Capítulo 2

Acordei com a determinação de enfrentar Bernardo Orsini e descobrir a verdade sobre Ian. Após uma noite mal dormida, meus pensamentos estavam a mil, mas a necessidade de respostas era mais forte do que o cansaço. Pedi que minha irmã cuidasse do bebê, mesmo sem dar muitas explicações, e sai de casa bem cedinho. Eu sabia que seria difícil conseguir falar com um bilionário famoso e CEO de uma das maiores empresas de tecnologia do país, mas não tinha escolha.

Cheguei ao imponente prédio da Orsini Tech, uma estrutura de vidro e aço que se erguia majestosa no centro da cidade. Do lado de fora, o movimento era constante, com pessoas entrando e saindo, todas com expressões sérias e focadas. Respirei fundo e entrei, meu coração batendo acelerado.

O saguão era impressionante, com paredes de vidro que permitiam a entrada de luz natural, plantas exuberantes e uma fonte moderna no centro. A recepção era minimalista, com balcões de atendimento futuristas e robôs bonitos e ágeis circulando, entregando documentos e orientando visitantes.

Dirigi-me à recepcionista, uma mulher elegante e bem-vestida que parecia combinar perfeitamente com o ambiente high-tech.

— Bom dia. Meu nome é Alice Bianchi. Eu preciso falar com o senhor Bernardo Orsini, por favor — disse, tentando soar confiante.

A recepcionista olhou para mim com um sorriso polido.

— O senhor Orsini está com a agenda cheia. Você tem um horário marcado?

— Não, mas é uma emergência. Preciso muito falar com ele — respondi, meu tom implorando por compreensão.

Ela digitou algo em seu tablet e balançou a cabeça.

— Infelizmente, não temos horários disponíveis. A próxima vaga é daqui há dois meses. Gostaria de agendar?

Dois meses? Eu não podia esperar tanto. Precisava falar com ele hoje. Olhei ao redor, tentando pensar em uma solução. Foi então que notei os robôs de serviço, quase invisíveis na sua eficiência. Uma ideia maluca começou a tomar forma na minha mente.

— Tudo bem, obrigada — disse à recepcionista, saindo da linha de frente, mas sem deixar o saguão.

Enquanto observava os robôs, percebi que eles tinham acesso a todas as áreas do prédio. Se eu pudesse me esconder em um deles... não, isso seria loucura. Ou talvez não. Precisava ser criativa. Disfarçadamente, aproximei-me de um dos robôs que parecia carregar uma bandeja de café e pães de queijo. Com um rápido movimento, agachei-me e me escondi atrás dele, esperando que ninguém notasse minha presença.

O robô começou a se mover, e eu o segui de perto, mantendo-me abaixada. O prédio era um verdadeiro labirinto de tecnologia, com paredes interativas exibindo gráficos e dados, além de salas de reunião com portas transparentes que se opacavam ao toque. Passei por um laboratório onde drones estavam sendo testados e por uma área de descanso que parecia saída de um filme de ficção científica, com cápsulas de descanso e jogos de realidade virtual.

Finalmente, o robô parou em frente a um elevador exclusivo para a diretoria. Esperei que as portas se abrissem e, aproveitando a distração de um grupo de funcionários que saía, entrei no elevador. A cabine subiu suavemente, e eu esperei com o coração na garganta.

As portas se abriram em um andar que claramente era reservado para a alta administração. O ambiente era luxuoso, com móveis de design moderno e uma vista panorâmica da cidade. Vi uma placa indicando a direção do escritório de Bernardo Orsini e me movi rapidamente antes que alguém pudesse me notar.

Cheguei à porta do escritório dele, uma entrada imponente com seu nome gravado em uma placa dourada. Respirei fundo e bati na porta, tentando me preparar para o que viria a seguir. Uma voz firme e autoritária respondeu de dentro.

— Entre.

Empurrei a porta e entrei. Bernardo Orsini estava sentado atrás de uma mesa enorme, rodeado por telas holográficas que exibiam gráficos e relatórios. Ele levantou os olhos para mim, claramente surpreso.

Eu não estava tão surpresa. Lembrava-me perfeitamente do garoto babaca, seis anos atrás, na clínica de fertilidade. Jamais seria capaz de esquecer aqueles olhos azuis profundos e penetrantes, mesmo durante todas as vezes que os vi apenas por fotos nos anos seguintes.

— Quem é você e como entrou aqui? — Perguntou, sua voz fria e controlada. Antes que eu pudesse responder, ele franziu o cenho e seus olhos se arregalaram levemente, reconhecendo-me. Um sorriso malicioso surgiu em seus lábios. — Eu me lembro de você. A garota da clínica de fertilidade. — Ele se recostou na cadeira, seus olhos brilhando de interesse. — Sabia que eventualmente todas acabam voltando para mim, mesmo depois de anos. Aposto que veio dizer que nunca esqueceu a nossa "primeira vez”.

Senti meu rosto queimar de raiva e constrangimento.

— Isso não é uma brincadeira — disse, tentando manter a calma. — Eu preciso falar com você sobre algo muito sério. Sobre Ian.

— Quem é Ian?

Deslizei o bilhete pela mesa em direção a ele.

— Sou eu quem deveria fazer essa pergunta.

Bernardo pegou o bilhete, leu rapidamente e franziu a testa.

— Isso é algum tipo de piada?

— Não, senhor Orsini. Eu realmente não sei o que está acontecendo, mas preciso de respostas — respondi, tentando manter a calma.

Ele ficou em silêncio por um momento, ainda segurando o bilhete. Finalmente, levantou-se e veio até mim, sua expressão séria.

— Tudo bem, er... — ele tentava buscar meu nome pela memória.

— Alice Bianchi.

— Comece me contando tudo o que sabe, Alice — disse, desconversando, claramente ainda sem acreditar na situação.

O escritório de Bernardo era um ambiente impressionante, com janelas do chão ao teto oferecendo uma vista deslumbrante da cidade. As paredes estavam adornadas com arte moderna e prateleiras cheias de livros e objetos de design. A tecnologia era onipresente, desde a mesa de trabalho até as telas holográficas que não paravam de exibir gráficos e mais gráficos.

Mesmo sem um convite, sentei-me, tentando acalmar os nervos.

— Eu estava voltando para casa ontem à noite quando encontrei uma cesta na minha porta. Dentro estava um bebê, Ian, junto com este bilhete. — Repeti a história, sentindo a tensão aumentar a cada palavra.

— E você achou que seria mais adequado invadir o meu escritório ao invés de procurar o conselho tutelar ou a polícia para lidar com essa piada?

— Como pode ter tanta certeza de que é uma piada?

— Você não saberia se fosse mãe, senhorita Bianchi? — Ele pergunta, sua voz carregada de sarcasmo. — Quero dizer, toda a parte da gestação deve ser memorável, não? A parte que vem antes com certeza é bem divertida. Eu me lembraria dessa, se tivéssemos compartilhado.

— Se sua memória é assim tão boa, senhor Orsini, talvez se lembre se uma aposta idiota que fez com seus amigos onde doou seu esperma! — Acuso.

— Isso foi há anos! — Ele baixa a voz, como se desesperado que alguém pudesse ouvir.

— Eles podem manter nossos... materiais... congelados por anos!

— Mas era só para alguns estudos... — ele tenta refutar novamente.

— Bom, parabéns! Parece que o resultado do nosso estudo tem seis meses e se chama Ian!

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