Eu não entendia muito bem tudo o que estava acontecendo. Por que de repente, várias pessoas começaram a tirar fotos da gente e agora papai tinha que se sentar em frente aquela mulher e dizer aquelas coisas da mamãe da Celina Também não entendia por que a mulher estava me perguntando como eu estava. Agora eu estava ótima.— Eu estou bem e você? — respondi sendo educada. Achei que era o que o papai ia querer.— Eu estou bem, obrigada por perguntar. Você mencionou uma carta para a fada do dente. Fez um pedido para ela.Olhei para a Celina. Estava nervosa. E se eu falasse algo errado? Mas Celina segurou minha mão e pelo olhar dela senti que não precisava ter medo. Ela falou com uma voz calma e suave: “pode responder as perguntas, querida.”Isso me deu confiança, procurei os olhos do papai e ele acenou com a cabeça afirmativamente. Eu senti que estava tudo bem, então relaxei.— Eu fiz, sim.— Por que não conta a história, vou amar saber — pediu a mulher que era muito bonita mas eu não tinha
— Como você vai descobrir quem é? A pergunta de Celina pairou no ar enquanto eu observava o bilhete mais uma vez. Mas não importava nesse momento. Estava feliz que tudo tinha acabado. — Papai, vamos poder sair de casa agora? — Em breve, querida. — Vamos pintar lá no atelier, Celina? Celina se abaixou para ficar na altura dos olhos dela: — Por que não vai na frente, meu amor? Eu vou em seguida. Sofia subiu as escadas saltitante, e eu fiquei observando Celina. Ela parecia pensativa, processando tudo. Mas então sua expressão suavizou quando eu a puxei para um longo beijo. Queria que ela soubesse que tudo daria certo. Eu estava ali, eu a protegeria, eu resolveria. — Acha que tudo vai dar certo? — ela me perguntou. — Vai sim. Pode ser que a empresa sofra algumas quedas, mas não vão fazer algo maravilhoso ser uma coisa nojenta. Confie em mim, sempre. A campainha tocou. Matheus passou pela porta ignorando Simone, entrou apressado, a respiração curta. — Senhor Gabriel, que entrevist
Finalmente, tudo se ajeitava. Não vou mentir, foi uma bomba na mídia. Mas o setor de relações públicas da empresa fez o trabalho. As ações oscilaram de novo, mas Gabriel disse que só havia um jeito de lidar com aquela situação: esperando e trabalhando. Fazendo o que eles faziam de melhor. Depois de um tempo, as ações começaram a estabilizar de novo. Como não surgiram novos escândalos e o programa que Gabriel e Sofia criaram tinha sido vendido para o Governo, a MD lucrou milhões e isso manteve Gabriel no posto de CEO da empresa. Mas devagar ele tentava diminuir o ritmo de trabalho e delegar funções. Foi bom que ele não tenha falado muito sobre Joana na entrevista, pois ela parecia feita para ocupar o cargo na MD. Ela estava radiante e se mostrava extremamente eficiente. Assim, Gabriel conseguia ficar mais tempo conosco já que ela cuidava de tudo. Com o passar do tempo, comecei a sentir que minha vida precisava de um novo propósito. Eu já sabia que meu lugar ao lado de Gabriel e de So
Fazia meses que eu não pisava naquela casa. Eu encontrava com Gabriel na empresa e falava com Celina em reuniões on line frequentemente. Mas eu nunca mais tinha voltado à mansão desde o dia em que Matheus foi desmascarado. Ele está preso. Acontece que chantagem é crime, chama extorsão.Mesmo sabendo que agora tudo era diferente, meu coração ainda acelerava ao atravessar os portões imponentes. Quando parti, deixei para trás uma Sofia frágil e um Gabriel frio e distante. Agora, voltava para encontrar algo completamente novo. A mansão parecia mais viva, como se, de alguma forma, as paredes antes tão rígidas e silenciosas tivessem finalmente aprendido a respirar. Flores novas decoravam a entrada, e até o ar ali parecia mais leve. Subi os degraus com um aperto no peito, mas antes que pudesse bater, a porta se abriu de repente. — Jojo!Um torpedo de cabelos castanhos e vestidinho azul se lançou contra mim. — Minha menina! — Senti Sofia se agarrar ao meu pescoço com tanta força que quase
Ouvi o som do carro estacionando na garagem e meu coração deu um pulo! Larguei minha boneca e saí correndo para a porta. Mas, desta vez, Jojo não estava ali para me dizer que eu não devia esperar um abraço.Dessa vez, eu sabia que ia ganhar um. Assim que a porta se abriu, vi meu papai. Ele ainda usava terno, mas a gravata já estava afrouxada, e ele segurava uma sacola na mão. Seu rosto cansado se iluminou ao me ver. — Sofia!— Papai!Corri para ele e, sem esperar, me joguei em seus braços. Senti seus braços me envolverem com força, e minha bochecha encostou no tecido frio de seu paletó. — Como foi seu dia, princesa? — ele perguntou, me soltando só o suficiente para olhar nos meus olhos. — Foi muito legal! Celina me ajudou na lição de casa, e eu fiz um desenho da nossa família. Olha! Peguei o papel que deixei na mesa e mostrei. Tinha eu, a mamãe Celina, o papai e até Jojo! Todos de mãos dadas. Ele olhou por um momento e sorriu, um sorriso de verdade, não daqueles apressados que e
Dois anos depoisA casa estava diferente, cheia de flores e sorrisos, como se todo o amor do mundo tivesse sido espalhado por cada cantinho. Hoje era um dia de festa, mas a casa estava silenciosa. Simone estava ao meu lado me lembrando que eu não deveria gritar quando papai e Celina entrassem pela porta. Mas será que eu ia conseguir? Eu estava tão animada, meu coração não parava de bater rápido.Papai e a Celina estavam mais felizes do que nunca, e eu também estava, claro. Eles me contaram que o meu irmãozinho estava a caminho, e hoje, finalmente ele chegou.Era tudo muito novo, mas também parecia tão certo. Eu me lembro de quando a Celina me disse que ia ter um bebê. Eu fiquei tão empolgada que quase não consegui entender direito o que ela estava falando. Como assim, um bebê? E agora, ali estava eu, esperando, com o coração cheio de expectativa, sentada no sofá da sala, olhando fixamente para a porta. Queria ver meu irmãozinho.Sempre quis ter um irmãozinho. Alguém com quem brincar…
Ouvi o som do carro estacionando na garagem e meu coração deu um pulo! Larguei o biscoito que estava comendo, minha boneca, a comidinha de massinha que fazia e saí correndo para a porta. Jojo me olhou com tristeza e falou: — Sofia, querida, lembra do que conversamos? Seu pai não gosta de abraços. Joana era minha babá, mas fingi que não escutei o aviso. Papai estava em casa! Fazia tanto tempo que eu esperava por ele. Fiquei na ponta dos pés para espiar pela janela. Quando a porta se abriu, meu peito quase explodiu de alegria. Queria correr e pular nos braços dele, mas tive medo que brigasse comigo. Então, fiquei ali, parada, quietinha, perto da porta. Talvez, se ele me visse, me desse um sorriso. Ele entrou, estava no celular, falando daquele jeito sério: — Preciso que o relatório esteja pronto amanhã cedo. Sem desculpas, entendeu? Depois, ele desligou o celular, e eu tentei chamá-lo: — Papai? Mas ele só fez um gesto com a mão, como se pedisse
— Pode entrar. — Com licença, senhor. Uma mulher alta e elegante entrou em minha sala com passos firmes, exalando discrição e compostura. Seu currículo, mandando pela melhor agência do país, estava em minhas mãos e informava que tinha vinte e oito anos, mas sua postura madura transmitia uma experiência que parecia ir além dessa idade. Os cabelos castanhos, presos de forma impecável, reforçavam sua imagem de profissionalismo, e seus olhos atentos, carregavam um ar sereno. Apesar de sua beleza natural, sua expressão mantinha-se séria e reservada, refletindo um autocontrole que inspirava confiança — exatamente o que eu procurava. Joana era uma boa funcionária, mas tinha um grande defeito: enchia a cabeça da minha filha com brincadeiras, filmes e outras distrações inúteis. Sofia não precisava disso. Ela precisava de disciplina, de estrutura, e não de fantasias. Por isso, decidi realocar Joana para outra família. Lá, ela se encaixaria melhor. Sofia preci