Um Herdeiro Surpresa para o Bilionário
Um Herdeiro Surpresa para o Bilionário
Por: Kayla Sango
PRÓLOGO

Eu tinha vinte anos e estava lutando para me manter na faculdade de medicina. Cada mês era uma batalha para pagar a mensalidade e manter um teto sobre minha cabeça. Eu sempre soube que seria difícil, mas não imaginava que a pressão seria tão esmagadora.

Foi então que Jonas, meu amigo da faculdade, mencionou uma forma de ganhar dinheiro rápido. “Alice, você já pensou em doar seus óvulos? Tem um estudo que paga muito bem por isso. Pode ser a solução que você está procurando”, ele sugeriu casualmente enquanto estudávamos na biblioteca.

Eu não conseguia tirar a ideia da cabeça. A cada dia que passava, as contas se acumulavam e eu precisava de uma solução. A decisão não foi fácil, mas finalmente marquei uma consulta na clínica de fertilidade. O dinheiro que receberia pela doação me permitiria pagar as contas atrasadas e garantir alguns meses de tranquilidade financeira.

Na manhã da consulta, sentei-me na sala de espera da clínica, segurando uma prancheta com o formulário de doação. Minhas mãos tremiam levemente enquanto preenchia meus dados. Nome: Alice Bianchi. Idade: 20 anos. Cabelos: ruivos. Olhos: castanhos. Motivo da doação: necessidade financeira desesperada. Mas eu não podia escrever isso.

A sala era impecável, com paredes brancas e cadeiras confortáveis. O silêncio era interrompido apenas pelo som ocasional de passos e o murmúrio baixo das recepcionistas. Enquanto escrevia, não pude deixar de refletir sobre como cheguei até ali. Meus pais sempre disseram que eu precisaria lutar por tudo na vida, e agora, aqui estava eu, vendendo uma parte de mim para sobreviver.

De repente, o silêncio foi rompido por risadas altas e vozes barulhentas. Três jovens entraram na sala de espera, conversando animadamente sobre algo que parecia muito engraçado para eles. Eu tentei me concentrar no formulário, mas era impossível ignorá-los.

— Cara, não acredito que você realmente vai fazer isso! — disse um dos rapazes, rindo.

— É uma aposta, não posso voltar atrás agora — respondeu outro, com um tom desafiador.

Levantei os olhos e vi os três se acomodarem nas cadeiras ao lado, ainda rindo e falando alto. Um deles, um jovem de cabelos escuros e olhos azuis penetrantes, parecia liderar o grupo. Ele se virou e nossos olhares se encontraram por um breve momento. Senti meu rosto esquentar e voltei a olhar para o formulário, tentando ignorar a presença deles.

Mas a conversa continuava, e eu não consegui mais me segurar.

— Vocês poderiam, por favor, fazer menos barulho? Este é um lugar de silêncio — falei, minha voz carregada de irritação.

O líder do grupo, o rapaz de olhos penetrantes, se virou para mim com um sorriso malicioso.

— Desculpe, senhorita. Não queríamos incomodar — disse ele, com uma voz que pingava sarcasmo. — Mas, já que estamos aqui, qual é o seu nome? Talvez possamos tornar esta espera um pouco mais interessante.

Senti meu rosto corar.

— Isso não é da sua conta. Só quero que respeitem o ambiente — retruquei, tentando manter a calma.

Ele se levantou e caminhou até minha cadeira, sentando-se ao meu lado e inclinando-se um pouco mais perto do que o necessário.

— Não precisa ser tão séria. Sabe, uma garota bonita como você não deveria estar sozinha em um lugar como este — disse ele, com um sorriso que certamente fazia outras meninas suspirarem. — Eu sou Bernardo, a propósito. E você é...?

— Alice — respondi, sem pensar. Imediatamente me arrependi de ter dado meu nome.

— Alice. Bonito nome. Então, o que uma garota como você está fazendo em um lugar como este? — perguntou, ignorando completamente minha expressão de desconforto.

— Isso não é da sua conta — repeti, desta vez com mais firmeza. Tentei me concentrar novamente no formulário, mas Bernardo não parecia disposto a me deixar em paz.

— Ah, qual é, Alice? Não precisa ser tão tímida. Estamos todos aqui um tanto entediados por essa espera, não é? — disse ele, lançando um olhar significativo para os amigos, que riram em resposta.

— Estou aqui para doar meus óvulos. Preciso do dinheiro para continuar meus estudos — disse, esperando que a honestidade o fizesse recuar.

Mas Bernardo apenas ergueu uma sobrancelha.

 — Ah, então você é uma dessas garotas inteligentes. Admiro isso — ele disse, ainda com aquele sorriso irritante. — Eu estou aqui por uma aposta idiota que fiz com meus amigos. Nunca pensei que realmente faria isso, mas aqui estou. Talvez você possa me dar uma mãozinha. O que acha?

Eu o olhei, incrédula. Ele estava mesmo dando uma cantada baixa daquelas?

— Não estou interessada em suas apostas idiotas ou em qualquer coisa que você tenha a oferecer. Só quero preencher meu formulário em paz.

Ele inclinou-se para trás, levantando as mãos em um gesto de rendição.

— Tudo bem, Alice. Só estou tentando ser amigável. Boa sorte com seus estudos — disse ele, voltando para os amigos, que ainda riam da situação. — Você já ajudou de qualquer forma, não vai sair da minha cabeça.

— Babaca!

Eu voltei ao formulário, tentando ignorar o desconforto que Bernardo havia provocado. Ele era exatamente o tipo de pessoa que eu não queria perto de mim: arrogante, convencido e incapaz de levar as coisas a sério. No entanto, algo em seus olhos me dizia que havia mais ali do que ele deixava transparecer.

Minutos depois, uma enfermeira chamou meu nome. Levantei-me, ainda sentindo o olhar de Bernardo em mim. Caminhei até a sala de consulta, determinada a seguir com a doação e conseguir o dinheiro que tanto precisava.

A enfermeira me conduziu até uma sala pequena e acolhedora, onde me pediu para me sentar e esperar pelo médico. Olhei ao redor, tentando acalmar minha mente. A ideia de doar meus óvulos me enchia de incerteza, mas eu sabia que precisava fazer isso. Eram só estudos, não era como se fossem gerar filhos meus por aí.

Enquanto esperava, pensei em minha família e em todo o esforço que havia feito para chegar até ali. Sabia que, de alguma forma, tudo isso valeria a pena. E, mesmo que aquele encontro com Bernardo tivesse sido desconcertante, eu estava determinada a seguir em frente e lutar pelo meu futuro.

Mal sabia eu que aquela escolha, feita em um momento de necessidade, acabaria mudando minha vida de maneiras que eu nunca poderia prever. E que Bernardo, com seu sorriso arrogante e suas apostas idiotas, se tornaria uma parte inescapável dessa nova jornada.

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