Capítulo 5 - Diana

 Com o som ensurdecedor do aspirador de pó zumbindo em meus ouvidos, estava concentrada em concluir logo o meu trabalho. Mesmo tendo chegado algumas horas atrasada, eu estava determinada a compensar o tempo perdido e fazer um ótimo trabalho.

Caminhava de um lado para o outro, movendo o aspirador com agilidade para garantir que cada canto do ambiente ficasse limpo e impecável. O barulho me incomodava, mas eu mantinha o foco na tarefa, sabendo que a eficiência era essencial para que eu pudesse terminar o mais rápido possível.

Enquanto aspirava o carpete, observava o acúmulo de poeira e sujeira sendo sugado pela máquina. Cada passo que dava era uma pequena vitória, uma conquista rumo à conclusão da limpeza. Eu sabia que não podia relaxar até que tudo estivesse perfeitamente limpo e organizado.

O tempo parecia voar enquanto trabalhava, e o som do aspirador de pó já se tornara uma espécie de fundo constante, quase hipnotizante. Mas eu não deixava que isso me distraísse. Cada segundo contava, e eu queria entregar o local completamente limpo e impecável.

Com o término da limpeza se aproximando, sentia o cansaço se acumular, mas me recusava a desistir. Colocava esforço e dedicação em cada detalhe, tornando cada ambiente brilhante e livre de sujeira.

Finalmente, desliguei o aspirador de pó, e o silêncio pareceu quase estranho depois de tanto barulho. Olhei ao redor, satisfeita com o resultado do meu trabalho. O ambiente estava limpo e organizado, exatamente como deveria ser.

                  Assim que terminei de arrumar a sala, reuni todos os equipamentos e me preparei para deixar o ambiente. Absorvida em meus pensamentos, dei alguns passos para trás e, sem querer, esbarrei em alguém que estava atrás de mim. Meu coração disparou quando percebi o quase acidente com o balde que segurava.

Assustada, me virei rapidamente para pedir desculpas e me certificar de que a pessoa estava bem. Meus olhos encontraram um homem alto e com uma expressão surpresa no rosto. Ele segurava uma pilha de papéis, que também quase caíram com o impacto.

—  Oh, me desculpe! —  digo, tentando me recompor do susto e recuperar o controle do balde. —  Eu não te vi aí, sinto muito.

O homem sorriu de forma amigável e disse:

— Não se preocupe, não foi nada. Eu também não estava prestando muita atenção ao meu redor.

Relaxe, ele parecia tranquilo com a situação, e isso me acalmou um pouco. Ainda assim, senti uma onda de constrangimento e me desculpei novamente:

—  Mesmo assim, deveria ter sido mais cuidadosa. Desculpe por quase derrubar seus papéis.

Ele acenou com a mão, desvalorizando o ocorrido:

—  Não se preocupe, não aconteceu nada de grave. Apenas um pequeno acidente.

           Enquanto ele se afastava, não pude deixar de notar sua presença imponente e o porte físico que chamava a atenção. Era verdade que já tinha visto muitos homens bonitos e diversos tipos de personalidades durante meu trabalho como faxineira nos corredores da empresa. Alguns deles eram gentis e cordiais, fazendo questão de cumprimentar ou agradecer pelo serviço prestado. Outros, porém, pareciam ignorar minha presença, como se a faxineira fosse invisível e o lugar se limpasse por si só.

Essa discrepância no tratamento sempre me incomodava, mas não havia nada que eu pudesse fazer. Estavam acima de mim, o dinheiro deles, dizia isso. Na próxima sala, sabia que enfrentaria as mesmas tarefas que nas anteriores. Aspirar todo o chão, limpar os móveis e recolher todo o lixo espalhado pelo ambiente. Apesar da repetição das atividades, estava determinada a fazer o meu melhor, sabendo que cada detalhe importava para garantir meu emprego.

Comecei passando o aspirador de pó em cada canto da sala, movendo móveis quando necessário para alcançar os lugares de difícil acesso. O som do aspirador ecoava pelas paredes, mas eu permanecia concentrada, buscando cobrir cada centímetro do chão para remover toda a poeira e sujeira acumulada.

Foi em meio ao barulho do aspirador, que senti meu celular vibrando no  bolso do uniforme. Meu coração acelerou assim que vi o número na tela.

—  Alô.

—  Diana?

—  Isso —  murmuro apreensiva.

—  Conversamos mais cedo sobre um possível aumento —   Eu trabalhava para uma empresa de limpeza que oferecia serviços de limpeza para empresas como a Enterprises Oregon. E Dália geralmente não gostava da palavra aumento —  E no momento não será possível, ainda estamos avaliando seu desempenho. Espero que continue com um bom trabalho.

—  Certo —  Forço a palavra para fora da minha boca, segurando com força o aparelho —  Tenha um bom... —  Antes que terminasse a frase, ela desliga.

           Pedir uma aumento era a minha carta na manga, sem aquela carta, não havia outra opção. Eu precisava o mais rápido possível de dinheiro e de um lugar melhor para morar, não podíamos ficar o resto de nossas vidas morando em um quarto de motel barato e comendo o que tinha de mais prático nas prateleiras do mercado da esquina.

          Precisava dar mais do que isso para Noah.

          Estava afastando os papéis de cima da mesa, para poder limpá-la, quando alguns papéis me chamaram atenção. O primeiro era sobre barriga de aluguel e sinceramente, não me via gerando o filho de outra pessoa. O outro panfleto era sobre doadoras de óvulos, quem doava basicamente ganhava uma porcentagem e até onde sabia, tinha óvulos e não estava usando nenhum deles, muito menos tinha planos de usar.

        Aquele panfleto parecia ter caído do céu, se tornado uma opção.

         Digito rapidamente a sequência de números no panfleto no celular, não hesitando em ligar. O telefone chama três vezes, antes de uma voz feminina, quase mecânica, soar do outro lado dizendo o nome da clínica.

—  Como posso ajudar? —  finaliza.

—  Ah. Oi! —  digo com a voz um pouco trêmula —  Vi um panfleto de vocês sobre doação de óvulos.

—  Ah, sim.

—  Que tipo de pessoa pode doar?

—  Dentro das nossas condições: não ser menor de idade, é uma delas.

—  Não sou menor de idade —  digo abruptamente.

—  Ótimo. Poderia passar aqui na clínica? Se passar na avaliação, podemos fazer a retirada ainda essa semana.

          Ouvir aquelas palavras de fato, foi um bálsamo. Eu tinha uma pequena lista com três itens que não faria por dinheiro, mas vender algo que não estava utilizando e que seria descartado pelo meu corpo em breve, não me parecia ser algo ruim de se fazer.

—  Com certeza eu irei —  digo com a voz firme, determinada em dar um pouco de conforto para Noah.

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