Vicktória Quinn
Acordo com a claridade entrando pelas frestas da cortina, tento me espreguiçar e sinto que estou sem calça. Olho em baixo das cobertas e percebo que estou apenas vestida em minha calcinha e camiseta, e então a noite ou melhor, as últimas 24 horas vem em minha memória.
A viagem para San Diego, a festa, o beijo, Peter, incêndio, Nova York, eu na sala de Peter…
— Ai meu Deus!
Puxo as cobertas e fico congelada embaixo das mesmas sem querer sair de lá. Quantas bobagens eu fiz?
Começo a me lembrar do que estava fazendo, de Peter tirando o computador da minha frente… sua bunda…
— Merda! Eu não acredito!
— Em que você não acredita? — Puxo as cobertas e vejo Lena parada na porta do quarto me olhando com um sorrisinho que me diz que fiz merda.
— O que aconteceu? Pelo amor de Deus me diz que tudo foi um sonho.
— Amiga, acho que você realmente estava sonhando, mas não estava dormindo, quer dizer, estava mais ou menos. — Lena gargalha fechando a porta e eu apenas gemo debaixo das cobertas.
— Porque não me deu um beliscão ou qualquer coisa assim?
— Você estava tão engraçada e para falar a verdade você não disse nenhuma mentira. Aqueles, pestes têm mesmo uma bunda de dar inveja. Tenho tanta raiva porque eles são meus irmãos, os homens que arrumo não são tão gatos quanto eles.
— Meu Deus! Meu notebook.
— Calma, Peter guardou no escritório dele.
— Que horas são?
— Amiga, são 11h40, essa é a terceira vez que vim ver se você estava viva. Que sono em! Todo mundo foi embora, só fiquei aqui. Seu amor pediu para que eu ficasse caso você acordasse e ficasse com vergonha da Dadi.
— Lena!
— O quê? Assume vai! Sei que você tem os 18 pneus arriados pelo meu irmão e ele também está caidinho.
— Você acha? — pergunto apreensiva.
— Só falta ele aceitar. Quer dizer, ele sabe, só fica se esquivando.
— Ele tem medo de ser rejeitado.
— Bom, isso depende de você.
— Preciso me levantar e continuar o que estava fazendo.
— Ah! Sobre isso… o Peter pediu para perguntar se você poderia ir até a Snow. Tec.? Parece que ele marcou uma reunião com o Bruce…
— Quem é Bruce?
— O chefe de segurança dele! Parece que tem a ver com o que você estava fazendo ontem à noite, você não estava falando coisa com coisa, mas parece que meu irmão consegue falar sua língua.
— Para com isso Lena, avisa que vou sim e a que horas tenho que ir.
— Sobre isso… acho que a senhorita chegará um tantinho atrasada, pois ele me falou que seria ao meio-dia.
— Merda Lena, porque você não me acordou?
— Porque também recebi ordens para não te acordar.
Enquanto Lena vai falando eu já me enfio debaixo do chuveiro, que tem um jato d'água maravilhoso, pena não poder ficar mais tempo aproveitando.
Não lavo meus cabelos já que não terei tempo para secá-los, sorte que lavei eles ontem em San Diego antes de embarcarmos.
Seco-me e procuro em minha mala uma roupa que me deixe pelo menos bem apresentável, não quero usar Jeans então opto por um macacão preto, sapato de salto preto.
Passo um pouco de hidratante em meu corpo, desodorante e me visto o mais rápido que consigo. Pego minha maquiagem e dou apenas uma arrumada para encobrir minhas olheiras…
— Vick, deixa eu maquiar você.
— Não Lena, não tenho tempo você deveria ter me chamado, não importa o que o seu irmão disse.
— Está, Ok. De todo jeito você vai se atrasar porque se eu deixar você sair daqui sem comer nada ele vai me esfolar viva. Então senta aí e me deixa fazer isso direito.
Mesmo a contragosto me sento e Lena faz sua mágica e por sorte ela não demora muito. Quando termina arrumo meu cabelo em um coque ajeito minha franja, pego a bolsa com meus documentos e a bolsa do notebook para colocá-lo dentro, passo um perfume e me sinto bonita e acordada. O que é bom.
— Você quem vai me levar até lá?
— Não, o Dereck já está aqui para pegar você. Aproveitarei para resolver umas coisas minhas, mas qualquer coisa você me liga. Já fui bem clara com meu irmão de que você está de férias, não vai passar suas férias todas socada dentro da Snow. Tec.
— Quero ajudar Lena, se nesses 28 dias que ainda tenho de férias eu conseguir pelo menos descobrir quem tentou arruinar a empresa de seu irmão eu já estou feliz.
— Meu irmão não sabe a sorte que tem em ter você por perto.
— Farei tudo que eu puder para vê-lo feliz, só não vou me impor sobre ele. Você entende, essa parte ele quem decidirá. Ele tem 28 dias para isso.
Saímos do quarto e na cozinha Dadi já está com meu café/almoço na bancada.
— Bom dia Dadi.
— Bom dia, senhorita Quinn.
— Por favor me chame de Vick, Dadi.
— Certo Vick, aqui está um suco de laranja, torradas, frutas, bacon, ovos mexidos, iogurte e Grândola. Pode se servir à vontade. Se quiser mais alguma coisa pode dizer que preparo, eu fiz o que a senhorita Lena pediu.
— Nossa Dadi, aqui já tem coisa de mais. Tomarei esse suquinho e um pouco dessa torrada…
— Você pode comer direito mocinha — O telefone toca — quer apostar quanto que já é o Peter.
— Se for avisa que estou indo, Lena.
Enquanto Lena atende engulo o que dá com a ajuda do suco e quando ela volta sorrindo sei que era ele.
— Ele falou que está esperando você para almoçar com ele. Vocês vão almoçar no La Bella Itália, foi feito uma reserva e Dereck levará você até ele.
— Nesse caso Dadi, ficarei apenas com isso. — Digo segurando o suco tomando em seguida, ela apenas sorri. — Preciso escovar meus dentes — falo após colocar a taça vazia sobre a bancada.
Saio quase correndo para o banheiro, me escovo, ajeito meu batom e agora estou pronta. Vamos lá Vick.
— Já coloquei seu notebook na bolsa.
— Obrigada Lena, você é 10.
— Sou 1000, vamos que Dereck já está no carro te esperando.
Descemos juntas no elevador e não demora a chegarmos à garagem. Sigo para o carro onde Dereck está me aguardando e Lena segue para outro, onde vejo outro homem esperando enquanto ela resmunga alguma coisa para ele que arregala os olhos antes de fechar a porta e entrar.
— Bom dia Dereck. Ou melhor, boa tarde!
— Bom dia, senhorita Quinn.
— Não sabia que Lena também tinha motorista, Dereck.
— Ela não tinha, mas depois do ocorrido todos passaram a ter.
— Ela deve estar odiando.
— Tenho certeza que sim, mas o senhor Snow não abrirá mão da segurança de nenhum deles e nem da senhorita.
— Minha porquê? Ninguém sabe quem sou Dereck. Não estou correndo risco nenhum, nem sou da família.
— A senhorita foi fotografada com o senhor Snow, a mídia já associou vocês dois.
— Eu vi as fotos! A mídia não perdoa nada.
— Não mesmo! O sobrenome Snow, rende muita publicidade e o senhor Snow principalmente.
Deve ser um inferno não poder fazer nada com esse monte de repórter em cima noticiando o que acontece e o que também não acontece, distorcendo as coisas e publicando-as à sua maneira. Nem sequer se dão ao trabalho de fazer uma pesquisa e ver se estão noticiando uma história verídica, só pensam em lucrar em cima de qualquer coisa.
— É bom se preparar quando for descer lá no restaurante, talvez tenha algum paparazzi por lá também.
— Será?
— Eles sempre perseguem o Sr. Snow.
Dereck para em frente ao restaurante e aponta para a entrada.
— Ele está lá dentro. Não se preocupe, o lugar está seguro.
— Obrigada Dereck!
— Está pronta?
— Estou.
— Então vamos lá.
Ele desce para abrir minha porta e me ajudar a sair. Pego minha bolsa, coloco meus óculos e caminho para o restaurante. Posso ver o brilho de um Flash quando estou chegando à porta, mas finjo que não vejo. Se querem fotos minhas podem tirar.
O Maître me guia até a mesa de Peter, após me identificar. O local é reservado e vejo através das paredes de vidro que já tem algumas pessoas com ele.
Ele está sentado de costas para mim, mas é como se estivesse de frente, assim que me aproximo ele já se levanta e está lindo de morrer, meu estômago parece receber um soco quando estou em sua presença.
Ele está lindo! Vestido em seu terno de três peças na cor preta, usando camisa e gravata cinza, uma combinação e tanto. Seu jeito sério e o subir e descer de seu peito me diz que ele está sentindo o mesmo que eu.
— Boa tarde! — cumprimento a todos na mesa que ao me aproximar levantam-se todos. Nossa! — Desculpe o atraso a Lena deveria ter me avisado cedo.
— Chegou em uma ótima hora. Pessoal, essa é Vicktória Quinn. Vicktória esses são Bruce meu chefe de segurança e Walter McMillian o seu chefe de TI.
— Prazer, senhores.
Após cumprimentar os dois homens, Peter puxa uma cadeira para que eu possa me sentar e nem acredito que estou aqui com ele.
— Desculpe a ter tirado de casa assim de repente, mas o Bruce e o Walter queriam falar com você sobre aquela busca que estava fazendo ontem.
— Claro! Não tem problema é sério Peter, eu quero ajudar.
— Obrigado! Sei que você não tomou seu café direito então, vamos logo almoçar e podemos ir falando o que podemos fazer. Se não se importa eu já adiantei o pedido.
— Tenho certeza que vou gostar do que você escolheu.
A comida chega e realmente não tenho do que reclamar. Está tudo perfeito.
— Senhorita Quinn, estávamos pensando e talvez a senhorita pudesse com seus conhecimentos voltados para informática junto com o Walter ser capaz de conseguir alguma migalha que nos leve até essa pessoa. O Sr. Snow nos contou que mesmo com muito sono a senhorita falou de uma assinatura digital.
Ah! Eu lembro.
— Sim, eu consegui só estava muito cansada para continuar.
— Isso é bom! Foi mais rápida do que o Walter, esse pode ser nosso ponto de partida.
— Iremos almoçar agora e depois vamos decidir o que faremos — Fala Peter e aperta minha coxa por baixo da mesa, o que me causa um arrepio como se tivesse tomado um choque.
Controle-se Vick, será que sempre será assim quando ele lhe tocar? Já imaginou ele te tocando em outras partes?
Ai Jesus, que calor!
Vicktória QuinnO almoço foi maravilhoso! Fettuccine com molho Marzano acompanhado com um delicioso vinho e de sobremesa, tiramisu.Tudo estava delicioso, comida bebida e a companhia. Pude falar com o Sr. Bruce sobre minhas pequenas descobertas e mesmo o Peter não querendo acusar ninguém sem antes ter a prova, Bruce concordou que seria melhor deixar parte das investigações em sigilo.— Não sei porque estou tão abismado de qualquer um me trair, eu já deveria estar acostumado na verdade, até esperando por isso.— Não Peter. Ninguém espera ser traído, além disso, ainda não sabemos se isso de fato foi o que aconteceu, existem muitas possibilidades e tenho certeza que o Sr. Bruce terá o maior cuidado de ver todas elas, e se, veja bem “se” de fato alguém em sua empresa tiver feito uma sujeira
Vicktória QuinnAdentramos a empresa e logo que passamos pelas grandes portas já posso observar o quanto o lugar é pomposo.Todo em mármore com detalhes em aço cromado, todo o ambiente mostra luxo, elegância e poder.Na recepção somos recebidos por duas loiras, que muito profissionalmente atende Peter que após dá meus dados para as mesmas, me entregam um crachá de visitante, assim, seguimos para as catracas em seguida os elevadores onde alguns seguranças fazem presença.— Me pergunto como a pessoa entrou aqui. Pelo que estou vendo precisamos desse crachá para passar nas catracas, temos esses armários de plantão aqui próximo aos elevadores…Entramos no mesmo e Peter aperta o número do andar de seu escritório logo em seguida enfia uma chave em algum lugar que não percebera. Olho
Peter SnowO almoço com Vicktória, Bruce e Walter foi muito produtivo. Vick é muito inteligente e cada minuto que permaneço ao seu lado fico ainda mais encantado, essa menina tem o poder de me virar do avesso e pouco a pouco em um curto espaço de tempo está tomando conta do meu sistema como se fosse uma droga. Mas no caso dela, é uma droga muito boa, posso até dizer que seja a minha cura. Minha droga milagrosa. Porém, o medo ainda existe em mim. Não consigo me livrar do mesmo.Observo ela em minha sala admirando os quadros das madonas que estão muito bem posicionados em minha parede e após acionar para que as paredes de minha sala fiquem escuras, me aproximo da mesma, pois como um ímã ela me puxa para se e não consigo frear meu corpo.Sentir seu corpo inclinando-se para o meu, me puxando para mais perto faz os pedaços do meu cora
Peter SnowVick vai sentar-se no sofá enquanto lhe sirvo uma água e então vou para minha mesa liberando assim a entrada do Philip que para na porta ao perceber que não estou sozinho.**Minha conversa com Philip foi rápida e apesar dos seus esforços — segundo ele — não conseguiu nada novo. Já a Abigail tem a mesma história. Nenhuma novidade, mas pelo menos ela conseguiu fechar um contrato que estava pendente a dias com os italianos e pelo menos isso é uma notícia boa. O bom é que ela mesma viajará para Itália para conhecer a empresa de lá, já que nesse momento eu não estou muito afim de me ausentar para lugar nenhum.— Acho que agora podemos fazer um tour pela empresa, como eu prometi. Desculpe ter deixado você esperando esse tempo todo.— Não foi ruim, gosto de esta
Peter SnowDispenso Dereck e caminho com Vick em direção ao prédio de 12 andares. O segurança libera nossa passagem e quando adentramos no elevador minha vontade é beijá-la aqui, tomá-la em meus braços, mas sei que é melhor não. Pelo menos ainda não.Ah! Meu anjo, como eu te quero! Quero aproveitar cada segundo em sua companhia.No interior do elevador o ar entre nós parece trepidar. Como se nossa atração ficasse ainda mais forte e olhando para ela vejo-a mordendo o lábio e fechando os olhos.— Anjo! Não faz isso.— Você está sentindo?— Estou — E como estou. A droga do meu descontrolado pau já começa a se animar dentro de minha calça. Que merda que essa porra agora vive fora de controle. Também, já faz mais de mês que n
Peter Snow— Como você sabe, Vick, eu sou adotado. — Ela bebe um gole de seu vinho e confirma com a cabeça. — Minha mãe morreu quando eu tinha 4 anos. Teve depressão pós parto e nunca se recuperou, isso levou ela a bebedeira e ela acabou me deixando. Eu nem me lembro mais como ela era.Tomo mais um pouco de vinho e volto a encher minha taça.— Pouco tempo depois meu doador de esperma, há quem eu chamava de pai, se casou outra vez, fazia tudo que sua mulher queria, tudo e sempre estava sem tempo para mim, até que sua esposa engravidou e não sei como… ela insistiu em irem morar em Paris, onde sua família estava que segundo ela, ia precisar deles. Eu já era um tanto rebelde, só queria a atenção daquele homem, mas eles viam minha rebeldia como falta de educação e de controle, chegando ao ponto do meu genitor m
Vicktória QuinnOuvir tudo que Peter já passou, ver sua fragilidade e seus medos, imaginar toda a dor e sofrimento que um pobre garotinho tenha passado doeu em mim. E que Deus me ajude para que eu nunca cruze o caminho do seu doador de esperma. Sim, doador de esperma. Porque uma pessoa que tem a coragem de negar e abandonar o seu próprio filho, uma criança de apenas 7 anos, não merece ser chamado de pai.Nunca entenderei porque as pessoas têm tanto prazer em magoar as outras. Henrique Saldanha, Renata Saldanha, Ruth Collins e Ivo Mozart que fiquem bem longe de mim. Esses já estão na minha lista negra e se cruzarem meu caminho, ou, se pensarem em se aproximar de Peter mais uma vez, vão se arrepender.Saber seu modo de vida, suas escolhas depois de tudo que passou, não me faz gostar menos dele. Se estou com ciúmes sabendo que muitas mulheres já o tiveram para si? Ah
Vicktória QuinnCumprimento as funcionárias da recepção pegando meu crachá e logo estou nos elevadores, parando em cada andar para alguém sair ou entrar e já começo a ficar impaciente. Acho que pedirei uma daquelas chaves a Peter, assim quando vier visitá-lo não serei interrompida em cada andar.Enfim, cheguei ao andar do escritório de Peter e ao me aproximar da sala de Lauren, já posso ver através das paredes de vidro, ele parado em frente às grandes janelas, olhando para fora, com as mãos enfiadas no bolso parecendo o dono do mundo.— Bom dia Lauren!— Bom dia Senhorita Quinn. Pode entrar, ele está aguardando.— Obrigada Lauren.Sigo para a porta e após dar meu primeiro passo para dentro ele vira-se para mim, dando um passo em minha direção, mas