Sinto um arrepio percorrer meu corpo ao me afastar de Diana, a respiração ofegante e a sensação de calor ainda me dominando. Observo ela com um misto de admiração e inquietação, tentando entender o que acabou de acontecer entre nós.— Desculpe.. — murmuro, ainda sem saber exatamente o que dizer. Minha mente está confusa, já não me reconhecia.Diana olha para mim, seus olhos brilhantes e expressão serena. Ela sorri levemente, como se compreendesse a intensidade do momento que acabamos de compartilhar. É como se houvesse uma conexão entre nós que vai além do racional.— Não precisa se desculpar, Ares — diz suavemente, seus olhos fixos nos meus. — Às vezes, as coisas simplesmente acontecem...Tento controlar a aceleração do meu coração e raciocinar claramente.— Nós... não podemos deixar isso acontecer novamente — digo, lutando para encontrar as palavras certas. Saio da cozinha rapidamente, subindo os degraus da escada o mais rápido que conseguia, me sentindo culpado po
— O quê?! Não! — Minha voz soa alta e estridente, a medida que olho para o médico obstetra que estava acompanhando a minha gestação e Ares — A bebê não pode nascer agora. Ainda falta um mês. Um mês!— O bebê não irá correr risco algum se nascer antes. Está saudável e dentro dos paramêtros — diz o médico calmamente, como se induzir partos de repente fosse normal. Em um dia estava pedindo que o tempo parasse um pouco, que pudesse permanecer mais um tempo grávida, sonhando em como é se tornar mãe e ter uma família e, no outro por mero capricho de Ares, para me manter longe dele e principalmente da família, queria que induzissem meu parto, que simplesmente arrancasse aquele bebê de mim. Olho para Ares um pouco distante, com as mãos dentro dos bolsos da calça e de cabeça baixa.— Ares — chamo, tentando atrair sua atenção, mas ele não me olha — Não faz isso — peço baixo.— Prometo que dentre algumas horas, estará livre de uma gestação e que logo seu cor
— Ela é perfeita — Abby sussurra com um sorriso, deixando que as lágrimas escorram livremente.Me aproximo, fixando meu olhar na nossa filha, suas mãos acariciam carinhosamente a pequenina. A sensação de que, de alguma forma, aquela era a nossa família, fazia com que tudo ao redor parecesse mais nítido e significativo.— Ela é a coisa mais linda que já vi — diz digo com a voz embargada. — E pensar que há pouco tempo nem imaginava que seria pai.Ela assenti comovida, compartilhando da mesma incredulidade que eu. Enquanto nossos olhos permanecem grudados na pequena criaturinha em nossos braços, eu sentia que aquele momento era a prova de que, mesmo diante de tudo que aconteceu, estávamos ali juntos, prontos para enfrentar o mundo como uma família. Abby olha para mim com um brilho nos olhos, e sei que ela também está sentindo toda a magnitude desse instante. Nossa filha está finalmente conosco, serenada pela doçura da voz de sua mãe, e é como se o mundo parasse por um mo
3 meses depois Minha vida não havia voltado a ser como era antes. Muito menos eu. Há três meses atrás, saí do hospital que havia tido a bebê com uma enfermeira e uma babá que havia sido contratada por Ares. Obviamente eu não queria mais nada que me lembrasse de Ares, então foi fácil dispensar as duas mas, um pouco complicado para devolver o cheque com o restante do dinheiro do “acordo”. Fui devolver pessoalmente na empresa, mas fui informada que Ares estava de licença por tempo indeterminado.— Por quê não podemos ficar com a bebê? — Noah me questiona certa vez, durante o banho.— Ela está com a família dela agora.— Mas ela estava na sua barriga! — Ainda era complicado explicar para uma criança de 8 anos tudo o que aconteceu e como aquela bebê não nos pertencia, o lugar dela não era conosco. Noah demorou para se adaptar a nosa antiga realidade, assim como eu. Em uma manhã, enquanto
Havia relutado o máximo que consegui. Lutei contra mim mesmo até não aguentar mais e me apeguei ao fato de que poderia lidar muito bem com a paternidade solo e o luto por Abby.— Você precisa sair dessa casa um pouco, Ares — diz George certa vez pelo telefone, andava de um lado para o outro balançando gentilmente Charlotte.— Charlotte precisa de mim.— Charlotte está bem, Ares. Agora você... não acho a mesma coisa — diz com a voz firme. A presença de Charlotte em minha vida era algo tão significativo e especial que não conseguia me imaginar longe dela. Ela havia se tornado um pilar de força em meio a todas as dificuldades que estávamos enfrentamos com a doença de Abby. Cuidar dela preenchia um vazio que eu não sabia lidar ainda, e eu temia perder isso.Cada vez que pensava em perder Charlotte, uma onda de angústia e medo percorria meu corpo. Eu não queria que algo de ruim acontecesse com ela, e a ideia de enfrentar mais uma perda na minha vida
Com o coração acelerado, me apressava pelo corredor. Cada passo que dava era mais rápido que o anterior. Sabia que o tempo era crucial e precisava agir rapidamente para evitar qualquer desfecho desastroso.Lá, encontro meu irmão deitado na cama, ainda dormindo. Sua respiração tranquila contrastava com a urgência que eu sentia dentro de mim. Me aproximo dele com cuidado, tentando não acordá-lo bruscamente. Queria protegê-lo, mas também precisava agir com rapidez.Olhei para o relógio na parede e percebi que não havia tempo a perder. Senti uma mistura de preocupação e determinação encher meu peito. Com delicadeza, sacudi seu ombro suavemente, tentando acordá-lo sem assustá-lo.— Noah — sussurro, esperando que ele acordasse. Seus olhos se abriram lentamente, demonstrando confusão e sono. Mas assim que viu a expressão em meu rosto, sua sonolência deu lugar à preocupação.— Diana? — Ele pergunta, ainda sonolento, mas com um toque de alarme em sua voz.— Temos que sair daqui agora — re
Acordo com um leve movimento na cama, e imediatamente percebi que estava sozinho. A presença calorosa e reconfortante de Abby não estava ali, o que me deixou com uma sensação de vazio. Ainda meio sonolento, abri os olhos devagar e me deparei com a vista da varanda do quarto.A luz do dia começava a se filtrar pelas cortinas, revelando um cenário tranquilo lá fora. O sol lançava seus raios suaves, pintando o céu com tons de laranja e rosa, e o ar parecia estar repleto de promessas de um novo dia.Enquanto me sentava na cama, tomei um momento para sentir a brisa matinal tocando meu rosto, tentando absorver toda a serenidade que aquele instante oferecia. Mas, ao mesmo tempo, havia uma pequena inquietação dentro de mim, uma preocupação com a ausência de Abby. Ao me virar para olhar melhor a varanda, não pude acreditar no que vi. Abby estava lá, abraçada a si mesma, tentando se aquecer do frio da manhã. Senti uma mistura de alívio e preocupação ao vê-la naquele estado. Po
Com um empurrão, a porta de vidro range enquanto se abre, e o sino toca suavemente acima da minha cabeça, anunciando minha entrada. Adentrei a recepção, sentindo o ar abafado e percebendo que o local estava precisando de uma boa limpeza.A luz fraca filtrada pelas cortinas meio fechadas deixava a recepção com um ar sombrio e desgastado. O chão de azulejos parecia ter visto dias melhores, coberto por uma fina camada de poeira. O balcão de atendimento estava manchado e com algumas marcas de uso, mostrando que não recebia uma atenção adequada há algum tempo.Um balcão de madeira, também empoeirado, ocupava o centro da sala, repleta de papéis amontoados e documentos desorganizados. Algumas poltronas estofadas, já desgastadas pelo uso e pelo tempo, se alinhavam contra a parede, convidando os clientes a sentarem enquanto aguardavam atendimento.Atrás do balcão, havia um pequeno computador com uma tela envelhecida e uma impressora que parecia ser da época em que a recepção ainda estava em me