Com o som ensurdecedor do aspirador de pó zumbindo em meus ouvidos, estava concentrada em concluir logo o meu trabalho. Mesmo tendo chegado algumas horas atrasada, eu estava determinada a compensar o tempo perdido e fazer um ótimo trabalho.
Caminhava de um lado para o outro, movendo o aspirador com agilidade para garantir que cada canto do ambiente ficasse limpo e impecável. O barulho me incomodava, mas eu mantinha o foco na tarefa, sabendo que a eficiência era essencial para que eu pudesse terminar o mais rápido possível.
Enquanto aspirava o carpete, observava o acúmulo de poeira e sujeira sendo sugado pela máquina. Cada passo que dava era uma pequena vitória, uma conquista rumo à conclusão da limpeza. Eu sabia que não podia relaxar até que tudo estivesse perfeitamente limpo e organizado.
O tempo parecia voar enquanto trabalhava, e o som do aspirador de pó já se tornara uma espécie de fundo constante, quase hipnotizante. Mas eu não deixava que isso me distraísse. Cada segundo contava, e eu queria entregar o local completamente limpo e impecável.
Com o término da limpeza se aproximando, sentia o cansaço se acumular, mas me recusava a desistir. Colocava esforço e dedicação em cada detalhe, tornando cada ambiente brilhante e livre de sujeira.
Finalmente, desliguei o aspirador de pó, e o silêncio pareceu quase estranho depois de tanto barulho. Olhei ao redor, satisfeita com o resultado do meu trabalho. O ambiente estava limpo e organizado, exatamente como deveria ser.
Assim que terminei de arrumar a sala, reuni todos os equipamentos e me preparei para deixar o ambiente. Absorvida em meus pensamentos, dei alguns passos para trás e, sem querer, esbarrei em alguém que estava atrás de mim. Meu coração disparou quando percebi o quase acidente com o balde que segurava.
Assustada, me virei rapidamente para pedir desculpas e me certificar de que a pessoa estava bem. Meus olhos encontraram um homem alto e com uma expressão surpresa no rosto. Ele segurava uma pilha de papéis, que também quase caíram com o impacto.
— Oh, me desculpe! — digo, tentando me recompor do susto e recuperar o controle do balde. — Eu não te vi aí, sinto muito.
O homem sorriu de forma amigável e disse:
— Não se preocupe, não foi nada. Eu também não estava prestando muita atenção ao meu redor.
Relaxe, ele parecia tranquilo com a situação, e isso me acalmou um pouco. Ainda assim, senti uma onda de constrangimento e me desculpei novamente:
— Mesmo assim, deveria ter sido mais cuidadosa. Desculpe por quase derrubar seus papéis.
Ele acenou com a mão, desvalorizando o ocorrido:
— Não se preocupe, não aconteceu nada de grave. Apenas um pequeno acidente.
Enquanto ele se afastava, não pude deixar de notar sua presença imponente e o porte físico que chamava a atenção. Era verdade que já tinha visto muitos homens bonitos e diversos tipos de personalidades durante meu trabalho como faxineira nos corredores da empresa. Alguns deles eram gentis e cordiais, fazendo questão de cumprimentar ou agradecer pelo serviço prestado. Outros, porém, pareciam ignorar minha presença, como se a faxineira fosse invisível e o lugar se limpasse por si só.
Essa discrepância no tratamento sempre me incomodava, mas não havia nada que eu pudesse fazer. Estavam acima de mim, o dinheiro deles, dizia isso. Na próxima sala, sabia que enfrentaria as mesmas tarefas que nas anteriores. Aspirar todo o chão, limpar os móveis e recolher todo o lixo espalhado pelo ambiente. Apesar da repetição das atividades, estava determinada a fazer o meu melhor, sabendo que cada detalhe importava para garantir meu emprego.
Comecei passando o aspirador de pó em cada canto da sala, movendo móveis quando necessário para alcançar os lugares de difícil acesso. O som do aspirador ecoava pelas paredes, mas eu permanecia concentrada, buscando cobrir cada centímetro do chão para remover toda a poeira e sujeira acumulada.
Foi em meio ao barulho do aspirador, que senti meu celular vibrando no bolso do uniforme. Meu coração acelerou assim que vi o número na tela.
— Alô.
— Diana?
— Isso — murmuro apreensiva.
— Conversamos mais cedo sobre um possível aumento — Eu trabalhava para uma empresa de limpeza que oferecia serviços de limpeza para empresas como a Enterprises Oregon. E Dália geralmente não gostava da palavra aumento — E no momento não será possível, ainda estamos avaliando seu desempenho. Espero que continue com um bom trabalho.
— Certo — Forço a palavra para fora da minha boca, segurando com força o aparelho — Tenha um bom... — Antes que terminasse a frase, ela desliga.
Pedir uma aumento era a minha carta na manga, sem aquela carta, não havia outra opção. Eu precisava o mais rápido possível de dinheiro e de um lugar melhor para morar, não podíamos ficar o resto de nossas vidas morando em um quarto de motel barato e comendo o que tinha de mais prático nas prateleiras do mercado da esquina.
Precisava dar mais do que isso para Noah.
Estava afastando os papéis de cima da mesa, para poder limpá-la, quando alguns papéis me chamaram atenção. O primeiro era sobre barriga de aluguel e sinceramente, não me via gerando o filho de outra pessoa. O outro panfleto era sobre doadoras de óvulos, quem doava basicamente ganhava uma porcentagem e até onde sabia, tinha óvulos e não estava usando nenhum deles, muito menos tinha planos de usar.
Aquele panfleto parecia ter caído do céu, se tornado uma opção.
Digito rapidamente a sequência de números no panfleto no celular, não hesitando em ligar. O telefone chama três vezes, antes de uma voz feminina, quase mecânica, soar do outro lado dizendo o nome da clínica.
— Como posso ajudar? — finaliza.
— Ah. Oi! — digo com a voz um pouco trêmula — Vi um panfleto de vocês sobre doação de óvulos.
— Ah, sim.
— Que tipo de pessoa pode doar?
— Dentro das nossas condições: não ser menor de idade, é uma delas.
— Não sou menor de idade — digo abruptamente.
— Ótimo. Poderia passar aqui na clínica? Se passar na avaliação, podemos fazer a retirada ainda essa semana.
Ouvir aquelas palavras de fato, foi um bálsamo. Eu tinha uma pequena lista com três itens que não faria por dinheiro, mas vender algo que não estava utilizando e que seria descartado pelo meu corpo em breve, não me parecia ser algo ruim de se fazer.
— Com certeza eu irei — digo com a voz firme, determinada em dar um pouco de conforto para Noah.
Enquanto me aproximava de Abby, a observei pelo espelho do banheiro. O robe cintilante na cor gelo envolvia seu corpo de forma elegante e delicada, refletindo a pouca luz do ambiente. O brilho suave do tecido quase a fazia parecer etérea, como se estivesse envolta em um aura luminosa.Ela parecia perdida em seus próprios pensamentos, os olhos fixos no reflexo que o espelho lhe mostrava. Seus lábios se curvavam em um leve sorriso, talvez por se pegar distraída em algum pensamento agradável.Meu coração se encheu de amor ao vê-la ali, tão bela e serena. Sua pele translúcida, iluminada pelo brilho do robe, era como uma obra de arte. Tive vontade de abraçá-la e dizer o quanto a amava, o quanto ela era especial para mim, mas ao mesmo tempo, não queria interromper sua introspecção.Com passos lentos e suaves, me aproximei ainda mais, sem fazer barulho para não perturbar sua tranquilidade. Parei atrás dela, apreciando a imagem que o espelho refletia, um momento íntimo e único entre nós dois
— Diana! — diz Noah assim que passo pela porta do quarto do motel. Ao ver Noah correr em minha direção, um sorriso se formou em meus lábios. Ele me abraçou pela cintura com entusiasmo, e eu retribuí o gesto, sentindo uma onda de alívio e alegria por vê-lo bem e feliz. O quarto bagunçado e as embalagens vazias de alimentos indicavam que ele havia tido um dia normal e comum, como qualquer outra criança.— Ei, meu campeão! Como foi o seu dia? — perguntei, acariciando seus cabelos com carinho.Ele sorriu e disse empolgado:— Foi muito legal! Eu assisti a desenhos na TV, brinquei com os brinquedos que trouxemos e comi um montão dessas coisas gostosas!Aponta para as embalagens de comida espalhadas pelo quarto, e eu ri suavemente. Era bom saber que, apesar de todas as nossas dificuldades, Noah ainda podia se divertir e aproveitar as coisas simples da vida.— Fico feliz que você tenha se divertido, querido. — respondi, abraçando— o mais uma vez. — Mas agora é hora de arrum
Naquela manhã, minha mente estava mergulhada nos pensamentos sobre a nossa barriga de aluguel, e a perspectiva de ter que participar de uma reunião não era nada animadora. Cada minuto gasto naquela sala de conferências parecia uma eternidade, e eu mal conseguia me concentrar nas discussões que ocorriam ao meu redor.Enquanto os outros falavam, minha mente vagueava para nossos planos e sonhos, para a expectativa de formarmos nossa família e finalmente realizarmos o desejo de sermos pais. Cada detalhe sobre a barriga de aluguel era como uma película que se desenrolava em minha mente, e eu me pegava pensando nas etapas que viriam pela frente. Estar em uma reunião quando o coração e a mente estão ocupados com pensamentos tão significativos pode ser desafiador. Eu queria estar ao lado de Abby e talvez até mesmo pesquisando mais sobre o processo de barriga de aluguel juntos.Os minutos se arrastavam, e tentava me manter presente e focado nas discussões, mas era uma tarefa árdua. Por dentr
Com o corpo ainda levemente trêmulo, sabia que o nervosismo persistia após a consulta na clínica de fertilização. A lembrança da sala branca e gélida, dos profissionais ao meu redor e das informações compartilhadas durante a consulta ecoavam em minha mente.— Você só precisa seguir essas recomendações e logo estará nova em folha — diz a atendente, me entregando um papel com tudo que deveria ser feito e o que não deveria ser feito.— Obrigada — digo baixo, que já sabendo que ficar no mood descanso não seria possível. Tinha que trabalhar.Eu me sentei em um banco próximo à clínica, respirando fundo e tentando acalmar os pensamentos que me invadiam. A decisão de vender meus óvulos, não deveria ser significativa e nem envolver inúmeras emoções.Enquanto seguia para o trabalho, ainda não conseguia me livrar do que havia acabado de acontecer, mas a necessidade havia falado mais alto e cumprir minhas responsabilidades era mais forte.Na empresa, troco minha roupa por um un
— Ares — diz Abby séria — Você pode ir. Eu estou bem! Após a alta do hospital, embora Abby estivesse feliz pela notícia da inseminação, minha preocupação com ela permanecia presente. Ver sua alegria não era suficiente para aliviar completamente a preocupação que sentia em relação à sua saúde. Ao voltarmos para casa, me mantive atento a qualquer sinal. Preparava sua comida preferida, garantia que ela descansasse o suficiente e a lembrava de tomar os medicamentos prescritos pelos médicos. Abby sabia da minha preocupação e apreciava o cuidado, mas também me lembrava que estava se sentindo melhor e que os médicos a tinham liberado para voltar às atividades normais.No entanto, a sensação de responsabilidade estava sempre presente. Eu não queria que ela tivesse uma recaída ou enfrentasse qualquer desconforto durante esse o tão importante de nossas vidas. Naquele dia, mesmo com uma parte de mim desejando ficar em casa para acompanhar e cuidar de Abby, percebi que e
Com um olhar atento, observo a atendente do motel contar lentamente as notas de dinheiro que havia acabado de entregar. Aquelas notas representavam a garantia de mais alguns dias em um lugar temporário, onde eu e Noah poderíamos ficar até encontrarmos uma opção mais adequada para nós.Enquanto ela contava, me mantive calma e paciente, sabendo que cada centavo contava. Cada noite naquele modesto quarto de motel era mais um passo em direção ao nosso objetivo de estabilidade e segurança.Após terminar a contagem, a atendente assenti, forçando um sorriso e me entrega um recibo.— Podemos comprar donuts? — Noah pergunta, assim que saímos da recepção do motel.— Está tentando comer açúcar antes do jantar? — Ele me olha por trás de seus óculos com atenção, sorrindo, quando finalmente aparece um sorriso em meu rosto — Que tal irmos no parque? Com o coração apertado, eu me esforçava para garantir que Noah sentisse que tudo estava bem, mesmo quando nosso mundo parecia desmorona
Entro bruscamente na clínica de fertilização, andando em passos largos até a recepcionista. Minha expressão denunciava a a urgência que me dominavam naquele momento. A recepcionista se apressa em colocar um sorriso no rosto, arrumando a postura.— Bem vindo à clínica...— Por favor, preciso de informações urgentes sobre um processo de fertilização in vitro — digo sem conseguir conter a urgência em minha voz, s interrompendo.A recepcionista, percebendo minha agitação, manteve a calma e tentou me acalmar.— Se me der algumas informações, posso checar no sistema para que eu possa te dar os detalhes sobre isso — diz com gentileza.Enquanto ela procurava, tentei controlar minha respiração, consciente de que estava agindo de forma impulsiva e ansiosa. No entanto, a necessidade de obter informações sobre o destino de nosso embrião e a identidade da nova barriga de aluguel eram avassaladoras. Ao perceber a mudança na expressão da recepcionista e o tom sério e
2 meses depois Sinto uma onda de mal estar e fraqueza me dominar enquanto me debruço sobre a privada, vomitando tudo o que tinha no estômago. O suor se acumula em meu rosto, e cada esforço para me levantar parece ser uma tarefa monumental. Meus pensamentos se tornam confusos e embalados pela sensação de náusea.Respiro fundo, tentando encontrar um pouco de alívio. Minhas mãos tremem enquanto seguro a borda da privada para me apoiar, e a sensação de fraqueza parece tomar conta de todo o meu corpo. A segunda onda de náusea me faz questionar se os donuts e café que ingeri naquela manhã podem estar me fazendo mal. A sensação de fraqueza persiste, e agora a preocupação aumenta.Será que meu café da manhã pode estar desencadeando esse mal estar?Respiro fundo e tento me acalmar, enquanto a sensação de náusea diminui lentamente. Fico alerta e atenta aos sinais do meu corpo. Talvez eu tenha exagerado no café da manhã ou talvez os alimentos não tenham me caído