Naquele dia, ele me buscou no horário. Queria fazer uma festa em seu apartamento e a idiota aqui resolveu que queria ir. Seria à noite e eu não estava a fim de dormir em hotel para fingir que estava com ele. E era uma mentira dupla, porque para os meus pais eu estaria com Ligia. Minha falsa sogra de liberal não tinha nada, mas parece que estava desesperada por um neto e aceitava nos encobrir na esperança de conseguir seu prêmio. Ela nem mesmo desconfiou do rápido envolvimento do seu filho comigo... ou se desconfiou fingiu não ver.
Passei a festa toda entre me trancar em um quarto que ele deixou a disposição exclusivamente de sua noiva e me irritar com o ambiente. Era minha primeira festa do tipo. E eu estava morrendo de raiva por ele não me dar atenção. Sem contar que achei que estava bem no meu vestido azul longo, mas isso foi até ver as mulheres em roupas praticamente indecentes. Sem contar os olhares delas em minha direção. Me sentia um animal em um zoológico. O Noah me apresentou como sua noiva, então nenhum homem chegou perto. Injusto porque ele não agia como um noivo, estava sempre de braços dados com uma das vagabundas de vestido curto.
Depois de muita bebida, das quais nem provei, muitas mulheres se esfregando nele, as pessoas começaram a ir, restando somente nós dois, e dois amigos dele desmaiados no chão.
Sai do quarto ao ouvir o silêncio do fim de festa e sentei no sofá por alguns minutos. Cambaleando, ele pegou uma cerveja na mesa. Não era a dele.
― É melhor eu ir. ― Me levantei do sofá, onde estava mexendo no celular para passar o tempo.
― Se não fosse um anjo, eu comeria você de jeito. ― A voz embriagada respondeu.
Fiquei sem ação com suas palavras ousadas. Ele nunca agiu assim. O álcool faz coisas. E o pior é que esse homem é perigoso, porque fica lindo mesmo bêbado.
― Não sou um anjo. Nem você — respondi após uma eternidade de silêncio.
Fiquei parada enquanto ele vinha em minha direção com seu olhar de bêbado.
Meu coração disparou. Ai o infeliz literalmente se jogou no sofá, onde antes eu estava. Sua mão acariciava minhas pernas por cima do vestido, ousadamente. Só que o desgraçado nem parecia notar de quem eram as pernas que tocava.
― Vou dormir sem trepar por sua causa ― disse, levantando meu vestido e subindo a mão por baixo dele, acariciando as minhas coxas, me deixando úmida.
Eu devia me afastar. Sei que devia. Ele não estava em plena consciência. Só que uma loucura se apossou de mim. Não havia consciência que me alcançasse. Vinte e dois anos e nunca nem mesmo provei o beijo de um homem. Meus hormônios gritavam para que eu fizesse algo que os acalmassem.
Quando me dei conta, estava no colo de um Noah embriagado. Nos beijávamos com um desespero alucinando. Meu primeiro beijo. Beijar era a melhor coisa do mundo. Eu devia ter feito isso há muito tempo. Não havia receio algum em ter sua língua invadindo minha boca, mesmo que ele cheirasse a álcool, era tão bom, e atrevidamente eu tentava imitar seus gestos. Aquilo me deixava quente, desejosa por mais.
Uma das mãos dele estava em meus cabelos enquanto a outra estava dentro da minha calcinha, esfregando ousadamente, me enlouquecendo cada vez mais.
Era isso. Meu primeiro beijo e minha primeira vez aconteceriam com um bêbado, em um sofá.
Sob seus resmungos, me afastei e tirei a calcinha. Noah a tirou das minhas mãos e colocou no bolso, antes de me puxar para o seu colo novamente, me beijando, deslizando suas mãos onde podia em meu corpo.
Louca de desejo cru, abri seu jeans. Ele estava tão duro, era tão grande.
Com o vestido levantado até as coxas, comecei a me sentar devagar naquele negócio monstruosamente grande demais. Mas Noah não sabia que era a minha primeira vez. Se sabia estava bêbado demais para pensar no assunto. Fui virada no sofá, ficando por baixo do seu corpo, com suas pernas separando as minhas, não tive tempo de reagir. Fui preenchida de uma vez. Uma estocada forte que pareceu ter me partido ao meio.
Meu grito ecoou pelo apartamento. Por um instante achei que acordamos os dois bêbados no chão... os quais eu tinha me esquecido completamente.
Não foi bom. Tirando os beijos e a pegada, não gostei nada de ter Noah dentro de mim. Mas já sabia que a primeira vez era uma droga. Pelo menos foi com alguém que eu desejava.
Para não ser um desastre total, foquei no homem sobre mim, pensando no quanto o desejei nos últimos meses. Ele seguia no movimentos de vai e vem, gemendo elogios, insultos pornográficos e palavras desconexas. Não demorou para que desabasse em gozo. Foi ai que a idiota se lembrou de uma coisa chamada preservativo.
Noah rolou um pouco e me abraçou forte, como se temesse que eu fugisse.
― Gostosa demais, anjinho ― sussurrou em meu ouvido.
Fiquei em seus braços pensando no que acabamos de fazer.
Quando senti que o sono ia me tomar nos braços dele, ainda no sofá, tentei chamar Noah. Ele não acordou. Apenas resmungou palavras desconexas e me apertou contra seu corpo musculoso.Então, com muito trabalho, me levantei e percebi a bagunça. Ele estava com o pênis fora da calça, e havia sangue nele e no sofá. O membro tão grande que o sangue só pode significar que me rasgou. Merda. Merda.Apressada, fechei a calça dele. Meu rosto queimava de vergonha. Ainda bem que o jeans dele era tingido em preto ou o caos seria maior se fosse claro e mostrasse toda bagunça.Mal acabei de limpar o Noah e conferir que meu vestido estava intacto, e vi um dos bêbados no chão se levantar e cutucar o outro chamando para cair na piscina. Rapidamente me sentei no lugar sujo de sangue, disfarçando. Um dos caras, Gael pelo que me lembrava, arrastou Noah dormindo em direção a piscina. Aproveitei a oportunidade e “limpei” o sangue com vinho. Só assim para disfarçar na droga do sofá branco. Se fosse aparece
Faz meses que Esperanza terminou comigo através dos seus pais. Aconteceu pouco após a festa. Aquela festa me deixou com duas questões abertas. Primeira: O que aconteceu com minha “noiva” para ela terminar comigo sem mais nem menos. Segunda: Quem era a dona da calcinha que ainda se encontra na minha gaveta?Às vezes me questiono se Esperanza me pegou no flagra com alguma garota e se sentiu ofendida. Porra! Não lembro de nada.E sinceramente... achei que seria o paraíso, que usaria o término como desculpa para viver na farra sem a minha mãe poder reclamar, mas não foi assim. Me incomodou muito como acabou. Acho que no mínimo ela teria que ter me dito que queria terminar. É a atitude que uma mulher adulta deveria ter.Desde a noite que passou em meu apartamento naquela festa que não mais a vi, nem a minha mãe ela visitou mais. Claro que a senhora Ligia me culpou. Segundo ela, eu devo ter feito algo muito grave para isso acontecer.Às vezes me pergunto se realmente o fiz. Ela estava muito
Um erro. Apenas um erro e toda minha vida foi destruída. Se eu achava que era ruim viver sob as regras absurdas dos meus pais, não sabia o que viria.Ingênua. Burra mesmo. Fugi de Noah. Disse aos meus pais que ainda não estava pronta para me casar, que queria passar alguns anos em uma escola só para mulheres, onde a minha mãe estudou. Claro que eles aceitaram. No fundo acho que não confiavam no meu relacionamento com Noah. Estavam mais que certos.Confirmei a gravidez quando já estava no terceiro mês. Eu não tinha muita informação sobre sexo e fui tola em acreditar que uma vez sem proteção não seria capaz de engravidar. Juntando com minha menstruação desregulada, fui iludida até a verdade bater na minha cara.As responsáveis por mim no colégio me mandaram de volta para casa quando descobriram minha situação.Minhas mãos tremem segurando a mala. Meu pai e minha mãe estão na sala em pé, me olhando com expressões de pura decepção.— Grávida, Esperanza? — a voz do meu pai, mesmo baixa, rev
Quatro meses depois do nascimento do pequeno Sam, era hora de voltar, encarar as consequências e o seu pai. Por dois motivos, Noah merecia conhecer o filho e o dinheiro estava acabando sem que eu conseguisse me estabilizar.Não tenho notícias dos meus pais há meses, confirmei que para eles a imagem era mais importante que a filha. A última notícia que tive foi que eles se mudaram para outro país, literalmente em outro continente. Estavam vivendo com se só tivessem meu irmão como filho. Isso mesmo, eu tenho um irmão mais velho, que segue a linha para ficar igualzinho ao meu pai. Quase não tínhamos contato, mesmo morando na mesma casa. Isso no passado, porque agora não tenho mais contato algum com nenhum deles.Doeu muito saber da partida. Esperava que eles mudassem de ideia e me aceitassem de volta. Esperava mais compreensão. Eram meus pais. Que droga!Ter Sam em meus braços me faz ter a certeza de que perdoaria qualquer erro dele e o ajudaria a se reerguer se preciso fosse. Eu seria u
“Não. Isso é incabível.”Suas palavras bateram em meu coração como pedra. Minha vontade era de socar a cara desse babaca e sumir, mas não podia fazer isso com o meu filho. Se é preciso, me humilho.― Eu vou devolver. Não estou pedindo que me dê nada. Vou pagar, só preciso de tempo para estabilizar. O miserável me encarou como se eu fosse louca. Não acredito que isso está acontecendo. Não acredito que ele vai negar ajuda ao filho.― Sabe que dia é hoje, Esperanza?Estranhei a pergunta fora do assunto.― Domingo, por que?― Hoje é vinte e cinco de dezembro. A minha mãe vai sair do quarto em breve e vamos receber alguns amigos para a ceia de Natal.Ele não quer que sua mãe me veja? Eu realmente não esperava isso. Esperava rejeição de alguma forma, mas não da mesma forma que meus pais. Estou quase sentindo a mão desse homem segurando meu braço e me expulsando.― Essas pessoas não precisam me ver. ― Senti lágrimas queimando meus olhos.― Você pretende se esconder? Ir embora? ― Seu tom er
Estava pronta. Com meu melhor e único vestido vermelho na altura do joelho, sem decote e sem fendas, fiz um coque no cabelo, que em breve Samuel desfaria, e pronto. Sorrio para o meu pequeno na cama com seus olhinhos atentos. As mãozinhas dele adoram puxar mechas de cabelo.Nada de maquiagem ou joias, não tenho nenhuma, vendi tudo que estava comigo para chegar até aqui.Noah veio me buscar no quarto. Ele está lindo com um terno e calça em tom vinho, muito clima de Natal. Sinto seu olhar dos meus pés a cabeça, e engulo seco.— Pronta?Assinto.Descemos com ele carregando um Samuel agitado. O garoto é da noite, é quando fica mais ativo. Ainda estou aprendendo a mudar isso.Vergonha era o que circulava em minhas veias enquanto seguia até minha amiga. Na sala de jantar estavam várias pessoas reunidas em torno da mesa enorme. Todos olharam para nós. Um silêncio mortal se fez presente. A mãe de Noah nos olhava de boca aberta.― Mãe, esse é o Samuel Pestalozzi Quarto, nosso presente. Feliz N
Esperanza estava ainda mais linda do que me lembrava. A maternidade acentuou suas curvas. Ela ainda veste o mesmo tipo de roupa que mexe com minha imaginação, sem fendas, sem decotes e nada curto.Fico puto quando penso que já tive seu corpo em meus braços e não me recordo.Sobre Sam... Nossa! Eu estou completamente apaixonado pelo garotinho. Foi amor a primeira vista. Minha mãe, meu avô, todos se apaixonaram por ele.Sobre Dona Ligia... Se a minha mãe é louca... É bem possível. Aquele quarto estava além do que eu esperava do seu desejo por um neto. Ela pensou em tudo, até colocou uma cama dizendo que seria mais fácil durante o período de amamentação.Depois de um tempo, ela discursando sobre finalmente ter um bebê para viver aqui, minha mãe me puxou para um canto do lugar, perguntando sobre o reencontro. Quando eu disse que Esperanza estava em um quarto de hóspedes, ela me olhou com um monte de perguntas prontas.― Calma, mãe. Ela acabou de chegar. ― Levantei as mãos em um sinal de r
Somente depois que a porta se fechou atrás de Noah foi que tive reação. Andei lentamente até a cama e me sentei.Ele me beijou. E não estava bêbado. Ele quer tentar um relacionamento de verdade. Um casamento de verdade. Uma família de verdade.Sinceramente, não sei o que dizer sobre o dia de hoje. Seria um Natal mágico onde todos os sonhos se realizam?Eu que cheguei a essa casa com medo de que ele nem quisesse contato com o filho, agora estou nesse quarto com a promessa de acordar com uma família que nos deseja.Me encolhi na cama no quarto de Sam e fechei os olhos, rezando.“Meu Deus, eu te peço, que amanhã nada disso tenha sido somente um sonho.”Na manhã seguinte, acordei com choro de Sam.Estávamos no quarto incrível de bebê. Não foi mesmo um sonho. Ele dormiu mais tranquilo essa noite. Deve ter ficado cansado de tanta atenção.Dei um banho usando a banheira infantil que Ligia também havia comprado e o amamentei. Depois de cuidar dele, fui cuidar da minha higiene matinal e coloqu