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Celina - Capítulo 6

       — Celina.

       — Pois não, senhor. Precisa de alguma coisa? — continuei fingindo inocência.

      — A Joana não deixou a agenda de Sofia com você?

      — Deixou sim, senhor.

     — A culpa é de quem por esse atraso, então? Sofia não quis vir e eu devo castigá-la por ser desobediente ou foi a … que errou e atrasou as duas?

    Fiquei paralisada. Uma de nós duas estaria encrencada de qualquer forma. Respirei fundo e respondi:

    — Eu entendo sua frustração, senhor Gabriel. A culpa é minha, sim. Eu deveria ter supervisionado melhor e garantido que Sofia não se atrasasse. Vou me certificar de que isso não se repita. Porém, também é importante que Sofia entenda que a responsabilidade é compartilhada. Ela precisa aprender que, em alguns momentos, precisa tomar a iniciativa para evitar esse tipo de erro. Vamos usar isso como uma lição para todos nós — respondi sem acreditar em nada do que eu dizia, mas torcendo para fosse o que ele queria ouvir. Meu corpo relaxou quando ele disse:

     — Boa resposta.

     Mas se contraiu imediatamente quando ele completou:

      — Então, o que está me dizendo é que as duas devem ser punidas?

    Eu o encarei com uma fúria nos olhos. Acabei de falar tudo o que ele queria e agora ele vinha com essa ideia? Passar na entrevista foi fácil mas aguentá-lo todo dia não seria. Não acredito que ele pensava em punir uma de nós por causa de dois minutos de atraso. Me enchi de coragem e disse:

     — Não há necessidade de punição alguma, senhor.

     — Ações tem consequências. Compromisso é compromisso.

     Enrijeci meu corpo e falei sem pensar:

    — Então, o senhor deve ser punido por não ter vindo tomar café com Sofia como prometeu.

     Desculpe, Joana. Vou ser demitida na primeira hora do serviço.

     O homem ficou lívido e o olhar que ele me deu, me estremeceu dos pés à cabeça. Gabriel desviou o rosto por um momento, como se ponderasse, e então, com um tom controlado, afirmou:

      — Tive uma emergência no trabalho às seis horas da manhã, tive que ir até o escritório mas voltei assim que pude e agora estou aqui. E vou tomar café com Sofia assim que a aula de piano acabar.

    — Mas não será as oito horas como prometeu — retruquei com a voz parecendo um sussurro.

    Minha garganta estava seca, a minha perna tremia mas eu me forçava a continuar firme diante dele, que não esboçava nenhuma reação e aumentava ainda mais a intimidação agindo desse jeito. Mas eu continuei, usando um tom convicto:

    — Também acredito na disciplina e pontualidade, mas o senhor também não conseguiu cumprir o horário.

     Caramba! Não acredito que eu estava o enfrentando daquele jeito. Ele me fitou com o olhar enquanto eu tentava manter a compostura. Por fora, eu estava impassível, mas por dentro, tremia. Ele saiu em silêncio e se sentou no sofá, onde ficou observando a aula de piano. Ótimo, eu o venci no argumento, pensei. Agora ele iria esquecer aquela ideia de punição.

   Eu me acomodei na poltrona ao lado da dele, e ambos permanecemos em silêncio, assistindo à aula. Quando ela terminou, o professor se despediu e foi embora, deixando-nos a sós com Sofia.

     Eu não fazia ideia do que aconteceria depois da aula, mas nunca poderia imaginar que ele tomaria aquela atitude. Ele se levantou e comunicou:

    — Sofia, nós três nos atrasamos hoje. Vocês se atrasaram para a aula de piano e eu me atrasei para o nosso café. Eu prometi que estaria aqui às oito horas, mas não estava. E isso não é tolerável, então nós três seremos punidos.

     Meu queixo caiu no chão. Meu tiro saiu pela culatra.

     — Para ficar justo — continuou ele —, eu escolherei a punição da Celina, ela escolherá a sua e você escolherá a minha. A punição da Celina, será uma repreensão verbal que constará no meu sistema de pontos onde eu desconto da bonificação de natal que dou a meus subordinados todo ano.

     — Vai descontar do meu décimo terceiro salário? — perguntei, sabendo que isso era ilegal.

   — Não, a bonificação é um presente. É algo além das verbas contratuais. Por enquanto eu não descontarei nada. Apenas ficará registrado. Agora dê sua punição para Sofia.

    Esse homem é maluco.

   — Está bem. Dormirá hoje meia hora mais cedo, Sofia.

     A pobrezinha assentiu em silêncio.

     Não se preocupe, querida. Seu pai coração de pedra estará na empresa no seu horário de dormir, você não cumprirá castigo algum.

     Então vi o olho de Sofia ganhar vida e a expressão mudar de triste para curiosa. Parecia que ela tinha tido uma ideia fantástica. Mordendo o lábio, perguntou:

      — A punição do papai pode ser o que eu quiser? Qualquer coisa?

      — Bem… — Gabriel se apressou em explicar os termos, mas eu o interrompi porque queria muito saber o que Sofia tinha em mente. Então comecei um discurso que sabia que o encurralaria:

   — Certamente, Sofia. Pontualidade e compromisso são fundamentais para o bom funcionamento de tudo. Não podemos abrir mão disso, pois todos dependem do respeito a essas normas. Ninguém está acima das regras, certo, senhor Gabriel? Afinal, todos, sem exceção, devem cumpri-las para que tudo funcione de maneira justa e equilibrada.

      Na verdade, nem sabia ao certo o que estava dizendo, mas se ele pensava que poderia se impor sobre mim, agindo como se fosse o todo-poderoso, infalível, quando também se atrasou, estava enganado. Ele também seria punido. Eu só esperava que Sofia sugerisse pintarmos as unhas dele de vermelho, ou até mesmo pintar o cabelo de rosa. Imagina só um CEO com cabelo rosa! Eu adoraria ver isso. No entanto, a punição que ela escolheu foi algo inesperado.

       Ela apertou os olhinhos, respirou fundo e disse:

      — Sua punição, papai… será não voltar para o trabalho hoje.

     A mandíbula de Gabriel se contraiu mas o rosto dele não esboçou nenhuma emoção. Ele apenas afirmou com a voz calma e firme:

     — Não trabalhar? Sinto muito, Sofia. Isso é impossível.

    Me prontifiquei a intervir por Sofia e mesmo sabendo que eu estava testando os limites que me impediam de ser demitida como Joana, eu o desafiei:

    — Senhor Gabriel, que exemplo o senhor dará se não aceitar sua punição? Prometeu tomar café com a Sofia às oito horas.

    — Tudo bem, papai. A gente pode esquecer o nosso café, mas o senhor tem que cumprir a punição. Tem que ficar um dia sem trabalhar e...

     — E o que mais, Sofia? — perguntou ele, começando a ficar irritado.

     — Terá que passar esse dia comigo e a Celina. Um passeio onde eu quiser.

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