Os dias passaram como um borrão, repletos de trabalho e responsabilidades, mas Bernardo e eu nos comprometemos a manter nossos pequenos momentos de romance. Depois da última grande festa em família, o aniversário de três anos de Ian, que foi um verdadeiro sucesso, mal tive tempo para respirar antes de começarmos a planejar a próxima celebração: o chá revelação do nosso bebê.Por mais que algumas pessoas considerassem essa tradição ultrapassada, decidimos fazer tudo nos conformes. Não tivemos a oportunidade de viver essa experiência com Ian, e queríamos aproveitar cada detalhe dessa vez. A empolgação de descobrir se teríamos uma menina ou um menino tornou tudo ainda mais especial. A ideia de reunir amigos e familiares para compartilhar esse momento nos encheu de alegria.Com cada novo dia, eu e Bernardo nos dedicávamos a organizar o evento. Entre listas de convidados e escolhas de decoração, o que mais me encantava eram as pequenas conversas que compartilhávamos sobre como seria nosso
Os dias passaram como um borrão, e conforme minha barriga crescia, eu percebia como as atividades diárias estavam se tornando cada vez mais desafiadoras. Com a chegada da nossa segunda filha, comecei a reduzir gradualmente minha carga de trabalho no hospital. As longas jornadas e os plantões exaustivos deram lugar a uma rotina mais leve, focando nas cirurgias eletivas e no cuidado dos pacientes em tratamento. A gravidez me ensinou a ser mais atenta a mim mesma e ao que realmente importava. E no momento, o que importava era a minha família.Era uma tarde tranquila quando Ian começou a apresentar os primeiros sinais de que não estava se sentindo bem. Sua energia habitual deu lugar a um semblante abatido, e a febre logo se instalou. Enquanto tentava distraí-lo com seu novo avião de brinquedo — um modelo moderno, cheio de luzes e sons —, eu monitorava seus sintomas básicos. Com o termômetro na mão, verifiquei sua temperatura e anotei no caderno que mantinha ao lado.— Está tudo bem, meu p
Minha risada alta ecoou pelo escritório, fazendo com que Bernardo olhasse para mim com um sorriso divertido. Era incrível como ele conseguia transformar momentos estressantes em pura alegria. Eu estava tão envolvida na revisão dos últimos detalhes da linha de brinquedos "Saúde Brincando" que, mesmo com a barriga já enorme, não percebi o quanto me divertia trabalhando ao seu lado.Com a gravidez avançando e a rotina do hospital se tornando cada vez mais inviável, finalmente tive que me afastar do trabalho. Mas, para manter minha sanidade mental — porque, convenhamos, eu sou o tipo de pessoa que simplesmente não consegue ficar parada sem fazer nada — nós dois decidimos nos empenhar nesse novo projeto. O desenvolvimento da linha de brinquedos interativos não só era emocionante, como também me dava um propósito durante essa fase da vida.— Então, estamos prontos para apresentar o avião que vai monitorar os batimentos cardíacos e a temperatura da criança enquanto voa? — Bernardo comentou,
O tempo voou desde que Lara nasceu. Agora, ela já tinha um ano, e a vida parecia mais completa do que nunca. A cada risada, cada passo vacilante que ela dava, meu coração se enchia de amor. Ian estava crescendo rapidamente também e se tornava um irmão mais velho maravilhoso, sempre protetor com sua irmãzinha. Às vezes, eu parava e refletia sobre como tudo havia mudado, como as dificuldades que enfrentamos antes pareciam tão distantes agora.Bernardo e eu havíamos enfrentado tantos desafios desde o início do nosso relacionamento. O começo, embora torto, foi o alicerce de tudo que construímos juntos. Hoje, nos orgulhamos não apenas do nosso passado, mas, principalmente, dos pilares cada vez mais firmes que ergueram nossa família. Cada passo que demos nos aproximou mais, fortalecendo nosso compromisso e o legado que desejamos deixar para nossos filhos.Aquela noite era especial. Estávamos em Paris para a cerimônia de premiação do Prêmio Internacional de Medicina, um reconhecimento que de
A noite estava quente e agradável, perfeita para relaxar após um dia exaustivo na residência. Saímos do hospital em grupo: eu, Jonas, minha colega de residência Clarice, e dois outros colegas, Ricardo e Paulo. Estávamos rindo e conversando, aliviados por termos sobrevivido a mais um dia caótico.— Acho que merecemos um brinde — disse Clarice, levantando sua garrafa de cerveja. — À nossa sanidade!— À nossa sanidade! — repetimos em coro, rindo.Eu estava cansada, mas a companhia dos meus amigos fazia todo o esforço valer a pena. Jonas, meu namorado, estava ao meu lado, seu braço envolvendo meus ombros. Ele era extremamente inteligente e ambicioso, mas seu ciúme constante era algo que eu preferia ignorar. Nos conhecemos na faculdade, e depois de alguns anos como amigos, acabamos evoluindo a relação.— Preciso ir para casa — disse, sentindo o cansaço se apoderar de mim. — Amanhã será outro dia difícil.Jonas me olhou com preocupação.— Eu te levo. Não quero que vá sozinha a essa hora.—
Acordei com a determinação de enfrentar Bernardo Orsini e descobrir a verdade sobre Ian. Após uma noite mal dormida, meus pensamentos estavam a mil, mas a necessidade de respostas era mais forte do que o cansaço. Pedi que minha irmã cuidasse do bebê, mesmo sem dar muitas explicações, e sai de casa bem cedinho. Eu sabia que seria difícil conseguir falar com um bilionário famoso e CEO de uma das maiores empresas de tecnologia do país, mas não tinha escolha.Cheguei ao imponente prédio da Orsini Tech, uma estrutura de vidro e aço que se erguia majestosa no centro da cidade. Do lado de fora, o movimento era constante, com pessoas entrando e saindo, todas com expressões sérias e focadas. Respirei fundo e entrei, meu coração batendo acelerado.O saguão era impressionante, com paredes de vidro que permitiam a entrada de luz natural, plantas exuberantes e uma fonte moderna no centro. A recepção era minimalista, com balcões de atendimento futuristas e robôs bonitos e ágeis circulando, entregan
Acordei com o som suave de risadas e gorgolejos vindo do berço improvisado ao lado da minha cama. Ian, o pequeno enigma que havia virado minha vida de cabeça para baixo, estava acordado e pronto para enfrentar o dia. Sentei-me na cama, sentindo o cansaço das últimas noites mal dormidas, mas também uma onda de carinho ao ver seu rosto sorridente.— Bom dia, pequeno — murmurei, pegando-o nos braços. Seus olhinhos curiosos me observaram enquanto eu o balançava levemente.Jonas ainda estava dormindo no sofá da sala, exausto depois de tanto reclamar que Ian não parava de chorar e que não conseguia ficar no quarto com a gente. Tivemos uma breve briga na qual o mandei para casa, mas o sofá acabou sendo um bom meio termo. Levantei-me com cuidado para não o acordar e levei Ian para a cozinha. Precisávamos de um café da manhã reforçado.Coloquei Ian no cercadinho que havia improvisado com almofadas no chão e comecei a preparar algo para nós. Ian me observava com seus olhos grandes, balbuciando
Respirei fundo antes de entrar no suntuoso Hotel Milani. Nunca me senti tão deslocada na minha vida. Cada detalhe, desde o lustre de cristal até os funcionários impecavelmente vestidos, exalava uma elegância que parecia um mundo à parte do meu. Os lustres pendiam do teto como cascatas de diamantes, refletindo a luz de maneira encantadora. Sentindo o peso do olhar curioso de alguns hóspedes, empurrei o carrinho de Ian, tentando ignorar o desconforto que crescia dentro de mim.Cada passo que eu dava parecia ecoar nos corredores decorados com mármore polido e tapetes exuberantes. A grandiosidade do lugar me fazia sentir ainda mais fora de contexto. Os olhares dos funcionários impecavelmente vestidos eram educados, mas inevitavelmente curiosos, como se não conseguissem entender o que uma pessoa como eu fazia ali. Ou talvez fosse só impressão. Dirigi-me à recepção, onde uma recepcionista sorriu de maneira educada.— Boa tarde. Tenho uma reunião marcada com o senhor Bernardo Orsini.Ela ass