— Não sei. Quando ele voltou, veio com esse discurso estúpido de que eu devia refazer minha vida com outro homem que fosse bom para mim. Agora não sei. Nem sei se vou conseguir pensar com clareza com ele perto de mim.— Eu também não sei o que te aconselhar. A história de vocês é muito complicada, mas aconteça o que acontecer... não desista do futuro que você — ela aponta para meu peito — sonha.Em seguida me abraça, me agarro ao seu abraço com muita força. É a única coisa que me resta em momentos como este......O lugar seguro de Luciano acabou sendo uma casa de campo nos arredores da cidade. Por fora parecia uma casa qualquer do estilo, mas por dentro era outra história. Nunca tinha visto um lugar com esse tipo de sistema de segurança. Não só tinha câmeras em cada canto, como havia fechaduras digitais para entrar em várias partes no interior dela. A segurança também não se limitava ao aspecto tecnológico, havia vários guardas nos arredores da propriedade. Eu conhecia os que tinham a
Este é um encontro interessante, é o que posso pensar ao reencontrar Julia depois de tantos anos. Lembro-me dela por sua voz grave e a intensidade de seus olhos felinos; se não fosse por essas características, não poderia reconhecê-la.Parece diferente no geral graças ao conjunto de blazer e calça que usa, mais o rabo de cavalo que tem. Seu cabelo agora é castanho claro. Parece uma executiva que acabou de deixar seus filhos na aula de futebol. Não a mulher de quatro anos atrás com uma evidente paixão por couro.— Como vai, Marianne? Quanto tempo se passou... — ela estende a mão.Eu a pego e aperto. Lembro a mim mesma que nossas últimas interações foram "em bons termos", também que supostamente Luciano e ela não reataram. E mesmo que tenham feito isso, é ridículo fazer cobranças neste contexto.— Então, esta é sua sobrinha... é um encanto — elogia ela a Amy, que se esconde atrás das minhas pernas.— Ela é tímida com pessoas que não conhece... — explico.— Eu também era quando pequena, e
Preciso vê-lo em confusão.— Por que você está me falando sobre isso?Julia respira fundo, seu pescoço se tensiona e ela olha para o lado para evitar me encarar enquanto fala.— Quando você é a escolhida, simplesmente é.— A escolhi-— Por que não avisou que tinha chegado?! — exclama Luciano se aproximando de nós.Ao se aproximar, ele coloca a mão nas minhas costas, sinto que está tenso, e o ouvi falar bastante exaltado.— Você descobriria de qualquer forma. E além disso, eu estava passando um tempo de qualidade com a Marianne — diz ela em tom de desafio.Luciano me olha preocupado e alarmado.— Tempo de qualidade? Sobre o que estavam conversando? — agora ele soa nervoso.— Assuntos de mulheres. O resto já chegou? — pergunta Julia enquanto se dirige à casa.Sei que ele quer me fazer mais perguntas sobre a conversa com Julia, mas não estou pronta para falar sobre isso. Não agora. Preciso encontrar uma forma melhor de dizer o que vou dizer.— Você vai finalmente me contar o que estão pla
Narrado por Luciano BrownUma última aposta, uma última recompensa. É isso que espero obter hoje. Mas primeiro, termino meu cigarro para relaxar e deixar rolar, estou com as costas apoiadas em meu carro e vejo as pessoas passarem à minha frente absortas em seu cotidiano.Foi uma manhã tranquila, exceto pela mulher que vem até mim com um rosto desesperado e uma atitude para combinar.— Onde vocês estão com a minha filha? Onde se meteu a Marianne? — pergunta angustiada a mulher em questão.Não se trata de outra pessoa senão Amanda. Ela atendeu à ligação que fiz mais cedo informando onde eu estaria e que a esperaria. Evitei responder qualquer questionamento que ela tivesse. Não é como se agora eu fosse responder com honestidade.— Amy está bem. Aproveitando as férias com a tia dela. Achei que ela tinha te contado — comento com tranquilidade.Amanda tem tudo menos tranquilidade. Parece desarrumada e descabelada.— Férias no meio do ano letivo? Sem me avisar com antecedência? Não minta para
Narrado por Luciano BrownTodos os adjetivos negativos que a América merece estão no ar. É uma mãe terrível, que deu à luz dois filhos terríveis. Ou agora que penso com uma nova luz, talvez a culpa disso tenha muito a ver com ela.América não esperava que Amanda defendesse Marianne. Ela quer encarar isso como uma piada. Amanda, curiosamente, não o faz.— Ah, qual é, Amanda. Você odeia Marianne e ela odeia você. Sabe que ela cuidou da sua filha por pena e para tirá-la de você algum dia, sua grande vingança — garante América.— Ela pode me odiar, mas... mas eu não a odeio mais. E... Marianne não vai tirar Amy de mim. Eu sei que ela não fará isso — afirma Amanda.— Não te tiraram a tempo de dentro de mim e o oxigênio chegou muito tarde ao seu cérebro, com certeza — zomba com malícia América, e os olhos de Amanda se enchem de lágrimas — Por que Marianne não seria capaz de tirar sua filha?— Porque ela não é como você... você é um monstro sem sangue nas veias. Como pode falar assim comigo d
Narrado por Luciano BrownDirigir de um lugar afastado para outro lugar afastado é um enorme aborrecimento. Embora o aborrecimento passe a ser um susto de morte ao estar sendo apontado por uma arma sem trava e com um dedo no gatilho. O que vai contra todas as medidas de segurança para o manuseio de armas de fogo. Isso efetivamente deixou de ser um aborrecimento para se tornar um jogo perigoso.— Sabe o que poderia ser um ato de compaixão comigo? — digo a Anfisa enquanto ainda dirijo.— Se você merecesse algum tipo de compaixão, eu seria a primeira a te dar. Mas você não merece nada disso — sorri.— Você falando de merecer compaixão ou não, soa fora de lugar.— O que você ia me pedir? Uma última ligação para sua vagabunda? Não vou dar. Depois de você, honrarei sua memória indo atrás dela — garante Anfisa.A calma que eu tinha até este momento vai diminuindo, e me amaldiçoo por Anfisa saber disso. Ela detecta como a bruxa que era, como meu sorriso caiu e como meu corpo ficou tenso.— Tem
Isso o desorientou, o suficiente para que eu desse outro golpe nele e ele soltasse a arma. Nesse momento, estou no banco traseiro distribuindo socos e chutes com ele. Finalmente, consigo agarrá-lo pelo pescoço com meu braço e usar isso para bloquear sua respiração.Exerço mais força enquanto ele estica o braço para alcançar a arma que caiu no chão. Não adianta nada. Ele perde a consciência antes que possa alcançá-la. Seu corpo desfalece e, com isso, Anfisa, que estava encolhida apavorada, me olha aterrorizada. Aproveito para tirar o homem de cima de mim e pegar a pistola.— Agora sim, vamos passear? — pergunto a ela.Anfisa sai como alma que o diabo carrega do carro. Da mesma forma, saio dele com mais calma. Vejo-a correr com dificuldade pelo terreno abandonado, querendo chegar à entrada do galpão.Limpo a boca do sangue que brota dela e me encho de paciência para ir atrás de Anfisa.Só que... escuto um disparo perto de mim.Depois... vejo Anfisa desabar no chão.Viro-me para a origem
Não sei nem como continuo viva com o estresse que suportei esta manhã. É impossível que meu corpo aguente outra xícara de café, quer dizer, só seria possível se eu estivesse disposta a ter taquicardia e mais tremores do que os que já tenho por si só.Agradeço estar protegida nesta casa de campo, mas ao mesmo tempo me irrita que o relógio continue avançando e eu ainda não tenha informações de Luciano. Olho novamente pela janela do meu quarto, preocupada. Não há ninguém entrando.Então, meu celular toca. Viro-me para vê-lo naquela prateleira e corro para atendê-lo. Fico desanimada ao perceber que não é Luciano, mas sim Amanda. Ela está solicitando uma videochamada, aceito de acordo com o plano. Qual era o plano? Se Luciano não se comunicasse comigo, era porque o plano havia continuado; se ele se comunicasse, era porque o plano havia mudado. Complicado? Eu sei.Esta incerteza não me convence, então, dou uma olhada em Amy que está assistindo televisão, e saio para o corredor. Ali, atendo o