~BERNARDO~Acordei na manhã seguinte com a luz do sol entrando pelas enormes janelas do quarto. Espreguicei-me lentamente, sentindo uma leve dor na lombar pela noite dormida no sofá. Tinha valido a pena.Levantei-me e caminhei até a área da cama. O espaço estava silencioso, e percebi que Alice e Ian já tinham saído. Foi só quando reparei em uma mensagem de Alice no meu telefone: "Bom dia! Encontre-me na cozinha".Curioso e levemente intrigado, vesti minha camiseta e fui até a cozinha. Ao entrar, a cena que encontrei me fez sorrir. Alice estava completamente às avessas, tentando lidar com as várias máquinas modernas que compunham minha cozinha. Ela parecia perdida entre botões e instruções, enquanto uma máquina de suco parecia prestes a explodir.— Bom dia, Alice. Tudo bem por aqui? — perguntei, segurando o riso.Ela olhou para mim com um sorriso exasperado.— Seria mais fácil espremer laranjas na mão, sabia? Quem precisa de tanta tecnologia assim?Ian, sentado no carrinho em um canto
O restante do domingo passou entre risos e responsabilidades, como se estivéssemos vivendo uma realidade paralela onde Bernardo e eu formávamos uma equipe natural e eficiente. Entre trocas de fraldas, mamadeiras e cochilos interrompidos por Ian, descobríamos um ritmo próprio. A cada momento compartilhado, sentíamos a crescente intimidade que se formava entre nós.Foi durante uma dessas trocas de fraldas que eu me dei conta de como a vida havia mudado drasticamente em tão pouco tempo. Bernardo, normalmente tão sério e controlado, agora fazia caretas engraçadas para Ian, arrancando risadas gostosas do bebê. Eu observava, encantada, enquanto ele lidava com as fraldas com uma habilidade recém-adquirida de quem — como ele mesmo me disse — passou horas assistindo vídeos sobre o assunto na internet. Era uma visão surreal e reconfortante ao mesmo tempo. Ver Bernardo, um homem tão poderoso e reservado, se dedicando com tanto carinho a Ian me enchia de uma admiração que eu não conseguia express
Fechei a porta atrás de nós e coloquei Ian no berço improvisado na sala. Ele ainda estava chorando, então me agachei ao lado dele, tentando acalmá-lo com palavras suaves.— Shhh, está tudo bem, meu amor. Mamãe está aqui. Está tudo bem.Minha mente estava a mil, preocupada com o choro de Ian e a condição de Bernardo. Cada segundo parecia uma eternidade enquanto tentava lidar com a situação.Voltei minha atenção para Bernardo, que estava sentado no sofá, pressionando um lenço contra os ferimentos. As manchas de sangue no lenço me fizeram tremer.— Deixe-me ver — pedi, sentando-me ao lado dele.Bernardo hesitou por um momento, mas então começou a desabotoar a camisa. Ajudei-o a tirar a peça de roupa, tentando ser o mais profissional possível, lembrando a mim mesma que eu era médica e que tinha visto muitos ferimentos antes. No entanto, quando seus músculos definidos ficaram expostos, senti uma onda de desejo incontrolável. Meu coração acelerou, e minha respiração ficou um pouco mais rápi
~BERNARDO~Acordei antes do sol nascer, o sono interrompido pela expectativa do dia que me aguardava. Peguei meu celular e mandei uma mensagem para minha secretária avisando que iria me atrasar:"Bom dia, Cláudia. Vou me atrasar um pouco hoje, reorganize minha agenda. Preciso ir ao Hospital São Lucas para um check-up. Avisa a equipe e me mantenha informado sobre qualquer urgência. Obrigado."Finalmente levantei-me e segui o cheiro do café. Encontrei Alice já acordada, na cozinha, preparando Ian para o dia. Ela parecia tranquila, mas eu sabia que estava preocupada com tudo o que aconteceu na noite anterior. Seus olhos mostravam uma determinação silenciosa, como se ela quisesse garantir que tudo ficasse bem.— Pronta para o hospital? — perguntei, tentando manter o tom leve.— Sim. Vamos deixar Ian na creche primeiro — respondeu ela, sorrindo. — E você, está pronto?Ela tinha um leve sorriso nos lábios, provocativo. Claramente não deixando passar o fato de que eu tinha vestido a camisa d
~BERNARDO~As sirenes de polícia já eram visíveis ao me aproximar do hospital, piscando freneticamente. A cena era caótica, com jornalistas, policiais e curiosos se amontoando em frente ao prédio. Estacionei o carro de qualquer maneira e corri em direção à entrada, apenas para ser bloqueado por um policial.— Senhor, não pode entrar. O hospital está em lockdown — disse ele, firmemente.— Minha... — Parei apenar por um segundo tentando compreender: o que Alice era minha? — A mãe do meu filho está lá dentro. Ela é médica — expliquei, tentando manter a calma.O policial me olhou com simpatia, mas balançou a cabeça.— Sinto muito, senhor. Estamos fazendo o possível para resolver a situação e garantir a segurança de todos.Tentei argumentar, mas não havia nada que eu pudesse fazer. Fiquei parado ali, impotente, observando a movimentação frenética enquanto minha mente voltava repetidamente para Alice. As palavras de Cláudia ecoavam em minha cabeça: reféns, caos, invasão.Peguei o celular e
Desde o momento em que fui forçada a entrar na sala de cirurgia, minha mente estava um turbilhão de pensamentos e emoções. O medo era esmagador, mas tinha que ser controlado. As armas apontadas para mim e os olhares ameaçadores dos homens armados e mascarados faziam meu coração bater em um ritmo frenético. Eu me perguntava se sairia viva dali, se veria minha família e Ian novamente. Mas no fundo, sabia que precisava manter a calma e usar todo o meu conhecimento e habilidade para salvar aquela vida. Cada segundo contava, e o erro não era uma opção. Era uma situação de vida ou morte, não só para o paciente, mas para mim e todos ali presentes.O ambiente na sala de cirurgia estava impregnado de tensão. O líder da gangue, um homem corpulento com tatuagens intimidantes, estava deitado na mesa de operações, inconsciente e gravemente ferido. Uma troca de tiros com rivais, pelo que entendi. Ao meu redor, homens armados mantinham seus olhos fixos em mim, prontos para agir ao menor sinal de pro
Depois de todo o caos no hospital, Bernardo insistiu em me levar de volta para o seu apartamento. Eu preferia ter ido para a minha casa, estava exausta, tanto física quanto emocionalmente, e a ideia de estar em um lugar seguro trazia um alívio indescritível. Mas, segundo Bernardo, eu tinha um senso muito distorcido do que era segurança. E, depois do que acabara de acontecer, eu não tinha como discutir com ele.Aproveitei a viagem para tentar responder todas as mensagens desesperadas que estavam no meu celular, em especial minha irmã — que tinha tentado manter meus pais afastados das notícias. Acabei me pegando sorrindo ao ver o quanto Bernardo também tinha se preocupado.Quando entramos no apartamento, o familiar conforto do ambiente me envolveu como um cobertor quente em uma noite fria, oferecendo uma sensação de segurança que eu não sentia há horas. As luzes suaves e a decoração elegante mas acolhedora me ajudavam a relaxar, e o som distante do mar lá fora parecia um sussurro calman
~BERNARDO~Saímos do apartamento um tanto quanto desesperados, com a notícia dos repórteres na creche de Ian girando em nossas mentes. Alice, tendo sido o centro das atenções com relação a tudo o que aconteceu no hospital, tinha se tornado um foco de interesse da mídia. Mas com certeza eu piorei tudo ao beijá-la em público daquela maneira. Eu tinha a tornado não só a médica que conseguiu fazer uma cirurgia extremamente difícil sob pressão e salvar a vida de toda a sua equipe, mas também... a mulher que tinha algum envolvimento romântico com Bernardo Orsini.E não só isso. Tinha Ian também. A ideia de que eles poderiam estar expondo nosso filho a uma situação tão intrusiva era insuportável. Acelerando pelas ruas, eu mal conseguia prestar atenção ao trânsito, minha mente focada apenas em proteger Alice e Ian.— Bernardo, por favor, dirija com cuidado — pediu Alice, a voz trêmula, enquanto segurava o braço do banco com força. — Você está correndo demais e essa é a merda de um Porsche!—