Havia relutado o máximo que consegui. Lutei contra mim mesmo até não aguentar mais e me apeguei ao fato de que poderia lidar muito bem com a paternidade solo e o luto por Abby.— Você precisa sair dessa casa um pouco, Ares — diz George certa vez pelo telefone, andava de um lado para o outro balançando gentilmente Charlotte.— Charlotte precisa de mim.— Charlotte está bem, Ares. Agora você... não acho a mesma coisa — diz com a voz firme. A presença de Charlotte em minha vida era algo tão significativo e especial que não conseguia me imaginar longe dela. Ela havia se tornado um pilar de força em meio a todas as dificuldades que estávamos enfrentamos com a doença de Abby. Cuidar dela preenchia um vazio que eu não sabia lidar ainda, e eu temia perder isso.Cada vez que pensava em perder Charlotte, uma onda de angústia e medo percorria meu corpo. Eu não queria que algo de ruim acontecesse com ela, e a ideia de enfrentar mais uma perda na minha vida
Com o coração acelerado, me apressava pelo corredor. Cada passo que dava era mais rápido que o anterior. Sabia que o tempo era crucial e precisava agir rapidamente para evitar qualquer desfecho desastroso.Lá, encontro meu irmão deitado na cama, ainda dormindo. Sua respiração tranquila contrastava com a urgência que eu sentia dentro de mim. Me aproximo dele com cuidado, tentando não acordá-lo bruscamente. Queria protegê-lo, mas também precisava agir com rapidez.Olhei para o relógio na parede e percebi que não havia tempo a perder. Senti uma mistura de preocupação e determinação encher meu peito. Com delicadeza, sacudi seu ombro suavemente, tentando acordá-lo sem assustá-lo.— Noah — sussurro, esperando que ele acordasse. Seus olhos se abriram lentamente, demonstrando confusão e sono. Mas assim que viu a expressão em meu rosto, sua sonolência deu lugar à preocupação.— Diana? — Ele pergunta, ainda sonolento, mas com um toque de alarme em sua voz.— Temos que sair daqui agora — re
Acordo com um leve movimento na cama, e imediatamente percebi que estava sozinho. A presença calorosa e reconfortante de Abby não estava ali, o que me deixou com uma sensação de vazio. Ainda meio sonolento, abri os olhos devagar e me deparei com a vista da varanda do quarto.A luz do dia começava a se filtrar pelas cortinas, revelando um cenário tranquilo lá fora. O sol lançava seus raios suaves, pintando o céu com tons de laranja e rosa, e o ar parecia estar repleto de promessas de um novo dia.Enquanto me sentava na cama, tomei um momento para sentir a brisa matinal tocando meu rosto, tentando absorver toda a serenidade que aquele instante oferecia. Mas, ao mesmo tempo, havia uma pequena inquietação dentro de mim, uma preocupação com a ausência de Abby. Ao me virar para olhar melhor a varanda, não pude acreditar no que vi. Abby estava lá, abraçada a si mesma, tentando se aquecer do frio da manhã. Senti uma mistura de alívio e preocupação ao vê-la naquele estado. Po
Com um empurrão, a porta de vidro range enquanto se abre, e o sino toca suavemente acima da minha cabeça, anunciando minha entrada. Adentrei a recepção, sentindo o ar abafado e percebendo que o local estava precisando de uma boa limpeza.A luz fraca filtrada pelas cortinas meio fechadas deixava a recepção com um ar sombrio e desgastado. O chão de azulejos parecia ter visto dias melhores, coberto por uma fina camada de poeira. O balcão de atendimento estava manchado e com algumas marcas de uso, mostrando que não recebia uma atenção adequada há algum tempo.Um balcão de madeira, também empoeirado, ocupava o centro da sala, repleta de papéis amontoados e documentos desorganizados. Algumas poltronas estofadas, já desgastadas pelo uso e pelo tempo, se alinhavam contra a parede, convidando os clientes a sentarem enquanto aguardavam atendimento.Atrás do balcão, havia um pequeno computador com uma tela envelhecida e uma impressora que parecia ser da época em que a recepção ainda estava em me
O telefone em cima da minha mesa toca e o atendo quase no mesmo instante.— Diana Singer está aqui, Sr. Luchese — Ouço a voz firme da secretária do outro lado da linha.— Pode mandar ela entrar — Coloco o telefone de volta no gancho. Ao chegar na empresa naquela manhã, senti o peso da responsabilidade sobre meus ombros. Prometer a Abby que resolveria os trâmites da barriga de aluguel era algo que deveria levar muito a sério, pois sabia o quão significativo era para nós construirmos nossa família. A ansiedade e a determinação caminhavam lado a lado enquanto me preparava para enfrentar o desafio burocrático que tinha pela frente.Iniciei o processo logo de manhã, buscando informações e contatos necessários para dar andamento à questão. Sabia que não seria uma tarefa fácil, mas estava disposto a fazer tudo o que estivesse ao meu alcance para tornar esse sonho realidade.Após algumas ligações e trocas de informações, finalmente consegui o número da pessoa certa, aquela que
Com o som ensurdecedor do aspirador de pó zumbindo em meus ouvidos, estava concentrada em concluir logo o meu trabalho. Mesmo tendo chegado algumas horas atrasada, eu estava determinada a compensar o tempo perdido e fazer um ótimo trabalho.Caminhava de um lado para o outro, movendo o aspirador com agilidade para garantir que cada canto do ambiente ficasse limpo e impecável. O barulho me incomodava, mas eu mantinha o foco na tarefa, sabendo que a eficiência era essencial para que eu pudesse terminar o mais rápido possível.Enquanto aspirava o carpete, observava o acúmulo de poeira e sujeira sendo sugado pela máquina. Cada passo que dava era uma pequena vitória, uma conquista rumo à conclusão da limpeza. Eu sabia que não podia relaxar até que tudo estivesse perfeitamente limpo e organizado.O tempo parecia voar enquanto trabalhava, e o som do aspirador de pó já se tornara uma espécie de fundo constante, quase hipnotizante. Mas eu não deixava que isso me distraísse. Cada segundo contav
Enquanto me aproximava de Abby, a observei pelo espelho do banheiro. O robe cintilante na cor gelo envolvia seu corpo de forma elegante e delicada, refletindo a pouca luz do ambiente. O brilho suave do tecido quase a fazia parecer etérea, como se estivesse envolta em um aura luminosa.Ela parecia perdida em seus próprios pensamentos, os olhos fixos no reflexo que o espelho lhe mostrava. Seus lábios se curvavam em um leve sorriso, talvez por se pegar distraída em algum pensamento agradável.Meu coração se encheu de amor ao vê-la ali, tão bela e serena. Sua pele translúcida, iluminada pelo brilho do robe, era como uma obra de arte. Tive vontade de abraçá-la e dizer o quanto a amava, o quanto ela era especial para mim, mas ao mesmo tempo, não queria interromper sua introspecção.Com passos lentos e suaves, me aproximei ainda mais, sem fazer barulho para não perturbar sua tranquilidade. Parei atrás dela, apreciando a imagem que o espelho refletia, um momento íntimo e único entre nós dois
— Diana! — diz Noah assim que passo pela porta do quarto do motel. Ao ver Noah correr em minha direção, um sorriso se formou em meus lábios. Ele me abraçou pela cintura com entusiasmo, e eu retribuí o gesto, sentindo uma onda de alívio e alegria por vê-lo bem e feliz. O quarto bagunçado e as embalagens vazias de alimentos indicavam que ele havia tido um dia normal e comum, como qualquer outra criança.— Ei, meu campeão! Como foi o seu dia? — perguntei, acariciando seus cabelos com carinho.Ele sorriu e disse empolgado:— Foi muito legal! Eu assisti a desenhos na TV, brinquei com os brinquedos que trouxemos e comi um montão dessas coisas gostosas!Aponta para as embalagens de comida espalhadas pelo quarto, e eu ri suavemente. Era bom saber que, apesar de todas as nossas dificuldades, Noah ainda podia se divertir e aproveitar as coisas simples da vida.— Fico feliz que você tenha se divertido, querido. — respondi, abraçando— o mais uma vez. — Mas agora é hora de arrum