Um Recomeço para o Papai
Um Recomeço para o Papai
Por: J. C. Rodrigues Alves
Capítulo 1 - Diana

Com o coração acelerado, me apressava pelo corredor. Cada passo que dava era mais rápido que o anterior. Sabia que o tempo era crucial e precisava agir rapidamente para evitar qualquer desfecho desastroso.

Lá, encontro meu irmão deitado na cama, ainda dormindo. Sua respiração tranquila contrastava com a urgência que eu sentia dentro de mim. Me aproximo dele com cuidado, tentando não acordá-lo bruscamente. Queria protegê-lo, mas também precisava agir com rapidez.

Olhei para o relógio na parede e percebi que não havia tempo a perder. Senti uma mistura de preocupação e determinação encher meu peito. Com delicadeza, sacudi seu ombro suavemente, tentando acordá-lo sem assustá-lo.

—  Noah —  sussurro, esperando que ele acordasse. Seus olhos se abriram lentamente, demonstrando confusão e sono. Mas assim que viu a expressão em meu rosto, sua sonolência deu lugar à preocupação.

—  Diana? — Ele pergunta, ainda sonolento, mas com um toque de alarme em sua voz.

—  Temos que sair daqui agora —  respondi com urgência — Precisamos nos apressar.

Sem questionar, meu irmão pulou da cama, permitindo que a adrenalina tomasse conta de seu corpo também. Ele confiava em mim e sabia que se eu estava agindo dessa forma, era porque havia uma razão válida.

 Me ajoelhando no chão, puxo a mochila com roupas que havia escondido ali, como plano alternartivo e aquele era meu plano alternativo.

Agarrei sua mão e corremos pelo corredor, descendo as escadas o mais rápido que pudemos. Cada passo era impulsionado pela nossa determinação de nos mantermos seguros.

Enquanto nos afastávamos da casa, podíamos ouvir as vozes altas e abafadas. Sabia que tínhamos escapado por pouco, mas também que ainda havia muito a ser feito para lidar com a situação que nos colocou em perigo.

Com o coração ainda acelerado, olho para trás uma última vez, vendo a casa que um dia chamamos de lar. Mas agora, estava cheia de incertezas e perigos ocultos.

—  Para onde estamos indo? —  Noah pergunta, enquanto mantemos o ritmo pela rua.

            Um sorriso oscila em meu rosto, a medida que me esforço para não transparecer a nossa realidade.

—  Você não vai acreditar na aventura que nós vamos ter hoje! Lembra dos nossos amigos imaginários? Eles nos chamaram para uma missão especial, e nós precisamos ir até eles o mais rápido possível!

Seus olhos sonolentos se iluminaram de empolgação enquanto ele me olhava com atenção.

—  Uau, uma missão especial? Eu quero ir! —  exclamou com entusiasmo.

Segurando sua mão com mais firmeza, respondi com uma voz cheia de animação:

—  É isso aí! Eles nos esperam em um lugar muito legal, cheio de surpresas e brincadeiras incríveis. Mas temos que ser rápidos, porque eles estão ansiosos para nos ver!

                Sentados no banco vazio, com Noah ao meu lado, percebi a calmaria da madrugada ao nosso redor. As ruas estavam desertas e o silêncio era quase ensurdecedor. Olho para Noah, preocupada com a situação em que nos encontrávamos.

—  Está frio —  Ele reclama, o que me faz fechar o seu casaco fino e passar o braço por cima do seu ombro e o puxar para perto do meu corpo —  Apesar da minha inquietação, tentei manter uma expressão tranquila para não assustar Noah —  Por que estamos aqui?

—  Vamos para a missão, lembra?

                Os olhos dele se fixam na rua em frente pensativos.

—  E a mamãe?

—  Ela vai depois —  digo sem ao menos pensar, me mantendo abraçada a ele, esperando que pelo menos cochilasse. Ficaria de vigia por nós dois.

                Sentada ali naquele ponto de ônibus, com a brisa suave acariciando meu rosto, me encontrava em um estado constante de alerta. A cidade ao meu redor parecia se mover em um ritmo lento, e eu estava determinada a proteger Noah, a qualquer custo. Seus olhos cansados finalmente se fecharam, e um suspiro de alívio escapou dos meus lábios, sabendo que pelo menos por um momento ele poderia descansar.

No entanto, esse alívio foi acompanhado por uma sensação de responsabilidade aumentada. Agora, era minha tarefa estar ainda mais vigilante, garantindo que nenhum perigo se aproximasse. Meus sentidos estavam em alerta máximo, captando cada som, cada movimento, como se o mundo ao meu redor estivesse prestes a desmoronar.

 Meu coração batia forte em meu peito, e uma tensão constante percorria meu corpo. Não havia espaço para distrações, nem mesmo para os pensamentos que tentavam invadir minha mente.

Cada segundo parecia se arrastar, mas me recusava a deixar o cansaço me dominar. A responsabilidade de proteger Noah era maior do que qualquer fadiga que pudesse sentir. Eu era sua guardiã, sua protetora, e faria tudo o que estivesse ao meu alcance para garantir sua segurança.

À medida que o tempo passava, minha mente divagava sobre os perigos que poderiam nos rodear. Eu imaginava situações perigosas e criava planos de fuga em minha cabeça, caso algo inesperado acontecesse. Meu instinto de sobrevivência estava em pleno funcionamento, e estava determinada a enfrentar qualquer desafio que viesse em nosso caminho.

Eu sabia que o mundo  poderia ser cruel e implacável, mas enquanto eu estivesse ali, nada nem ninguém tocaria em um fio de cabelo do meu irmão. Nós enfrentaríamos tudo juntos, e eu não permitiria que nada nos separasse.

 Abraço meu irmão com mais força, deitando minha cabeça no topo da sua cabeça, em uma tentativa falha de fazer com que não sentisse frio. Xinguei em pensamento, diante de toda a raiva que estava sentindo naquele momento, minha mãe. Sempre soube que não era uma mãe normal, mas não se importar com os estados dos casacos de Noah, havia transbordado meu corpo de paciência, o inferno estava se aproximando e mais uma vez teria que ir em pontos de doações, para conseguir alguma coisa quente para ele.

Depois de algum tempo, o céu começou a criar outra tonalidade, mais pessoas começaram a transitar pelas calçadas e me senti alerta para pegar o primeiro ônibus que passaria por ali.

—  Noah —  chamo baixo, sacudindo levemente seu corpo. Ele semicerra os olhos e olha ao redor, antes de voltar o olhar para mim —  O ônibus já está vindo —  Forço um sorriso, fazendo um grande esforço para isso. Erguendo a cabeça, vejo ao longe um ônibus se aproximando, não me importo em saber qual era seu destino, só queria ir para o mais longe dali.

                Segurando a mão de Noah, dou sinal para o ônibus, e lhe lanço mais uma vez um breve sorriso, querendo transparecer algo que estava além da nossa realidade: que estava tudo bem. Mesmo nós dois intimamente, tendo certeza que as coisas não iam bem há muito tempo.

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