Narrado por Lorenzo LewisEu adorava o jeito como seus olhos brilhavam ao falar das coisas que a apaixonavam. Adorava como, quando ria, sua voz podia ser ouvida a quilômetros de distância. Adorava seu caráter forte e obstinado em cumprir com o que se propunha. Adorava sua gentileza e coração nobre, aquele que surgia quando eu menos esperava. Até mesmo adorava como seu cabelo ondulava ao vento quando ela corria para onde eu costumava estar. E em cada uma dessas pequenas coisas, nascia uma explicação para o meu amor por Sara Brown.Um amor não correspondido do qual todos pareciam ter percebido, menos ela. Algumas vezes me perguntei se ela sabia dessa intensidade com que a amava e que me assustava a mim mesmo; dessa paixão que me consumia como o fogo consome a lenha. Mas a um desejo condenado ao fracasso como era o meu amor, devia ser mais fácil ignorá-lo do que considerá-lo.Por que fiquei tanto tempo nesse limbo venenoso? Essa era uma boa pergunta, uma cuja resposta era muito dolorosa d
É uma grande, grande ironia, que ela tenha voltado à minha vida para virá-la de cabeça para baixo. Meter-se onde ninguém a chamou e ignorar meu pedido para não comparecer ao meu casamento. Não calculei bem o grau de teimosia de Sara. Nem liderar o projeto que sabotará seu projeto ou mentir mil vezes dizendo que a quero longe de mim serviu para que ela deixe de se aproximar. Quanto mais a afasto, mais ela se aproxima.E não gosto, não gosto do que acabou de acontecer entre nós. Como ela me deixou tocar seu corpo daquela maneira, como meu próprio corpo reagiu à sua proximidade no armário, e como chegou a se iludir debaixo daquela cama.Para quê? Para sair correndo ao deixar de ouvir os gemidos de Ryan e Amber. O que acrescentava uma boa dose de patetismo. O único modo em que Sara chegou a reagir a mim como homem foi na escuridão de um armário, sem me ver, sem falar e pela excitação de ouvir o que ouvimos.Não estou irritado com ela. Estou irritado comigo. Essa mesma irritação é o que res
Ainda estou trancada com Loren naquele armário, ele ainda está tocando meu corpo e eu me aproximando mais do seu. Seus dedos passeiam pelo meu pescoço, passando a segurar meu rosto e entrando na minha boca. Ainda não consigo respirar, mas também não é como se eu quisesse fazer isso.Prendo a respiração enquanto sua mão livre vai se enfiando por baixo do meu vestido. O que sinto vai além da minha compreensão, isso parece irreal. Tenho a mesma sensação de confusão e prazer quando seus dedos tateiam ali, onde estou sensível por ele.Não é suficiente, preciso de mais. Me viro e de repente as luzes do armário se acenderam, estou olhando diretamente para ele, para Loren. Não resisto mais, o beijo sem restrições. Ele corresponde da mesma maneira, se apodera da minha cintura e me levanta. Envolvo-o com minhas pernas, ao mesmo tempo que ele me pressiona contra a porta.— Não me deixe, nunca me deixe — imploro no meio dos nossos beijos desesperados.Ele para de me beijar, encosta sua testa na mi
— Você me pediu para fazer isso. Também não lembra disso?Infelizmente não lembrava, mas se Elliot estava dizendo, o mais provável é que fosse verdade. Dou algumas orientações a mais, e terminamos a ligação. Vou tomar banho e deixar que a água leve embora essas lembranças inapropriadas que não deveriam voltar a me atormentar.Loren e eu fomos vítimas das circunstâncias, o resto já não dependia de nós......Tentei comer e voltar a dormir; em ambas as tarefas, meu corpo me traiu. Não consegui fazer nenhuma das duas coisas direito por ficar olhando para o celular. Inclusive, estou jogada no sofá tentando assistir a um filme, e não consigo me concentrar.Meu celular toca com uma mensagem e o pego imediatamente. No entanto, é uma mensagem de Amber me perguntando onde eu tinha me metido e por que tinha ido embora sem me despedir.— Se você soubesse... — murcho enquanto verifico as outras mensagens não abertas que tinha.Tinha mensagens de Ryan, de Ana Maria, de outros conhecidos, nenhuma de
— Não... não muito — digo estranhando.— Por quê? — questiona ela inocentemente — Está lindo, e você tem um corpo lindo.Talvez porque se eu aparecer assim no casamento de Lorenzo, ele mesmo me escoltará até a saída.— É muito... revelador para um casamento tradicional. Não acha? — comento com tato.— Pensei que você não se importasse em mostrar pele. Nenhuma mulher deveria se importar em mostrar sua beleza — ela reclama.Ah, olha que bonito. Mas não. Além disso, por que Loren não apareceu ainda? Ele realmente pretende se casar com Emma? Não acho que a ame, confio que algo estranho está acontecendo nesse relacionamento, tem que estar, senão, sinto que morrerei de vergonha. Embora já deva estar morrendo com Emma segurando minhas mãos e tendo deixado seu tablet de lado.— Sinto você estranha. O que está acontecendo com você? Quer me falar sobre algo?... Me confessar algo? — ela fala de forma muito acessível e docemente.— O que... o que eu teria para confessar? — minto — Me dá uma dica?
Se você quer a segurança de que conseguirá um negócio importante, é melhor fazê-lo por conta própria. Este conselho pesa muito mais ao considerar que o inimigo está pisando nos meus calcanhares. Então, me vejo aqui tomando café numa xícara florida, neste sofá desconfortável de dois lugares, enquanto tento ganhar o que deveria ser meu, o terceiro edifício do meu projeto.Estamos no edifício em questão, em um dos poucos apartamentos ocupados desta propriedade em ruínas. O obstáculo para comprar este edifício eram os apartamentos habitados que correspondiam a uma única família. Eles não queriam desocupá-los, por isso mesmo o proprietário não conseguiu vender o edifício. Por isso mesmo, devo convencê-los a sair e vender para mim.A família Sánchez, infelizmente, tem um grande problema de acumulação. É por isso que estamos cercados de caixas de papelão com diversos objetos e mais coisas de aspecto danificado ao redor. O cheiro de poeira e umidade também não são agradáveis. Embora deva menci
— Ela está dormindo desde que você chegou? — me pergunta sorrindo simpático.Como se esperasse que eu respondesse com amabilidade. Como se nada tivesse acontecido e ele não fosse um idiota.— Um plano de seguro? Com isso você vai comprá-los? E onde vai morar esta família? — reclamo em voz baixa para que os irmãos não me escutem.O sorriso dele desaparece, fica sério lembrando onde estamos. Ajeita seu paletó.— A atenção médica é uma prioridade para esta família, estou oferecendo isso a eles.— Uma propriedade em nome deles é por onde precisam começar.— É discutível. Eles são os que decidirão — diz ele.— Sim, porque se decidirem ir comigo, você vai deixá-los me vender — respondo mal-humorada.Jaime e José voltam.— Precisamos de mais tempo para discutir sobre o que faremos — oferece Jaime.Com isso, nos resta dar-lhes tempo, apertamos as mãos como despedida, e mais uma vez tenho que compartilhar espaço com Lorenzo. Neste elevador que não para de sacudir e fazer sons aterrorizantes. Ne
Muito eu tinha aguentado, e não planejava continuar postergando isso ou acabaria enlouquecendo de vez. Mais louca do que já sentia que ficaria ignorando o que está acontecendo. Para completar, Lorenzo não fala, ficou mudo. Até que se lembra que é capaz de mover sua língua.— Você se lembra disso? — ocorre-lhe dizer.Finjo confusão de maneira exagerada.— Me lembrar? Se você soubesse que... não. Não me lembro de como você apalpou meus seios ou como apontou sua arma para mim. Sou tão esquecida! — respondo com sarcasmo.Lorenzo se esforça para neutralizar sua expressão, no entanto, percebo como o vermelho tinge suas bochechas levemente.— Agora você vai ficar assim — responde sem me olhar no rosto. Ajeita o paletó que não precisava ajeitar. Apaga seu constrangimento atrás de uma máscara de indiferença.— Como você quer que eu fique? Você deve pensar que estou acostumada com isso, com qualquer um me tocando sem explicações, quando quiser — digo furiosa.— Não penso isso de você. Pare de co