~ BERNARDO ~Assim que cheguei ao hospital, uma raiva fervilhava dentro de mim, misturada a uma ansiedade avassaladora. A imagem de Alice internada me deixava inquieto, o coração acelerado em um ritmo frenético. Cada passo que dava parecia levar uma eternidade. O que minha mulher estava fazendo aqui, e por que eu era o último a saber? A incerteza corroía minha mente, enquanto eu tentava imaginar o que poderia ter acontecido. A necessidade de estar ao lado dela crescia a cada segundo.Encontrei Jonas do lado de fora do quarto. Era interessante pensar que, de alguma forma, eu e o ex-namorado de Alice, aquele com quem já havia trocado socos em um momento de ciúmes, tínhamos nos tornado algo próximo de amigos. O tempo e as circunstâncias haviam suavizado as arestas de nossa rivalidade. Até mesmo saímos juntos em casal algumas vezes, já que Alice e Tina eram inseparáveis. A estranha conexão que desenvolvemos me fazia perceber que, por trás de todo o conflito, havia um respeito mútuo que ti
O dia tinha começado perfeito. Bernardo havia planejado um final de semana romântico no Hotel Milani Serrano, e eu mal podia esperar para aproveitar um tempo a sós com ele, longe das pressões do trabalho e das obrigações diárias. O carro estava cheio de nossas coisas, incluindo algumas guloseimas e um vinho especial que ele escolheu para a ocasião.O clima ensolarado do final de sexta-feira e a expectativa de um final de semana juntos deixavam o carro cheio de energia positiva. Mas, à medida que seguíamos pela estrada, o céu começou a escurecer com nuvens pesadas, como se algo não estivesse certo. O vento começou a soprar forte, e logo a chuva começou a cair. No começo, eram só algumas gotas, mas logo virou um temporal, dificultando nossa visão da estrada.Enquanto a tempestade aumentava, a estrada à nossa frente desaparecia sob um manto denso de água, e eu me sentia cada vez mais preocupada. Olhei pela janela, tentando enxergar algo além daquela cortina de chuva, mas tudo parecia um
Os dias passaram como um borrão, repletos de trabalho e responsabilidades, mas Bernardo e eu nos comprometemos a manter nossos pequenos momentos de romance. Depois da última grande festa em família, o aniversário de três anos de Ian, que foi um verdadeiro sucesso, mal tive tempo para respirar antes de começarmos a planejar a próxima celebração: o chá revelação do nosso bebê.Por mais que algumas pessoas considerassem essa tradição ultrapassada, decidimos fazer tudo nos conformes. Não tivemos a oportunidade de viver essa experiência com Ian, e queríamos aproveitar cada detalhe dessa vez. A empolgação de descobrir se teríamos uma menina ou um menino tornou tudo ainda mais especial. A ideia de reunir amigos e familiares para compartilhar esse momento nos encheu de alegria.Com cada novo dia, eu e Bernardo nos dedicávamos a organizar o evento. Entre listas de convidados e escolhas de decoração, o que mais me encantava eram as pequenas conversas que compartilhávamos sobre como seria nosso
Os dias passaram como um borrão, e conforme minha barriga crescia, eu percebia como as atividades diárias estavam se tornando cada vez mais desafiadoras. Com a chegada da nossa segunda filha, comecei a reduzir gradualmente minha carga de trabalho no hospital. As longas jornadas e os plantões exaustivos deram lugar a uma rotina mais leve, focando nas cirurgias eletivas e no cuidado dos pacientes em tratamento. A gravidez me ensinou a ser mais atenta a mim mesma e ao que realmente importava. E no momento, o que importava era a minha família.Era uma tarde tranquila quando Ian começou a apresentar os primeiros sinais de que não estava se sentindo bem. Sua energia habitual deu lugar a um semblante abatido, e a febre logo se instalou. Enquanto tentava distraí-lo com seu novo avião de brinquedo — um modelo moderno, cheio de luzes e sons —, eu monitorava seus sintomas básicos. Com o termômetro na mão, verifiquei sua temperatura e anotei no caderno que mantinha ao lado.— Está tudo bem, meu p
Minha risada alta ecoou pelo escritório, fazendo com que Bernardo olhasse para mim com um sorriso divertido. Era incrível como ele conseguia transformar momentos estressantes em pura alegria. Eu estava tão envolvida na revisão dos últimos detalhes da linha de brinquedos "Saúde Brincando" que, mesmo com a barriga já enorme, não percebi o quanto me divertia trabalhando ao seu lado.Com a gravidez avançando e a rotina do hospital se tornando cada vez mais inviável, finalmente tive que me afastar do trabalho. Mas, para manter minha sanidade mental — porque, convenhamos, eu sou o tipo de pessoa que simplesmente não consegue ficar parada sem fazer nada — nós dois decidimos nos empenhar nesse novo projeto. O desenvolvimento da linha de brinquedos interativos não só era emocionante, como também me dava um propósito durante essa fase da vida.— Então, estamos prontos para apresentar o avião que vai monitorar os batimentos cardíacos e a temperatura da criança enquanto voa? — Bernardo comentou,
O tempo voou desde que Lara nasceu. Agora, ela já tinha um ano, e a vida parecia mais completa do que nunca. A cada risada, cada passo vacilante que ela dava, meu coração se enchia de amor. Ian estava crescendo rapidamente também e se tornava um irmão mais velho maravilhoso, sempre protetor com sua irmãzinha. Às vezes, eu parava e refletia sobre como tudo havia mudado, como as dificuldades que enfrentamos antes pareciam tão distantes agora.Bernardo e eu havíamos enfrentado tantos desafios desde o início do nosso relacionamento. O começo, embora torto, foi o alicerce de tudo que construímos juntos. Hoje, nos orgulhamos não apenas do nosso passado, mas, principalmente, dos pilares cada vez mais firmes que ergueram nossa família. Cada passo que demos nos aproximou mais, fortalecendo nosso compromisso e o legado que desejamos deixar para nossos filhos.Aquela noite era especial. Estávamos em Paris para a cerimônia de premiação do Prêmio Internacional de Medicina, um reconhecimento que de
A noite estava quente e agradável, perfeita para relaxar após um dia exaustivo na residência. Saímos do hospital em grupo: eu, Jonas, minha colega de residência Clarice, e dois outros colegas, Ricardo e Paulo. Estávamos rindo e conversando, aliviados por termos sobrevivido a mais um dia caótico.— Acho que merecemos um brinde — disse Clarice, levantando sua garrafa de cerveja. — À nossa sanidade!— À nossa sanidade! — repetimos em coro, rindo.Eu estava cansada, mas a companhia dos meus amigos fazia todo o esforço valer a pena. Jonas, meu namorado, estava ao meu lado, seu braço envolvendo meus ombros. Ele era extremamente inteligente e ambicioso, mas seu ciúme constante era algo que eu preferia ignorar. Nos conhecemos na faculdade, e depois de alguns anos como amigos, acabamos evoluindo a relação.— Preciso ir para casa — disse, sentindo o cansaço se apoderar de mim. — Amanhã será outro dia difícil.Jonas me olhou com preocupação.— Eu te levo. Não quero que vá sozinha a essa hora.—
Acordei com a determinação de enfrentar Bernardo Orsini e descobrir a verdade sobre Ian. Após uma noite mal dormida, meus pensamentos estavam a mil, mas a necessidade de respostas era mais forte do que o cansaço. Pedi que minha irmã cuidasse do bebê, mesmo sem dar muitas explicações, e sai de casa bem cedinho. Eu sabia que seria difícil conseguir falar com um bilionário famoso e CEO de uma das maiores empresas de tecnologia do país, mas não tinha escolha.Cheguei ao imponente prédio da Orsini Tech, uma estrutura de vidro e aço que se erguia majestosa no centro da cidade. Do lado de fora, o movimento era constante, com pessoas entrando e saindo, todas com expressões sérias e focadas. Respirei fundo e entrei, meu coração batendo acelerado.O saguão era impressionante, com paredes de vidro que permitiam a entrada de luz natural, plantas exuberantes e uma fonte moderna no centro. A recepção era minimalista, com balcões de atendimento futuristas e robôs bonitos e ágeis circulando, entregan