Peter Snow
— Philip, eu preciso saber como esse incêndio se deu início.
— Estamos trabalhando nisso Sr. Snow.
— Trabalhando nisso e até agora não tem nenhuma resposta?! Só sei que minha empresa por pouco não foi totalmente incinerada.
— O Bruce e a equipe dele estão trazendo os últimos relatórios, mas parece que tudo aconteceu na sala dos servidores.
— Como essa pessoa entrou na sala dos servidores? Essa sala é restrita, apenas três pessoas têm acesso à mesma. Além do código para acessar a empresa, também precisa de um código específico para entrar na sala dos servidores.
— Sr. Snow, o senhor sabe que eu estava fora essa semana, então não sei dizer quem teve acesso. Os registros foram apagados, estou tentando restaurar, mas está difícil; as câmeras também foram espelhadas por 20 minutos. Toda a segurança ficou vendo uma imagem gravada, sendo repetida até que a pessoa que invadiu fizesse todo o trabalho.
— Descubra. Não me interessa como, mas me traga algo útil. Quero saber quem do inferno veio até minha empresa e quase destrói o trabalho de uma vida. Você tem noção do que poderei ter acontecido se esse incêndio tivesse tido êxito?
— Sei sim Sr. O Sr. fez bem em adquirir o novo sistema que contém argônio. Tenho certeza que se não fosse isso teria sido um desastre total.
Fiz essa mudança durante essa semana, apenas Bruce e o seu técnico sabiam. Quase ninguém na empresa sabe o que Bruce e Walter estavam fazendo. Será que essa pessoa teve ajuda de alguém aqui de dentro? E se teve, quem foi esse infeliz?
— Quero o relatório de todas as pessoas que tiveram acesso à sala do servidor ainda hoje em minha mesa. — Digo sem nem piscar.
Estou exausto, não dormi nada, não comi e já são quase 12h00. Minha cabeça parece que explodirá. Maldito seja esse desgraçado. Mas descobrirei quem foi, e ele, ou eles vão me pagar.
Aperto a ponta do meu nariz e fecho meus olhos quando Philip sai fechando a porta logo atrás de si.
Eu estava tão bem lá em San Diego, estava deitado fazendo planos de como passar meu domingo com Vicktória. Há tempos, eu não me sentia tão bem ao lado de uma pessoa. Ela me faz querer compartilhar com ela coisas que eu jamais fiz, mas o que ela não sabe é que sou um fodido desgraçado, que não passo de uma casca de homem, meu coração já foi tão esmagado, que os poucos pedaços que sobraram se solidificaram.
Não sou material bom para o amor. Não sou merecedor de amor. As pessoas que deveriam me amar incondicionalmente me largaram. Minha mãe morreu quando eu tinha quatro anos, um inferno de uma depressão pós parto que nunca se curou e que levou minha mãe a beber até não aguentar mais, ficando assim só eu e meu pai. Esse que logo arrumou uma segunda esposa. Renata, aquela cobra, sempre foi horrível comigo. Na frente do meu pai era de um jeito e por trás era de outro. Infernizou tanto até conseguir fazer a cabeça do mesmo para irem embora para seu país. Meu pai era um engenheiro de renome no ramo imobiliário, tínhamos uma boa vida. Mas ele vendeu tudo que tinha para assim começar sua nova vida em outro lugar como sua nova esposa queria, contudo, nesses planos o bastardo aqui não estava junto.
Fui deixado em um orfanato, porque sua esposa estava grávida e não tinha condições de cuidar de uma criança de 7 anos, que era revoltado e ante social.
Eu só queria a atenção do meu pai, só queria seu carinho. Eu nunca soube o que era isso enquanto vivia com eles.
Com dois meses no orfanato adoeci, peguei uma virose que quase me mata e foi assim que conheci a Aretha, minha mãe. Ela foi a primeira pessoa que me deu carinho, me tratou bem sem nem me conhecer. Eu só tinha 7 anos, mas sabia ser seu trabalho, mesmo assim, cheguei a pedir a Deus para não ficar bom. Queria ficar ali onde estava sendo bem cuidado, onde aquele anjo sentava comigo e me contava historinhas até eu dormir.
Foi uma surpresa quando eu soube que seria adotado e que meus pais era aquele anjo que tão bem cuidou de mim e seu esposo. Descobri que eles já tinham outros filhos. O Rainer e o Raiff de 9 anos e a Lena de 5. Gostei deles, mas tinha muito medo. Medo de mostrar gostar, medo de me apegar e eles depois partirem e me jogarem fora como um saco de lixo.
Cresci em uma boa família, uma família que cuidou de mim, me educou, ensinou bons valores e até mesmo aceitar o amor. Minha vida estava ótima, fiz tudo que um adolescente gostava de fazer. Namorei, até cheguei a ficar noivo. Era uma felicidade única, enfim eu estava tendo aquilo que sempre quis, minha família.
Estava começando minha empresa, ainda não era ninguém, mas sabia que seria os planos estavam feitos, o que eu não sabia era o que o destino traçara para mim.
Quando voltei para casa de uma viagem de negócios antes do esperado tive a grande surpresa. Uma surpresa que eu no fundo, esperava. Sempre espero que aconteça e mais uma vez meu pobre coração já ferido e ainda cicatrizando, foi esfaqueado e dessa vez a faca estava enferrujada. Mais uma vez fui tratado como lixo e aquela a quem dei o que restava de um coração, me apunhalou sem dó, nem pena.
Ruth e Ivo seu primo, o rapaz que era meu gerente e que cresceria na empresa junto comigo o meu melhor amigo se é que um dia tive um.
Naquele dia, eu jurei nunca mais amar. Nunca mais me permitir depender de alguém, nunca mais deixar que seja lá quem for, se aproxime de mim.
Mudei com minha família, mantive meus irmãos e meus pais a distância de um braço, para que assim não venha a sofrer quando ambos decidirem também me descartar.
Sei que eles sofrem com meu jeito frio e ausente, mas esse foi o único jeito que encontrei de me manter são. Sofro todas as noites com pesadelos e muitas das vezes acordo chorando ou sem ar, sempre é a mesma coisa, sou largado sozinho, horas Velho e doente, horas sangrando em uma vala, mas sei que esse será meu fim. Eu não deveria ter nascido. Mas sou insistente demais e não me permito desistir.
Peter SnowQuando meu pai me deserdou e me largou ele cortou todos os laços comigo e assim eu mantive. Não quero vê-lo nem mesmo para saber seus motivos. Recebi o sobrenome Snow e tento diariamente honrá-lo, pois se hoje sou alguém, pelo menos por fora é graças a quem me deu esse nome.Poucas vezes vou até meus pais, mas sempre vou quando é aniversário ou alguma data comemorativa como foi o caso desse final de semana. É o aniversário de casamento dos meus pais e eu deveria estar lá com eles, mas por ironia do destino, no único final de semana que eu estava me sentindo bem estando lá, fui obrigado a voltar às pressas.O motivo de querer ter ficado lá? Um anjo. Uma menina doce e em simultâneo, desafiadora. Uma menina mulher que fez meu mundo parar em apenas fitar o seu olhar. Uma jovem dos olhos azuis cristalinos, da fa
Peter SnowUma batida em minha porta me faz levantar a cabeça e olhar para ver quem é quando Lauren adentra com Bruce e Walter em seu encalço.— Sr. Snow, estamos com o relatório pronto.— E então?— O incêndio como suspeitávamos foi sim criminoso.— E quem foi que entrou aqui na minha empresa?— Aí que está. Não conseguimos descobrir nada. Já que todas as câmeras não funcionaram por todo o tempo de sua estadia. Os dados de acesso à sala do servidor também não ajudam.— Inferno. — Esmurro minha mesa ficando de pé. — Como pode isso Bruce, eu pago o sistema de segurança que me disseram ser top de linha, o melhor e quando preciso do mesmo nada funciona.— Walter fez uma busca nas câmeras da redondeza para ver se pegava algo suspeito.
Peter SnowChego em casa e vou direto para meu quarto, seguindo para o banheiro onde tiro toda a minha roupa, mas antes, busco o cheiro de Vicktória em minha blusa. Após passar o dia com ela, seu cheiro praticamente sumiu, mas fechando meus olhos ainda posso senti-lo.Sigo para o chuveiro onde ligo os jatos de água ajustando a temperatura, fico ali parado apenas deixando que a água lave todo esse dia. Meu corpo está dolorido e cada músculo em mim, está em protesto, louco por um descanso.Lavo meus cabelos, me ensaboando todo e fico pensando, revisando tudo em minha mente, vendo se não deixei passar algo que possa me levar a esse infeliz.Desligo os jatos de água quando me dou por satisfeito e buscando uma toalha aquecida seco meu corpo antes de sair para o closet, onde visto apenas uma calça de moletom e sigo para cozinha onde Dadi está fazen
Peter Snow— Qual é gente, vocês sabem muito bem que essas coisas não se apagam, só precisa saber onde e como procurar. — Ela falou como se todos soubessem dessa informação, sendo que a nerd da computação é ela— Aposto que minha super-mega-hiper-nerd e genial amiga sabe um jeitinho de encontrar esse vilão.— Não disse que seria fácil e não sou tudo isso Lena, mas essas coisas sempre deixam rastros. A pessoa pensa que apaga tudo, muitos vão e ainda apagam o backup pensando que resolveu tudo, mas sempre tem o backup do backup, claro que dá mais um tantinho de trabalho, mas impossível não é não.— O técnico do meu chefe de segurança disse mais ou menos isso, meu técnico também está procurando.— Seu técnico n&atil
Peter Snow— Peter filho, você acha mesmo que possamos está em perigo?— Sim mãe. Creio que até Vicktória possa estar.— Você viu a foto que saiu na mídia de vocês dois?— Mal tive tempo para comer hoje Lena. — Não contarei para ela que, na verdade, eu já vi e passei um bom tempo apreciando.— Então, irmão você precisa ver. Vocês ficam tão bem juntos maninho.— Não começa Lena.— Cara, se não quer garanto que tem quem queira.Fecho meus punhos e encaro Rainer. Se ele estiver mesmo cogitando essa possibilidade, acabo com sua raça.— Que pena mano, ela não está interessada. Você não faz o tipo dela. — Fala Lena e ainda estou encarando Rainer pronto para fazê-lo voar se for preciso.
Vicktória QuinnAcordo com a claridade entrando pelas frestas da cortina, tento me espreguiçar e sinto que estou sem calça. Olho em baixo das cobertas e percebo que estou apenas vestida em minha calcinha e camiseta, e então a noite ou melhor, as últimas 24 horas vem em minha memória.A viagem para San Diego, a festa, o beijo, Peter, incêndio, Nova York, eu na sala de Peter…— Ai meu Deus!Puxo as cobertas e fico congelada embaixo das mesmas sem querer sair de lá. Quantas bobagens eu fiz?Começo a me lembrar do que estava fazendo, de Peter tirando o computador da minha frente… sua bunda…— Merda! Eu não acredito!— Em que você não acredita? — Puxo as cobertas e vejo Lena parada na porta do quarto me olhando com um sorrisinho que me diz que fiz merda.— O que aconteceu? Pelo amor de
Vicktória QuinnO almoço foi maravilhoso! Fettuccine com molho Marzano acompanhado com um delicioso vinho e de sobremesa, tiramisu.Tudo estava delicioso, comida bebida e a companhia. Pude falar com o Sr. Bruce sobre minhas pequenas descobertas e mesmo o Peter não querendo acusar ninguém sem antes ter a prova, Bruce concordou que seria melhor deixar parte das investigações em sigilo.— Não sei porque estou tão abismado de qualquer um me trair, eu já deveria estar acostumado na verdade, até esperando por isso.— Não Peter. Ninguém espera ser traído, além disso, ainda não sabemos se isso de fato foi o que aconteceu, existem muitas possibilidades e tenho certeza que o Sr. Bruce terá o maior cuidado de ver todas elas, e se, veja bem “se” de fato alguém em sua empresa tiver feito uma sujeira
Vicktória QuinnAdentramos a empresa e logo que passamos pelas grandes portas já posso observar o quanto o lugar é pomposo.Todo em mármore com detalhes em aço cromado, todo o ambiente mostra luxo, elegância e poder.Na recepção somos recebidos por duas loiras, que muito profissionalmente atende Peter que após dá meus dados para as mesmas, me entregam um crachá de visitante, assim, seguimos para as catracas em seguida os elevadores onde alguns seguranças fazem presença.— Me pergunto como a pessoa entrou aqui. Pelo que estou vendo precisamos desse crachá para passar nas catracas, temos esses armários de plantão aqui próximo aos elevadores…Entramos no mesmo e Peter aperta o número do andar de seu escritório logo em seguida enfia uma chave em algum lugar que não percebera. Olho