito, entrando pela frente e saindo por trás. Não ia ficar calada. Se ele planejava arruinar todos esses anos de boa amizade por causa do seu presente, que assim fosse.— Leonel tinha razão. Você é igual aos seu
Os homens para mim são como bombons. É divertido selecioná-los, provar sabores novos e ter muitos deles enquanto existe novidade em sua apresentação. No entanto, passado um tempo são mais do mesmo. Os mesmos padrões, as mesmas mentiras e os mesmos jogos. A primeira regra dos relacionamentos era você estar no controle, enquanto a mulher estivesse no controle e preparada para o que fosse, estaria bem.Mas atualmente estou longe de estar bem. Ainda estou em estado de choque desde ontem à noite. Na verdade, toco meus lábios pela oitava vez desde que estou sozinha no meu escritório. Deveria estar preenchendo alguns formulários, nem consegui preencher metade deles.Loren e eu nos beijamos.Nenhum de nós estava bêbado, nenhum de nós odiou isso. Nós gostamos e não sei onde aquilo teria parado se não tivéssemos sido interrompidos. Me sentia à deriva, num estado catatônico e irreal. Até um ano atrás, ele era meu amigo. Eu costumava zombar de quem nos juntava como casal, porque para mim, a amizad
— É seu parente? Quer que eu o considere para o cargo?Elliot se senta na minha frente super nervoso, vejo-o até suar de nervosismo, o que me diverte. Sorrio para ele com malícia.— Não sabia que você era capaz dessas armadilhas.— Por favor, considere-o. É um bom rapaz e tem tido dificuldade para conseguir emprego, só o entreviste — me implora.— Qual é o grau de parentesco que vocês compartilham? — apoio meu queixo no verso da minha mão — Não faço armadilhas por família política.— É meu primo. O filho da minha tia Mary.— A tia Mary que sempre se lembra do meu aniversário e me envia um suéter de tricô? — pergunto surpresa e contente.— Sim, essa mesma. É o filho caçula dela — acrescenta esperançoso.Céus. Queria torturar um pouco mais o Elliot, mas ao mencionar sua tia perco a vontade. Conheci sua tia porque antes de se aposentar era professora de uma das escolas onde a associação se envolveu. Uma senhora encantadora e muito carinhosa. Claro que entrevistaria seu filho.Me concentro
— Perfeito, senhorita Brown.…….Não gosto de obedecer a ninguém, por isso é difícil, é muito difícil fazer essas entrevistas. Nenhum candidato causou boa impressão em mim, nem me passou confiança, e eu pressentia que falariam mal de mim pelas costas. Contratar um segurança é diferente de contratar um funcionário das 8 às 18h. É ter um funcionário com você em longos turnos e em situações cotidianas. Um guarda-costas é como ter um par de algemas nos pulsos.Dispenso o penúltimo candidato me sentindo exausta, nem vontade tenho de entrevistar o último, o primo de Elliot, mas me esforço. Assim que ele entra pela porta, sua aparência chama minha atenção. É a senhora Mary em versão masculina. Olhos e cabelo castanhos, sobrancelhas muito grossas, tudo isso em um rosto amável.Ele estende a mão, eu correspondo. Ele tem a mão gelada e suada. Acho que não é a única coisa que está suada nele.— Está bem, Jesús? — pergunto a ele — Quer água, um café, uma aspirina?— Não, não. Estou bem. Obrigado p