Um Sorriso Para o CEO
Um Sorriso Para o CEO
Por: Cristiane Sotnas
Sofia - Capítulo 1

     

        Ouvi o som do carro estacionando na garagem e meu coração deu um pulo! Larguei o biscoito que estava comendo, minha boneca, a comidinha de massinha que fazia e saí correndo para a porta. Jojo me olhou com tristeza e falou:

         — Sofia, querida, lembra do que conversamos? Seu pai não gosta de abraços.

     Joana era minha babá, mas fingi que não escutei o aviso. Papai estava em casa! Fazia tanto tempo que eu esperava por ele. Fiquei na ponta dos pés para espiar pela janela. Quando a porta se abriu, meu peito quase explodiu de alegria. Queria correr e pular nos braços dele, mas tive medo que brigasse comigo. Então, fiquei ali, parada, quietinha, perto da porta. Talvez, se ele me visse, me desse um sorriso.

       Ele entrou, estava no celular, falando daquele jeito sério:

      — Preciso que o relatório esteja pronto amanhã cedo. Sem desculpas, entendeu?

    Depois, ele desligou o celular, e eu tentei chamá-lo:

       — Papai?

      Mas ele só fez um gesto com a mão, como se pedisse para eu esperar, e foi direto para o escritório. Meu coração apertou, e corri atrás dele, desesperada para falar, mas, quando cheguei, ele já tinha fechado a porta. Encostei meu ouvido contra a madeira fria, tentando escutar alguma coisa. Ouvi sua voz firme. Ele estava bravo. De uns tempos para cá, ele sempre estava bravo.

     Voltei para a sala para lanchar, abraçando minha boneca. Não era assim antes. Papai brincava comigo. Ele ria e dizia que minhas tranças eram antenas de extraterrestres. Mas agora ele só trabalhava. Desde que a mamãe ficou doente, ele mudou... E desde que a vovó se foi, ele nunca mais teve tempo para nada.

      Mordi o biscoito, mas senti um gosto estranho. Quando olhei, tinha sangue e meu dente estava na minha mão. Fiquei com muito medo.

      — Calma, Sofia! Está tudo bem — a Jojo veio ao meu encontro. — O seu dente caiu. Viu, querida? Você não quis deixar arrancar e quase engoliu ele. Mas eu já peguei. — Ela me abraçou apertado e tentou me acalmar, mas tudo o que eu conseguia pensar era no quanto eu ia sentir falta dela. Como ela podia ir embora? Não parecia justo. Papai disse que a Jojo "não combinava com a visão da nossa família". Eu não entendia direito o que isso queria dizer, mas ele achava que ela era boazinha demais e que isso não ia me ajudar a crescer pronta para o mundo.

      Talvez ele tenha razão, porque eu me sinto pequena para tudo. Bem pequena. Só que o que mais machucava mesmo era pensar em como seria sem ela ali. Quando a babá Jojo estava por perto, o vazio não parecia tão grande.

         Ela lavou minha boca com cuidado e me deu um copo d’água.

         — Jojo, onde você vai trabalhar agora?

       — Bem, querida, seu pai me arrumou um novo emprego. E, apesar de a nova família ser maravilhosa, você sempre será a minha garotinha de sete anos favorita.

      Me senti um pouco melhor com a frase dela e, depois, com aquele sorriso calmo que ela sempre tinha, disse:

       — Coloque embaixo do travesseiro que a fada do dente virá te dar uma moeda.

        Ela me deu um beijo e foi para a cozinha. Eu não queria uma moeda; queria outra coisa. Queria meu pai feliz de volta.

        Sentei no tapete e olhei para o desenho que tinha feito mais cedo. Peguei uma folha nova e escrevi bem devagar, para ficar bonito:

        "Querida fada do dente,

         Você pode me ajudar? Eu dou meu dente para você, se fizer o papai sorrir de novo. "

         Dobrei o papel com cuidado, fui para o meu quarto e escondi ele bem no fundo da minha mochila. Deitei na cama abraçando o travesseiro, pensando no meu papai e na Jojo. Meus olhos começaram a ficar molhados, mas eu apertei a boca bem forte e escondi o rosto no travesseiro, com medo de que alguém me visse chorando e brigasse comigo. Acabei adormecendo.

        Na manhã seguinte, eu e Jojo fomos visitar papai na empresa. Era um dia triste, porque era o seu último dia comigo. Enquanto esperávamos, papai apareceu vindo na nossa direção, acompanhado de alguém. Levantei rápido da poltrona para cumprimentá-los, mas, sem querer, meu bilhete escorregou e caiu no chão. Foi assim que ela entrou na minha vida.

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