Capítulo 03

Vicktória Quinn

O quarto que foi reservado para mim, fica quase no final do corredor e tem uma vista linda para o Jardim.

— Que linda essa vista!

— Linda é a vista do quarto do Peter, é aquela última porta, o quarto tem vista tanto para o Jardim como para a Praia. O meu quarto fica antes desse e tem vista para o Jardim.

— Essa casa é linda.

— Só a casa é?

— Lena!

— O quê? Pensa que não percebi?

— Não sei sobre o que você está falando Lena.

— Eu ia adorar.

Olho para ela que agora está sentada na minha cama.

— Sério Lena, não sei sobre o que está falando. 

— Vick, eu sempre percebi como você olhava para as fotos do Peter, do que do Raiff e do Rainer quando mostrava algo deles para você, você nunca reagia igual com o Rainer e Raiff. Meu irmão parece um casca-grossa Vick, mas tem um coração lindo. Porém é uma pena já ter sido tão machucado, mas tenho certeza de que uma pessoa certa conseguirá derrubar as barreiras que ele criou para se proteger. — Seus olhos brilham para mim.

— Ele é tão… intimidador.

— Ah! É. Meu irmão tem essa coisa que faz as pessoas baixarem a cabeça para ele, menos eu claro. — Ela sorri.

Organizo minhas roupas com a Lena o tempo todo olhando e dando sua opinião.

— Definitivamente teremos que arrumar algo para você hoje à noite Vick, que mania é essa de praticamente só usar calça. Pensei que essa fase sua já tivesse passado, já sei! Vamos sair, sei de um lugar que tem tudo que precisaremos.

— Lena…

— Nada de Lena. Vem, vamos gastar dinheiro.

— Não sei se você se lembra, mas eu não sou uma Snow. Está lembrada!

— Ei! Sou eu que estou te arrastando para fazer compras.

— Lena, você sabe que não gosto disso. Eu vou, porém pagarei.

— Está bem, como quiser.

Pego minha bolsa e descemos juntas para que ela comunique a nossa saída.

Fico morrendo de vergonha quando ela fala para os irmãos que precisa repaginar meu guarda-roupa, mas meu rosto queima mesmo quando Peter diz em sua voz alta, sexy e rouca que minha roupa está ótima.

Ele gostou do meu jeito?!

Estou vestindo uma calça jeans azul-claro, blusinha branca de manguinhas caídas nos ombros e saltos pretos. Confesso ser quase as mesmas roupas que uso para o trabalho, acho que Lena está certa quando fala em repaginada, mas me senti bonita ao receber o elogio de seu irmão, como se tivesse passado a vida toda esperando por isso.

Na loja Lena me faz provar vários vestidos, shorts, saias, blusas e mais vestidos. Ela parece uma louca botando e tirando roupa. No final, acabo levando um vestidinho que a Lena escolheu e um conjunto de saia e blusa.

**

Quando voltamos para casa, já está de noite e todos já estão à mesa jantando.

— Vick vamos logo jantar também, depois subimos para nos arrumarmos.

Lavamos as mãos e seguimos para a mesa. Sento-me ao lado de Peter e Lena senta-se à minha frente, ainda falando sobre a festa a qual vamos.

— Sabe que meus planos em vir esse final de semana para cá, não foi para ir para festas Lena! — Peter fala carrancudo para a irmã que não se abala com sua cara amarrada.

— Não alterará nada o seu cronograma. Hoje vamos à festa e amanhã como programado comemoramos o aniversário de nossos pais.

— Aniversário?! — Como assim? Por que Lena não me disse nada?

— A Vick, desculpa, eu esqueci de te contar. Amanhã comemoraremos o aniversário de casamento dos meus pais. Afinal, são 35 anos de casados.

— Você deveria ter me falado, Lena. É uma comemoração de família.

— Você é mais que bem-vinda Vick. Não se preocupe querida, estamos muito felizes em tê-la conosco.

Agradeço o carinho e jantamos em meio as gracinhas do Rainer, que a todo momento provoca Peter com algo. Pergunto-me como essa criatura pode ser um advogado? Pelo menos os advogados que já conheci, são todos sérios. Não que eu tenha um vasto conhecimento sobre as pessoas e seus comportamentos.

— Vick em que você trabalha? Lena disse que você é formada em engenharia de computação. — Indaga Raiff.

— Trabalho em uma empresa de informática. A JCW Systems. Meu trabalho é criar roteadores, software, hardware, buscar inovar e sempre trazer algo novo para o mercado.

— Você gosta dessas coisas?

— Gosto. Na verdade, amo. Projetar, programar, construir, testar e manter software e hardware é tudo que sei fazer. Amo criar coisas, inventar, ver até onde a tecnologia pode me levar e o que tanto posso fazer. É sempre um mundo novo, sempre tem algo desconhecido, nunca fica uma coisa repetitiva nem cansativa. É uma área de trabalho onde não se cai na rotina se a pessoa gosta mesmo de novidades.

— Eu não entendo nada disso. Não entendo por que todo ano surge um novo celular se o que comprei a um ano ainda está novinho.

— Já imaginou se não buscássemos sempre melhorar e inovar? Hoje ainda estaríamos usando aquele tijolo como celular. E os computadores, melhor nem pensar em como era os primeiros computadores. Aposto que você ama fazer uma ultrassonografia 3D mais que uma tradicional.

— Verdade. Quanto a isso, só posso agradecer a vocês por estarem sempre inovando. As coisas têm melhorado muito para nós médicos graças a tecnologia.

— Você não tem cara de nerd, Vick. — Fala Rainer e sorrio, pois, é engraçado ele falar isso já que ele também não tem cara de advogado.

— Nem você de advogado. — Respondo arqueando uma sobrancelha.

— Pelo menos eu não sou o único a ter essa opinião. — Murmura Peter ao meu lado e sem perceber estou sorrindo para ele.

— Muito engraçadinho vocês dois. — Rainer faz careta e voltamos a comer rindo com as implicâncias um do outro.

Subo com Lena para nos arrumarmos para a tal balada. Estou cansada, mas quando Lena decide uma coisa é quase impossível alguém fazê-la mudar de ideia.

Quando paro de falar, observo que Peter está me encarando e desvio o olhar no mesmo instante.

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