Meses depoisA barriga de Esperanza está enorme. A coisa mais linda e sexy. Se me dissessem um ano atrás que eu me tornaria esse idiota apaixonado, eu certamente riria na cara da pessoa, mandaria para o inferno, e se fosse mulher ainda treparia com ela e nunca mais procuraria. Esse era eu. Hoje? Então, depois de um presente de Natal inusitado me transformei completamente. Sou tarado na minha mulher, pode aparecer uma gostosa nua na minha frente que meu pau nem liga, ele tem dona; nosso anjo safado.Graças ao meu amigo Gael, que está tão fodidamente apaixonado quanto eu, minha mulher nunca mais desconfiou de mim. Ela era insegura e não a culpo. Nosso início não foi nenhum conto de fadas. Eu merecia sua desconfiança. Mas aos poucos, ela vai se tornando mais confiante. Minha mulher doce, safada e cada vez mais dona de si.O ciúme dela continua transbordando, mas seu olhar mortal é para as mulheres que se atrevem a encarar o que é dela. Nunca mais o direcionou a mim. Afinal, sabe bem que e
Esperanza— Feliz Natal! Esse é o seu filho, seu presente — murmuro tão baixo que ele não escuta. O que agradeço. Ouvir isso certamente o deixaria mais puto.― Como isso aconteceu, Esperanza? — Noah pergunta.Ele encara o filho como se o bebê fosse uma bomba prestes a explodir. Ver os dois juntos na imensa cama é estranho, mas é bom. Meu pequeno continua brincando com o chocalho, porém vez ou outra seus olhinhos vão para o homem sentado perto dele.― A sua mãe queria um herdeiro, então ela roubou seu sêmen e colocou em mim ― debochei, sem nenhum interesse em dar detalhes daquele episódio, e tentando não fantasiar uma família de comercial de margarina onde não existe.― Isso não é brincadeira. — Suas palavras são duras.― E eu estou rindo? Se dependesse de mim você nunca chegaria perto do meu filho — minto. Como um animal acuado acabo sendo cruel com as palavras.― Então por que está aqui? Por que veio depois de tanto tempo sem nenhum contato?Respiro fundo e me sento. Apoio minhas cos
Antes Dezenove anos. Essa foi a idade em que tive que abandonar a liberdade da juventude para encarar a responsabilidade de trabalhar a frente da Noah Corporation, a referência quando o assunto é tecnologia.O nome não fui eu quem escolhi, claro. Jamais usaria algo tão obvio. Eu sou apenas o Noah Pestalozzi Terceiro. Sim, tem o “terceiro” registrado. Poderia ser qualquer nome louco. Quem ousaria dizer não ao meu pai ou meu avô? Eu não conheço ninguém. Os Pestalozzi sempre foram referência em poder. Desde muito cedo acreditaram e investiram em inovação, o que vem enchendo nossas contas bancárias initerruptamente.A empresa da família foi herdada pelo meu pai logo que meu avô fez sessenta anos e decidiu se aposentar. Era para acontecer o mesmo comigo, mas a vida é traiçoeira. Uma fatalidade levou meu pai jovem demais.E lá fui eu, ser treinado pelo meu avô para continuar o legado. Mesmo com toda a dor que essa perda causou em nossa família, conseguimos manter o império. As custas de mu
Sempre acreditei que Deus tinha um propósito para mim. Acreditei piamente que minha infância era apenas um teste. Afinal, Ele não dava carga maior do que se pode carregar.Eu carreguei a carga de ter um pai agressivo e uma mãe submissa, carreguei até não poder mais. Não que meu pai agredisse fisicamente minha mãe, pelo menos nunca vi. Era os gritos constantes, era o carinho forçado diante das pessoas enquanto dentro de casa só se dirigia a sua mulher e sua filha para reclamar, para gritar. As mentiras com as quais convivia me tornava uma pessoa medrosa. Já sabia identificar cada olhar do meu pai. E já sabia como seria o meu dia por esses olhares.Apesar de já entender desde muito cedo que dias calmos eram raros como um eclipse solar, eu ainda os desejava ardentemente. Nunca achei isso normal. Mas vai saber. As pessoas que olham nossa família jamais diria que somos infelizes. Talvez eu é que espero uma felicidade que não existe. Talvez todas as famílias sejam assim: belas ao olhar e fe
“Perfeita para que cargo?” Esse homem não parece estar batendo bem das ideias.Irritada pela presença inesperada, me virei para ele. E quase enfartei ao encarar seus hipnotizantes olhos azuis. Não havia possibilidade de existir algo tão perfeito quanto os olhos desse homem. E a boca vermelha? Deus, olhar sua boca despertou uma parte minha que não devia, um ponto bem específico entre minhas pernas. Malditos hormônios de virgem! Passaram alguns segundos antes que eu pudesse reagir. Tive que limpar a garganta e desviar o olhar desse rosto que exala pecado.― Posso ajudá-lo? — questionei.Isso, garota, mantenha a voz firme. Não é a primeira vez que encontra esses olhos. Mas é sempre a mesma reação de quem está diante de algo surreal. Encarar o filho de Ligia me deixa meio zonza. Minha sorte é raridade de o ver... e tão perto assim nunca aconteceu.― É Esperanza, certo? — ele devolve minha pergunta com outra.― Sim — respondo e balanço a cabeça.― Melhor amiga da minha mãe, mesmo tendo i
Eu fui ao encontro de Noah. Conversamos durante horas. No começo eu achei absurdo a ideia de me passar por sua noiva, mas ele prometeu que assim eu teria liberdade. Como recusar isso?Acertamos que seria um namoro e noivado falso o mais sem toque possível. O religiosidade dos meus pais serviria como desculpa.Selamos o pacto com um aperto de mãos que despertou curiosas borboletas em meu estômago. Após isso passamos alguns dias combinando as histórias sobre o falso romance e finalmente contamos para nossas famílias. Foi um choque de ambos os lados, mas aceitaram. Meu pai é mais ganancioso que religioso. Me ter como noiva de Noah encheu seus olhos de brilho.Então, baseados nas nossas mentiras, nossos pais deram uma festa de noivado poucas semanas depois e passei a carregar uma aliança. Todos nos viam como um casal inusitado. Quando, na verdade, Noah e eu tínhamos um acordo de levarmos esse noivado até quando fosse necessário e depois terminar. Ele usava nossos encontros para sair com o
Finalmente eu consegui dar um jeito na insistência da minha mãe.― Cara, já faz quase um ano que está namorando essa garota. Por que não a dispensa de uma vez? ― A voz de Gael, meu melhor amigo, CEO da empresa de advocacia que representa minha empresa e meu braço direito no quesito farra, sobrepôs a música ambiente e me tirou de recordações sobre a noite em que encontrei Esperanza e a ideia maluca de fingir um noivado começou a fazer sentido. Estamos em um bar de um colega dele, curtindo o fim da tarde de sexta.― Não sei por que faria isso. Conhece a minha mãe. Ela só largou do meu pé depois que comecei a “namorar” ― fiz aspas com os dedos ― sua queridinha.— Ideia minha. Que ainda não agradeceu.— Se eu agradecer mais você vai ficar me devendo.Ele ri.― Não consigo é acreditar que nunca pegou aquela coisinha de jeito. ― A expressão de tarado de Gael foi impagável. Ele era um safado de carteirinha, nenhuma mulher escapava do seu charme.― Uma virgem sem sal. Não tenho motivos, com t
Naquele dia, ele me buscou no horário. Queria fazer uma festa em seu apartamento e a idiota aqui resolveu que queria ir. Seria à noite e eu não estava a fim de dormir em hotel para fingir que estava com ele. E era uma mentira dupla, porque para os meus pais eu estaria com Ligia. Minha falsa sogra de liberal não tinha nada, mas parece que estava desesperada por um neto e aceitava nos encobrir na esperança de conseguir seu prêmio. Ela nem mesmo desconfiou do rápido envolvimento do seu filho comigo... ou se desconfiou fingiu não ver.Passei a festa toda entre me trancar em um quarto que ele deixou a disposição exclusivamente de sua noiva e me irritar com o ambiente. Era minha primeira festa do tipo. E eu estava morrendo de raiva por ele não me dar atenção. Sem contar que achei que estava bem no meu vestido azul longo, mas isso foi até ver as mulheres em roupas praticamente indecentes. Sem contar os olhares delas em minha direção. Me sentia um animal em um zoológico. O Noah me apresentou