Com o coração acelerado, me apressava pelo corredor. Cada passo que dava era mais rápido que o anterior. Sabia que o tempo era crucial e precisava agir rapidamente para evitar qualquer desfecho desastroso.
Lá, encontro meu irmão deitado na cama, ainda dormindo. Sua respiração tranquila contrastava com a urgência que eu sentia dentro de mim. Me aproximo dele com cuidado, tentando não acordá-lo bruscamente. Queria protegê-lo, mas também precisava agir com rapidez.
Olhei para o relógio na parede e percebi que não havia tempo a perder. Senti uma mistura de preocupação e determinação encher meu peito. Com delicadeza, sacudi seu ombro suavemente, tentando acordá-lo sem assustá-lo.
— Noah — sussurro, esperando que ele acordasse. Seus olhos se abriram lentamente, demonstrando confusão e sono. Mas assim que viu a expressão em meu rosto, sua sonolência deu lugar à preocupação.
— Diana? — Ele pergunta, ainda sonolento, mas com um toque de alarme em sua voz.
— Temos que sair daqui agora — respondi com urgência — Precisamos nos apressar.
Sem questionar, meu irmão pulou da cama, permitindo que a adrenalina tomasse conta de seu corpo também. Ele confiava em mim e sabia que se eu estava agindo dessa forma, era porque havia uma razão válida.
Me ajoelhando no chão, puxo a mochila com roupas que havia escondido ali, como plano alternartivo e aquele era meu plano alternativo.
Agarrei sua mão e corremos pelo corredor, descendo as escadas o mais rápido que pudemos. Cada passo era impulsionado pela nossa determinação de nos mantermos seguros.
Enquanto nos afastávamos da casa, podíamos ouvir as vozes altas e abafadas. Sabia que tínhamos escapado por pouco, mas também que ainda havia muito a ser feito para lidar com a situação que nos colocou em perigo.
Com o coração ainda acelerado, olho para trás uma última vez, vendo a casa que um dia chamamos de lar. Mas agora, estava cheia de incertezas e perigos ocultos.
— Para onde estamos indo? — Noah pergunta, enquanto mantemos o ritmo pela rua.
Um sorriso oscila em meu rosto, a medida que me esforço para não transparecer a nossa realidade.
— Você não vai acreditar na aventura que nós vamos ter hoje! Lembra dos nossos amigos imaginários? Eles nos chamaram para uma missão especial, e nós precisamos ir até eles o mais rápido possível!
Seus olhos sonolentos se iluminaram de empolgação enquanto ele me olhava com atenção.
— Uau, uma missão especial? Eu quero ir! — exclamou com entusiasmo.
Segurando sua mão com mais firmeza, respondi com uma voz cheia de animação:
— É isso aí! Eles nos esperam em um lugar muito legal, cheio de surpresas e brincadeiras incríveis. Mas temos que ser rápidos, porque eles estão ansiosos para nos ver!
Sentados no banco vazio, com Noah ao meu lado, percebi a calmaria da madrugada ao nosso redor. As ruas estavam desertas e o silêncio era quase ensurdecedor. Olho para Noah, preocupada com a situação em que nos encontrávamos.
— Está frio — Ele reclama, o que me faz fechar o seu casaco fino e passar o braço por cima do seu ombro e o puxar para perto do meu corpo — Apesar da minha inquietação, tentei manter uma expressão tranquila para não assustar Noah — Por que estamos aqui?
— Vamos para a missão, lembra?
Os olhos dele se fixam na rua em frente pensativos.
— E a mamãe?
— Ela vai depois — digo sem ao menos pensar, me mantendo abraçada a ele, esperando que pelo menos cochilasse. Ficaria de vigia por nós dois.
Sentada ali naquele ponto de ônibus, com a brisa suave acariciando meu rosto, me encontrava em um estado constante de alerta. A cidade ao meu redor parecia se mover em um ritmo lento, e eu estava determinada a proteger Noah, a qualquer custo. Seus olhos cansados finalmente se fecharam, e um suspiro de alívio escapou dos meus lábios, sabendo que pelo menos por um momento ele poderia descansar.
No entanto, esse alívio foi acompanhado por uma sensação de responsabilidade aumentada. Agora, era minha tarefa estar ainda mais vigilante, garantindo que nenhum perigo se aproximasse. Meus sentidos estavam em alerta máximo, captando cada som, cada movimento, como se o mundo ao meu redor estivesse prestes a desmoronar.
Meu coração batia forte em meu peito, e uma tensão constante percorria meu corpo. Não havia espaço para distrações, nem mesmo para os pensamentos que tentavam invadir minha mente.
Cada segundo parecia se arrastar, mas me recusava a deixar o cansaço me dominar. A responsabilidade de proteger Noah era maior do que qualquer fadiga que pudesse sentir. Eu era sua guardiã, sua protetora, e faria tudo o que estivesse ao meu alcance para garantir sua segurança.
À medida que o tempo passava, minha mente divagava sobre os perigos que poderiam nos rodear. Eu imaginava situações perigosas e criava planos de fuga em minha cabeça, caso algo inesperado acontecesse. Meu instinto de sobrevivência estava em pleno funcionamento, e estava determinada a enfrentar qualquer desafio que viesse em nosso caminho.
Eu sabia que o mundo poderia ser cruel e implacável, mas enquanto eu estivesse ali, nada nem ninguém tocaria em um fio de cabelo do meu irmão. Nós enfrentaríamos tudo juntos, e eu não permitiria que nada nos separasse.
Abraço meu irmão com mais força, deitando minha cabeça no topo da sua cabeça, em uma tentativa falha de fazer com que não sentisse frio. Xinguei em pensamento, diante de toda a raiva que estava sentindo naquele momento, minha mãe. Sempre soube que não era uma mãe normal, mas não se importar com os estados dos casacos de Noah, havia transbordado meu corpo de paciência, o inferno estava se aproximando e mais uma vez teria que ir em pontos de doações, para conseguir alguma coisa quente para ele.
Depois de algum tempo, o céu começou a criar outra tonalidade, mais pessoas começaram a transitar pelas calçadas e me senti alerta para pegar o primeiro ônibus que passaria por ali.
— Noah — chamo baixo, sacudindo levemente seu corpo. Ele semicerra os olhos e olha ao redor, antes de voltar o olhar para mim — O ônibus já está vindo — Forço um sorriso, fazendo um grande esforço para isso. Erguendo a cabeça, vejo ao longe um ônibus se aproximando, não me importo em saber qual era seu destino, só queria ir para o mais longe dali.
Segurando a mão de Noah, dou sinal para o ônibus, e lhe lanço mais uma vez um breve sorriso, querendo transparecer algo que estava além da nossa realidade: que estava tudo bem. Mesmo nós dois intimamente, tendo certeza que as coisas não iam bem há muito tempo.
Acordo com um leve movimento na cama, e imediatamente percebi que estava sozinho. A presença calorosa e reconfortante de Abby não estava ali, o que me deixou com uma sensação de vazio. Ainda meio sonolento, abri os olhos devagar e me deparei com a vista da varanda do quarto.A luz do dia começava a se filtrar pelas cortinas, revelando um cenário tranquilo lá fora. O sol lançava seus raios suaves, pintando o céu com tons de laranja e rosa, e o ar parecia estar repleto de promessas de um novo dia.Enquanto me sentava na cama, tomei um momento para sentir a brisa matinal tocando meu rosto, tentando absorver toda a serenidade que aquele instante oferecia. Mas, ao mesmo tempo, havia uma pequena inquietação dentro de mim, uma preocupação com a ausência de Abby. Ao me virar para olhar melhor a varanda, não pude acreditar no que vi. Abby estava lá, abraçada a si mesma, tentando se aquecer do frio da manhã. Senti uma mistura de alívio e preocupação ao vê-la naquele estado. Po
Com um empurrão, a porta de vidro range enquanto se abre, e o sino toca suavemente acima da minha cabeça, anunciando minha entrada. Adentrei a recepção, sentindo o ar abafado e percebendo que o local estava precisando de uma boa limpeza.A luz fraca filtrada pelas cortinas meio fechadas deixava a recepção com um ar sombrio e desgastado. O chão de azulejos parecia ter visto dias melhores, coberto por uma fina camada de poeira. O balcão de atendimento estava manchado e com algumas marcas de uso, mostrando que não recebia uma atenção adequada há algum tempo.Um balcão de madeira, também empoeirado, ocupava o centro da sala, repleta de papéis amontoados e documentos desorganizados. Algumas poltronas estofadas, já desgastadas pelo uso e pelo tempo, se alinhavam contra a parede, convidando os clientes a sentarem enquanto aguardavam atendimento.Atrás do balcão, havia um pequeno computador com uma tela envelhecida e uma impressora que parecia ser da época em que a recepção ainda estava em me
O telefone em cima da minha mesa toca e o atendo quase no mesmo instante.— Diana Singer está aqui, Sr. Luchese — Ouço a voz firme da secretária do outro lado da linha.— Pode mandar ela entrar — Coloco o telefone de volta no gancho. Ao chegar na empresa naquela manhã, senti o peso da responsabilidade sobre meus ombros. Prometer a Abby que resolveria os trâmites da barriga de aluguel era algo que deveria levar muito a sério, pois sabia o quão significativo era para nós construirmos nossa família. A ansiedade e a determinação caminhavam lado a lado enquanto me preparava para enfrentar o desafio burocrático que tinha pela frente.Iniciei o processo logo de manhã, buscando informações e contatos necessários para dar andamento à questão. Sabia que não seria uma tarefa fácil, mas estava disposto a fazer tudo o que estivesse ao meu alcance para tornar esse sonho realidade.Após algumas ligações e trocas de informações, finalmente consegui o número da pessoa certa, aquela que
Com o som ensurdecedor do aspirador de pó zumbindo em meus ouvidos, estava concentrada em concluir logo o meu trabalho. Mesmo tendo chegado algumas horas atrasada, eu estava determinada a compensar o tempo perdido e fazer um ótimo trabalho.Caminhava de um lado para o outro, movendo o aspirador com agilidade para garantir que cada canto do ambiente ficasse limpo e impecável. O barulho me incomodava, mas eu mantinha o foco na tarefa, sabendo que a eficiência era essencial para que eu pudesse terminar o mais rápido possível.Enquanto aspirava o carpete, observava o acúmulo de poeira e sujeira sendo sugado pela máquina. Cada passo que dava era uma pequena vitória, uma conquista rumo à conclusão da limpeza. Eu sabia que não podia relaxar até que tudo estivesse perfeitamente limpo e organizado.O tempo parecia voar enquanto trabalhava, e o som do aspirador de pó já se tornara uma espécie de fundo constante, quase hipnotizante. Mas eu não deixava que isso me distraísse. Cada segundo contav
Enquanto me aproximava de Abby, a observei pelo espelho do banheiro. O robe cintilante na cor gelo envolvia seu corpo de forma elegante e delicada, refletindo a pouca luz do ambiente. O brilho suave do tecido quase a fazia parecer etérea, como se estivesse envolta em um aura luminosa.Ela parecia perdida em seus próprios pensamentos, os olhos fixos no reflexo que o espelho lhe mostrava. Seus lábios se curvavam em um leve sorriso, talvez por se pegar distraída em algum pensamento agradável.Meu coração se encheu de amor ao vê-la ali, tão bela e serena. Sua pele translúcida, iluminada pelo brilho do robe, era como uma obra de arte. Tive vontade de abraçá-la e dizer o quanto a amava, o quanto ela era especial para mim, mas ao mesmo tempo, não queria interromper sua introspecção.Com passos lentos e suaves, me aproximei ainda mais, sem fazer barulho para não perturbar sua tranquilidade. Parei atrás dela, apreciando a imagem que o espelho refletia, um momento íntimo e único entre nós dois
— Diana! — diz Noah assim que passo pela porta do quarto do motel. Ao ver Noah correr em minha direção, um sorriso se formou em meus lábios. Ele me abraçou pela cintura com entusiasmo, e eu retribuí o gesto, sentindo uma onda de alívio e alegria por vê-lo bem e feliz. O quarto bagunçado e as embalagens vazias de alimentos indicavam que ele havia tido um dia normal e comum, como qualquer outra criança.— Ei, meu campeão! Como foi o seu dia? — perguntei, acariciando seus cabelos com carinho.Ele sorriu e disse empolgado:— Foi muito legal! Eu assisti a desenhos na TV, brinquei com os brinquedos que trouxemos e comi um montão dessas coisas gostosas!Aponta para as embalagens de comida espalhadas pelo quarto, e eu ri suavemente. Era bom saber que, apesar de todas as nossas dificuldades, Noah ainda podia se divertir e aproveitar as coisas simples da vida.— Fico feliz que você tenha se divertido, querido. — respondi, abraçando— o mais uma vez. — Mas agora é hora de arrum
Naquela manhã, minha mente estava mergulhada nos pensamentos sobre a nossa barriga de aluguel, e a perspectiva de ter que participar de uma reunião não era nada animadora. Cada minuto gasto naquela sala de conferências parecia uma eternidade, e eu mal conseguia me concentrar nas discussões que ocorriam ao meu redor.Enquanto os outros falavam, minha mente vagueava para nossos planos e sonhos, para a expectativa de formarmos nossa família e finalmente realizarmos o desejo de sermos pais. Cada detalhe sobre a barriga de aluguel era como uma película que se desenrolava em minha mente, e eu me pegava pensando nas etapas que viriam pela frente. Estar em uma reunião quando o coração e a mente estão ocupados com pensamentos tão significativos pode ser desafiador. Eu queria estar ao lado de Abby e talvez até mesmo pesquisando mais sobre o processo de barriga de aluguel juntos.Os minutos se arrastavam, e tentava me manter presente e focado nas discussões, mas era uma tarefa árdua. Por dentr
Com o corpo ainda levemente trêmulo, sabia que o nervosismo persistia após a consulta na clínica de fertilização. A lembrança da sala branca e gélida, dos profissionais ao meu redor e das informações compartilhadas durante a consulta ecoavam em minha mente.— Você só precisa seguir essas recomendações e logo estará nova em folha — diz a atendente, me entregando um papel com tudo que deveria ser feito e o que não deveria ser feito.— Obrigada — digo baixo, que já sabendo que ficar no mood descanso não seria possível. Tinha que trabalhar.Eu me sentei em um banco próximo à clínica, respirando fundo e tentando acalmar os pensamentos que me invadiam. A decisão de vender meus óvulos, não deveria ser significativa e nem envolver inúmeras emoções.Enquanto seguia para o trabalho, ainda não conseguia me livrar do que havia acabado de acontecer, mas a necessidade havia falado mais alto e cumprir minhas responsabilidades era mais forte.Na empresa, troco minha roupa por um un