Com o corpo ainda levemente trêmulo, sabia que o nervosismo persistia após a consulta na clínica de fertilização. A lembrança da sala branca e gélida, dos profissionais ao meu redor e das informações compartilhadas durante a consulta ecoavam em minha mente.— Você só precisa seguir essas recomendações e logo estará nova em folha — diz a atendente, me entregando um papel com tudo que deveria ser feito e o que não deveria ser feito.— Obrigada — digo baixo, que já sabendo que ficar no mood descanso não seria possível. Tinha que trabalhar.Eu me sentei em um banco próximo à clínica, respirando fundo e tentando acalmar os pensamentos que me invadiam. A decisão de vender meus óvulos, não deveria ser significativa e nem envolver inúmeras emoções.Enquanto seguia para o trabalho, ainda não conseguia me livrar do que havia acabado de acontecer, mas a necessidade havia falado mais alto e cumprir minhas responsabilidades era mais forte.Na empresa, troco minha roupa por um un
— Ares — diz Abby séria — Você pode ir. Eu estou bem! Após a alta do hospital, embora Abby estivesse feliz pela notícia da inseminação, minha preocupação com ela permanecia presente. Ver sua alegria não era suficiente para aliviar completamente a preocupação que sentia em relação à sua saúde. Ao voltarmos para casa, me mantive atento a qualquer sinal. Preparava sua comida preferida, garantia que ela descansasse o suficiente e a lembrava de tomar os medicamentos prescritos pelos médicos. Abby sabia da minha preocupação e apreciava o cuidado, mas também me lembrava que estava se sentindo melhor e que os médicos a tinham liberado para voltar às atividades normais.No entanto, a sensação de responsabilidade estava sempre presente. Eu não queria que ela tivesse uma recaída ou enfrentasse qualquer desconforto durante esse o tão importante de nossas vidas. Naquele dia, mesmo com uma parte de mim desejando ficar em casa para acompanhar e cuidar de Abby, percebi que e
Com um olhar atento, observo a atendente do motel contar lentamente as notas de dinheiro que havia acabado de entregar. Aquelas notas representavam a garantia de mais alguns dias em um lugar temporário, onde eu e Noah poderíamos ficar até encontrarmos uma opção mais adequada para nós.Enquanto ela contava, me mantive calma e paciente, sabendo que cada centavo contava. Cada noite naquele modesto quarto de motel era mais um passo em direção ao nosso objetivo de estabilidade e segurança.Após terminar a contagem, a atendente assenti, forçando um sorriso e me entrega um recibo.— Podemos comprar donuts? — Noah pergunta, assim que saímos da recepção do motel.— Está tentando comer açúcar antes do jantar? — Ele me olha por trás de seus óculos com atenção, sorrindo, quando finalmente aparece um sorriso em meu rosto — Que tal irmos no parque? Com o coração apertado, eu me esforçava para garantir que Noah sentisse que tudo estava bem, mesmo quando nosso mundo parecia desmorona
Entro bruscamente na clínica de fertilização, andando em passos largos até a recepcionista. Minha expressão denunciava a a urgência que me dominavam naquele momento. A recepcionista se apressa em colocar um sorriso no rosto, arrumando a postura.— Bem vindo à clínica...— Por favor, preciso de informações urgentes sobre um processo de fertilização in vitro — digo sem conseguir conter a urgência em minha voz, s interrompendo.A recepcionista, percebendo minha agitação, manteve a calma e tentou me acalmar.— Se me der algumas informações, posso checar no sistema para que eu possa te dar os detalhes sobre isso — diz com gentileza.Enquanto ela procurava, tentei controlar minha respiração, consciente de que estava agindo de forma impulsiva e ansiosa. No entanto, a necessidade de obter informações sobre o destino de nosso embrião e a identidade da nova barriga de aluguel eram avassaladoras. Ao perceber a mudança na expressão da recepcionista e o tom sério e
2 meses depois Sinto uma onda de mal estar e fraqueza me dominar enquanto me debruço sobre a privada, vomitando tudo o que tinha no estômago. O suor se acumula em meu rosto, e cada esforço para me levantar parece ser uma tarefa monumental. Meus pensamentos se tornam confusos e embalados pela sensação de náusea.Respiro fundo, tentando encontrar um pouco de alívio. Minhas mãos tremem enquanto seguro a borda da privada para me apoiar, e a sensação de fraqueza parece tomar conta de todo o meu corpo. A segunda onda de náusea me faz questionar se os donuts e café que ingeri naquela manhã podem estar me fazendo mal. A sensação de fraqueza persiste, e agora a preocupação aumenta.Será que meu café da manhã pode estar desencadeando esse mal estar?Respiro fundo e tento me acalmar, enquanto a sensação de náusea diminui lentamente. Fico alerta e atenta aos sinais do meu corpo. Talvez eu tenha exagerado no café da manhã ou talvez os alimentos não tenham me caído
Com o passar dos dias, o peso emocional do último mês se tornou cada vez mais difícil de carregar. Tentei ao máximo ser forte e esperançoso quando estava com Abby, mas, quando ficava sozinho, todas as emoções represadas emergiam como um tsunami, desmoronando minha fortaleza emocional.A angústia e a incerteza me assombravam durante a noite, fazendo com que o sono fosse uma busca constante e raramente alcançado. Minha mente ficava repleta de pensamentos ansiosos e perguntas sem respostas. O futuro se tornava um horizonte nebuloso e temia que nossos sonhos de formar uma família nunca se concretizassem.Encontrar momentos de alívio parecia quase impossível. No entanto, na presença de Abby, me esforçava para sorrir e transmitir esperança. Queria ser a força que ela precisava, mas também sabia que, em algum momento, precisaria admitir minha fragilidade e compartilhar minhas angústias com ela.Finalmente, um dia, não consegui mais esconder o que estava sentindo. Quando Abby me encontrou em
Ao chegar na clínica, meu coração parecia prestes a sair da boca. A sensação de frio na barriga e o medo inexplicável me envolviam.Respirei fundo, tentando acalmar meus nervos, mas a ansiedade continuava presente. Cada passo em direção à recepção da clínica parecia lento e pesado, como se eu estivesse caminhando em um território desconhecido e repleto de incertezas.— Olá! — diz a recepcionista sorrindo — Como posso ajudar? Meus olhos estavam vidrados no vazio.— Eu estou grávida — digo engolindo em seco, sem acreditar nas minhas próprias palavras.— Ah, que maravilha! — Um largo sorriso surge no rosto dela, que some aos poucos ao me olhar com atenção — Mas, se está procurando uma solução para um possível problema... — Pisco algumas vezes, sentindo as lágrimas molharem meu rosto. Estava assustada. Com medo. Talvez em pânico e... não sabia o que fazer. Fungo, tentando lutar com as lágrimas, sendo em vão.— Eu... fiz um procedimento aq
Com um copo de bebida na mão, sentia o líquido queimar minha garganta enquanto descia. O sabor amargo contrastava com o vazio que sentia no estômago. Não tinha muito apetite, mal conseguia tocar na comida à minha frente. Enquanto George falava, eu apenas assentia com a cabeça, tentando parecer presente, mas minha mente estava perdida em pensamentos e preocupações.Enquanto tentava acompanhar a conversa, minhas preocupações com um possível bebê que estava sendo gerado por uma desconhecida ainda pairavam sobre mim. Era difícil deixar de pensar nas incertezas e medos que nos rodeavam. A cada gole da bebida, buscava um pouco de conforto temporário, mas sabia que não era a solução para os meus sentimentos.Eu me sentia exausto emocionalmente, como se estivesse carregando um fardo muito pesado. Tentava esconder minhas preocupações de George, pois ele já havia sido uma fonte valiosa de apoio e não queria sobrecarregá-lo ainda mais.Enquanto a conversa fluía, minha mente vagava para a clínica