Narrado por Luciano BrownTodos os adjetivos negativos que a América merece estão no ar. É uma mãe terrível, que deu à luz dois filhos terríveis. Ou agora que penso com uma nova luz, talvez a culpa disso tenha muito a ver com ela.América não esperava que Amanda defendesse Marianne. Ela quer encarar isso como uma piada. Amanda, curiosamente, não o faz.— Ah, qual é, Amanda. Você odeia Marianne e ela odeia você. Sabe que ela cuidou da sua filha por pena e para tirá-la de você algum dia, sua grande vingança — garante América.— Ela pode me odiar, mas... mas eu não a odeio mais. E... Marianne não vai tirar Amy de mim. Eu sei que ela não fará isso — afirma Amanda.— Não te tiraram a tempo de dentro de mim e o oxigênio chegou muito tarde ao seu cérebro, com certeza — zomba com malícia América, e os olhos de Amanda se enchem de lágrimas — Por que Marianne não seria capaz de tirar sua filha?— Porque ela não é como você... você é um monstro sem sangue nas veias. Como pode falar assim comigo d
Narrado por Luciano BrownDirigir de um lugar afastado para outro lugar afastado é um enorme aborrecimento. Embora o aborrecimento passe a ser um susto de morte ao estar sendo apontado por uma arma sem trava e com um dedo no gatilho. O que vai contra todas as medidas de segurança para o manuseio de armas de fogo. Isso efetivamente deixou de ser um aborrecimento para se tornar um jogo perigoso.— Sabe o que poderia ser um ato de compaixão comigo? — digo a Anfisa enquanto ainda dirijo.— Se você merecesse algum tipo de compaixão, eu seria a primeira a te dar. Mas você não merece nada disso — sorri.— Você falando de merecer compaixão ou não, soa fora de lugar.— O que você ia me pedir? Uma última ligação para sua vagabunda? Não vou dar. Depois de você, honrarei sua memória indo atrás dela — garante Anfisa.A calma que eu tinha até este momento vai diminuindo, e me amaldiçoo por Anfisa saber disso. Ela detecta como a bruxa que era, como meu sorriso caiu e como meu corpo ficou tenso.— Tem
Isso o desorientou, o suficiente para que eu desse outro golpe nele e ele soltasse a arma. Nesse momento, estou no banco traseiro distribuindo socos e chutes com ele. Finalmente, consigo agarrá-lo pelo pescoço com meu braço e usar isso para bloquear sua respiração.Exerço mais força enquanto ele estica o braço para alcançar a arma que caiu no chão. Não adianta nada. Ele perde a consciência antes que possa alcançá-la. Seu corpo desfalece e, com isso, Anfisa, que estava encolhida apavorada, me olha aterrorizada. Aproveito para tirar o homem de cima de mim e pegar a pistola.— Agora sim, vamos passear? — pergunto a ela.Anfisa sai como alma que o diabo carrega do carro. Da mesma forma, saio dele com mais calma. Vejo-a correr com dificuldade pelo terreno abandonado, querendo chegar à entrada do galpão.Limpo a boca do sangue que brota dela e me encho de paciência para ir atrás de Anfisa.Só que... escuto um disparo perto de mim.Depois... vejo Anfisa desabar no chão.Viro-me para a origem
Não sei nem como continuo viva com o estresse que suportei esta manhã. É impossível que meu corpo aguente outra xícara de café, quer dizer, só seria possível se eu estivesse disposta a ter taquicardia e mais tremores do que os que já tenho por si só.Agradeço estar protegida nesta casa de campo, mas ao mesmo tempo me irrita que o relógio continue avançando e eu ainda não tenha informações de Luciano. Olho novamente pela janela do meu quarto, preocupada. Não há ninguém entrando.Então, meu celular toca. Viro-me para vê-lo naquela prateleira e corro para atendê-lo. Fico desanimada ao perceber que não é Luciano, mas sim Amanda. Ela está solicitando uma videochamada, aceito de acordo com o plano. Qual era o plano? Se Luciano não se comunicasse comigo, era porque o plano havia continuado; se ele se comunicasse, era porque o plano havia mudado. Complicado? Eu sei.Esta incerteza não me convence, então, dou uma olhada em Amy que está assistindo televisão, e saio para o corredor. Ali, atendo o
Levanto minha cabeça sem deixar de abraçá-lo, para notar que ele tem o lábio superior rachado e com um pouco de sangue.— Você está inteiro. Volte inteiro todos os dias e vou garantir que me alegre com isso — asseguro.Ele sorri e acaricia meu rosto. O alívio que sinto é imediato, embora a mão com que me acaricia tenha os nós dos dedos machucados.— Acabou? Vocês pegaram os dois? — questiono esperançosa.— Só a Anfisa. Vladimir ainda está foragido, estivemos perto — revela.Já não estou tão aliviada, me afasto dele.— E agora? Onde a estão mantendo? Vão usá-la como isca?— Julia está com ela. Gostaria de dizer que, interrogando-a como uma vez me interrogaram por culpa dela, obteremos informações, mas ela não deve saber do paradeiro dele. Vladimir se livrou dela. Não acreditamos que ela interesse a ele neste nível. Ele está... quase... sozinho — explica.— Quase?— Nossa teoria é que ele buscará uma forma de sair do país, que veio precisamente pelo abrigo que um dos aliados que lhe rest
Subo as escadarias de um dos edifícios dos Nichols de braço dado com Luciano. Ambos estamos vestidos a rigor e prontos para o que vier neste luxuoso evento onde se reúne o melhor do melhor da cidade. É uma noite movimentada, onde estamos atrás de outro casal e na frente de mais um, esperando para entrar na estrutura.Por sorte, a equipe de Luciano é excelente em conseguir estar em uma lista de convidados onde é óbvio que não estávamos inicialmente. Assim como temos informações de que vários agentes se infiltraram na gala. Conseguimos entrar e nos dirigir ao salão de eventos onde será realizada a gala.É curioso que não seja a primeira vez que compareço a esta gala. Vim no ano passado, justamente como par de Mateo na época. Passei muito mal, o evento é para dormir, e os pais de Mateo me trataram tão mal que é embaraçoso lembrar daquela noite.Se olhar de fora, este coquetel onde mais tarde começarão a leiloar obras de arte, pareceria uma noite promissora. O luxo e a fortuna dos convidad
Como se meu encontro com Elizabeth nesse coquetel não fosse suficientemente desconfortável, adicionar à equação Mateo, Leandro e Lemuel torna tudo insuportável. O silêncio que fazemos todos ao nos vermos uns aos outros é até cômico. Mateo me olha irritado, enquanto Luciano olha irritado para seu primo e tio.— As apresentações estão sobrando entre vocês, não é? — diz Elizabeth tentando soar simpática.— Sim, é isso mesmo. São família — revela Mateo com um sorriso forçado que dedica a mim.Me sinto pequena e sendo acusada de algo terrível por Mateo. O que é irônico porque está confirmado seu relacionamento com os criminosos Kosnikov.— O que você está fazendo aqui, Luciano? — pergunta Leandro ao seu primo. Sua confusão é grande.— Eu pergunto o mesmo a vocês. O que vieram fazer neste lugar? — responde Luciano.Algo perigoso me ocorre. E se... os Brown também estivessem envolvidos em negócios escusos?— Fomos convidados pelos anfitriões, se você mantivesse o mínimo de comunicação com sua
Então... escuto um estrondo grande e poderoso no salão.É tão forte que acho que foi minha imaginação. O que não é minha imaginação é... o som do alarme de incêndio que começa a tocar. A partir daí, a desordem toma conta do salão. Rumores por todo lado, e pessoas querendo sair depressa.— Agradecemos que saiam com calma pelas portas indicadas por nossas belas colaboradoras... — pede ao microfone o apresentador do início.Um péssimo pressentimento fica preso no meu peito. Sinto que algo ruim está acontecendo e ao mesmo tempo não consigo me afastar da família de Luciano. Eles estarem aqui não é coincidência. É uma armadilha. Nós três estamos nos dirigindo para onde se concentra a multidão para sair do salão. Eu me obrigo a caminhar calmamente, para eles a desordem ao redor não os incomoda, parece um sábado qualquer do ano.— Você vai procurá-los ou eu procuro quando sairmos? — pergunta Lemuel ao seu sobrinho.— Nos separar será o melhor. Um procura meu tio, outro procura Luciano — respon