Entrei no hospital, ainda sentindo o peso da conversa com Liz. Precisava falar com Jonas, esclarecer algumas coisas e tentar entender o que realmente sentia. Minha mente estava uma confusão de pensamentos, e o ar pesado do hospital parecia amplificar meu estado emocional.— Você viu o Jonas? — perguntei a uma das enfermeiras na recepção.Ela olhou para a tela do computador e assentiu.— Sim, ele está na salinha de descanso.Agradeci e caminhei em direção à sala. Minhas mãos estavam suadas, e meu coração batia mais rápido a cada passo que dava. Quando cheguei à porta, ouvi vozes abafadas. Puxei a maçaneta devagar, tentando não fazer barulho, e entreabri a porta.O que vi me deixou paralisada. Jonas estava sentado no sofá, e Clarice estava ao seu lado, rindo e tocando o braço dele de forma íntima. Em troca, ele acariciava seus cabelos. Não havia nada explícito, mas o jeito como ela olhava para ele e a proximidade dos dois me fez sentir uma pontada de traição. Senti meu estômago revirar.
Quando o fim de semana finalmente chegou, eu estava parada na entrada do prédio luxuoso onde Bernardo morava. O porteiro me cumprimentou com um sorriso formal e me indicou o caminho até o elevador privativo. Eu nunca tinha visto um lugar tão opulento. O mármore brilhante, os lustres de cristal e as obras de arte nas paredes davam ao lugar uma sensação de grandeza que me deixava desconfortável.Chegando ao andar do triplex, fui recebida por uma funcionária impecavelmente vestida, que se apresentou como Marta. Ela sorriu educadamente e nos levou até o interior do apartamento. Fiquei impressionada com cada detalhe. Era um triplex gigante e superchique, com uma vista panorâmica do mar que parecia tirada de um filme. As janelas do chão ao teto permitiam que a luz do sol iluminasse cada canto da sala de estar decorada com móveis de design.— Bem-vinda, senhorita Bianchi — disse Marta, com um sorriso suave. — Vou levá-la ao quarto.Seguimos Marta escadas acima, e um outro funcionário logo tra
Depois de deixar Ian no quarto com a babá, desci para encontrar Bernardo na sala de jantar. Quando entrei, fui recebida por uma visão que parecia saída de um filme. A mesa estava posta com uma elegância impecável, digna de um restaurante três estrelas Michelin. Havia velas acesas, flores frescas e uma seleção de pratos requintados que me deixaram sem palavras.— Uau — murmurei, sentindo-me um pouco deslocada naquele cenário de luxo. — Você realmente não poupou esforços.Bernardo sorriu, levantando-se para puxar a cadeira para mim.— Quero que se sinta à vontade aqui. E achei que um bom almoço poderia ajudar.Sentei-me, ainda deslumbrada com a atenção aos detalhes.— Bom, você definitivamente conseguiu causar uma impressão.Ele se sentou à minha frente, pegando uma taça de vinho e oferecendo uma para mim.— Saúde, Alice. A novas experiências e novas possibilidades.Toquei minha taça na dele, sorrindo.— Saúde.Rapidamente o silêncio se abateu sobre nós. Desconcertada, me peguei brincan
Quando Bernardo abriu a porta de vidro que levava ao terraço, no terceiro andar do triplex, fui recebida por uma brisa fresca que trouxe consigo o cheiro salgado do mar. O terraço era enorme, com uma piscina infinita que parecia se fundir com o horizonte. Havia espreguiçadeiras confortáveis e um bar elegante, tudo rodeado por plantas verdes que davam um toque de natureza ao ambiente luxuoso.— Uau! Este lugar é incrível — murmurei, admirada.— Fico feliz que tenha gostado — respondeu Bernardo, seu sorriso suave.Começamos a caminhar pelo terraço, retomando a conversa que havíamos começado no almoço.— Então, Alice, você ainda não me contou por que escolheu medicina — disse ele, olhando para mim com curiosidade.Suspirei, lembrando-me das dificuldades que enfrentei.— Sempre quis ajudar as pessoas — respondi, sorrindo levemente. — Quando eu era pequena, houve um incidente que... foi bobeira, mas... Sabe quando algo te marca? Nós tínhamos ido visitar meus avós no sítio deles no interior
A noite chegou trazendo uma sensação de cansaço físico e psicológico de ter que encarar um dia tão atípico para mim. Depois do beijo inesperado e intenso na piscina, havia um leve desconforto entre Bernardo e eu. Tentávamos manter a conversa casual, mas a tensão estava ali, como um elefante na sala.Em certo ponto, levei Ian para o quarto e o coloquei no berço. Comecei a cantar uma canção de ninar para ele. Enquanto ele começava a fechar os olhos, eu aproveitava para refletir sobre tudo o que tinha acontecido.Pouco depois, ouvi um choro vindo do berço. Ian estava acordado novamente e parecia inconsolável. Tentei acalmá-lo de todas as formas que sabia, mas ele continuava chorando. Meu coração se apertou, e comecei a sentir o desespero tomar conta.— O que foi, meu amor? Eu estou aqui! Você está limpinho, já comeu e...Foi então que Bernardo apareceu na porta do quarto, parecendo tão preocupado quanto eu. Fiquei surpresa ao vê-lo ali tão rápido.— Como você soube? — perguntei, tentando
~BERNARDO~Acordei na manhã seguinte com a luz do sol entrando pelas enormes janelas do quarto. Espreguicei-me lentamente, sentindo uma leve dor na lombar pela noite dormida no sofá. Tinha valido a pena.Levantei-me e caminhei até a área da cama. O espaço estava silencioso, e percebi que Alice e Ian já tinham saído. Foi só quando reparei em uma mensagem de Alice no meu telefone: "Bom dia! Encontre-me na cozinha".Curioso e levemente intrigado, vesti minha camiseta e fui até a cozinha. Ao entrar, a cena que encontrei me fez sorrir. Alice estava completamente às avessas, tentando lidar com as várias máquinas modernas que compunham minha cozinha. Ela parecia perdida entre botões e instruções, enquanto uma máquina de suco parecia prestes a explodir.— Bom dia, Alice. Tudo bem por aqui? — perguntei, segurando o riso.Ela olhou para mim com um sorriso exasperado.— Seria mais fácil espremer laranjas na mão, sabia? Quem precisa de tanta tecnologia assim?Ian, sentado no carrinho em um canto
O restante do domingo passou entre risos e responsabilidades, como se estivéssemos vivendo uma realidade paralela onde Bernardo e eu formávamos uma equipe natural e eficiente. Entre trocas de fraldas, mamadeiras e cochilos interrompidos por Ian, descobríamos um ritmo próprio. A cada momento compartilhado, sentíamos a crescente intimidade que se formava entre nós.Foi durante uma dessas trocas de fraldas que eu me dei conta de como a vida havia mudado drasticamente em tão pouco tempo. Bernardo, normalmente tão sério e controlado, agora fazia caretas engraçadas para Ian, arrancando risadas gostosas do bebê. Eu observava, encantada, enquanto ele lidava com as fraldas com uma habilidade recém-adquirida de quem — como ele mesmo me disse — passou horas assistindo vídeos sobre o assunto na internet. Era uma visão surreal e reconfortante ao mesmo tempo. Ver Bernardo, um homem tão poderoso e reservado, se dedicando com tanto carinho a Ian me enchia de uma admiração que eu não conseguia express
Fechei a porta atrás de nós e coloquei Ian no berço improvisado na sala. Ele ainda estava chorando, então me agachei ao lado dele, tentando acalmá-lo com palavras suaves.— Shhh, está tudo bem, meu amor. Mamãe está aqui. Está tudo bem.Minha mente estava a mil, preocupada com o choro de Ian e a condição de Bernardo. Cada segundo parecia uma eternidade enquanto tentava lidar com a situação.Voltei minha atenção para Bernardo, que estava sentado no sofá, pressionando um lenço contra os ferimentos. As manchas de sangue no lenço me fizeram tremer.— Deixe-me ver — pedi, sentando-me ao lado dele.Bernardo hesitou por um momento, mas então começou a desabotoar a camisa. Ajudei-o a tirar a peça de roupa, tentando ser o mais profissional possível, lembrando a mim mesma que eu era médica e que tinha visto muitos ferimentos antes. No entanto, quando seus músculos definidos ficaram expostos, senti uma onda de desejo incontrolável. Meu coração acelerou, e minha respiração ficou um pouco mais rápi